Casa da Torre

IPA.00001136
Portugal, Braga, Vila Verde, Soutelo
 
Arquitectura residencial, barroca e rococó e religiosa do período do Estado Novo. Quinta com solar barroco do tipo casa-torre, composto por dois corpos, um deles correspondendo à torre, com capela adossada, em eixo, de planta longitudinal e grande edifício do Estado Novo, correspondendo ao antigo noviciado, hoje ocupado pelo Centro de Espiritualidade e Cultura, de planta irregular, com vários corpos formando duas alas, uma com claustro e outra com pátio interior. Este núcleo de construção mais recente integra no seu interior uma igreja de planta longitudinal com capela-mor semicircular e duas pequenas capelas. Solar com fachada principal precedida por grande escadaria de acesso ao segundo piso, que corresponde ao piso nobre, rasgada neste registo por janelas de sacada encimadas por cornijas rectas e ao centro portal encimado pela pedra de armas. Torre rasgada por janelas, na fachada principal de sacada, com remate em merlões e trapeiras de faces em granito. Capela com fachada principal virada ao exterior, rematada por frontão triangular, com escadaria a preceder o portal principal, em verga recta, encimado por fresta de arejamento e frontão de volutas, interrompido por pedra de armas. Edifício do Centro de Espiritualidade e Cultura com fachada principal perpendicular à do solar, com pedra de armas junto ao remate. Toda a decoração é bastante rectilínea, nomeadamente os vãos, alguns constituídos por altos arcos quebrados de inspiração revivalista neogótica, os pináculos, as pedras de armas, a sineira e a grande chaminé. Alguns panos são em cantaria de granito, entre outros pintados de branco, acentuando a verticalidade e geometria das fachadas. Alguma fenestração apresenta sequência de cachorros a suportar as sacadas ou os parapeitos, seguindo algumas vezes o alinhamento de três vãos dispostos horizontalmente. Este tipo de linguagem decorativa assemelha-se bastante quer à usada na arquitectura residencial, quer à usada na administrativa e judicial, este último caso notório no escudo jesuíta da fachada lateral, muito semelhante aos utilizados nos edifícios públicos. Claustro com arcaria plena, nos ângulos com cruzes de malta vazadas, mantendo a mesma linguagem geometrizante. Interior do solar piso nobre com corredor central de distribuição para as diversas salas, algumas intercomunicantes, com tectos de madeira, em masseira e planos. Capela de decoração rococó com cobertura em abóbada de berço, balaustrada do coro-alto, sanefas e guarda do púlpito em madeira com filetes dourados, as últimas com decoração exuberante de concheados. Retábulo-mor também rococó, em talha policroma, com formas ondulantes e decoração fitomórfica e concheados. Edifício do Centro de Espiritualidade e Cultura com escadaria principal de comunicação com salas de estar e retiro e quartos, com pavimentos em madeira e tijoleira e tectos de estuque. Igreja ampla, com cobertura de betão, ritmada por arcos abatidos, com coro-alto também de betão. Apresenta linguagem decorativa simples, pontuada apenas pela monumentalidade e cor dos enormes vitrais emoldurados por arcos quebrados e pelo grande baldaquino da capela-mor, de linguagem moderna, recorrendo ao uso dos arcos quebrados, patente na arcaria de suporte, ritmada por imaginária pétrea. Capela de São José com recurso também aos arcos quebrados, usados a emoldurar o portal, na parede testeira, nos vitrais e nos nichos com imaginária. Na quinta encontram-se ainda dependências agrícolas compostas por eira, sequeiro, espigueiro e tanque. Portal principal da quinta, monumental de enorme riqueza e exuberância decorativa, com alguns pináculos de inspiração vegetalista, semelhantes ao trabalho escultórico de Nasoni. Capela do solar com escadaria protegida por guarda plena com decoração relevada simulando grade de ferro cruzada. No interior do solar, no piso térreo conservam-se dois grandes arcos plenos, que marcavam a passagem entre os salões primitivos. O andar nobre mantém intactos os tectos de madeira e alguns armários de madeira embutidos. Guarda do púlpito com busto de olhos vendados, em alto relevo, possivelmente aludindo à Justiça. O grande edifício do Centro de Espiritualidade e Cultura foi concebido em torno do antigo solar, não o anulando, com a preocupação de manter a sua traça original e procurando uma harmonia, através da simplicidade decorativa, do emprego de granito em contraste com o branco das fachadas, do recurso de cornijas rectas a encimar os vãos da fachada principal e na grande pedra de armas, à semelhança do que acontece no solar.
Número IPA Antigo: PT010313520015
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre    

