Capela de Nossa Senhora-a-Branca

IPA.00011129
Portugal, Braga, Braga, Braga (São Vítor)
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e neoclássica. Capela de planta longitudinal, de nave única, com torre sineira e sacristia, em eixo, seguindo o esquema tradicional bracarense. Fachada principal revestiva a azulejos industriais oitocentistas, com remate em frontão barroco recortado. Portal principal maneirista, tipo "portal-retábulo" em arco pleno, enquadrado por dois pares de colunas toscanas, encimado por entablamento decorado que suporta grande sacada para realização de missa campal, onde se inscreve nicho com imagem do orago. Interior da nave e capela-mor com paredes integralmente revestidas a azulejos de padrão industriais, oitocentistas. Coberturas em abóbadas de berço estucadas. Coro-alto com balaustrada barroca de bolachas. Retábulos neoclássicos, apresentando o retábulo-mor ainda alguns resquícios característicos do barroco joanino, como é o caso dos grandes anjos do remate. Sacristia e corredor revestidos a azulejos de padrão seiscentistas. Arcaz encimado por retábulo barroco nacional.
Número IPA Antigo: PT010303510130
 
Registo visualizado 951 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal, composta de nave única, capela-mor, torre sineira e sacristia, em eixo, e anexos rectangulares, adossados lateralmente. Volumes escalonados de dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo da torre sineira. Coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas e em coruchéu coroado por bola de pedra, sobrepujada por esfera e cruz de ferro. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, à excepção da principal, que se encontra revestiva a azulejos industriais de padrão, policromos a rosa, castanho, azul e branco, enquadradas por cunhais apilastrados toscanos e remates em cornija sob beiral. Fachada principal orientada, percorrida por embasamento avançado e rematada frontão recortado, com pináculos nos extremos e cruz patriarcal sobre acrotério. Portal principal em arco pleno, emoldurado, com as armas do Arcebispo D. Diogo de Sousa, na pedra de fecho, enquadrado por dois pares de colunas toscanas que suportam entablamento decorado decorada com denteados e motivos «flamenguistas», que forma sacada superiormente, albergando edícula envidraçada, com a imagem de Nossa Senhora a Branca, inscrita em espaldar de cantaria, com porta de acesso disfarçada, enquadrado por colunas toscanas que suportam entablamento coroado por espaldar inscrito no tímpano do frontão de remate, com inscrição. A ladear a edícula, dois janelões rectangulares gradeados. Fachadas laterais e posterior de dois registos, rasgadas por portas e janelas de verga recta, algumas de sacada assentes em modilhões, com guardas de ferro. A fachada lateral N., possui, sobre pano destacado, no corpo da nave, sineira em arco pleno. Em ambas as fachadas laterais a zona do coro encontra-se ligeiramente destacada e delimitada pelos cunhais. Torre sineira definida por cunhais apilastrados, de dois registos, separados por cornija, sendo o último aberto pela sineira, de quatro ventanas, em arco pleno, rematada por cornija com gárgulas de canhão e pináculos, nos vértices. INTERIOR com nave e capela-mor de paredes integralmente revestidas a azulejos industriais de padrão, policromos a amarelo, castanho e branco. Nave coberta por abóbada de berço estucada e pintada, apresentando medalhão central com as armas arquiepiscopais, enquadrada por motivos fitomórticos pintados e estucados. Pavimento em soalho, com passadeira central em lajes de granito. Coro-alto assente em arco abatido sobre possante cornija de decoração igual ao entablamento do portal principal. Apresenta guarda de madeira, em balaustrada de bolacha, e do lado da Epístola, órgão de tubos. Sub-coro com guarda-vento de madeira e nas paredes laterais, duas pias de água benta, de granito, assentes pedestal bojudo na base. Púlpitos confrontantes em talha monocroma a branco, pontuada a dourado, com guarda plena. São ladeados por portas, encimadas por janelões com sacadas, protegidas por guarda de ferro e decorados por sanefas de talha. Possui dois retábulos laterais, de cada lado, de talha policroma a branco e azul, com decoração marcada a dourado, estando os do extremo inscritos em arco pleno. Os retábulos do lado do Evangelho de invocação do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora do Ó, e do lado da Epístola, do Sagrado Coração de Maria e de Nossa Senhora a Branca. Arco triunfal pleno, sobre pilastras toscanas, rematado por sanefa de talha polícroma a azul, branco e dourado. Intradorso com inscrição. Capela-mor sobrelevada, a que se acede por um degrau de pedra, coberta por tecto em abóbada de berço estucada e pintada, com a cruz patriacal ao centro, enquadrada por motivos fitomórticos pintados e estucados. Pavimento em lajes de granito. Paredes laterais rasgadas por par de janelões com sacada, iguais aos da nave, e duas portas de comunicação com corredores que conduzem à sacristia, à torre e aos compartimentos do segundo piso. Retábulo-mor sobreelevado, em talha polícroma a azul e branca, com decoração marcada a dourado, de planta recta, de um só eixo, rematado por espaldar recortado, ladeado por anjos, com representação central da Santíssima Trindade sobre glória de querubins. Tribuna recortada superiormente, com trono cerrado por cortina. É enquadrada por par de colunas coríntias, sobrepostas, sendo as que se encontram junto da tribuna, demarcadas no terço inferior. Sacrário sobre a banqueta. Altar recto. Sacristia com paredes decoradas por azulejos seiscentistas de padrão, policromos a azul, amarelo e branco. Cobertura em tecto de caixotões de madeira e pavimento em lajes de granito. Possui arcaz de castanho encimado por retábulo de talha polícroma com o Santíssimo Sacramento, inscrito em nicho. O corredor localizado no corpo lateral N., que conduz à sacristia, à torre sineira e ao salão da Mesa é decorado por azulejos iguais aos da sacristia e apresenta pavimento em lajes de granito e tecto sobre arcaria plena. Possui lavabo em granito policromado a azul e rosa, com espaldar recto, rematado por entablamento, com inscrição, reservatório de água e bica carranca. Pia gomada, assente em mísula. O Salão da Mesa localiza-se no segundo piso, sobre a sacristia, e apresenta pavimento em tijoleira.

