Castelo e Cerca Urbana de Braga

IPA.00001114
Portugal, Braga, Braga, União das freguesias de Braga (São José de São Lázaro e São João do Souto)
 
Arquitetura militar, gótica e barroca. Castelo construído no reinado de D. Dinis, com planta aproximadamente retangular, integrando torres nos ângulos e possuindo a torre de menagem no interior do pátio, e cerca urbana com planta de contorno sub-circular, centrada na Sé. Do castelo demolido subsiste apenas a torre de menagem, de planta quadrangular, paredes aprumadas terminadas em parapeito de ameias, possuindo de ângulo balcões com mata-cães, sobre mísulas escalonadas, acesso sobrelevado por porta de arco apontado, e rasgadas por seteiras, no segundo e terceiro piso, e janelas em arco apontado, no último, algumas geminadas. A cerca urbana possuía cinco torres, das quais restam apenas duas, a torre de Santiago e a de São Sebastião, e oito portas, das quais restam duas, a de Santiago e a Porta Nova. A torre de Santiago tem planta quadrangular, fachadas laterais e a posterior em aparelho pseudo-isódomo, com portas em arco apontado, seteiras e janelas retangulares de aresta biselada, de características góticas, quebrada pela decoração barroca da fachada principal, ornamentada por pináculos e volutas no remate. A torre, aproveitada para torre sineira do antigo Colégio da Companhia de Jesus, e parte da muralha, foram integrados no edifício do Colégio, e na fachada principal adossou-se oratório rococó, em cantaria e planta côncava, rematado em arco contracurvo, coroadas por fogaréus e cruz, com vão de acesso enquadrado por grandes volutas dispostas diagonalmente, sobreposto por retábulo resguardado por grande portadas envidraçadas. No remate do oratório é visível a decoração em placas que André Soares utilizou noutras obras de Braga, nomeadamente na Igreja dos Congregados (v. IPA.00001149), e na Câmara Municipal (v. IPA.00009084), e os elementos decorativos do oratório, apresentam igualmente semelhanças com os usados por André Soares, no Santuário da Falperra (v. IPA.00017213). A Porta Nova, primitivamente construída com as muralhas, foi reedificada no séc. 16 e reformada no séc. 18, de que resultou a configuração atual, com arco de volta perfeita, enquadrado por pilastras e remate em frontão interrompido, com composição decorativa diferente em cada uma das faces, de linguagem tardo-barroca, e encimada pelas estátuas de Braga e de Nossa Senhora da Nazaré. Segundo, Robert Smith, este arco possui "elementos de todas as faces da obra de André Soares".
Número IPA Antigo: PT010303410009
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Militar  Castelo e cerca urbana    

