Castelo de Estremoz / Pousada Rainha Santa Isabel

IPA.00001152
Portugal, Évora, Estremoz, União das freguesias de Estremoz (Santa Maria e Santo André)
 
Arquitectura militar, gótica, barroca. Monumento típico de duas fases cruciais de intervenção na defesa das praças meridionais, o Séc. 13 e o Séc. 17, caracterizada pelo precário aparelho de alvenaria de pedra a primeira, pelos sistemas radiais Vauban a segunda. Pertencem a este universo os castelos de Terena (v. PT040701050006), Alandroal (v. PT040701010003), Évora Monte (v. PT04 0704040002), Vila Viçosa (v. PT040714030002), Monsaraz (v. PT040711030002), Mourão (v. PT040708030001) e outros. Foi ainda este critério que influenciou, no essencial, a edificação da monumental cerca medieval de Évora, já nos fins do Séc. 14. A torre de Menagem de descomunais dimensões e capitéis assinados. Estabelecimento de hotelaria inserido na rede Pousadas de Portugal, integrado no grupo das Pousadas Históricas.
Número IPA Antigo: PT040704030001
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo    

Descrição

CASTELO: planta pentagonal, constituída por cerca de muros baixos de largo adarve reforçados por quatro salientes esporões arredondados torreados, com a frontaria na cota suprema e desenvolvendo-se em plano pendente para a vertente N.. A frontaria, que se abre para S., é dominada pela altaneira Torre de Menagem ou Dos Três Reis *1, com 27m de altura e integralmente edificada em silhares de mármore de fino corte, alguns siglados; assente em sólido pódio de degraus, com os três pisos definidos por finos bocetes envolventes, é rematada de merlões prismáticos ( um dos quais com remate decorado por 3 coroas ) e lança do terceiro piso uma coroa de três monumentais balcões de mata-cães firmados em cachorrada saliente, dois nos vértices SE. e SO. e um no paramento N.; as fachadas são rasgadas por seteiras e frestas, com janelões rectangulares de aro chanfrado no primeiro friso e elegantes frestas de arco redondo trilobados ou amainelados nos restantes; no interior o salão nobre é de planta octogonal, com portal gótico, 3 frestas de colunelos geminados com capitéis de decoração vegetalista e zoomórfica, estando dois deles assinados, e cobertura em abóbada de nervuras (CHAVES, 1917). O pórtico do Castelo apresenta exuberante de heráldica militar em mármore, com frontão armoriado de troféus de guerra, cordão e Cruz de Cristo; ladeia a Torre a E. que ocupa as instalações dos antigos Paços - Armazéns de Guerra, que marcam toda a banda E. da frontaria e se incorporam em quase toda a extensão da velha praça de armas; é neste edifício que funciona a Pousada: nas caves as cozinhas, copas, instalações de aquecimento e tratamento de águas, vestiários e instalações do pessoal; no r/c as zonas da recepção, salas de estar e de refeições, articuladas ao longo de amplos salões com cobertura de abóbada de aresta assente en pilares de cantaria, munidos de bases e mísulas molduradas; uma escadaria nobre, com soco revestido a azulejo azul e branco, dá acesso ao 1º andar organizado em função de 3 amplas galerias-corredor dispostas em U, para as quais abrem os quartos dos hóspedes e dependências de serviço, através de portas de vergas molduradas e jambas de cantaria pintada e dourada; na intersecção dos corredores, situam-se salas de estar ricamente mobiladas, com portas e janelas revestidas a talha dourada e pintada, por vezes munidas de brasões entre composições de exuberante talha dourada; no 2º andar encontram-se as instalações do pessoal, depósitos vários, engomadoria,etc.; as circulações verticais são asseguradas por escadas de serviço e monta-cargas. A capela, de planta rectangular, é pegada com os Armazéns da Guerra através de portal com as armas de D. João V e por escadaria de 4 patamares; apresenta portal com frontão clássico, pavimentos de mármore azul e branco de arquitecturas perspectivadas; do lado da Epístola painéis de azulejo azul e branco com milagres da santa; arco triunfal de 1/2 ponto, capela-mor de mármores da região e da zona de Sintra; altar-mor joanino; na sacristia pinturas murais neoclássicas com medalhões com os 4 evangelistas e silhares de azulejos joaninos. Sob o torreão da capela existe cisterna de arcadas em arco quebrado sobre pilares de mármore e cobertura em abóbada de canhão.