Descrição

Quinta composta por antigo núcleo residencial, com solar e capela em eixo, adossado ao grande núcleo recente do Centro de Espiritualidade e Cultura, e antigas dependências agrícolas da quinta, com cocheiras a S. do terreiro da fachada principal e a N., tanque, eira, sequeiro e espigueiro. SOLAR de planta composta por dois corpos, correspondendo a uma torre quadrangular, e um outro rectangular. Volumes escalonados, de dominante horizontal quebrada pelo verticalismo da torre. Coberturas diferenciadas, em telhados de duas águas no corpo rectangular, e quatro águas com trapeiras na torre, duas nas faces laterais e uma nas restantes. As trapeiras apresentam faces frontais em cantaria, com janelas de guilhotina e remates em empena com cornija. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento, vãos de verga recta emoldurados, cunhais apilastrados, e remates em cornija sob beiral e platibanda ameada com altos pináculos piramidais nos ângulos, na torre. Fachada principal virada a SE., com pano da torre de três registos separados por friso de granito, no primeiro rasgam-se par de portas e nos superiores pares de janelas de sacada, com guarda de ferro, encimadas por cornija recta. Entre as janelas do segundo registo encontra-se grande cartela com inscrição. Pano do corpo rectangular, de dois registos, precedido ao centro por monumental escadaria, composta por lanço recto de acesso a patamar, com busto do Visconde da Torre, disposto frontalmente, de onde partem dois lanços divergentes de acesso a dois patamares que se ligam a outros dois lanços convergentes em patamar superior de acesso à porta principal. Guardas da escadaria em ferro, ritmada por plintos de granito. Primeiro registo com portas a ladear a escadaria e segundo registo composto por janelas de sacada, as dos extremos com guarda de ferro, e as que ladeiam a porta principal, com sacada à face. Estas duas últimas janelas encontram-se sobre duas janelas jacentes, que se abrem junto aos degraus dos dois últimos lanços da escadaria. Todos os vãos do segundo registo são encimados por cornija recta. A da porta principal é decorada por pedra de armas. Fachada lateral SO. da torre adossada a estreito corpo de ligação ao Centro de Espiritualidade, com passadiço superiormente. Fachada posterior virada a pátio interior ajardinado, formado devido ao adossamento dos vários corpos do Centro de Espiritualidade, rasgada por vãos simples, a maior parte sem moldura. CAPELA de planta longitudinal, de nave única, à qual se adossa corpo da sacristia e de ligação com a zona residencial. Volumes de dominante horizontal. Cobertura única em telhado de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com panos do corpo da nave enquadrados por cunhais apilastrados coroados por pináculos piramidais, e topos do referido corpo em empena coroada por cruz latina sobre acrotério. Fachada principal virada ao exterior, a NE., com dois panos distintos, o da nave e o da sacristia. O da nave é precedido por pequena escadaria de dois lanços convergentes em patamar superior, com guarda plena de granito, relevada, simulando grade de ferro cruzada. Esta escadaria dá acesso ao portal, rasgado ao centro, em verga recta, emoldurado, encimado por entablamento com fresta de arejamento e frontão de volutas interrompido por pedra de armas. Remate em frontão triangular vazado no tímpano por óculo circular. Pano da sacristia de dois registos rasgado por janela jacente encimada por janela de sacada com guarda de ferro, protegida por pequeno alpendre. A ladeá-lo encontra-se sineira em arco pleno, rematada por motivo recortado. Este pano é rematado por friso de granito, ligeiramente inclinado e com terminais em voluta. Fachada lateral SE., no seguimento da fachada principal do solar, rasgada por portal de verga recta, ladeado superiormente por dois janelões em capialço. Remate em cornija sob beiral. Fachada lateral NO. rasgada por vãos de verga recta, sem moldura e remate em beiral. INTERIOR: SOLAR com primeiro piso com vestíbulo principal onde se desenvolve escadaria de ligação ao piso superior e com comunicação para salas de estar, uma delas com tecto de madeira e outra com tecto de estuque pintado a castanho, com arabescos. Pavimentos em tijoleira e paredes rebocadas e pintadas e com a alvenaria de granito à vista. Segundo piso com longo corredor central de distribuição para as diversas salas, decorado com rodapé de azulejos de padrão industrial e tecto de madeira. No extremo SO. apresenta escadaria de madeira de acesso aos últimos pisos da torre. Este extremo do corredor comunica com as dependências do Centro de Espiritualidade. As salas viradas à fachada principal são intercomunicantes, e apresentam tectos de madeira, em masseira e planos. Uma das salas, que corresponderia ao quarto principal é usada como capela. Antiga sala de jantar com