Descrição

Do antigo castelo apenas subsiste apenas a TORRE DE MENAGEM, de planta quadrangular, volumetria verticalizante e cobertura em telhado de quatro águas. Apresenta fachadas aprumadas, em alvenaria de granito, de pedra seca e aparelho isódomo, assentes em alto soco, ligeiramente escalonado, junto ao solo, e terminadas em parapeito de ameias com chanfro, rasgadas, a ritmo alternado, por seteiras. Nos cunhais possui balcões, assentes em mísulas escalonadas, com mata-cães e terminados em parapeito de ameias; perto dos balcões tem ainda gárgulas de canhão. Possui quatro pisos, com cerca de 30 m, sendo o primeiro a uma altura considerável, devido ao soco maciço de 12 m. Neste soco encontram-se rasgados sulcos onde encaixavam empenas de outras construções e algumas pedras com inscrições. O primeiro piso é rasgado, na fachada NE., por portal em arco apontado, com acesso por escadaria de dois lanços, com patamar intermédio e guarda plena, disposta a envolver o cunhal. O portal é encimado por pedra de armas do rei D. Dinis. O segundo e terceiro piso são rasgados por seteiras, na fachada SE. e o último piso por janelas em arco apontado, em cada uma das fachadas, sendo as das fachadas SE. e NE. geminadas. INTERIOR de espaço único em cada piso, interligados por escadas de madeira, com pavimentos em soalho e tetos de madeira com o travejamento à vista. O ARCO DA PORTA NOVA OU ARCO DA RUA DO SOUTO é de volta perfeita e tem uma composição decorativa diferente em cada uma das faces. A face virada a O., possui o arco enquadrado por quatro pilastras, coroadas por plintos paralelepipédicos e pináculos piramidais, que suportam frontão curvo interrompido, decorado ao centro, com o brasão do Arcebispo D. Gaspar de Bragança, e sobre este, a imagem alegórica de Braga. A face virada a E., tem o arco enquadrado por duas pilastras coroadas por plintos paralelepipédicos e vasos, que sustentam frontão interrompido, tendo ao centro nicho contracurvo sobre mísula, de perfil curvo e guarda em ferro, albergando imagem de Nossa Senhora da Nazaré. TORRE DE SANTIAGO E TROÇO DAS ANTIGAS MURALHAS: Planta composta por torre quadrangular, com oratório também quadrangular adossado à fachada principal, flanqueada por dois corpos rectangulares que se estendem para E. e O., para um e outro lado do oratório. Volumetria verticalizante na torre e horizontal nos restantes corpos. Coberturas em telhados de três águas na torre e duas águas nos corpos retangulares que a ladeiam. A torre tem fachadas de cinco registos, sendo a principal rebocada e pintada de branco e as laterais e posterior em cantaria de aparelho pseudo-isódomo. Fachada principal virada a N., terminada em cornija encimada por sineira de quatro ventanas, em arco de volta perfeita, integrada em platibanda, com pináculos nos extremos e remate em frontão interrompido de volutas, ladeado por pináculos, com catavento sobre base prismática moldurada, ao centro. No penúltimo registo possui relógio de pedra, inscrito em cartela quadrangular, decorada com querubins nos quatro ângulos, ladeado por duas janelas retangulares. As restantes fachadas rematam em beirada. A fachada lateral O. possui no primeiro registo, porta entaipada, sobrelevada, em arco apontado com intradorso biselado. O terceiro registo é rasgado por seteiras nas fachadas E., S. e O. e o último por três janelas retangulares, com arestas biseladas, em cada uma das mesmas fachadas. Adossado à fachada principal da torre, surge o oratório, em cantaria, com dois registos, rematado por cornija recortada com cruz sobre acrotério e urnas nos extremos. O primeiro registo é rasgado por amplo vão, em arco de volta perfeita, ladeado por duas grandes volutas dispostas diagonalmente nos cunhais, ornamentadas com fitas e concheados, onde assenta entablamento que suporta o oratório propriamente dito, com varandim de ferro. Este é definido por arco contracurvo, e por pilastras coríntias nos cunhais, encimadas por gárgulas de canhão. É fechado por portas envidraçadas, que protegem o retábulo de talha policroma com a imagem de Nossa Senhora da Torre, no seu interior. Ligado à torre, para E., desenvolve-se troço de muralha, rebocado e pintado de branco, possuindo na fachada virada a S., grande vão de verga reta, que faz a comunicação entre os dois largos, com cartela no lintel com inscrição encimado por janela retangular. Na fachada voltada a N., o vão de comunicação entre os largos assume a forma de arco abatido. Contém no interior corredor de passagem que liga a torre e o antigo Colégio, actualmente entaipado. Adossado para O., existe corpo com fachadas rebocadas e pintadas de branco, de três registos, apresentado na fachada voltada a N., no primeiro registo porta de verga reta e pequeno vão jacente e nos registos superiores três janelas retilíneas. INTERIOR dividido em salas, com escadas de madeira de comunicação entre os pisos. O acesso à torre faz-se para o primeiro piso, a N., através de portal de arco apontado a que se acede pelo oratório, e para o segundo através do corpo O.. No segundo piso da torre existe um corredor com arranque num arco de volta perfeita que conduz a um passadiço existente sobre o vão de passagem que comunica com o antigo Colégio, actualmente entaipado. No quarto piso salienta-se um grande arco de volta perfeita que suporta a platibanda que remata a N. a torre e no último piso uma divisória que separa a sineira do resto do compartimento acedendo-se àquela por duas portas de verga reta. Vestíbulo do primeiro piso do oratório com cobertura em abóbada de aresta, com o tijolo de burro à vista.