Acessos

Largo do Castelo, Largo de D. Diniz

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23 junho1910 (Castelo) / Decreto n.º 9 842, DG, 1.ª série, n.º 137 de 20 de junho 1924 (muralhas e baluartes do Castelo e Torre das Couraças) / Lei n.º 1 766, DG, 1.ª série, n.º 78, de 11 abril 1925 (Muralhas da 1.ª linha de fortificações) / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 52 de 02 março 1972

Enquadramento

Urbano,destacado, coroando uma escarpa pedregosa que se ergue abruptamente na planície plena sobre que cai a O. a cadeia montanhosa da Serra d'Ossa, envolvendo o núcleo fundador do burgo medieval.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo

Utilização Actual

Comercial e turística: pousada / Cultural e recreativa: galeria

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Câmara Municipal de Estremoz, auto de cessão de 06 Agosto 1949

Época Construção

Séc. 13 / 17 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Rui Ângelo do Couto (projecto de adaptação a pousada)

Cronologia

1260, c. de - cerca medieval; séc. 16 - construção dos baluartes; 1645 - início da construção das fortificações modernas; reforço da cerca por 4 baluartes, 2 meios baluartes e um revelim; 1967 - projecto de adaptação a pousada; 1968, 28 de Fevereiro - A DGEMN solicita autorização superior para a transferência dos azulejos de Delft do Palácio dos Melo (v. PT031106070173) para a sala de estar da Pousada (DGEMN/DSARH-010/000-0076); 1970 - os azulejos provenientes do Palácio dos Melo (v. PT031106070173) encontram-se encaixotados e prontos para partir para Estremoz; 1970, 26 Set. - Inauguração da pousada; 2004, 15 de Março - abertura de concurso pela DGEMN - DREMS para obras de conservação de panos de muralha; 2004, Abril - abertura concurso pela DGEMN - DREMS para obras de recuperação, iluminação e arranjos de espaços exteriores.

Dados Técnicos

Estruturas mistas

Materiais

Alvenaria de pedra argamassada, cantaria e silharia de granito e de mármore.

Bibliografia

BRANDÃO, Fr. Francisco, Monarchia Lusitana, 4ª Parte, Cap. 24, Lisboa, 1632; PIMENTEL, Luis Serrão, Methodo Luzitanico, para desenhar as Fortificaçoes das Praças Regulares (...), Lisboa, 1680; SEPÚLVEDA, Cristóvão Ayres de Magalhães, História organica e politica do exercito portuguez - Provas, Lisboa - Coimbra, 1907, Lisboa, 1913; CHAVES, Luís, Arqueologia Artística III - Siglas nos Edifícios Medievais de Estremoz, Lisboa, 1917; MATOS, Gastão de Melo, Nicolau de Langres e a sua obra em Portugal, Lisboa, 1941; ALMEIDA, João de Almeida, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Vol.3, Lisboa, 1948; CRESPO, Marques, Estremoz e o seu termo regional, Estremoz, 1950; ESPANCA, Túlio, Fortificações da Cidade de Estremoz, A Cidade de Évora, nº 51 e 52, 1962; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal-Distrito de Évora, Vol.8, Lisboa, 1975; MOP - DGEMN, Pousada da Rainha Santa Isabel, Estremoz, 1970; Pousada da Rainha Santa Isabel, Boletim da Direcção-Gera l dos Edifício e Monumentos Nacionais, nº127, Lisboa, 1977; LOBO, Susana, Pousadas de Portugal. Reflexos da Arquitectura Portuguesa no Século XX, Coimbra, Imprensa Universitária de Coimbra, 2006.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS, DGEMN/DSARH-010/000-0076

Intervenção Realizada

DGEMN: 1939 - reparo geral do Castelo; DGEMN: 1944 - consolidação com substituição dos cunhais, reparação e regularização das paredes, reparação dos pavimentos, consolidação das abóbadas e demolição de um parapeito que existia entre torres; 1961 - reparação dos telhados; 1967 / 1988 - obras de adaptação a Pousada, projecto do Arq. Rui Angelo do Couto: execução de escavações nos pisos inferiores para instalação da zona de serviços incluindo construção de paredes exteriores e interiores, drenagens e coberturas em lages de betão revestidas a cerâmica; nos 1º e 2º andar e em parte do r/c, execução de pavimentos e tectos em lajes de betão e tijolo armado; execução de novas coberturas; execução de divisórias interiores, redes de águas, electricidade, aquecimento e ar condicionado; execução de pavimentos em mármore, mosaico e tijoleira; execução de rebocos, lambris de mármore e azulejo, carpintarias e pinturas; restauro da Torre de Menagem, da muralha e de pinturas decorativas no 1º andar; sucessivas beneficiações; 1980 / 1981 / - obras de recuperação de vários troços de muralha; 1995 - limpeza, rebocos e caiação de panos de muralha e compartimentos interiores, revestimento dos terraços em tijoleira, desentulho do esconso inferior e exterior (fachada NO.) e restauro com ampliação do gradeamento em ferro; 1997 - reconstrução e recuperação troços de panos de muralha; 1999 e 2001 - reparação de panos de muralha, incluindo limpeza e vegetação, preenchimento de lacunas, consolidação e reconstrução de cunhais, refechamento de juntas, reconstrução pontual do cordão e realização de coroamento.

Observações

*1 - na fábrica gótica, na Torre de Menagem, a obra de cantaria, para lá das muitas marcas indecifráveis de canteiros, está assinada, com rubrica desenvolvida, em dois capitéis do vasto salão do terceiro piso (CHAVES, 1917); *2 - existe projecto de arranjos exteriores e recuperação das muralhas do recinto fortificado de Estremoz, elaborada pela CME- DREMS.

Autor e Data

Manuel Branco 1993 / Castro Nunes 1994 / Rosário Gordalina 1999

Actualização

João Matos 2002
 
 
 
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