lambril apainelado de madeira. Pavimentos em madeira. O extremo oposto do corredor central comunica com outro corredor de acesso a vestíbulo que liga ao coro-alto da capela e à sacristia, esta última através de escadaria de madeira com guarda vazada e recortada. Este pequeno corredor apresenta tecto de masseira de madeira, silhar de azulejos de padrão industrial, com painel representando Santo António, e alçapão de acesso ao púlpito. CAPELA com nave coberta por abóbada de berço em madeira com painéis marcados a dourado. Pavimento em soalho. Paredes rebocadas e pintadas de branco, com silhar de azulejos industriais de padrão, monocromos a azul, e largo rodapé em granito. Coro-alto de madeira assente em trave suportada por mísula, simulando arco abatido. Guarda vazada e recortada de modo a simular balaustrada, com decoração de filete dourado. Óculo rasgado na parede fundeira decorado por vitral com símbolo da Eucaristia. Do lado da Epístola abre-se porta de comunicação com a zona residencial, encimada por sanefa de madeira, recortada, com decoração de volutas e concheados e filete dourado. Subcoro com guarda-vento de madeira, possuindo do lado do Evangelho um confessionário de madeira, com filetes a dourado, lamberquim e no frontal cartela concheada. No lado oposto pia de água benta quadrilobada. Nave com parede do lado do Evangelho rasgada por janelões com vitrais, um com representação de Santo António e outro de um Anjo com cálice. Parede do lado da Epístola com púlpito de base pétrea, rectangular, suportada por modilhão, com guarda plena, de madeira, com decoração marcada a dourado, e frontalmente busto feminino em alto-relevo, com os olhos vendados. Porta de acesso de verga recta encimada por sanefa idêntica à do coro-alto. O púlpito é seguido por porta de acesso à sacristia, encimada também por sanefa. A ladear a porta, do lado esquerdo encontra-se lápide com inscrição. Presbitério mais elevado com dois degraus de granito, destacados em semicírculo ao centro. Parede testeira integralmente preenchida pelo retábulo-mor, em talha policroma a branco, dourado, vermelho e cinzento, de planta recta com três eixos. Remate em espaldar com composição de acantos ao centro. Lateralmente, encontram-se painéis com pequenos óculos, emoldurados por concheados. Tribuna em arco pleno, ladeada por painéis recortados, com peanhas com imaginária. Nos extremos colunas compósitas com fuste decorado por motivos fitomórficos. Altar recto, encimado pelo sacrário de frontal recortado. Todo o retábulo é ricamente decorado por acantos e concheados. Sacristia com arcaz de madeira, rodapé em azulejos industriais de padrão e pavimento em soalho. CENTRO DE ESPIRITUALIDADE E CULTURA de planta irregular, com vários corpos rectangulares, formando duas alas, uma a SO. com grande claustro, integrando uma igreja, de planta longitudinal, nave única e capela-mor semicircular, e outra a NE, com pátio interior formado com a fachada posterior do antigo solar. Volumes escalonados de dominante horizontal com coberturas diferenciadas em telhados de duas e quatro águas e em terraço num braço da ala do claustro. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, e em alvenaria de granito na lateral SE. e posterior. Apresentam dois e três registos, rasgadas regularmente por vãos de verga recta, alguns emoldurados a granito, e remates em cornija sob beiral. Fachada principal na ala do claustro, virada a NE., perpendicular à principal do solar. Junto ao ângulo, composição vertical de três vãos, correspondendo no primeiro registo a portas, no segundo a janelas de sacada, com guardas de ferro, encimadas por cornija recta e no último a janelas de peito. A composição é encimada por grande pedra de armas com o monograma mariano AM. Extremo oposto ritmado por janelas de peito. Topo do braço, que prolonga a fachada principal e forma já a lateral SE., enquadrado por cantaria. Ao centro fenestração composta no segundo registo por grande sacada ritmada inferiormente por cachorros, com guarda de ferro, e no último registo, entre janelas de peito, outra sacada morfologicamente idêntica, mas mais pequena. Fachada lateral NO., com corpo ligeiramente avançado no extremo direito, com remates em empena, que marca o exterior da Capela de São José. O topo do corpo apresenta cruz a coroar a empena, ladeada por pináculos e pano de cantaria ao nível do segundo registo, suportado por cachorrada, rasgado ao centro por janelão entaipado inscrito em arco quebrado. Nos panos laterais abre-se grande arco quebrado assente em cachorrada, que enquadra duas janelas sobrepostas. No extremo oposto, destaca-se igualmente corpo, delimitado no ângulo, ao nível do primeiro registo, por composição de cantaria, com beiral e cachorrada, e pilastras simples a emoldurar os vãos, assentes em cachorros. No cunhal abre-se nicho com imagem pétrea da