Edifício, Igreja e Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Cascais

IPA.00011244
Portugal, Lisboa, Cascais, União das freguesias de Cascais e Estoril
 
Arquitectura religiosa e de saúde, setecentista. Igreja de misericórdia de construção pombalina, de planta longitudinal composta de nave e capela-mor, interiormente cobertas por abóbada de lunetas e de berço, respectivamente, em estuque, e iluminada axial e lateralmente, e hospital de planta em L colocado paralelamente à igreja, integrando sacristia e casa do despacho, com pátio frontal. Igreja com fachada principal harmónica, terminando em empena, e rasgada por portal de verga recta entre pilastras, sobrepostas por consolas que suportam entablamento e frontão interrompido; superiormente abrem-se três janelas de moldura recortada e ângulos curvos, encimada por cornija angular ou curva, a central ladeada de aletas. Fachadas laterais rasgadas por amplos janelões curvos e a posterior terminada em empena. No interior, possui coro-alto de madeira, dois púlpitos confrontantes, com guarda em pau-santo acedidos por portas, e duas capelas laterais, em arco de volta perfeita albergando estruturas retabulares oitocentistas; o arco triunfal em volta perfeita, sobreposto pelas armas da Misericórdia, apresenta pinturas murais em marmoreados fingidos, formando apainelados, tal como também surge nas paredes laterais da capela-mor, onde se rasgam tribunas, em arco abatido com guarda em cantaria. Retábulo-mor setecentista, em talha policroma, de marmoreados fingidos, de planta recta e três eixos. Hospital com fachadas de dois pisos, na principal separados por friso e rasgada regularmente por vãos rectilíneos sobrepostos, sendo janelas jacentes no primeiro e de sacada no segundo, com guarda de ferro; interiormente integra no piso térreo a sacristia, com tecto de apainelados pintados com motivos eucarísticos, de feitura rococó, e no superior a casa do despacho, com ligação a uma das tribunas da capela-mor. A outra ala do L é rasgada por vão de ligação a um pátio secundário e portas-janelas ou janelas de varandim, possuindo escada para o segundo piso. Igreja construída após o terramoto e que ficou por concluir relativamente ao plano inicial, sobretudo no remate da frontaria e das torres, terminando o pano central em empena sobre beirada e não conferindo qualquer remate às torres, ficando ainda a direita mais baixa. Interiormente apresenta grande sobriedade, destacando-se apenas alguns elementos, nomeadamente o facto do coro-alto surgir sobre estípetes, as portas de acesso ao coro terem os ângulos curvos e o arco triunfal ter planta côncava. As pinturas murais que o revestem, bem como às paredes da capela-mor, do séc. 18 / 19, são de bom desenho. A capela do baptistério apresenta silhar de azulejos de padrão maneiristas e painel relevado de Santa Teresa, do séc. 18, apoiado em duas colunas de talha, que poderão ter pertencido a um retábulo maneirista. A estrutura retabular da capela da Epístola reaproveita uma maquineta rococó. O retábulo-mor possui a superfície à face, com arquivoltas do ático pintadas, tendo apenas relevadas as pilastras e colunas e as respectivas bases e remates arquitravados. Conserva espólio pictórico de grande qualidade, da primitiva Misericórdia. Segundo Vítor Serrão, os dois painéis maiores, possuindo "figuras de escala ciclópica", constituíam a parte central do retábulo quinhentista desmantelado, e os painéis mais pequenos, "com um desaparecido Calvário, a fiada superior" do mesmo. Segundo o autor, são obras do final do século XVI, atribuídas ao pintor Cristóvão Vaz, integrando-se "na corrente estética do Maneirismo italianizado, com um discurso plástico onde se aprimoram os alteamentos de figura, os gestos e poses distorcidas, o cromatismo ácido, a busca de efeitos de teatralização do espaço e um geral sentido de catequização do discurso imagético que se irmana com os ditames do Concílio de Trento". Nos edifícios anexados, alguns de construção mais recente, destaca-se o de planta em L, integrando a ante-sacristia e a sacristia, esta sobreposta pela casa do despacho, e um amplo arco abatido na outra ala do L, desenvolvendo-se no espaço intermédio pátio com portão datado de 1843.
Número IPA Antigo: PT031105030054
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício, igreja e hospital  Misericórdia