Acessos

São João do Souto, Rua do Castelo; Terreiro do Castelo; Largo Barão de São Martinho WGS84 (graus decimais) lat.: 41,5551384, long.: -8,423898 (torre de menagem); Campo das Hortas; Rua D. Diogo de Sousa WGS84 (graus decimais) lat.: 41,550274, long.: -8,429292 (Arco da Porta Nova); Largo de Santiago; Largo de São Paulo; Rua do Alcaide WGS84 (graus decimais) lat.: 41,548139, long.: -8,426507 (Torre de Santiago)

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto 16-06-1910, DG nº 136, de 23 junho 1910 (torre de menagem e Arco da Porta Nova) / ZEP, Portaria DG, 2ª série, nº 58 de 09 março 1962 (torre de menagem)

Enquadramento

Urbano, isolado ou adossado, em pleno centro histórico da cidade (v. IPA.00000053). A torre de menagem é rodeada por construções que ocupam o espaço do demolido castelo, erguendo-se em frente o edifício da antiga Escola Comercial e Industrial Bartolomeu dos Mártires (v. IPA.00023849) e, na proximidade, a N., a Igreja dos Terceiros (v. IPA.000015585). O Arco da Porta Nova ou da Rua do Souto, constituindo a principal entrada na cidade, insere-se de forma harmónica numa das artérias principais da cidade, na transição do Campo das Hortas com a Rua D. Diogo de Sousa, ladeado pela frente de casas de três, quatro e cinco pisos, sendo o piso térreo destinado a comércio e os superiores a habitação. A torre de Santiago adossa-se ao antigo Colégio de São Paulo (v. IPA.00000090) e às dependências do Museu Pio XII. A N. abre-se para o Largo de São Paulo, calcetado, delimitado pelo antigo colégio e respetiva igreja, e pela Igreja de Santiago da Cividade (v. IPA.00017244). Para E. encontra-se o Largo de Santiago, empedrado, e arborizado com plátanos, organizado com bancos de pedra e chafariz central seiscentista. Fronteiro ergue-se o Palácio dos Falcões (v. IPA.00016916). O troço de muralha da cerca urbana, para E. da Torre de Santiago, possui alguns troços delimitando os quintais das casas da Rua do Anjo com o logradouro do colégio.

Descrição Complementar

Na Torre de Santiago, no lintel do vão de comunicação entre os largos, na fachada virada a S., existe cartela retangular, em granito, com moldura decorada com enrolados, com a seguinte inscrição, em letra capital quadrada: "LOUVADO SEJA O SANTÍSSIMO SACRAMENTO E A IMACULADA CONCEIÇAO DA VIRGEM NOSSA SRA CONCEBIDA SEM PECADO ORIGINAL 1715".

Utilização Inicial

Militar: castelo e cerca urbana

Utilização Actual

Cultural e recreativa: associação cultural e recreativa / Cultural e recreativa: marco histórico-cultural / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 12 / 14 / 15 / 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

PEDREIROS: António de Oliveira (1721-1722); Cristóvão Farto (1757); João Mouro (1380); João Pedreiro (1380); Pero Senascais (1380).

