Igreja e Convento de São Francisco de Assis / Igreja do Espírito Santo / Archaeological Museum and Portrait Gallery

IPA.00011434
Índia, Goa, Goa Norte, Goa Norte
 
Convento masculino da Ordem de São Francisco, construído pelos portugueses, no séc. 16, constituindo o primeiro convento a ser construído na Velha Goa, e reformado na segunda metade do séc. 17 e início do séc. 18, tornando-se a casa mãe dos franciscanos no Oriente. A obra teve início em 1520, por iniciativa de Frei António do Louro mas, em 1661, procedeu-se à demolição da igreja e reedificação de uma nova, ao que parece, sobre grande parte da antiga estrutura e conservando o seu primitivo portal. Em 1707 reconstruiu-se igualmente o claustro. Desconhece-se o autor do projeto mas, António Nunes Pereira considera possível ter sido feito em Portugal e aponta a hipótese de na obra terem trabalhado Leonardo Vaz, mestre das obras reais na Índia entre 1525 e 1527, e João de la Ponte, tal como os canteiros João Fernandes e Bastiam (Sebastião) Pires (PEREIRA: 2010, p. 256). É composto por igreja e zona regral, disposta à esquerda, com claustro e corpo retangular evoluindo perpendicularmente à igreja, onde se localiza a portaria. A igreja, com influência do esquema jesuíta e seguindo as características da arquitetura franciscana de Portugal, tem planta retangular e nave única, de espaço unificado, amplamente iluminado, com capelas laterais encimadas por tribunas, transepto inscrito e capela-mor profunda. A fachada principal, pintada de branco, tal como as demais, organiza-se em três panos, definidos por pilastras sobrepostas, e três registos, terminando em tabela com nicho contendo imagem alusiva ao orago, rematada em frontão interrompido, entre aletas com pináculos e duas falsas torres facetadas sobre os cunhais, igualmente facetados, que acentuam a sua verticalidade. É rasgada por portais de cantaria, o central da primeira igreja, em linguagem manuelina, de arco trilobado com as armas de Portugal, e os laterais já maneiristas, de verga reta e frontão triangular, e, nos registos superiores, por janelas retilíneas, também com frontão triangular e guarda em balaustrada. A fachada lateral direita é contrafortada e organiza-se em panos, rasgados por janelas retilíneas e óculo no transepto. No interior, bastante alto e de grande riqueza decorativa, as paredes revelam este seccionamento, apresentando pilastras sobrepostas a formar panos, e registos separados por cornijas, de cantaria com decoração policroma, sendo coberto por abóbada de lunetas, formando apainelados, que na capela-mor são pintados com florões. Possui amplo coro-alto, sobre arco em asa de cesto, com intradorso de dupla fiada de caixotões, pintados com florões, conservando o antigo cadeiral, o único praticamente íntegro subsistente na Velha Goa, encimado por painéis pintados. As capelas laterais da nave, têm arco sobre pilastras facetadas, ambos igualmente ornados com apainelados de florões pintados, cobertas por abóbadas de aresta formando apainelados. Duas delas, mantém os retábulos, de talha dourada e policroma, maneiristas, tipo edícula, de corpo reto e um eixo, rematados em tabela. As tribunas, com guarda de balaustrada, dispõem-se sobre a cornija e friso ritmado por mísulas que divide a nave, tendo as junto ao coro sacada mais saliente. No lado do Evangelho possui púlpito, de talha, de bacia facetada e guarda plena, acedido por porta de verga reta e encimado por baldaquino, com as Chagas de São Francisco. Os retábulos colaterais, postos de ângulo entre os braços do transepto, que se encontram desnudos, e o arco triunfal, também com caixotões e apainelados, pintados com florões, possuem estrutura maneirista, tipo edícula, mas têm já alguns elementos decorativos barrocos. De todo o conjunto, destaca-se a capela-mor, com as paredes revestidas a painéis pintados, moldurados a talha dourada, e retábulo-mor, maneirista, de corpo reto e três eixos, a tribuna central com efeito camarim, albergando sacrário facetado, tipo templete, assente em estrutura de madeira vazada e imagens de vulto nos ângulos. O retábulo tem no sotobanco imagens relevadas, alusivas à Ordem de São Francisco, e remata em tabela ladeado de aletas polilobadas, estas possivelmente de feitura ou reforma já posterior. A decoração do púlpito e de todos os retábulos apresenta influência indo-portuguesa. Na zona regral, o corpo perpendicular à igreja, de dois pisos e contrafortado posteriormente, carateriza-se pela sua simplicidade, rasgado por vãos retilíneos, à exceção da portaria, que tem portal de cantaria em arco de volta perfeita, entre piastras sustentando cornija. O claustro tem no piso térreo arcada com arcos de volta perfeita e, na parede nascente, conserva portal de modinatura manuelina da antiga estrutura quinhentista. O antigo órgão da igreja, encomendado por Frei António de Pádua, foi colocado na igreja de Margão (FONSECA, 1878, p. 225).
Número IPA Antigo: IN931101000004
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos

Descrição

Planta poligonal, composta por igreja e zona regral, disposta a norte, com as fachadas pintadas de branco. IGREJA com nave única, transepto inscrito e capela-mor retangular, de volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave, de três na capela-mor, e três na sacristia, terminadas em aba corrida. Fachada principal virada a poente, de cunhais curvos, dividida em três panos, por três ordens de pilastras, e três registos, definidos por frisos e cornijas. Remata em platibanda plena, ritmada por plintos com florão, no alinhamento das pilastras, e tabela central retangular, horizontal, definida por pilastras, contendo nicho em arco de volta perfeita, sobre pilastras, interiormente concheado e albergando imagem pétrea, terminada em frontão contracurvo interrompido por cruz, sobre plinto paralelepipédico, e coroado por pináculos piramidais. A tabela é ladeada por aletas suportando pináculos, que também surgem sobre os plintos dos topos. Num plano recuado, elevam-se duas torres laterais facetadas, com corpo de dois registos, rasgados em panos alternados por vãos, entaipados, rematadas em balaustrada com acrotérios suportando pináculos piramidais. O pano central possui portal de cantaria, em arco trilobado, de três arquivoltas, sobre colunelos, decorado no intercolúnio com florões relevados, rematado superiormente com motivos vegetalistas e integrando brasão com as armas de Portugal, ladeado por duas esferas armilares relevadas. Nos panos laterais, abrem-se portais de cantaria, de verga reta, encimado por friso ornado por losangos, e frontão triangular, com o tímpano de cantaria, contendo motivos relevados. No segundo e terceiro registos abrem-se, em cada um dos panos, janela de verga reta, encimada por frontão triangular e com pano de peitoril tendo frontalmente balaustrada, encontrando-se as laterais do último registo entaipadas. A fachada lateral direita apresenta contrafortes, integrados na caixa murária nos dois terços inferiores, formando como que duas ordens de pilastras sobrepostas, duplas a definir o coro-alto e o transepto inscrito, sendo o primeiro pano esquerdo rasgado, no primeiro registo, por janela retilínea, e, no terceiro, por duas janelas, os panos intermédios por janela retilínea, com guarda de peito em balaustrada, o pano do transepto por janela e pequeno óculo e dois panos da capela-mor por duas janelas sobrepostas. A fachada posterior possui a capela-mor com dois registos separados por cornija, abrindo-se no primeiro três janelas jacentes, encimadas por amplo janelão central, em arco, ladeado por janelas retilíneas, encimadas por frontão triangular; no segundo registo, rasgam-se três janelas retilíneas, mais pequenas, encimadas por frontão triangular. INTERIOR com o pavimento em cantaria, integrando várias lápides tumulares, as paredes rebocadas e pintadas de branco, com os elementos estruturais predominantemente em cantaria, com decoração policroma, e cobertura em abóbada de lunetas, formando apainelados, na nave de seis tramos e pintada de branco e, na capela-mor, de dois tramos e em cantaria aparente pintada com florões. As paredes da nave possuem três registos, separados por cornija, sobre friso denticulado, e vários panos, definidos por duas ordens de pilastras, as inferiores estriadas e pintadas com pequenas flores, assentes em plintos com losangos, e as superiores almofadadas e pintadas com florões. Possui amplo coro-alto de cantaria, sobre arco em asa de cesto, com o intradorso dividido em duas fiadas de caixotões, com florões pintados, protegido por teia, em balaustrada, assente em cornija sobre mísulas. No coro-alto, dispõe-se cadeiral, em talha, encimado por painéis pintados, lateralmente sobrepostos, de cada lado, por duas tribunas, com sacada avançada e guarda em balaustrada. O sub-coro tem cobertura em abóbada de aresta abatida, formando apainelados, e, de ambos os lados, marcação de dois vãos entaipados, os do lado do Evangelho sobrepostos por painel pintado das Almas, integrando superiormente uma Santíssima Trindade; ladeando o portal, existem duas pias de água benta facetadas, sobre pé decorado. Sobre o arco do coro, os seguintes surgem pintados com anjos e festões. De cada lado da nave, abrem-se três capelas, em arco de volta perfeita, sobre pilastras facetadas, também assentes em plintos com losangos, e com o intradorso formando apainelados, sendo dedicadas, do lado do Evangelho, a