Descrição

Igreja de planta longitudinal composta de nave única e capela-mor, tendo a frontaria flanqueada por duas torres sineiras quadrangulares, e adossado à fachada lateral esquerda anexos rectangulares, desenvolvendo-se na fachada oposta hospital de planta em L, formando pátio no ângulo dos dois braços, e três corpos rectangulares dispostos mais ou menos regularmente. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave, interrompida e alteada sobre os janelões laterais, de oito águas na capela-mor, de quatro águas nos vários corpos do antigo hospital, rematados em beirada simples ou dupla, e em terraço nas torres sineiras. Fachadas rebocadas e pintadas de branco. IGREJA: Fachada principal virada a O., harmónica, com cunhais apilastrados, a igreja terminando em empena sobre beirada, coroada por cruz latina de cantaria. É rasgada por portal de verga recta com moldura ladeada por pilastras almofadadas, sobrepostas por consolas que suportam entablamento e frontão interrompido por janela; esta tem moldura recortada, com botão no topo e ângulos internos curvos, encimada por cornija angular e ladeada por aletas; a janela é ladeada por duas outras de moldura semelhante, mas encimadas por cornija curva. No alinhamento do frontão do portal, a fachada é percorrida por friso estreito. Torres sineiras sensivelmente recuadas, com soco adaptado ao declive do terreno, rasgadas por três (esquerda) ou duas frestas (direita), molduradas e gradeadas, e sem remate superior, sendo a da direita mais baixa. Sobre a torre esquerda existe pequena sineira, pintada de branco, paralela à nave e albergando sino. Fachada lateral esquerda com a igreja terminada em friso e cornija de massa, interrompida e alteada em curva sobre os dois janelões, de verga abatida; a capela-mor termina em empena e é rasgada por amplo vão curvo; o anexo é rasgado a E. por duas janelas quadrangulares, molduradas e gradeadas. Fachada posterior terminada em empena percorrida por friso horizontal e rasgada por duas janelas quadrangulares descentradas, molduradas e gradeadas. INTERIOR: nave com paredes rebocadas e pintadas de branco e rodapé de madeira, pavimento de madeira, excepto no sub-coro, que é de cantaria, e cobertura em abóbada de lunetas, em estuque, sobre friso e cornija de cantaria. Coro-alto de madeira, sobre estípetes almofadadas, de perfil contracurvado protegido por guarda em balaustrada alternada por acrotérios, no enfiamento das estípetes, sendo acedido de ambos os lados, por portas de verga recta a partir das torres. Sub-coro com guarda-vento de madeira, ladeado por pias de água gomeadas, rematadas em botão. Tecto em apainelados, com florão relevado e, na zona mais avançada, com elementos fitomórficos e acantos dourados. Lateralmente abrem-se portas de verga recta, de acesso às torres, a da Epístola transformada em baptistério, com azulejos de padronagem policroma, de módulo 2x2 (P-31) e cercadura C-78, formando silhar. Alberga nicho lateral, retábulo e pia baptismal, de bacia cilíndrica, com pintura naif sobre pé cilíndrico. Lateralmente possui dois púlpitos confrontantes, com bacias rectangulares de cantaria, inferiormente decorado por nervuras, botões e pingente, guarda em balaustrada de pau-santo, acedidos por portas de verga recta a partir de portas que se rasgam inferiormente e que têm moldura recortada; a da Epístola também comunica com a ante-sacristia e demais dependências. Seguem-se duas capelas laterais, com arco de volta perfeita sobre pilastras, albergando estruturas retabulares em talha policroma. Arco triunfal de planta côncava, em arco de volta perfeita sobre pilastras, possuindo faixa intermédia com pinturas murais a marmoreados, rosa, azul e bege, formando cartelas rectilíneas recortadas intercaladas por botão, sendo as pilastras sobrepostas por mísula com imaginária e o arco tendo no fecho as armas da Misericórdia. Inferiormente, as pilastras são rasgadas por portas de acesso às tribunas. As paredes da capela-mor apresentam pinturas murais, igualmente a marmoreados, rosa e bege, formando três registos de apainelados rectangulares, de ângulos curvos contendo botões, sendo o intermédio mais estreito; inferiormente rasgam-se duas portas de verga recta, molduradas, e, ao nível do terceiro registo de apainelado, abre-se, ao centro, uma tribuna de arco abatido com fecho saliente, e falsos capitéis nas faces internas da moldura, possuindo guarda em balaustrada de cantaria, sensivelmente avançada, com plintos laterais e um central, almofadados, os primeiros sobre falsas mísulas de concheados. Interiormente, as tribunas possuem o mesmo tipo de pintura mural, tendo cobertura em falsa abóbada de berço abatido, com nervuras pintadas definindo os panos da abóbada de cruzaria. Sobre supedâneo de cantaria, acedido por tês degraus, e enquadrado por arco de volta perfeita sobre pilastras toscanas, dispõe-se o retábulo-mor, de talha policroma a marmoreados fingidos, a bege, amarelo e rosa, com planta recta e três eixos, definidos por duas meias pilastras coríntias e duas colunas coríntias, sobre plintos paralelepipédicos, suportando o entablamento e ático, adaptado ao perfil da cobertura, de três arquivoltas pintadas, as dos extremos com festões e a central, mais larga, formando falsas almofadas ornadas de florões; ao centro é sobreposto por resplendor com glória e um Agnus Dei; as colunas são coroadas por urnas; no eixo central abre-se tribuna de perfil contracurvado, moldurada, interiormente pintada de azul e albergando trono de cinco degraus rectangulares escalonados, pintados a marmoreados fingidos a verde, roxo, rosa, bege e azul, sobreposto por mísula; nos eixos laterais surgem mísulas com imaginária; banco pintado a marmoreados azuis, integrando a meio da cornija sacrário ultra-semicircular, decorado por símbolos eucarísticos inseridos em almofadas, intercaladas por pilastras com motivos fitomórficos e capitéis, suportando cúpula de nervuras e apainelados com elementos fitomórficos, coroado por globo e cruz; na porta, de perfil contracurvado, tem a representação de uma adoração da Custódia, encimado por glória de querubins; o sacrário, com base canelada, assenta em mísula e acantos. DEPENDÊNCIAS ANEXAS com fachadas rebocadas e pintadas de branco e de dois pisos. Corpo do hospital em L, com a fachada principal virada a S., onde possui pátio murado. A ala comprida do L, paralela à igreja e virada a S., tem cunhal exterior apilastrado, os pisos separados por friso, e rasgados por vãos rectilíneos de moldura simples, correspondendo no piso térreo a duas portas e três janelas jacentes centrais, gradeadas, e no segundo piso a janelas de sacada, com guarda em ferro, de pinhas nos ângulos. Na fachada E. desta ala rasga-se no piso térreo janela jacente e no segundo janela de peitoril, ambas gradeadas. A fachada perpendicular à igreja, virada a O., é rasgada no primeiro piso por vão de comunicação a um outro pátio, em arco de volta perfeita sobre pilastras, e duas portas, e o superior por duas portas de varandim, com guarda em ferro, um óculo oval e porta, de ângulos cortados, precedida por escada desenvolvida junto ao muro. No INTERIOR da ala paralela destaca-se no piso térreo a ante-sacristia com porta de comunicação com a capela-mor ladeada por pia de água benta gomeada e escada de ligação ao segundo piso, e a sacristia com pavimento de lajes e tecto plano de madeira, pintado com marmoreados fingidos, formando apainelados, decorados com concheados, enrolamentos e elementos fitomórficos, quatro deles maiores e criando cartelas com símbolos eucarísticos: a espiga, cacho de uvas, uma custódia e um Agnus Dei com a inscrição ECCE AGNVS DEI; no painel central, circular, surgem as armas da Misericórdia, envolvidas por friso fitomórfico. Na parede testeira, duas portas de verga recta enquadram nicho de perfil recente, sem moldura; uma porta lateral é ladeada por pia de água benta em mármore. A sala do despacho, ao nível do segundo piso, tem pavimento em soalho e tecto de madeira, pintado de branco, com moldura circular inserida num losango, sobre sanca; em termos de vãos tem a mesma organização que a sacristia; o vão lateral comunica com a tribuna da capela-mor. Na ala perpendicular, numa das dependências do piso térreo, com pavimento cerâmico, existe amplo arco abatido sobre pilastras. Adossados à fachada principal da igreja surgem dois outros corpos; um tem apenas um piso, com fachada terminada em cornija de massa e platibanda plena, sendo rasgada por porta de verga recta de ligação a pátio e por duas janelas de peitoril, molduradas e gradeadas. O outro corpo, colocado obliquamente e avançando na praça, tem dois pisos e a fachada igualmente terminada em platibanda plena, com cunhais sobrelevados e coroados por urnas cerâmicas; o piso térreo é rasgado por porta de verga recta, com bandeira gradeada, e uma janela de peitoril, e o segundo por duas outras janelas rectilíneas, de molduras simples. A meio da fachada surge inscrição alusiva à Santa Casa, lápide inscrita e dois mastros de bandeiras em ferro; na fachada lateral esquerda abre-se ao nível do segundo piso uma janela de peitoril idêntica.