Cronologia

Séc. 03, último quartel - construção da muralha da cidade de Bracara Augusta com mais de dois kilómetros de perímetro e torreões circulares; 1161, 12 junho - primeira referência documental à cerca amuralhada de Braga, numa doação à Igreja de São João do Souto, que na altura, passava a poucos metros da ábside da Sé catedral (v. PT010303520005); 1210 - a cerca amuralhada já deveria ter sido ampliada, pois há referência documental à rua e à porta do Souto; 1300 - segundo Monsenhor José Augusto Ferreira, o rei D. Dinis manda construir o castelo; 1301 - é determinado que as verbas provenientes de certas multas infligidas aos clérigos sejam destinadas à obra dos muros da cidade; 1315 - primeira referência documental à construção do castelo novo, durante o reinado de D. Dinis; 1359 - D. Pedro I ordena o lançamento da sisa na cidade e termo para as obras da muralha, ou para o seu "afortalezamento"; 1369 - 1371 - durante a primeira guerra fernandina, D. Henrique II de Castela toma a cidade de Braga que "era lugar grande e mal cercado, sem haver mais de uma torre"; quando D. Henrique de Castela abandona a cidade manda incendiá-la; 1369 - 1380 - o Tombo do Cabido refere a "Porta do Muro", que também é chamada de "São Tiago da Cividade"; 1373 - O rei D. Fernando manda reformar e concluir a cerca muralhada iniciada no reinado de D. Dinis, obra em que se inclui a Torre da Porta Nova; 1378 - D. Fernando restaura a cerca amuralhada que passa a ter cinco torres; 1380 - trabalham nas obras do castelo três mestres de nome João Mouro, Pero Senascais ou Senaschais e João Pedreiro; 1398, 31 agosto - o Arcebispo D. Martinho Pires da Charneca obtém licença do rei D. João I para mandar reparar o castelo e nomear o alcaide; 20 novembro - o Arcebispo solicita ao Cabido a cedência de 2000 cantos de pedra da torre da Quintã de Carapeços para as obras do castelo e do paço arquiepiscopal; 1400 - o Arcebispo D. Martinho Afonso de Miranda pretendendo reforçar as defesas da cidade, após ter consultado a vereação municipal dele dependente, decidiu "fazer vir toda a pedra que achassem nos arrabaldes e couto da cidade assim como de pardeeiros como de tapagens para fazer a dita barreira que agora de faz"; 1402, 10 fevereiro - a jurisdição e couto da cidade é transferida dos Arcebispos para a Coroa; 1403, 13 abril - após a contenda com o Chantre da Sé de Braga relativa à cedência gratuita da pedra da Torre de Carapeços, o rei destina gratuitamente para as muralhas de Braga toda a pedra de edifícios antigos derrubados cuja restauração não estivesse prevista; 1421, 20 dezembro - o rei D. João I determina que os almotacés que não respeitem o contrato de repartição do pescado entre o prelado, o Cabido e a população, paguem 100 reais de multa, aplicados nas obras da muralha; 1446 - durante das Cortes de Lisboa, os procuradores bracarenses queixam-se que a população continua a pagar para as obras da muralha, as quais estão paradas; os procuradores atribuem as culpas ao tio do rei, D. Afonso, 1º Duque de Bragança e vedor-mor das obras públicas na comarca de Entre Douro e Minho; 1456 - 1459 - durante as Cortes de Lisboa é novamente denunciado o caso da paragem das obras da muralha, tendo já sido gasta a maior parte da verba a elas destinada; por causa dessa paragem a muralha encontra-se derrubada no local; as culpas são atribuídas a Aires Ferreira, escudeiro-fidalgo da Casa do Duque de Bragança; 1472, 12 março - o rei D. Afonso V devolve a jurisdição da cidade e couto ao Arcebispo D. Luís Pires; 1477 - está em construção a torre da muralha junto da porta de São Tiago, sendo o rendimento das sisas destinado à sua despesa; 1512 - o Arcebispo D. Diogo de Sousa manda reedificar a Torre da Porta Nova; 1561 - a necessidade de fazer obras sobre a muralha da cidade e numa torre contígua, de maneira a facilitar o acesso direto às escolas, motiva o pedido do reitor e padres da Companhia de Jesus do Colégio de São Paulo ao rei D. Sebastião, o qual autoriza "edificar e fazer a obra que lhes for necessária para o dito colégio"; em escritura de obrigação com a Câmara de Braga, os padres da Companhia de Jesus comprometem-se "a sua custa e despesa despejarem e desocuparem o dito muro e torre e edificarem qualquer obra que nele tiverem feita em qualquer tempo que disso houver necessidade";1563 - conclusão das obras feitas pelo Colégio na muralha e torre de Santiago, a saber "por cima do muro um passadiço e coberto pelo qual nos servimos agora para a igreja e pátio das classes (...) e um encaixamento com suas colunas e remate muito bem feito no qual está uma imagem de Nossa Senhora que antes estava noutro lugar na mesma porta porque se soalhou e cobrio a torre em que esta porta está para nos servirmos também e poder edificar nela"; 1564 - os padres do Colégio mandam acrescentar à torre de Santiago dois andares para colocação de dois sinos e do relógio que bate os quartos, as meias e as horas, obra de um frade franciscano e considerado "optimum et certissimum";1594 - data do mapa de Braga, que mostra o castelo e a cerca amuralhada na sua máxima extensão; 1689 - 1693 - construção de uma edícula para colocação da imagem de Nossa Senhora, muito venerada, de modo a ficar mais resguardada; séc. 17 - reedificação do Arco da Porta Nova pelo Arcebispo D. José de Bragança; séc. 18, 1º quartel - raio atinge e danifica a edícula de Nossa Senhora da torre, poupando, milagrosamente, a imagem; 1721 - 1722 - reconstrução da torre para servir de campanário da igreja de São Paulo dos Jesuítas, pelo mestre pedreiro António de Oliveira, de Joane; 1755, após - os Jesuítas alteram a torre junto da porta de São Tiago fazendo aí construir a Capela da Senhora da Torre; 1756 - início da construção do Oratório de Nossa Senhora, para agradecer a proteção da Virgem durante o terramoto do ano anterior; 1757 - contrato entre o reitor do Colégio João Machado e Cristóvão Farto para continuar as obras do Oratório; 1772 - remoção da estátua representando a cidade de Braga do topo do Edifício das Arcadas (v. PT010303410210), para ser colocada no arco da Porta Nova; 1773 - acréscimo da decoração rococó ao Arco da Porta Nova; 1773 - o Arcebispo D. Gaspar de Bragança ordena a transformação da torre da Porta Nova, dando-lhe a feição de um arco triunfal barroco; 1858 - início da demolição das muralhas, começando pelo Largo do Barão de São Martinho, com a eliminação da porta do Souto; 1867 - demolição da porta de São Marcos ou de São João; 1867, abril - a Câmara Municipal de Braga delibera "que fosse mandado apear o Arco de São João por ser propriedade do Município"; 1879 - pretendendo demolir o Arco da Porta de Santiago, conhecido localmente por Arco do Colégio, a Câmara solicita ao Governo a sua cedência gratuita; 1905 - demolição do castelo onde então está instalada a cadeia, conservando-se apenas a torre de menagem; 1911 - a Comissão Paroquial da Cividade solicita à Câmara a demolição do Arco do Colégio, tendo esta deliberado pedir ao Governo aquela parte do Seminário no sentido de conseguir autorização para a sua demolição; 1914 - nova tentativa dos moradores da Cividade junto da Câmara para se demolir o Arco do Colégio; 1927 - a Comissão Administrativa de Santiago da Cividade pede à Câmara a demolição do Arco do Colégio, deliberando esta consultar a Comissão de Estética; 1928 - a Câmara insiste junto do Ministério da Guerra para a demolição do Arco do Colégio; 1957 - instalação da Delegação da Sociedade Histórica da Independência de Portugal na torre de menagem; 1960 - por ocasião das Comemorações Henriquinas, a Mocidade Portuguesa coloca um padrão junto à torre de menagem; 1982 - instalação da associação ASPA na torre de menagem, partilhando o espaço com a Delegação da Sociedade Histórica da Independência de Portugal; 1996, 29 setembro, parte dos mata-cães ruiu.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes e sistema de paredes autoportantes no Arco da Porta Nova.