Nossa Senhora dos Milagres, a Santa Isabel de Portugal e a Nossa Senhora de Porciúncula, e, do lado da Epístola, às Chagas de São Francisco de Assis, a Nossa Senhora das Dores e à Imaculada Conceição; nos seguintes surgem anjos pintados segurando grinaldas. Interiormente, as capelas têm abóbada de aresta, formando apainelados, com cantaria aparente, e albergam altares e painéis ou retábulos de talha. No segundo registo, abrem-se tribunas, de verga reta, com guardas em balaustrada, as junto ao coro, com sacada avançada, sobre mísulas. Entre a segunda e a terceira capela existe, no lado do Evangelho, púlpito, de bacia facetada, sobre mísula, com guarda plena, também facetada, com colunelos nos ângulos e decorada com motivos vegetalistas, acedido por porta de verga reta; esta é encimada por painel pintado, moldurado a talha e baldaquino com lambrequim. O último pano, correspondente ao transepto, tem arco de volta perfeita, sobre pilastras estriadas, interiormente desnudo, o braço do Evangelho com ligação à zona regral. Arco triunfal de volta perfeita, sobre pilastras facetadas e decoradas por caixotões ou apainelados com florões pintados, ladeado por dois retábulos colaterais, postos de ângulo, de talha dourada e pintada. A capela-mor apresenta as paredes laterais rasgadas por quatro janelas retilíneas, as do lado do Evangelho fingidas e sendo as duas inferiores bastante altas, e revestidas a painéis pintados, com molduras de talha, decoradas de acantos e querubins. Sobre supedâneo de vários degraus, dispõe-se o retábulo-mor, de corpo reto e três eixos, definidos por colunas de fuste estriado, de terço inferior marcado, ornado de ferronerie, e de capitéis coríntios, suportando entablamento, com friso ritmado por mísulas intercaladas por florões. No eixo central, abre-se tribuna, com efeito camarim, em arco de volta perfeita, sobre pilastras facetadas, ambos formando apainelados com acantos relevados, envolvida por friso vegetalista e com querubins relevados nos seguintes. Interiormente é revestida a apainelados com acantos, que se prolongam para a cobertura, em falsa abóbada de berço, albergando sacrário tipo templete, facetado, suportado por estrutura vazada de madeira e figuras de vulto, nos ângulos. Nos eixos laterais, abrem-se dois nichos sobrepostos, em arco de volta perfeita sobre pilastras, decoradas com elementos vegetalistas, interiormente de abóbada concheada e albergando imaginária, existindo entre eles painel de acantos. A estrutura remata em friso vegetalista e tabela vertical central, contendo a imagem de Cristo na cruz e São Francisco, definida por quatro colunas grupadas, de fuste espiralado e terço inferior marcado, sobre mísulas, terminada em frontão triangular. A tabela é enquadrada por aletas, decorados com motivos vegetalistas, integrando dois nichos albergando a imagem de São Pedro e São Paulo, sobre plintos, com cornija polilobada, encimada por anjos de vulto; sobre as colunas exteriores, existem plintos com pináculos em bola. Banco formado por plintos paralelepipédicos e apainelados de cantaria, ornados por losangos, e sotobanco com plintos e apainelados de talha, contendo figuras relevadas, frades e anjos, integrando ao centro nicho em arco de volta perfeita, com abóbada de concheados e albergando imaginária. ZONA REGRAL: composta por corpo retangular, disposto a norte e perpendicular à igreja, claustro quadrangular a norte da igreja e capela-mor, integrando torre a sudeste. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas no corpo transversal e torre e de duas no claustro, terminadas em aba corrida. O corpo transversal, possui dois pisos, tendo na fachada principal, virada a sul, o primeiro piso rasgado por janelas retangulares estreitas e o segundo por janelas de peitoril; no topo direito, abre-se o portal da portaria, em cantaria, em arco de volta perfeita, ladeado por pilastras, que sustentam entablamento. A fachada posterior possui janelas retilíneas em ambos os pisos, rasgadas em ritmo mais irregular, e vários contrafortes possantes. O claustro possui no piso térreo arcos de perfeita, intercalados por pilastras toscanas, possuindo na sua parede oriental portal de modinatura manuelina. Na Galeria dos Vice-Reis, encontram-se expostos os retratos dos governadores e vice-reis da Índia portuguesa, transferidos do Palácio dos Governadores em Pangim, após a tomada de Goa por forças da União Indiana em 1961.