Acessos

Largo da Misericórdia, Rua da Misericórdia, Rua da Saudade.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado, integrado na malha urbana, no Centro Histórico de Cascais. Ergue-se em posição de destaque a uma praça, com calçada à portuguesa, adaptado ao declive do terreno, com fachada principal antecedida por escadaria, delimitada por pinoucos de cantaria, criando pequeno adro frontal, que dá acesso a um dos corpos que se dispõem obliquamente relativamente à igreja; junto ao muro que delimita esse mesmo corpo, existe trepadeira, que se estende sobre o muro. Junto à fachada lateral esquerda a Misericórdia possui pátio trapezoidal, circundado por arruamento, vedado por muro, pintado de amarelo, capeado a cantaria e encimado por gradeamento de ferro; inicialmente utilizado como cemitério privativo da Confraria, serve actualmente como parque de estacionamento. A E. existe um outro pátio rectangular, pavimentado a calçada à portuguesa, delimitado pelo edifício em L onde funcionou o antigo hospital, a botica e o celeiro, por alto muro e por uma outra casa, disposta no ângulo do muro, actualmente devoluta, correspondente à casa do capelão. Esta tem dois pisos, o primeiro rasgado por três portais de verga recta, o da direita com moldura côncava, encimado no segundo piso por janelas de peitoril. A E. o muro é encimado por relógio de sol e é acedido por portal de verga recta, com portão gradeado e datado de 1843, encimado por cruz de braços quadrangulares sobre acrotério.