Materiais

Estrutura em granito; cornijas, molduras dos vãos e elementos decorativos em granito; portas, janelas pavimentos, escadas interiores, corrimão, forro interior e tetos em madeira; retábulo de talha; porta do oratório e grades das seteiras em ferro; cobertura em telha de aba e canudo.

Bibliografia

"A cidadella de Braga”. In Ilustração Portugueza. Lisboa, 2ª série, Defeza d'um Castelo medieval in Arte e Vida, Coimbra, 10-11, Janeiro - Fevereiro, 1906, p. 435-445; MARQUES, A. H. de Oliveira, GONÇALVES, Iria, ANDRADE, Amélia Aguiar - Atlas de Cidades Medievais Portuguesas. Lisboa: 1990, pp. 11-13; MARTINS, Fausto Sanches - A Arquitectura dos primeiros Colégios Jesuítas de Portugal: 1542 - 1759. Cronologia, Artistas, Espaços. Porto: 1994; MARQUES, José - “O Castelo de Braga (1350-1450)”. In Mínia. Braga: 1986, vol. 8, pp. 5-34; MARQUES, José - Braga Medieval. Braga: 1983; OLIVEIRA, Eduardo Pires de - “Documentos para a História do Museu de D. Diogo de Sousa. II. (1905-1918)”. In Cadernos de Arqueologia. Braga: 1985, Série II, 2, pp. 179-194; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, COSTA, Luís - “O progresso em Braga. I - Através das actas camarárias”. In Mínia. Braga: 1978, 1(2), pp. 3-52; OLIVEIRA, Eduardo Pires de - "O "progresso" em Braga / I - Através das actas camarárias" In Mínia. Braga: 1978, 2ª série, nº 2, pp. 3-52; OLIVEIRA, Jorge - "Praça da República - Mais conhecida por Arcada". In Diário do Minho. 22 Setembro 2004; ROCHA, Manuel Joaquim Moreira da - Arquitectura Civil e Religiosa de Braga nos séculos XVII e XVIII. Os homens e as obras. Porto: 1994, pp. 56-58, 69, 131, 153; SANTOS, A. F. dos - “Património cultural: Dificuldades que tem um reino velho para emendar-se” in Mínia. Braga: 1983, 6 (7), pp. 49-65; SMITH, Robert C. - Frei José de Santo António Vilaça. Escultor Beneditino do século XVIII. Lisboa: 1972, pp. 197, 328.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Intervenção Realizada