Virgem. Pano seguinte, já em corpo adossado à ala do pátio inteiro, com três janelas de parapeito único suportado por cachorrada. Entre estes dois panos ergue-se alta chaminé. Fachada NE. da ala do pátio interior, com pano ligeiramente avançado, tripartido, os laterais em cantaria, rasgados por janela recortada no primeiro registo e no segundo por janela de verga recta. No centro portal encimado por escudo com o símbolo dos Jesuítas, ladeado por aletas. Pátio interior com fachada SO. de dois panos, separados por estreito corpo destacado, correspondendo à sineira, encimado por ventana em arco pleno, em empena coroada por cruz, ladeada por pináculos. O pano da esquerda, correspondente à nave da igreja, é ritmado ao nível do segundo registo por janelões em arco quebrado, com parapeito assente em cachorrada. CLAUSTRO com três registos, o primeiro com arcaria plena em cantaria, destacada, encimada por beiral, possuindo nos ângulos cruzes de Malta vazadas no pano murário. Registos superiores com janelas de peito rasgadas regularmente. Interior da galeria, com cobertura de betão rebocado e pintado de branco, com travejamento à vista. Pavimento em laje de granito. Paredes decoradas por silhar de azulejos de padrão industriais, policromos a azul e castanho, rasgadas regularmente por portas e grandes janelas de verga recta. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco e tectos de estuque lisos. Acesso principal através de grande vestíbulo onde se encontra escadaria de desenvolvimento helicoidal, de acesso aos vestíbulos e corredores dos pisos superiores, pavimentada a laje de granito, com guarda em balaustrada de madeira. No vestíbulo encontra-se a recepção e porta de comunicação com a galeria do claustro. Ainda neste piso, na aula do claustro, do lado NO. localizam-se as adegas, e na ala do pátio interior, do mesmo lado, as cozinhas. No vestíbulo do segundo piso abre-se a porta de acesso à igreja, corredor de comunicação com o solar e corredor de distribuição para quartos, salas de estar e de retiro e biblioteca. IGREJA com paredes rebocadas e pintadas de branco, na nave com lambril em mármore castanho. Nave coberta por tecto ritmado por arcos ligeiramente abatidos, que se desenvolvem na continuidade das pilastras das paredes laterais da nave. Coro-alto de betão assente em dois pilares revestidos a mármore castanho, guarda em balaustrada de madeira e acesso através de porta, que se abre no centro da parede fundeira, para o vestíbulo do terceiro piso. Subcoro com cobertura em caixotões de betão pintados de branco. Parede fundeira com porta principal de acesso, com bandeira com o monograma IHS pintado. Paredes laterais abertas por óculos quadrilobados com vitrais, o do lado do Evangelho, com o monograma IHS, e o do lado oposto com AM. Nave com parede do lado do Evangelho rasgada por três portas de verga recta, emolduradas a mármore igual ao do lambril. Nível superior com quatro janelas em arco quebrado, dispostas entre as pilastras. Na parede do lado oposto rasgam-se janelões em arco quebrado com vitrais, representando São Afonso Rodrigues e a letra G, Os três anjos da pureza e a letra D, São João de Brito e a letra M e Santo Inácio de Loyola e a letra A. Capela-mor com supedâneo de quatro degraus, com grande baldaquino circular de betão pintado de branco, com luz zenital, composto por arcaria quebrada, possuindo no centro estátua da Virgem, e lateralmente o Sagrado Coração de Jesus, e São José, assente em pano de muro semicircular, revestido a mármore castanho. A parede testeira é revestida a madeira. Lateralmente abrem-se portas de verga recta, uma delas de acesso a sacristia. No último piso, desenvolvem-se igualmente mais quartos e salas. Junto à escadaria dispõem-se vitrais representando Santos da Ordem. Neste piso localiza-se ainda o auditório "Sala Padre António Vieira", a Capela de São José, uma sacristia e a Capela do Coração de Jesus. A Capela de São José apresenta cobertura de betão pintada a branco, de dois panos, com clarabóia formada por vitral, e pavimento em parquet. Paredes rebocadas e pintadas de branco, com lambril de mármore castanho. Parede fundeira com porta inscrita em arco quebrado revestido a mármore castanho. Parede lateral, do lado do Evangelho, com nichos decorados por estátuas pétreas representando Santos da Ordem. Junto à parede testeira abrem-se duas janelas em arco quebrado, com vitrais representando o Sagrado Coração de Jesus e a Virgem, ambos com Santos da Ordem. Parede testeira com altar enquadrado por arco quebrado possuindo no centro nicho com imagem do orago. No corredor que dá acesso a esta capela, fronteiro à porta encontra-se painel de azulejos, monocromos a azul, representando São José a ensinar Jesus. A comunicação entre os vários pisos é feita, para além da escadaria principal, por elevador. Pavimentos em tijoleira e madeira.