Descrição Complementar

Num dos corpos adossados à fachada principal da igreja, ocupados pelos serviços administrativos, existe a inscrição em letras relevadas SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE CASCAIS. Encima-a lápide de mármore com a inscrição SANTA CASA MISERICÓRDIA DE CASCAIS OS MORADORES DA VILA DE CASCAIS INSTITUIRAM A 11 DE JUNHO DE 1551 ESTA SANTA CASA, ELEVADA E ORDENADA COM LICENÇA DE EL-REI D. JOÃO III. HOMENAGEM EFECTUADA NO SEU 454º ANIVERSÁRIO PELA OBRA SOCIAL REALIZADA NO CONCELHO. NO ANO DO CENTENÁRIO DO ROIARY INTERNATIONAL - 2005. Capela baptismal com pavimento de lajes integrando duas lápides sepulcrais, uma com longa inscrição, meio delida e datada de 22 de Dezembro de 1622, e a outra com a inscrição: SEPVLTVRA DO LICENCEADO ESTEVÃO DIAS PEREIRA. Na parede testeira possui estrutura retabular de talha relevada, em arco de volta perfeita sobre pilastras, com acantos nos capitéis e querubim no fecho, representando Santa Teresa recebendo Espírito Santo; sobre o retábulo existem como que quatro raios, pintados de verde. A estrutura assenta em duas colunas coríntias, com terço inferior marcado e decorado com festões. Nas paredes laterais existem duas prateleiras alteadas, pintadas a marmoreados fingidos, percorridas por flores pintadas relevadas. No lado do Evangelho existe nicho rectangular, envolvido por moldura em talha, a marmoreados fingidos, ladeada e encimada por elementos concheados e acantos, albergando imaginária. Possui frontal pintado a marmoreados fingidos, com florões nos ângulos das molduras, ladeado por palmas. A capela lateral do Evangelho possui estrutura retabular em talha, frontalmente pintada com acantos, elementos enrolados, parras e festões, e cartelas com símbolos da Paixão de Cristo, representado no Evangelho os pregos, martelo, coroa de espinhos e azorrague, na Epístola os dados, a lança, esponja no híssopo e estandarte com INRI inscrito; superiormente tem ainda, de cada lado, uma filactera com S.P.Q.R.; no ático tem enrolamentos de acantos, florões, parras, uvas e, no fecho, cartela com rosto de Cristo envolto em resplendor. Interiormente é pintado de azul, formando amplos apainelados, rectilíneos no corpo e curvos na cobertura, em abóbada de berço, albergando imaginária. Frontalmente possui altar expositivo decorado com concheados. A capela lateral da Epístola apresenta estrutura retabular de dois registos, o primeiro em talha policroma a bege, de três eixos definidos por pilastras que sustentam arcos de volta perfeita, com fecho saliente, e o entablamento, tendo pontas de diamante nos seguintes, interiormente revestido a veludo e albergando imaginária. No segundo registo existem três maquinetas envidraçadas, albergando imaginária, sendo as laterais, terminadas em cornija contracurvada, coroada por urnas nos cunhais; a central, de maiores dimensões e em talha policroma a branco e apontamentos dourados, possui vão abatido, com moldura sobreposta por concheados, e consolas dispostas de ângulo nos cunhais, assentes em plintos e suportando cornija contracurvada; a cobertura é encimada por glória de querubins em resplendor, e estrela. O arco triunfal é sobreposto pelas armas da Misericórdia, de meados do séc. 19, composto por dois escudos pintados de azul, o da esquerda apenas com uma cruz, e o da direita com o escudo nacional, com os sete castelos, símbolo da protecção real; são centrados por elemento fitomórfico que sustenta coroa real e envolvidos por palma rematada em laço. Na nave existem bancos distintos para os Mesários de características revivalísticas.

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade / Política e administrativa: sede de organização religiosa

Propriedade

Privada: misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CANTEIRO: Mateus de Araújo (1786). ENTALHADOR: Estêvão da Silva (1710 / 1712). MESTRES: António José (1759), António Moreira (1759), João Moreira (1759). PEDREIROS: João Ribeiro (1759). PINTOR: Cristóvão Vaz (1580 - atribuído).