Acessos

Goa Norte, Tiswadi, Velha Goa (Ella), Old Goa Road, Goa 403110. WGS84 (graus decimais) lat.: 15,503120, long.: 73,911337

Protecção

Monumento de Importância Nacional / Incluído nas Igrejas e Conventos de Goa *1

Enquadramento

Peri-urbano, fluvial, adossado a nordeste e destacado. Implanta-se em terreno plano ou de fraco declive, a 12 m de altitude, sobranceiro ao rio Mandovi, inserido no conjunto monumental das Igrejas e Conventos de Goa, envolvido por amplos espaços ajardinados e arborizados. Em frente da igreja e da ala perpendicular do convento, desenvolve-se o Museu Lapidar, a céu aberto, onde têm sido depositados vestígios arqueológicos de ruínas da Velha Goa. À ala norte do claustro, adossa-se edifício ligado ao Palácio Episcopal de Goa (v. IPA.00011437), a norte-nordeste. Na proximidade localizam-se ainda, a nordeste, a Catedral de Goa (v. IPA.00011431) a cerca de 100 m, o Arco dos Vice-Reis (v. IPA.00011558), a cerca de 400 m, e o Convento dos Teatinos / Igreja de São Caetano (v. IPA.0001436) a cerca de 450 m; a sul a Igreja do Bom Jesus (v. IPA.00011435), a cerca de 200 m; a poente, a Capela de Santa Catarina (v. IPA.00011432), a menos de 50 m; e, a cerca de 400 m para sudoeste, o Mosteiro e Igreja de Santa Mónica (v. IPA.00011448).

Descrição Complementar

O retábulo da segunda capela lateral do Evangelho, de talha dourada, tem corpo reto e um eixo, definido por quatro colunas grupadas, de fuste decorado por motivos a imitar ponta de diamante e terço inferior marcado, sobre plintos paralelepipédicos com acantos e querubim, sustentando entablamento. Ao centro abre-se nicho, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, interiormente concheado e albergando imaginária. A estrutura remata em tabela, horizontal, com painel representando a Circuncisão relevada, definida por duas colunas de fuste decorado em ponta de diamante e de terço inferior marcado, rematada em frontão de volutas interrompido pela figura de Deus Pai; lateralmente, surgem aletas e pináculos piramidais sobre plintos, no alinhamento das colunas interiores. A capela da Imaculada Conceição tem as paredes laterais revestidas com painéis pintados, facetados, moldurados a talha, com decoração vegetalista. Alberga retábulo de talha, de planta reta e um eixo, definido por quatro colunas grupadas, de fuste espiralado e de terço inferior decorado com motivos vegetalistas, sobre plintos paralelepipédicos, também com motivos vegetalistas, suportando entablamento, de friso fitomórfico. Ao centro, abre-se nicho, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, ambos decorados com florões, interiormente com querubins na abóbada e albergando imaginária. O nicho é ladeado por duas colunas, de fuste torso e espira vegetalista e terço inferior marcado, assentes em mísulas, coroadas por volutas e anjos segurando grinalda e coroa, envolvidos por motivos vegetalistas. A estrutura remata em tabela, vertical, com painel pintado, definida por quatro colunas grupadas, semelhantes às do corpo do retábulo, suportando frontão semicircular com frontão decorado por motivos vegetalistas e cartela; a tabela é ladeada por painéis com palmetas e aletas, tendo pináculos sobre as colunas exteriores. O retábulo é enquadrado por arco sobre pilastras, em talha, decorada com elementos vegetalistas, e outros elementos de talha. Os retábulos colaterais possuem estrutura semelhante, de corpo ligeiramente côncavo e um eixo, definido por quatro colunas, de fuste torso e espira fitomórfica, de terço inferior decorado, suportando entablamento. A estrutura remata em tabela, vertical, com nicho concheado e imaginária, definida por quatro colunas semelhantes, que suportam frontão de volutas interrompido por anjo de vulto sentado; ladeiam a tabela, aletas com festões de frutos e dois anjos de vulto, sobre plintos, no alinhamento das colunas exteriores. Superiormente, tem baldaquino, com lambrequim de drapeados e borlas. O retábulo do Evangelho possui no corpo nicho, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, decoradas com motivos vegetalistas, interiormente concheado e albergando imaginária, ladeado por duas colunas torsas, com espira fitomórfica e terço inferior marcado, sobre mísulas, coroadas por pináculos; nos seguintes, surgem anjos encarnados segurando coroa vegetalista e acantos. O retábulo da Epístola possui no intradorso do nicho anjos relevados com símbolos da Paixão e os anjos nos seguintes seguram cartela com as insígnias da Ordem de São Francisco. Sotobanco com apainelados de acantos e altar paralelepipédico, com sanefa.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