Acessos

EN 101

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Rural, isolado, à face da estrada, implantado no vale do rio Cávado, próximo da foz do afluente rio Homem, rodeado por campos agrícolas e algumas casas de habitação. A grande propriedade é fechada por alto muro em alvenaria de granito, com dois acessos a NE., um principal e outro secundário, entre a fachada principal da capela, voltada à estrada. O acesso principal, precedido por uma araucária de porte notável, é enquadrado por panos de muro rebocados e pintados de branco, delimitados por pilastras de cantaria, elevados ao centro por cornija curva, e ritmados por pináculos, alguns bolbosos e outros com fogaréus. Os panos das extremidades possuem par de janelas de verga recta entaipadas. Ao centro do conjunto eleva-se portal monumental, em cantaria de granito, em arco trilobado, fechado por portão de ferro, e bandeira, com decoração fitomórfica. É delimitado por pilastras sobrepostas, com voluta na base e capitel decorado por cartela em forma de pergaminho enrolado com acanto, que suporta entablamento, com pináculos fitomórficos, no seguimento das pilastras, e ao centro espaldar recortado encimado por urna, e no tímpano, pedra de armas dos Viscondes da Torre. Este portal dá acesso a grande pátio interior, fronteiro à fachada principal, calcetado e ajardinado, com chafariz central de tanque circular. No lado O. encontra-se o Pelourinho de Larim (v. PT010313520002) e no lado oposto um relógio de sol em granito, com inscrição na coluna de suporte. Acesso secundário, enquadrado por pano de muro elevado, rebocado e pintado de branco, delimitado por pilastras toscanas coroadas por pináculos e ritmado por merlões. O portal de verga recta é fechado por portão de ferro, ladeado inferiormente por aletas, encimado por entablamento, com fresta longitudinal e frontão de volutas, com pináculos e interrompido por pinha. Na proximidade, a E. encontra-se o Santuário de Schoenstatt (v. PT010313520060) e a N., a Igreja Paroquial de Soutelo (v. PT010313520057).