Cronologia

1551, 11 Junho - instituição da Confraria da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, com licença de D. João III; inicialmente a Irmandade sediou-se na Capela de Santo André, que vários autores julgam localizar-se onde se ergue actualmente a sacristia, e regia-se pelo Compromisso da Misericórdia de Lisboa de 1499; o seu primeiro provedor foi D. Álvaro Fernandes de Castro; escolheu-se como padroeira Nossa Senhora dos Anjos, que segundo a tradição era uma imagem de madeira que dera à costa na praia dos Anjinhos e que depois foi levada à ermida de Santo André, por ser a que ficava mais próximo; 1552, 3 Setembro - escritura passando metade dos bens deixados pela rainha D. Leonor ao hospital dos Lázaros e gafos de São Pedro de Penaferrim, em Sintra, para a Misericórdia de Cascais com a obrigação de socorrer os enfermos e pobres; 1556, 25 Maio - alvará de D. João II mandando adaptar o Compromisso da Misericórdia de Lisboa datado de 1516; 1558 - D. Sebastião autorizou os pescadores dos portos de mar, como era o caso de Cascais, a pescarem aos domingos e dias santos, durante dois meses, para que o produto destas pescarias revertesse a favor do Resgate Geral de Cativos; 1575 - Misericórdia procede a obras de reparação numa capela e coro que já designou como sua; 1580, cerca - época provável da feitura do retábulo-mor, atribuído por Vítor Serrão ao pintor Cristóvão Vaz; 1587, 28 Janeiro - provisão de D. Filipe I autorizando a Misericórdia a receber por anexação todos os bens do Hospital dos Mareantes Pescadores, em Cascais, com a obrigação de 7 missas rezadas e uma cantada e ofertada; os pescadores ou os mareantes em contrapartida poderiam continuar a reunir a confraria de Nossa Senhora do Socorro na casa onde era costume, bem como a manterem a posse das vestes, ornamentos e da casa onde costumavam fazer os seus cabidos; 23 Setembro - acordo em que a Misericórdia se compromete a manter um hospital de peregrinos (albergue); 27 Setembro - Mesa toma posse dos haveres e da casa do hospital, também conhecido por hospital da praça, composto por piso térreo e um superior; anexo ao hospital, ficava a "igreja de Nossa Senhora do Socorro" e a casa do hospitaleiro, a quem os pescadores davam esta "casa para viver e o mais que fosse combinado"; o hospital confrontava a N. com uma azinhaga que ia para a praça (em frente da Câmara) e a frente dava para a Rua da Pedreira, talvez a actual Rua do Poço Novo, indicando assim que o hospital se situava onde se localizava sensivelmente o Quartel dos Bombeiros; 1592 - Misericórdia obteve licença para vender duas casas do hospital que se encontravam distantes da sua sede e serviam para agasalhar os pobres pedintes; a receita da venda foi aplicada numa casa nova junto à Misericórdia que passou a servir de enfermaria e hospital; 1593 - 1604 - Inventário de todos os bens móveis da Misericórdia; 1599 - alvará do Arcebispo de Lisboa, autorizando os pescadores da vila a pescarem em dois domingos da Quaresma e nas oitavas da Páscoa se o seu produto revertesse para curativo de enfermos, a cargo da Misericórdia; séc. 16, finais - D. António de Castro, Conde de Monserrate e Senhor da Vila, concede aos pescadores o privilégio do produto das pescarias reverter para a Misericórdia; os pescadores também estavam desobrigados de exercer cargos no conselho e de servir nas armas do rei; 1604 - 1662 - Inventário dos bens da Misericórdia; 1606, 6 Junho - Compromisso da Confraria do Santíssimo Sacramento da Ressurreição erecta na Igreja da Ressurreição; 1608 - D. Álvaro Pires de Castro institui a procissão do Senhor dos Passos no segundo domingo da Quaresma, a organizar pela Misericórdia, pois até ali ela fazia-se à sua custa; 1622, 26 Setembro - certidão da Misericórdia permitindo aplicar no resgate geral de cativos metade da receita da venda em hasta pública de produtos naufragados achados do mar (âncoras, fateixas, redes de pesca, embarcações) e dados à costa, desde Belém ao rio das Maçãs, revertendo a outra metade para o mamposteiro dos cativos da vila; 1634 - determina-se excomungar todos os provedores e irmãos que emprestassem os ornamentos utilizados nas procissões; 1671 - Francisco da Silva deixa legado de 30$000 para vestir 24 pobres na Quaresma; 1674 - instituição da procissão do Enterro do Senhor, na sexta-feira Santa à tarde, a qual era uma imitação da que se realizava no Convento da Santíssima Trindade em Lisboa; 1678 - Inventário das cousas e fábrica da sacristia a cargo do capelão; 1686 - 1814 - Inventário dos bens móveis; 1692 - D. Inês Pimentel, Condessa de Monsanto, lega 60$000 para vestir pobres na Quaresma; 04 Março - licença para ser celebrada missa na enfermaria, onde existia um retábulo com um altar fixo de madeira, um crucifixo e as imagens de vulto de Nossa Senhora e de São João; 1696 - o então provedor, o conde de Monsanto, sugere a elaboração de novo Compromisso, devido ao da Misericórdia de Lisboa de 1516, que então vigorava, se mostrar insuficiente para reger a Misericórdia; o novo Compromisso foi elaborado por D. Manuel Pires de Castro, inspirado no conteúdo do compromisso da Misericórdia de Lisboa de 1618; 1698 - por proposta da Mesa foi mandado encadernar o novo Compromisso para ser sujeito a confirmação; neste Compromisso constava a obrigatoriedade do cargo de provedor recair um ano num irmão da terra e outro ano num irmão do mar; a divisão dos cargos da Mesa também devia ser igualitária entre os irmãos da terra e do mar; a Misericórdia era constituída por trezentos irmãos; 1699, 4 Fevereiro - confirmação do novo Compromisso; 1700 - construção de uma capela para albergar as imagens do Senhor dos Passos e o Senhor Morto, obra custeada pelo capitão Francisco Tavares da Fonseca e sua mulher, Maria da Silva e Veiga, com objectivo de nela serem sepultados e com a instituição de uma missa quotidiana; séc. 18 - passou a reger-se pelo Compromisso da Misericórdia de Lisboa impresso em 1745; o hospital tinha ao seu serviço um cirurgião, um médico, e um barbeiro, que fazia as sangrias aos doentes; 1710 - instituição da Irmandade de Nossa Senhora dos Anjos na igreja; 1710 / 1712, entre 1712 - feitura de novo retábulo-mor, em talha barroca, pelo entalhador de Lisboa Estêvão da Silva, substituindo o primitivo retábulo maneirista; 1725, 18 Dezembro - data do primeiro registo de admissão de irmão na Confraria de Nossa Senhora dos Anjos registado no Livro de Assentamentos dessa Irmandade, com termo de abertura datado de 20 Agosto 1787; 1743, 16 Dezembro - Provisão do Patriarcado aprovando o Compromisso da Irmandade de Nossa Senhora dos Anjos, pela qual os irmãos eram obrigados a pagar $010 por mês; 1755, 1 Novembro - o terramoto destruiu a igreja e sacristia anexa; a Misericórdia, privada do local de culto e com falta de verbas, foi obrigada a suspender a realização da Procissão do Senhor dos Passos, conforme diz o notário apostólico António José da Costa na dedicatória do livro das transcrições dos testamentos, doações, etc. de 1763; 1759, Outubro - início da reedificação da igreja a cargo do pedreiro João Ribeiro, e dos mestres António Moreira, João Moreira e António José; data do Livro da Obra Geral da Igreja com o título Livro da despesa da obra da construção da Igreja nova no local da antiga capela de Santo André, destruída