MESTRES: João de La Ponte (atr. - séc. 16),Leonardo Vaz (atr. - séc. 16). CANTEIROS: Bastiam (Sebastião) Pires (atr. - séc. 16), João Fernandes (atr. - séc. 16).

Cronologia

1500 - os frades franciscanos, que seriam os capelães das primeiras armadas portuguesas, são os primeiros religiosos a chegar à Índia, na armada de Pedro Álvares Cabral; 1517 - frei António Louro obtém do rei permissão para, em Goa, construir um convento a expensas Fazenda Real; 1518 - o governador Lopo Soares de Albergaria cede aos frades umas casas e horta, anterior pertença do tanadar João Machado, morto em Pondá, que se erguiam no local onde está hoje o cruzeiro; frei António Louro e os seus oito colegas franciscanos ali se acomodam provisoriamente formando uma capela com três altares, várias celas e sacristia; 04 novembro - frei António Louro envia carta ao rei queixando-se do governador não ter feito mais nada para construir um edifício mais digno, pelo que, pedia autorização para usar na construção as pedras de um templo hindu que tinha sido destruído; 1520, 02 fevereiro - colocação da primeira pedra na obra do convento; 1521 - conclusão da construção da igreja, que ficou com um corpo de nave única e quatro capelas de cada lado; 1522 - está concluída a nova residência; o custo total da construção orça-se em cerca de 60.000 pardaus; 1524, 31 outubro - carta do senado de Velha Goa ao rei D. João III, comunicando que a estrutura do edifício do convento se encontrava praticamente pronta (Pereira: 2005); 1526 - obras para solidificação de muros através de contrafortes ou botaréus; 1527 - recolocação de telhas no dormitório, e outras dependências, e na igreja; 1529 - data da pedra tumular mais antiga integrada no pavimento da igreja; 1548 - o convento já albergava 40 frades, mas o retábulo-mor estava podre e quase destruído, pelo que os frades pediram ao rei um novo retábulo e mais dois para as capelas do cruzeiro e outro para a sala do capítulo; 1565 - no seguimento de uma determinação do vice-rei D. Antão de Noronha, os frades franciscanos passam a receber a expensas da Fazenda Real vários artigos de consumo diário no valor de 2.000 pardaus; 1583 - a comunidade franciscana é elevada à categoria de Província de São Tomé da Índia Oriental, título que só vem a usar em 1622; 1603 - sagração da igreja pelo arcebispo D. Frei Aleixo de Meneses, sob a invocação do Espírito Santo *2; 1661 - demolição da igreja e reedificação da mesma pela comunidade local, possivelmente sobre grande parte da estrutura da antiga, e conservando o seu primitivo portal manuelino; 1707 - reconstrução do claustro, uma vez que, tal como a igreja, também ameaçava ruína, ficando a galeria superior aparentemente inacabada; 1762 - trabalhos de reconstrução das celas do dormitório do Rato, bem como da portaria e das salas contíguas à Aula da Assunta; 1765 - Fr. António de Pádua, provincial da Ordem, manda construir o dormitório do Guardião e a portaria do Carro, mandando lajear os claustros e a casa dos lava-pés; 1835 - com a extinção das ordens religiosas, o convento e a igreja são mandados fechar; 1876 - o governador João Tavares de Almeida manda reabrir a igreja ao culto; as alas conventuais apresentam sinais de degradação ameaçando a ruína completa; séc. 20, início - ainda se realizava a festa anual de São Francisco, a 4 de outubro, precedida de novena e vésperas; 1964 - o Archaeological Survey of India converte os edifícios conventuais adjacentes à igreja em Archaeological Museum and Portrait Gallery, que inclui o Museu Lapidar e a Galeria dos Vice-Reis; 1982 - reorganização do espaço museológico.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em pedra da região (laterite), rebocada e pintada; argamassas à base de cal e areia; portas e caixilharia de janelas em madeira; vidro simples nas janelas; grades em ferro; pavimentos em granito e cantarias em granito e calcário cinza; retábulos e púlpito de talha dourada; painéis pintados; cobertura em telha cerâmica.