DGEMN: 1942 / 1943 - recuperação na torre de menagem: armação do telhado e cobertura, assentamento de pavimentos, colocação de portas e caixilhos, desafogamento do recinto da torre, incluindo demolições de construção existentes no local; substituição de cantarias mutiladas; 1956 - obras na na torre de menagem: reparação de telhados, incluindo substituição de telhas partidas; reparação do adarve; reparação de caixilhos, substituição de vidros partidos; remodelação da instalação elétrica; arranjo e pintura da porta; construção da escada exterior; arranjo do terreno envolvente, incluindo a regularização do terreno, pavimentação com saibro e ajardinamento de canteiros; 1971 - arranjo do terreiro envolvente da torre de menagem, que se encontrava até então em terra batida: colocação de calçada e sistema de iluminação; 1996 - beneficiação geral e valorização da torre de menagem: beneficiação da geral cobertura, incluindo o reforço da estrutura, beneficiação do forro / guarda-pó, colocação de subtelha em cartão asfáltico ondulado e assentamento de telha nova, beneficiação do alçapão de acesso ao adarve com execução de estrutura metálica; beneficiação geral do paramentos exteriores e interiores, incluindo o adarve e matacães, com limpeza de vegetação, tratamento e refechamento de juntas, impermeabilização do adarve e limpeza de paramentos; beneficiação geral das estruturas dos pavimentos e escadas, patins, espelhos dos degraus, corrimões e execução de pavimento em tijoleira; beneficiação geral da porta, execução de segunda porta em vidro, colocação de vidros nas frestas e execução de caixilhos; substituição da instalação elétrica.

Observações

O perímetro da antiga fortificação de Braga não excedia os 2000 m e hoje é delimitado a O. pela Praça da República e a E. pela Rua do Castelo (torre de menagem e castelo), Rua de São Marcos, Rua do Anjo, Largo de Santiago, Rua do Alcaide, Largo de Paulo Orósio, Rua de Jerónimo Pimentel, Campo das Carvalheiras, Avenida de São Miguel o Anjo, Largo da Porta Nova, Rua dos Biscainhos, Praça do Conselheiro Torres e Almeida, Rua dos Capelistas (cerca urbana). As demolições da cerca começaram em 1858 no atual Largo do Barão de S. Martinho, com a eliminação da Porta do Souto à qual se seguiram as portas Oriental e de São Bento, ainda durante o século 19. A partir do início do século 20, muitos outros troços foram destruídos entre o Arco da Porta Nova e a Rua dos Biscainhos, e desta rua até à do Alcaide, cujas casas se encostam todas à muralha, entre o Campo da Vinha e a Praça do Município e na Rua de São Marcos. Poucos troços da muralha medieval restam hoje. O muro pode ainda observar-se nos quintais de algumas casas da Rua do Anjo e por detrás da Rua de São Marcos. Mais acima, em pleno interior da arcada pode encontrar-se um outro troço que passa pelo interior do banco cujo projeto teve em conta a sua preservação. Subsiste uma das torres da Porta de São Tiago, ainda que parcialmente alterada pela construção, na 2ª metade do séc. 18, da Capela da Senhora da Torre. Na Rua de São Marcos, em 1985, um particular construiu por cima dos alicerces de um pedaço de muralha e na Rua do Alcaide, deu-se a mais recente derrocada, em março de 1990, quando da demolição das antigas instalações de fábrica de confecções Facho. O Arco da Porta Nova deu origem a várias expressões que marcam a cidade de Braga, como: "És de Braga, não fechas as portas", "Vai abaixo de Braga". Os recentes trabalhos de adaptação do logradouro E. do Colégio de São Paulo a estacionamento automóvel libertaram um grande troço da muralha que ficou visível, a partir do parque, protegido por parede envidraçada.

Autor e Data

Isabel Sereno e Paulo Dordio e Miguel Leão 1994 / António Dinis 1999 / Joaquim Gonçalves 2007 / Sónia Basto 2010

Actualização

 
 
 
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