no terramoto; 1763, 2 Maio - interrupção das obras de reconstrução da igreja, nas quais de despendeu 3.184$303; 1761 - licença para a Irmandade do Santíssimo Sacramento benzer o sacrário e dizer missa na sacristia, devido à igreja ter ruído; 1763 - data do Tombo do Hospital dos Mareantes; segundo o notário apostólico António José da Costa na dedicatória do livro das transcrições dos testamentos, doações, etc. desta data, "o Provedor convoca[ra] a Mesa para ordenar e fazer com toda a celeridade e pressa a pequena capelinha em que interinamente (e enquanto se não efectua e acaba a sumpuosíssima igreja a que se tem principio) se colocassem as imagens com decência possível"; 1764, 20 Julho - provisão de D. José autorizando que todos os papéis antigos do cartório da Misericórdia se trasladassem em pública forma e revestissem de valor probatório, à semelhança dos originais que se encontravam em risco de perda devido ao terramoto; 1776, 3 Junho - reinício das obras, graças a um indulto da Sé Apostólica que suspendeu metade dos encargos perpétuos das capelas instituídas na Misericórdia, permitindo a aplicação da sua receita durante dez anos, nas obras de reconstrução da igreja; por falta de verbas, as torres ficaram por concluir; 1777 - data na porta lateral sobre portal do albergue; 1778, 19 Março - provisão de D. Maria determinando que os legados pios instituídos nas Misericórdias para o resgate de cativos fossem remetidos para o Cofre Geral do Resgate que funcionava no convento da Santíssima Trindade; 1781 - término da segunda fase das obras, ficando por acabar as duas torres laterais; colocação dos painéis pintados do primitivo retábulo mais pequenos sobre o arcaz da sacristia; 18 Julho - por provisão de D. Maria I é revogado a imposição relativa à eleição do provedor e a obrigação de alternância, a pedido do provedor e dos irmãos da Misericórdia; alegavam ser então impossível cumprir com a mesma regularidade, visto os irmãos do mar serem escassos e na sua maioria pescadores e pilotos e não reunirem os requisitos necessários; 1782 - petição do provedor e irmãos à rainha D. Maria I para possuírem na igreja, acabada de reedificar, benzida e com as imagens dos Santos nos devidos altares, sacrário e âmbula com os santos óleos de unção, de modo a poderem assistir os doentes do hospital; junto ao hospital existia cemitério para enterrar os que nele morriam; 1786, 4 Janeiro - parecer de José da Fonseca e Silva sobre a Misericórdia ter suspendido a procissão do Senhor dos Passos; esta foi interrompida depois do terramoto e retomada por volta de 1783, mas nela se gastara 200$000; pelo que o parecer apontava para a sua suspensão por falta de verbas, não só devido à perda de rendas por se terem arruinado muitas das casas que anteriormente pagavam foros, mas também por ter caído a igreja; para a reedificar foi necessário recorrer à Sé Apostólica, pedindo a redução para metade e por 10 anos as capelas e obrigações de missas, prorrogado por mais 10 anos; 1786 - conclusão do retábulo-mor pétreo pelo mestre Mateus de Araújo; 1800, 15 Março - decreto autorizando as Misericórdias a conservarem bens e "capelas" que possuíam até àquela data; 1806 - alvará de D. João VI determina que todas as Misericórdias se regessem pelo Compromisso da Misericórdia de Lisboa, de 19 de Maio de 1618; 1807 - Livro dos bens mandados tombar e demarcar por provisão régia; 1826, 22 Dezembro - Certificado de autenticidade da relíquia de São Joaquim conferido pelo Papa Leão XII; 1836 - o boticário dos Carmelitas, estabelecido em Cascais, propõe à Misericórdia o encerramento da botica para que economizasse a mensalidade que pagava ao farmacêutico, comprometendo-se a dar-lhe gratuitamente todos os remédios; a Santa casa não aceitou; 1843 - data no portão de ferro do pátio do hospital; 1848 - Quadro de Irmãos da Misericórdia de Cascais; 1866, 1 Maio - alvará do Governador Civil de Lisboa extinguindo a Irmandade de Nossa Senhora dos Anjos e adjudicando à Misericórdia todos os bens e rendimentos que pertenciam à dita Irmandade; 1868, princípio - até esta data, a farmácia privativa do hospital estava instalado numa casa do átrio ou junto ao hospital; por pedido do farmacêutico e por sua conveniência, foi mudada para uma casa sua na Rua da Bela Vista (hoje R. do Regimento 19), sem pagamento de aluguer; 1871 / 1872 - segundo Pedro Barruncho escreveu em 1783, a Misericórdia teve naquele ano económico o rendimento de 2:619$607 *1; 1872, 30 Setembro - escritura de compra de uma casa com 2 pisos na R. das Flores a D. Maria Benedita d'Aragão Reixa, viúva, e que a tinha herdado do seu irmão João Paulo Teixeira d'Aragão, para enfermaria de mulheres, por 500$000; 1873 - o hospital tinha 20 camas; 1895 - a Misericórdia e o Hospital de Cascais voltam a reger-se por um Compromisso próprio; 24 Maio - alvará do Governo Civil de Lisboa aprovando o novo Compromisso da Misericórdia *2; o hospital tinha ao seu serviço dois facultativos, um enfermeiro, duas enfermeiras, um criado e tinha duas enfermarias com vinte camas cada; 1898, 13 Abril - a Misericórdia agradece à CMC a doação de palmeiras para colocar no recinto do hospital da instituição; séc. 19 - as petições de admissão à irmandade passam a exigir que, além de ser dotado de bons costumes, soubesse ler, escrever e contar, tivesse bens, profissão, emprego ou ofício; 1903 - segundo artigo publicado no Independente, a Misericórdia tinha 2 médicos, um que vivia em Cascais e que percorria as povoações do concelho, e outro que vivia fora; 1905 - reforma do Compromisso de 1895; 1912 - nova reforma do Compromisso de 1895; 1921, 30 Agosto - cedência de roupa de cama para o hospital-albergue de varíola a criar pela Misericórdia; 1931, 21 Agosto - Monsenhor Elviro dos Santos anota que a Irmandade do Santíssimo Sacramento da Ressurreição ficou na Misericórdia e ainda existia; 1935, 27 Outubro - Mesa delibera passar a administrar directamente a farmácia com um director técnico diplomado e um ajudante; 1941, 18 Dezembro - data de entrada do último doente no hospital velho; 1943 - o hospital (com mais duas casas) tinha quatro enfermarias com 42 camas, 21 para mulheres e outras 21 para homens, e um quarto particular com uma cama; 1981 - novo Compromisso da Misericórdia de Cascais; 2003, 29 setembro - Despacho de encerramento do processo de classificação pelo presidente do IPPAR; 10 novembro - Despacho de abertura do processo de classificação pela CMCascais; 2007, 28 novembro - Despacho de homologação de classificação como Interesse Municipal da CMCascais; 2008 - 20 maio - publicação da classificação como Interesse Municipal, publicado no Boletim Municipal; 2014, 15 setembro - Despacho n.º 68/2014 do presidente da Câmara Municipal de Cascais a declarar a nulidade do despacho de classificação.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada; pilastras, frisos, cornijas, molduras dos vãos, cruz, embasamento, pia baptismal, bacias dos púlpitos em cantaria de calcário; grades de ferro; portas e caixilharia em madeira pintada; vidros simples; retábulos e coro-alto de talha policroma; pinturas murais; pias de água benta e lápide em mármore; guarda dos púlpitos em pau santo; pavimento em soalho de madeira, lajes de cantaria e cerâmico; tectos de estuque e de madeira; cobertura de telha.