Bibliografia

CHICÓ, Mário Tavares - A escultura decorativa e a talha dourada nas Igrejas da Índia Portuguesa. Lisboa: 1954; DIAS, Pedro - História da Arte Portuguesa no Mundo. O Espaço do Índico. Lisboa: Círculo de Leitores, 1998, pp. 78-81, 224-227, 273 e 292; FONSECA, José Nicolau da - An Historical and Archaeological Sketch of the City of Goa. Bombaim: Thacker & C.º, Limited, 1878, pp. 220-225; ISSAR, T. P. - Goa Dourada - The Indo-Portuguese Bouquet. Bangalore: Mytec Process Pvt. Ldª., 1997; MATTOSO, José (dir.) - Ásia, Oceânia, Património de origem portuguesa no mundo, arquitectura e urbanismo. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010, pp. 256-257; PEREIRA, António Nunes - A arquitectura Religiosa Cristã de Velha Goa, Segunda Metade do Século XVI - Primeiras Décadas do Século XVII. Lisboa: Fundação Oriente, 2005; PEREIRA, António Nunes - «Convento de São Francisco e Igreja do Espírito Santo». In Património de Origem Portuguesa no Mundo - Ásia Oceania. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010, pp. 256-257; SALDANHA, Pe. Manuel J. Gabriel de - História de Goa (Política e arqueológica). História Arqueológica. Segunda Edição. Nova Goa: Casa Editora Livraria Coelho, 1926, vol. II, pp. 33-42; TELLES, Ricardo Micael - Igrejas, Capelas e Palácios na Velha Cidade de Goa. Nova Goa: 1931; Velha Goa. Guia Histórico. Goa: 1952; «List of Ancient Monuments and Archaeological Sites and Remains of Goa - Archaeological Survey of India» (http://asi.nic.in/alphabetical-list-of-monuments-goa/), [consultado em 17 janeiro 2019].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

DGA/TT: PT-TT-CSFG

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO. *1 - O conjunto arquitetónico da Igreja e Convento de São Francisco consta da Lista de Monuments of National Importance in Goa do Archaeological Survey of India, com o identificador N-GA-4, e está incluído no Conjunto "Churches and Convents of Goa", declarado pela UNESCO, em 1986, como Património da Humanidade (Relatório da 10ª Sessão do Comité - CONF 003 VIII). *2 - Segundo António Nunes Pereira, a igreja é dedicada ao Espírito Santo sendo por isso essa a sua designação correta. Apesar de Manuel Saldanha referir que a igreja é dedicada a São Francisco-dos-pobres (SALDANHA: 1926, p.33), José Nicolau da Fonseca refere que a igreja, concluída em 1521, foi oitenta e dois anos depois, em 1603 portanto, especialmente dedicada ao Espírito Santo pelo Arcebispo Dom Frei Aleixo de Menezes (FONSECA: 1878, p.223).

Autor e Data

Hugo Sérgio Fernandes (Contribuinte externo) e João Almeida (Contribuinte externo) e Paula Noé 2021

Actualização

 
 
 
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