Convento de Corpus Christi / Igreja de Corpus Christi

IPA.00011495
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Convento de Carmelitas Descalços, reconstruído após o terramoto de 1755, mas adaptando a igreja pré-existente de construção seiscentista, de planta retangular composta por nártex, nave octogonal, encimada por amplo domo com tambor, que se destaca na malha regular da Baixa, capela-mor e corpos adossados, tendo a zona conventual desenvolvida no lado direito. O edifício foi construído na sequência de um voto gratulatório da rainha D. Luísa de Gusmão, pela sobrevivência de D. João IV perpetrado na altura da procissão do Corpo de Deus, o que foi explicado como manobras castelhanas, tendo a capela integrado um conjunto de obras régias de forte carga ideológica, apresentando-se como um dos primeiros monumentos de celebração do sucesso da Restauração. Nas zonas remodeladas após o terramoto, conventuais e residenciais, surgem silhares de azulejaria pombalina, de padrão.
Número IPA Antigo: PT031106480695
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem dos Irmãos Descalços de Nossa Senhora do Monte do Carmo - Carmelitas Descalços

Descrição

CONVENTO de planta poligonal composto por igreja e edifício adossado ao lado esquerdo. IGREJA de planta retangular composta por nave octogonal, inscrita em quadrado, antecedida por nártex, e capela-mor, com corpo adossado posterior, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas no nártex, quatro na capela-mor e oito no zimbório que cobre a nave, todas com beiradas simples. Está ladeada por corpo retilíneo no lado esquerdo. Fachadas rebocadas e pintadas de bege, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, os da fachada principal encimados por fogaréus, e rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a E., rematada em frontão contracurvo, de inspiração borromínica, contendo óculo ovalado cego, rasgada por três eixos de vãos os inferiores em arcos abatidos, correpondentes a portas, sendo os superiores retilíneos, correspondentes a três janelas de sacada, encimadas pro cornijas simples, e por três janelas de peitoril, com molduras recortadas e áticas angulares. Fachada lateeal esquerda com o ângulo truncado formado por dois panos definidos por pilastra colossal, rasgados inferiormente por quatro portas com molduras recortadas, encimadas por quatro janelas de sacada, a do extremo direito falsa e com duas frestas, uma delas jacente, surgindo, nos dois pisos superiores, janelas de peitoril, as do terceiro retilíneas e as do topo em arcos abatidos. O pano virado a tem quatro portas no piso inferior, três em arco abatido e uma retilínea, encimado por quatro eixos de janelas de peitoril com molduras recortadas. Fachada posterior com sete portas no piso inferior, encimadas por três pisos, cada um deles com sete janelas de peitoril. INTERIOR da igreja revestido a cantaria de calcário polícromo. Na zona residencial, algumas dependências apresentam silhares de azulejo de padrão.

Acessos

Rua dos Fanqueiros, n.º 113-117; Rua de São Nicolau n.º 2-16; Rua dos Douradores n.º 50-62

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 628, DR, 2.ª série, n.º 182 de 20 setembro 2013 / Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966)

Enquadramento

Urbano, integrado no conjunto da Lisboa Pombalina, na malha urbana e formando gaveto truncado a SE., dando origem a um pequeno largo formado pelas ruas dos Fanqueiros e de São Nicolau. Uma das fachadas, a posterior, abre para a rua dos Douradores, estando a fachada lateral direita adossada a edifícios residenciais multifamiliares, antiga zona conventual, loteada após o período da extinção das Ordens Religiosas (1834). Nas imediações, situa-se a Igreja de São Nicolau (v. IPA.00005030).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: António Trindade; João Rebelo; Remígio Francisco de Abreu (séc. 18); Teodósio de Frias (1648). PEDREIROS: Agostinho Cardoso ( 1656); António de Sousa (1656); António João (1656); Pedro Álvares (1656).