Bibliografia

ANDRADE, Manuel Ferreira de, Cascais Vila da Corte. Oito Séculos de História, Cascais, 1964; IDEM, A Vila de Cascais e o Terramoto de 1755, Cascais, 1964; ANDRADE, Manuel Ferreira de, (dir. de), Monografia de Cascais, Cascais, 1969; AZEVEDO, Carlos, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol. II, Lisboa, Junta Distrital de Lisboa, 1963; Cascais em 1755. Do terramoto à Reconstrução, Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2005; Catálogo da Exposição Património Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, Cascais, Santa Casa da Misericórdia de Cascais, s.d.; COLAÇO, Branca Gonta de, ARCHER, Maria, Memórias da Linha de Cascais, Cascais, 1943; VIEGAS, João da Cruz, O Hospital da Misericórdia de Cascais, in Boletim do Museu-Biblioteca do Conde de Castro Guimarães, nº 1, Cascais, 1943, pp.37-72; COSTA, P. António Carvalho da, Corografia Portugueza..., 2.ª ed., tomo III, Braga, 1869 [1.ª ed. de 1712]; ENCARNAÇÃO, José d', Cascais guia para uma Visita, Lisboa, Câmara Municipal de Cascais, 1983; IDEM, Cascais e os seus cantinhos, Lisboa, Edições Colibri e Câmara Municipal de Cascais, 2002; GODINHO, Helena Campos, MACEDO, Silvana Costa, PEREIRA, Teresa Marçal, Levantamento do Património do Concelho de Cascais, in Arquivo de Cascais. Boletim Cultural do Município, Cascais, Nº 9, 1990; GOODOLPHIM, Costa, As Misericórdias, Lisboa, 2ª ed., Livros Horizonte, 1998; HENRIQUES, João Miguel, História da Freguesia de Cascais: 1870-1908, Lisboa, Edições Colibri, 2004; LUCAS, Pedro Galvão, (coord. de), Património Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, Cascais, 1998; PAIS, Alexandre Manuel Nobre da Silva, Presépios Portugueses Monumentais do século XVIII em Terracota [dissertação de Mestrado na Universidade Nova de Lisboa], Lisboa, 1998; MECO, José, Da "Casa dos Azulejos" aos azulejos de Cascais, in Monumentos, n.º 31, Lisboa, Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, 2011, pp. 46-57; PIMENTA, Sofia, Arquivo Histórico da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, in Um Olhar sobre Cascais através do seu património, vol, 2, s.l., Associação Cultural de Cascais e Câmara Municipal de Cascais, 1989, pp. 33-40; SERRÃO, Vítor, Notas sobre a pintura quinhentista no concelho de Cascais, in Um Olhar sobre Cascais através do seu património, vol, 2, s.l., Associação Cultural de Cascais e Câmara Municipal de Cascais, 1989, pp. 67-83; IBIDEM, Património Artístico da Misericórdia de Cascais: as tábuas maneiristas do antigo retábulo, in Monumentos, n.º 31, Lisboa, Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, 2010, pp. 70-75; SIMÕES, J. M. dos Santos, Azulejaria em Portugal no século XVII, tomo I - tipologia, 2ª ed., Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1997; TOJAL, Alexandre Arménio, PINTO, Paulo Campos, GUEDES, Natália Correia (Coordenação), Bandeiras das Misericórdias, Lisboa, Comissão para as Comemorações dos 500 Anos das Misericórdias, 2002.