Descrição Complementar

A SE. do edifício encontra-se uma pequena mata, com via sacra de construção recente, composta por pequenos painéis cerâmicos. Junto à fachada posterior desenvolvem-se os terrenos de cultivo. A SO. campo de vinha, delimitado por duas longas latadas também de vinha. A NO. grande alameda de camélias e tuias, separando campos de milho das hortas. No começo da alameda encontra-se tanque rectangular, adossado a muro de alvenaria, com outro pequeno tanque adossado lateralmente, para onde cai a água, proveniente de bica carranca inscrita no muro. No final da alameda encontra-se fonte com alpendre de quatro águas, suportado frontalmente por duas colunas e posteriormente por pano murário rebocado e pintado de branco, com silhar de azulejos de padrão industriais, monocromos a azul, misturados em algumas zonas com outro padrão, policromo a azul e amarelo. No centro do pano murário encontra-se taça bojuda, assente em cachorro, encimada por lápide com inscrição, de onde sai bica tubular, e nicho com a Virgem. Lateralmente bancos revestidos a azulejos; DEPENDÊNCIAS AGRICOLAS: Sequeiro e espigueiro dispostos em torno de eira lajeada a granito. Sequeiro de planta rectangular, com cobertura em telhado de duas águas. Fachada virada à eira, de dois registos, correspondendo o primeiro a galeria suportada por colunas de secção quadrangular e o segundo com panos, constituídos por estrutura de madeira, alguns abertos por vãos, entre pilares de granito. Acesso ao piso superior, pela fachada lateral SE., através de escadaria. Espigueiro com estrutura de granito, possuindo lateralmente ripado de madeira. Topos em empena coroada por cruz latina de braços trilobados. No topo virado a SO., a encimar a porta encontra-se cartela com a data de 1934. Cobertura em telhado de duas águas; JARDIM DO CLAUSTRO de planta quadrangular, desnivelado, formal, esquartelado, que apresenta como principais elementos estruturantes os caminhos e um elemento de estatuária situada no centro deste espaço. As entradas para o jardim estão situadas em cada um dos quatro vértices do claustro e comunicam entre si por caminhos que o atravessam diagonalmente, e por um outro que, unindo os primeiros, acompanha os limites do claustro. Ambos os caminhos têm cerca de um metro e meio de largura. No ponto de intersecção dos caminhos transversais situa-se uma rotunda onde está implantada a estátua, representando a Virgem, orientada a SE. O jardim encontra-se a uma cota inferior à do edifício, sendo o desnível, de cerca de meio metro, vencido por meio de escadas. O caminho envolvente do jardim encontra-se em terra batida enquanto que os caminhos diagonais estão pavimentados com paralelepípedos em granito. O espaço verde é composto por quatro áreas relvadas, aproximadamente triangulares, já que um dos vértices se encontra substituído pela rotunda central. Em cada um dos vértices, estão plantadas laranjeiras. No centro de cada uma das áreas verdes existe um arbusto da espécie "Euonymus japonicus". Na rotunda, em redor da estátua, existe um canteiro circular com cerca de quatro metros de diâmetro, delimitado por um buxo com cerca de quinze centímetros de altura, cujo interior se encontra ornamentado com plantas das espécies "Chlorophytum comosum" e "Rosa. spp". Junto à galeria do claustro, o desnível é vencido recorrendo a uma sebe dupla, sendo a interior de cerca um metro de altura e a exterior, com cerca de quarenta centímetros. Entre as duas existe um espaço de meio metro onde estão plantadas espécies como " Bergenia crassifolia e "Zantedeschia aethiopica" e "Rosa. spp"; INSCRIÇÕES: Inscrição gravada no fuste da coluna do relógio de Sol; sulcos com vestígios de tinta vermelha; sem moldura nem decoração; granito; tipo de letra: capital quadrada; leitura: SEMEIA, PLANTA E CRIA VIVERÁS COM ALEGRIA; inscrição gravada na cartela da torre, ligeiramente oval, recortada lateralmente; moldura simples, com argola superiormente, simulando medalhão; granito; tipo de letra: capital quadrada; leitura: AB ANTIQVO SVM NOMINATA TURRIS MAGISQHAC ERO AVCTONE PLVRIS; inscrição gravada em lápide rectangular existente na nave da capela do solar; sulcos com vestígios de tinta preta; sem moldura nem decoração; granito; tipo de letra: capital quadrada; leitura: O EXCELENTÍSSIMO E REVERENDÍSSIMO SENHOR DOM JOÃO DA SILVA FERREIRA BISPO DE TANGER E IRMÃO DO CAPITÃO-MOR MANUEL DA SILVA FERREIRA MINISTROU NESTA CAPELA PERTENÇA DE SUA CUNHADA DONA MARIA JOSEFA DE MAGALHÃES FEIO DE AZEVEDO O SACRAMENTO DO CRISMA. ANO DE 1743 AOS 9 DE 9º (=Novembro); inscrição gravada na lápide rectangular da fonte alpendrada; sulcos com vestígios de tinta preta; sem moldura nem decoração; granito; tipo de letra: capital quadrada; leitura: FAC DOMINA VI CVM VENTURA HOC A...CENTUM IN ...AVRUM CON ...VERT...TEUR.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Religiosa: recolhimento espiritual

