Colégio de São Paulo / Palácio de São Paulo

IPA.00011336
Moçambique, Nampula, Ilha Moçambique (M), Ilha Moçambique (M)
 
Arquitectura educativa, seiscentista, novecentista e do séc. 20. Colégio da Companhia de Jesus, de estrutura rectangular, com igreja disposta à direita, seguindo o esquema de implantação típico da primeira fase, e dois pátios, em volta dos quais se desenvolviam a vida escolar, no anterior, e conventual, no posterior. Igreja de planta longitudinal composta por nave e capela-mor mais estreita, com coberturas diferenciadas, a da capela-mor em falsa abóbada de berço de estuque. A fachada principal da igreja termina em empena e é rasgada por portal de verga recta, janela de varandim e óculo e, no interior, possui retábulo-mor maneirista, de talha dourada, de dois registos e três eixos, de influência indo-portuguesa. No lado direito, as dependências conventuais e colegiais, teriam acesso por portaria comum e desenvolviam-se em torno de dois pátios de dois pisos, o do colégio tendo o piso inferior de arcadas e o superior com janelas.
Número IPA Antigo: MZ910703000005
 
Registo visualizado 274 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio religioso  Colégio religioso  Companhia de Jesus - Jesuítas

Descrição

Planta rectangular irregular composta por igreja disposta à direita, longitudinal, de nave única e capela-mor, mais estreita, e pelo corpo do Colégio, desenvolvido em torno de um amplo claustro, e por um outro claustro menor, na zona posterior, tendo adossado à fachada lateral direita da igreja torre sineira quadrangular. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas e quatro águas e em coruchéu piramidal na torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de rosa, com faixas, cunhais, molduras dos vãos e remates sublinhados a branco. Fachada principal virada a SO., com a igreja terminada em empena com cornija, coroada por pináculos nos cunhais e vértice, de dois registos divididos por cornija, abrindo-se no primeiro portal de verga recta com moldura encimado por friso de acantos, friso de florões e cornija decorada com discos, sustentados por duas mísulas; no segundo registo abre-se janela de varandim com moldura igualmente encimada por friso e cornija e óculo circular. A fachada do colégio termina em platibanda plena, sublinhada por frisos pintados de branco; apresenta dois pisos, rasgados regularmente por janelas de peitoril rectilíneas e com caixilharia de guilhotina, excepto no extremo direito, onde se abre amplo arco de volta perfeita, e quase no extremo esquerdo, onde se abre portal de verga recta. Torre sineira com cunhais marcados por falsos perpianhos, de dois registos, o inferior rasgado no topo por óculo circular, moldurado, e o segundo, separado por larga faixa pintada de branco, com esbarro e mais estreito, rasgado, em cada uma das faces, por vão em arco, superiormente sublinhado por moldura contracurvada, e frontalmente albergando sino. INTERIOR da igreja com púlpito de talha policroma no lado do Evangelho e, no lado oposto, capela lateral profunda, com acesso por arco de volta perfeita. Capela-mor em falsa abóbada de berço, de estuque, possuindo nas paredes laterais amplos nichos em arco de volta perfeita sobre pilastras, de feitura recente. Sobre supedâneo de três degraus, surge o retábulo-mor, de talha dourada, de dois registos separados por friso e cornija, e de três eixos definidos por oito colunas torsas e espira fitomórfica, de capitéis coríntios e no primeiro registo dispostas duas a duas sobre plintos comuns; no eixo central abre-se nicho à face, em arco de volta perfeita, integrando sacrário tipo templete e imagem do crucificado, e no segundo registo nicho em arco de volta perfeita, de boca rendilhada, sobre pilastras com decoração fitomórfica, interiormente concheado; nos eixos laterais abre-se, em cada registo, nicho igualmente em arco de volta perfeita, sobre pilastras, interiormente concheado e encimado por frontão triangular; sobre o entablamento, desenvolve-se o ático em tabela rectangular, com insígnia da Ordem inserida em resplendor circular, definido por colunas torsas, com espira fitomórfica sustentando espaldar com elementos vegetalistas recortados, rematado em volutas; lateralmente é enquadrado por dois nichos com as características dos anteriores, ladeados de aletas e terminados em espaldares recortados. Banco de alvenaria rebocada e pintada de branco, integrando o frontal de altar, em talha dourada, tipo urna. O colégio desenvolve-se à volta de pátio central com uma das alas terminada em frontão triangular, coroado por pináculo e com brasão no tímpano, possuindo frontalmente escada de dois lanços convergentes, com coluna de arranque sustentando figuras femininas em bronze com candeeiros, e guarda em ferro; ao nível do piso térreo, abre-se sob o patamar central da escada arco de volta perfeita sobre pilastras; no segundo piso abre-se portal de verga recta encimado por cartela com decoração relevada, entre largas pilastras, ladeado por quatro janelas de peitoril, com caixilharia de guilhotina. As alas laterais possuem o primeiro piso com arcada de cantaria, com arcos de volta perfeita sobre pilares, e no segundo janelas rectilíneas.