Cronologia

1647, 20 junho - atentado falhado contra o rei D. João IV, prepetrado por Domingos Leite Pereira, durante a procissão do Corpo de Deus; 1648, 28 setembro - lançamento da primeira pedra der uma ermida fundada pela rainha D. Luísa de Gusmão como agradecimento pelo facto do rei sair ileso do atentado, feita segundo o projecto de Teodósio de Frias; 1649, 17 dezembro - as fundações estão concluídas, sendo o plano de Frias alvo de críticas por parte de Joseph Banhes, que exigia paredes mais sólidas, o acrescento de duas tribunas e alteração da dimensão do zimbório *1; 1650, década - os planos são alterados, optando-se pela construção de um convento, a entregar aos Carmelitas Descalços; compra de várias casas para a construção do edifício, tarefa liderada pelo provedor das obras reais, António Cavide, com o que se gastou 3:660$000; 1656, 15 março - medição das obras, com o fim de se pagar aos empreiteiros, pelo mestre João Luís, ajudado pelos pedreiros Agostinho Cardoso e Gregório Luís; trabalham na obra os pedreiros António João, Agostinho Cardoso, Pedro Álvares e António de Sousa; descrição do imóvel *2; 1657 - D. Luísa de Gusmão adquire vários ornatos e alfaias litúrgicas, resguardados nos aposentos de António Cavide; 1661 - consagração do templo, entrando no local os frades carmelitas descalços de Santo Alberto; 1666, 26 fevereiro - falecimento de D. Luísa de Gusmão, sepultada provisoriamente no edifício, no dia imediato; 1707 - as obras ainda não estariam completamente terminadas; 1755, 01 novembro - o terramoto afeta particularmente a paróquia de São Nicolau deixando o edifício um;ito arruinado; sobreviveram parte do corpo da igreja e alguns espaços conventuais; séc. 18, meados - reconstrução do edifício, conforme plano do arquitecto Remígio Francisco de Abreu, integrando os edifícios na malha ordenada da Baixa Pombalina, e o novo convento, ocupando quase todo o quarteirão, foi parcialmente dividido em lojas e apartamentos para aluguer, destinadas a proporcionar rendimento aos frades. *3; 1834 - com a extinção das ordens religiosas, o convento foi vendido e transformado em habitação e zonas comerciais; séc. 20, década 40 - está instalada, nas lojas do piso inferior, uma venda de azeite pertencente ao grupo Abel Pereira da Fonseca; 2002, 09 janeiro - proposta de abertura do processo de classificação pela DRLisboa; 2007, 31 outubro - parecer do Conselho Consultivo do IGESPAR, a propor a classificação como Imóvel de Interesse Público; 2010, 12 fevereiro - Despacho de classificação do edifício como Imóvel de Interesse Público pela Ministra da Cultura; dezembro - o InterContinental Hotels Group (IHG) assinou um acordo de franchising para abrir um Hotel Indigo em Lisboa, o primeiro da marca em Portugal; 2011 - primeiras sondagens arqueológicas no local; 2012, 10 fevereiro - publicação do projeto de decisão relativo à classificação do imóvel como Monumento de Interesse Público, em DR, 2.ª série, Anúncio n.º 2869; 2013 - escavações arqueológicas no local pela empresa de arqueologia do Porto, Empatia *4; 2014 - o grupo InterContinental reconfirmou a abertura de um hotel em Lisboa da sua marca Indigo *5.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria e tabique, rebocada e pintada; elementos estruturais, modinaturas, frisos, cornijas, pilastras, fogaréus, guarda da escada, revestimentos interiores do templo e pavimento em cantaria de calcário; portas, pavimentos e caixilharias em madeira; janelas com vidros simples; gradeamentos de ferro; silhares de azulejo; cobertura exterior de telha cerâmica.

Bibliografia

ARAÚJO, Norberto de - Peregrinações em Lisboa. Lisboa: Parceria A.M. Pereira, 1939; ATAÍDE, M. Maia - Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa: Assembleia Distrital de Lisboa, 1988; CAEIRO, Baltazar - Conventos de Lisboa. Lisboa: Distri Editora, 1989; CASTRO, João Baptista de - Mappa de Portugal. Lisboa: Oficina Patriarcal de Francisco Luís Ameno, 1763; GOMES, Paulo Varela - Arquitectura, Religião e Política em Portugal no século XVII - A Planta Centralizada. Porto: Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, 2001; História dos Mosteiros, Conventos e Casas Religiosas de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1948, vol. II;´MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando - Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1974; SANTANA, Francisco e SUCENA, Eduardo (dir.) - Dicionário da História de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas & Associados - Consultores, 1994, pp. 313-314; SANTOS, Maria Helena dos - «Em busca do Convento perdido» in Monumentos, Lisboa: Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 2004, n.º 21, pp. 124-131; SOROMENHO, Miguel - «O Convento de Corpus Christi: um caso de estudo», in Monumentos, Lisboa: Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 2004, n.º 21, pp. 116-123; http://ocorvo.pt/2013/06/17/vestigios-da-lisboa-romana-encontrados-entre-a-rua-dos-douradores-e-a-rua-dos-fanqueiros/ [consultado em abril 2014].

Documentação Gráfica

IGESPAR

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/ DSID; IGESPAR

Documentação Administrativa

IGESPAR

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO *1 - alguns dados documentais permitem aferir a estrutura da antiga capela, de planta quadrada, tendo torre sineira e fachada principal rematada em frontão triangular com as armas reais, e rasgada por portal de dupla arcada, ladeado por duas janelas. O interior era circular, com as fachadas marcadas por arcos de volta perfeita, rematados por cimalha, que se ligavam às trompas que sustentavam a cúpula. Tinha seis tribunas, uma de maiores dimensões, destinada à família real. *2 - a igreja é de planta quadrangular, com cobertura em cúpula, assente em quatro arcos, com acesso por um nártex elevado e acedido por escadaria; fachada principal com portal ladeado por duas janelas e encimado por nicho, rematando em entablamento clássico e encimado por remates piramidais de diferentes dimensões; galilé com cobertura apainelada; no interior, dois púlpitos confrontantes em cantaria. *3 - no n.º 121 da Rua dos Fanqueiros situava-se a portaria e botica, por onde se acedia ao claustro; pelo n.º 48 da Rua dos Douradores, a Porta do Carro, acedia-se a uma pequena cerca, onde habitavam os moços e se situavam a despensa e adega. A actual fachada principal é o resultado de uma série de alterações posteriores à extinção das ordens religiosas e à consequente venda e remodelação do templo e do convento para usos comerciais, nomeadamente o desaparecimento do portal de frontão curvo interrompido da igreja pombalina, de que resta um desenho do séc. 19, substituído por três portas de verga recta no piso térreo e igual número de janelas de sacada no segundo andar. *4 - durante as escavações, encontraram-se níveis de escavação da época da construção do edifício, com duas áreas de de enterramento, e níveis de ocupação romana, com cetárias, vários tanques de salga romanos. *5 - o seu interior que se encontra devoluto será dividido em 139 quartos, salas de conferências e de reuniões, ginásio, lounge, bar e restaurante.

Autor e Data

Paula Figueiredo 2014 (no âmbito da parceria IHRU / Projeto Catalogação de padrões da azulejaria portuguesa - Rede Temática em Estudos de Azulejaria e Cerâmica João Miguel dos Santos Simões (IHA-FLUL)

Actualização

 
 
 
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