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Cunha Leão, Morais Soares e Fortunato Cabral (1950). ARQUITECTO PAISAGISTA: Francisco Caldeira Cabral (1950). CARPINTEIRO: Frei José Ormonde (1950); EMPRESA: ARS Arquitectos (1950). ESCULTOR: Artemant (1950). PINTOR DE AZULEJOS: D. M. (Fábrica do Carvalhinho), Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego (1950). SERRALHEIRO: Frei Júlio Lima (1950). VITRALISTAS: Manuel Lapa, J. Alves Mendes, Empresa Lisboa Campolide, Empresa Desenhos de Meco (1950).

Cronologia

1743, 9 Novembro - Data da inscrição existente no interior da capela, invocando o sacramento do crisma, dado naquela data; o solar era pertença de D. Maria Josefa de Magalhães Feio de Azevedo, cuja família, pelo lado dos Feio de Azevedo, possuia uma Quinta no lugar de Burgueiros, da mesma freguesia; 1758 - a casa pertencia ao Dr. Couto de Magalhães, conforme depoimento do abade da freguesia de São Miguel de Soutelo, em resposta ao inquérito mandado instaurar para elaboração do Dicionário Geografico do Reino de Portugal; séc. 18, último quartel - são feitas diversas obras de remodelação, nomeadamente construção do portal e redecoração interior da capela; 1804, 28 Agosto - nasce João Feio de Magalhães Coutinho, futuro Senhor da Casa da Torre; 1847, 13 Agosto - João Feio de Magalhães Coutinho, Senhor da Casa da Torre, fidalgo da Casa Real e Coronel de Caçadores, é feito 1º Barão da Torre pela rainha D. Maria II; 1871, 3 Agosto - João Feio de Magalhães Coutinho, Senhor da Casa da Torre é feito 1º Visconde da Torre pelo rei D. Luís I; 1885, 11 Março - falecimento do 1º Visconde da Torre; torna-se Senhor da Casa da Torre e 2º Visconde da Torre, Alberto Feio da Rocha Paris, casado com D. Maria Cândida Malheiro Reimão Teles Calheiros de Menezes e Sá; 1912 - morre o 2º Visconde da Torre, ficando a casa na posse da viúva; 1934 - construção do espigueiro da quinta; 1947, Março - testamento da Viscondessa da Torre doando a Casa da Torre à Província Portuguesa da Companhia de Jesus, Maio - morre a Viscondessa da Torre, sem descendência, passando a Casa da Torre para a posse dos Jesuítas; a família fica com o recheio da casa; 1950 - início da construção do edifício para albergar o Instituto Missionário, adossado ao antigo solar; o novo edifício é projectado pela empresa ARS Arquitectos, constituída pelos arquitectos Cunha Leão, Morais Soares e Fortunato Cabral; o projecto de arquitectura paisagista do claustro é atribuído a Francisco Caldeira Cabral; a obra de carpintaria é feita pelo Frei José Ormonde e a de serralharia pelo Frei Júlio Lima; o escultor francês Artemant executa a estátuas da capela-mor da igreja; os vitrais são executados pelas Empresas Desenhos de Meco, Lisboa Campolide, J. Alves Mendes e o pintor Manuel Lapa; 1951 - inauguração do novo edifício; instalação do noviciado jesuíta designado por Instituto Missionário, anteriormente instalado no Mosteiro de Santa Marinha da Costa (v. PT010308120020), em Guimarães.