Acessos

Avenida dos Continuadores

Protecção

Incluído na Ilha de Moçambique (v. MZ910703000011)

Enquadramento

Urbano, adossado, adaptado ao declive do terreno, sobretudo na fachada lateral esquerda. Ao longo da fachada principal do palácio corre gradeamento, intercalado por plintos paralelepipédicos. Em frente desenvolve-se ampla praça, pontuada de árvores, com bancos de jardim e tendo ao centro plinto paralelepipédico que sustentava a estátua de Vasco da Gama. O imóvel possui em frente da ponte cais da Alfândega e nas imediações, ergue-se a Igreja e Hospital da Santa Casa da Misericórdia (v. MZ910703000004)..

Descrição Complementar

O Museu-Palácio de São Paulo possui uma rica colecção de artes decorativas, destacando-se uma das maiores colecções mundiais de mobiliário indo-português.

Utilização Inicial

Educativa: colégio religioso

Utilização Actual

Residencial: residência oficial / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Afectação

Época Construção

Séc. 17 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1498 - chegada de Vasco da Gama à ilha de Moçambique; 1507 - construção da feitoria, para apoio das armadas da Índia que aqui faziam a invernada, "com casas pera recolhimento da gente"; de início era uma simples torre denominada Torre de São Gabriel, e mais tarde conhecida por Torre Velha; séc. 17, início - desmantelamento parcial da torre pelos holandeses durante o cerco; 1603 - abertura de uma escola pelos religiosos da Companhia de Jesus a pedido dos habitantes locais; posteriormente e em data incerta obtêm o terreno onde se erguia a torre, com a condição de completarem a sua demolição e de não erguerem construções que pudessem servir como padrasto à Fortaleza de São Sebastião; porém, reaproveitaram a estrutura da Torre Velha como alicerce da capela do que viria a ser o Colégio de São Paulo; 1607 / 1608 - estabelecimento na torre de uma bateria holandesa que causou grandes danos nas cortinas da Fortaleza de São Sebastião durante os seus ataques; 1610 - construção do edifício do Colégio da Companhia de Jesus, junto à torre; 1624 - cartas anuais dos jesuítas atestam a existência de um colégio com a invocação de São Francisco Xavier, com a igreja de São Paulo e a hospedaria ao lado; o terreno para a construção fora oferecido por Bartolomeu Lopes, que morreu na Índia a 1634; 1634 - colocação da lápide sepulcral na sepultura do governador D. Estêvão de Ataíde, sepultado no colégio; 1635 - segundo António Bocarro, ali assistiam três ou quatro religiosos a quem pagavam antigamente da fazenda do rei mantimentos e quartéis dobrados do que se pagava aos soldados; 1636 - desenhos de António Bocarro confirmam a existência do colégio, da igreja e de outras dependências; 1763 - após a expulsão dos jesuítas, o colégio foi adaptado a residência dos capitães generais de Moçambique; as obras foram levadas a cabo por João Pereira da Silva Barga; até esta data, os governadores ficavam instalados numa casa particular, tendo de compraro mobiliário necessário; 1670 - incêndio no edifício provocando grandes danos no mesmo; 1674 - reconstrução do edifício; 1864 - alteração ao coroamento da torre; 1888 / 1891 - campanha de obras altera o interior da capela para o aspecto actual; 1898 - passou a ser ocupado pelo Governador do Distrito de Moçambique até a capital do distrito ser mudada para Nampula; 1931 - adaptação do edifício para instalação de repartições, salas de recepção e outras; 1935 - até esta data servia de residência do Governo do Distrito, depois foi desocupado; 1956 - passa a servir como residência para o presidente da República Portuguesa e seus ministros, aquando em visita à colónia; neste ano foi remobilado e arranjado para receber o presidente Craveiro Lopes; 1967 - a capela necessitava profundas obras de recuperação; 1969 - remodelação do edifício, por ocasião da inauguração da ponte de ligação entre a ilha e o continente; 1991 - classificação da ilha de Moçambique como património mundial pela Unesco; 2004, 18 Agosto - decreto nº31 do Conselho de Ministros criando o Museu da Ilha de Moçambique, abreviadamente designado MUSIM, constando de três núcleos museológicos: o Museu de Artes Decorativas, o Palácio de São Paulo e o Museu de Marinha e, o terceiro, o Museu de Arte Sacra.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; arcos do claustro e outros elementos em cantaria; retábulo-mor e púlpito em talha dourada; pavimentos em soalho ou cantaria; caixilharia de madeira; vidros simples; cobertura de telha.

Bibliografia

CID, Isabel, O livro das plantas de todas as fortalezas, cidades e povoações do estado da Índia oriental de António Bocarro, Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1992; DIAS, Pedro, História da Arte Portuguesa no Mundo. Espaço do Índico, Lisboa, 1998, pp. 356-380; IDEM, Arte de Portugal no Mundo. África Oriental e Golfo Pérsico, Lisboa, Público - Comunicação Social, S.A., 2008; Ilha de Moçambique em perigo de desaparecimento. Uma perspectiva histórica, um olhar para o futuro, Lisboa, 1983; LOBATO, Alexandre, Ilha de Moçambique. Panorama Histórico, Lisboa, 1967; RAU, Virgínia, Aspectos étnico-culturais da Ilha de Moçambique em 1822, Lisboa, 1963; http://pt.wikipedia.org/wiki/Palácio_dos_Capitães-Generais_(ilha_de_Moçambique), Abril 2011.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO

Autor e Data

Sofia Diniz 2002

Actualização

Manuel Freitas (Contribuinte externo) 2011
 
 
 
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