Documentação Gráfica

Arquivo Histórico da da Santa Casa da Misericórdia de Cascais: Livro Geral da Obra

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

Arquivo da Santa Casa da Misericórdia (datas extremas: 1428 - 1910)

Intervenção Realizada

1990, década - restauro dos quatro painéis do primitivo retábulo-mor, aquando da exposição "A Pintura Maneirista em Portugal - arte no tempo de Camões", realizada no C.C.B., em 1995; 1993 - restauro das imagens do presépio; 1994 - restauro da Bandeira Real; 1995, Julho - restauro da imagem da Virgem disposta no arco triunfal, com o patrocínio da Fundação Oriente; 1997, Setembro - restauro da imagem de Santo António com o Menino, com patrocínio da Fundação Oriente, e da de São João Baptista, com o patrocínio do Eng. Joaquim Elias Gonçalves; 1998- restauro do painel da Mater Omnium e da Ressurreição de Cristo, este com patrocínio da Câmara Municipal de Cascais.

Observações

*1 - Neste ano a Misericórdia de Cascais tinha os seguintes encargos: 2 dotes de 10$000 anuais a 2 órfãs, vestia 12 pobres na quinta feira-Santa, gastava 60$000 em "beata" para vestir 12 rapazes pobres a 11 de Novembro, em cumprimento de um legado, sustentava os presos na cadeia da vila, distribuía anualmente 25 "raçoarias" a 25 viúvas pobres, residentes em Cascais, constando cada roçaria de 96 litros e 6 decilitros de trigo, 69 litros de cevada e $255, e ainda auxiliava os pobres nos domicílios; dava 120$000 à aula nocturna; e permitia que os mais desfavorecidos tivessem utilização gratuita dos Banhos da Poça; o pessoal da Misericórdia era composto por dois capelães, um secretário, dois médicos, um farmacêutico, um enfermeiro, uma rodeira, um recebedor, um sacristão e um servente; tinha ainda advogado de partido. Por volta de 1897, Costa Goodolphim confirma estes mesmos encargos; refere ainda que em tempos a farmácia se localizava no pátio do hospital, mas posteriormente se estabeleceu no exterior; possuía os banhos da Poça, recebendo da empresa que os explorava 100$000; ali os irmãos tinham desconto de 50%; o hospital tinha duas enfermarias, cada uma com 20 camas, e quartos particulares, que eram pagos; na época a Misericórdia usava um timbre muito simples, que era uma simplificação do que existia no tecto das sessões; nesta sala existiam alguns quadros; a igreja tinha 3 altares, 27 m comprimento x 9 de largo. *2 - Pelo Compromisso de 1895, a eleição da Mesa Administrativa passou a ter periodicidade trienal, a ser directa e por escrutínio secreto; realizava-se no primeiro domingo de Junho na sala do despacho, sendo necessário a comparência de metade dos irmãos inscritos para a sua realização; a Mesa Administrativa também sofreu alterações, passando a ser constituída pelo provedor, secretário, tesoureiro, quatro vogais e três suplentes; a protectora e padroeira da Misericórdia passou a ser Nossa Senhora dos Anjos. *3- O escudo mais antigo da Misericórdia data do início do séc. 19, e existente no frontispício de um livro de tombo e medição de bens, sendo inspirado no escudo da Misericórdia de Lisboa de 1768; é composto por escudo com sete castelos, símbolo da protecção real, à direita, e escudo com cruz e caveira, à esquerda, intercalados por corpo de escamas e encimado por coroa. Em meados do século procedeu-se a uma simplificação do escudo da Misericórdia, abolindo-se o corpo de escamas entre os escudos, que passaram a ser envolvidos por palma rematada por laço e um dos escudos passou a ter apenas uma cruz. Em 1942, o escudo foi substituído pelo actual, composto por castelo sobre o mar, rochas e uma rede de pesca, encimado pela cruz e envolvido pela palma e legenda "Santa Casa da Misericórdia de Cascais".

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 2000 / Paula Noé 2010

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