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura, molduras dos vãos, cornijas de remate, escadarias exteriores do solar e capela, cunhais, portais, trapeiras e merlões da torre, arcaria e pavimento da galeria do claustro, sineiras, elementos decorativos, lápides com inscrições, relógio de sol, fontes, tanque, eira e estrutura do espigueiro, em granito; silhares da igreja e capela de São José em mármore; estátuas do Centro de Espiritualidade e Cultura em calcário; cobertura e coro-alto da igreja, baldaquino da capela-mor, placas de piso e escadaria do Centro de Espiritualidade e Cultura, em betão; portas, janelas, pavimentos interiores, tectos do solar e capela, coro-alto, guarda do púlpito, retábulo-mor e escadaria interior do solar, em madeira; pavimentos interiores em tijoleira; tectos de estuque; vãos das capelas e igreja com vitrais; guardas das sacadas em ferro; coberturas em telha de canudo e marselha no sequeiro.

Bibliografia

ABREU, Leonídio de (coord.), História, Arte e Paisagens do Distrito de Braga, O Concelho de Vila Verde, Braga, 1963; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses, Lisboa, 1969; AZEVEDO, Correia de, Monografia do Concelho de Vila Verde, 1958; PINHO, Leal, Portugal Antigo e Moderno, vol. 12, Lisboa, 1873 - 1890; SILVA, Domingos M. da, As Terras de Vila Verde do Minho no Dicionário Geográfico do Reino de Portugal até 1758, Vila Verde, 1958; GONZALEZ, Gines Lopez, La Guia de incafo de los Arboles y arbustos de la Península Ibérica, Madrid, 1994; CAIXINHAS, Maria Lisete, Flora da Estufa Fria de Lisboa; Lisboa, 1994; CABRAL, Francisco Caldeira, TELLES, Gonçalo Ribeiro, A Árvore em Portugal, Lisboa, 1999; ANDERSEN, Teresa, Francisco Caldeira Cabral, Reino Unido, 2001; ANDERSEN, Teresa, Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian - Francisco Caldeira Cabral e a primeira geração de Arquitectos Paisagistas (1940-1970), Lisboa, 2003.

Documentação Gráfica

IHRU: Arquivo Pessoal Francisco Caldeira Cabral

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: Arquivo Pessoal Francisco Caldeira Cabral

Intervenção Realizada

Proprietário: Séc. 18, último quartel - obras de remodelação do solar e capela; 1953 - deslocação do portal secundário para o local onde hoje se encontra; 1973 - remodelação do primeiro piso do antigo solar e sua transformação em salas de visitas e de estar; 1998 - colocação de janelas de alumínio lacado edifício do Centro de Espiritualidade e Cultura.

Observações

Autor e Data

João Santos 1996 / Teresa Camara 2004 / Joaquim Gonçalves 2005

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