Acessos

Largo da Senhora a Branca

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolada, em terreno de declive suave, no lado E. de um dos mais pitorescos largos da cidade, integrando três espaços ajardinados, um organizado com roseiras e laranjeiras, enquadrando o Cruzeiro de Santana (v. PT010303420007), outro, empedrado e relvado, com a estátua do Papa Pio XII e o terceiro, frontal à fachada principal, com chafariz central e tanque circular, em pedra. A rodear a capela encontram-se vários exemplares de casas seiscentistas e setecentistas e, sobretudo, edifícios do séc. 19, alguns decorados com azulejos. Na proximidade palacete oitocentista, no gaveto do Largo com a Avenida 31 de Janeiro (v. PT010303510239). A capela é rodeada por adro calcetado, formando um semi-circulo lajeado, junto à fachada principal, com acesso por três degraus.

Descrição Complementar

TALHA: Retábulos laterais do Sagrado Coração de Jesus e de Maria, iguais, de planta recta, um só eixo, rematados por espaldar decorado por acantos, ladeado por urnas e ao centro a representação do orago. São ambos encimados por sanelas de talha, com decoração de acantos. Tribunas recortadas superiormente, com imagem do orago, ladeadas por colunas coríntias, demarcadas no terço inferior por estrias, sobre pilastra coríntia. Altares em forma de urna. Retábulos laterais de Nossa Senhora do Ó e de Nossa Senhora a Branca, iguais, de planta recta, um só eixo, rematado por espaldar em arco abatido, com fragmentos de frontão curvo nos extremos. Tribunas recortadas superiormente, com imagem do orago, sob nicho em arco abatido, com a representação da Natividade, do lado do Evangelho, e do lado oposto a Adoração dos Reis Magos. São enquadrados por colunas coríntias, com demarcação de estrias no terço inferior, sobre pilastras coríntias, com peanhas com imaginária nos extremos. Altares em forma de urna; INSCRIÇÕES: Inscrição gravada no espaldar do tímpano do frontão de remate da fachada principal; moldurado, com volutas; granito; leitura: NIVE DEALBABUNTR IN SELMON MONS DEI MONS IN QUO BENEPLACITUM EST DEO HABITARE IN EO ANNO D. 1771; inscrição gravada no intradorso do arco triunfal, no lado do Evangelho; granito; leitura: O ALTAR DO PRESÉPIO É PRI VILEGIADO PERPETUAM(EN)T(E) PARA TODOS OS FIÉIS GRAÇA CONCEDIDA PELO SMO PE PIO VI TEM UM LEGADO DE MISSA ANUAL CA(N)TADA EM DIA DO PATROCÍNIO DE S. JOSÉ PELOS BENFEITORES DO MESMO ALTAR ANO DE 1782; inscrição pintada no entablamento do lavabo do corredor; granito; leitura: ANO 1853.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Braga)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desenhador: André Soares (risco do sacrário), Jerónimo da Maia; Dourador: João Firmino Soares; Ensamblador: António Marques; Entalhador: Jacinto da Silva (retábulo-mor); Imaginário: João Evangelista Vieira (imagens do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora a Branca); Pedreiros: Mestre João da Costa, José Ribeiro Lago, José Álvares de Araújo; Organeiros: J. A. de Sousa e Manuel de Sá Couto.

Cronologia

1313 / 1325 - O Arcebispo D. João Martins de Soalhães institui a Capela de Santana ou de Nossa Senhora das Neves ou da Carreira, no Campo de Santana; 1505 / 1532 - o Arcebispo D. Diogo de Sousa remodela a capela e coloca-lhe ao redor 12 marcos miliários provenientes da via romanas da Geira (v. PT010310010002), que partiam de Bracara Augusta; 1594 - num mapa que representa Braga, da autoria de Georg Brãunio, vê-se o templo, de pequenas dimensões, com um altíssimo campanário, rodeado pelos marcos miliários; 1627 / 1635 - são feitas diversas obras; 1656 - colocação de um tecto em caixotões; 1684, Julho - contrato para execução de grades de madeira, pelo emsamblador António Marques; 1743 - João da Costa e José Ribeiro Lago, mestres de pedraria, contratam com a Mesa da Irmandade para realizarem no prazo de um mês, quatro frestas na capela-mor, pelo preço de 120$000 réis, e pelo mesmo orçamento fariam ainda um rufo de pedra por cima da sacristia e reforçariam as abóbadas da igreja; 1745 - retábulo da capela-mor realizado pelo entalhador Jacinto da Silva; 1747 - são introduzidas algumas alterações com pormenores riscados pelo Dr. Jerónimo Maia; 1753 - foi decidido reforçar a fachada por causa dos «muitos carros que ali passavam»; 1770 - é substituída a cobertura interior em caixotões; 1771- conclusão da actual capela, durante o pontificado do Arcebispo D. Gaspar de Bragança; 1774 - execução do órgão por J. A. de Sousa, pouco depois intervencionado por Manuel de Sá Couto; 1782 - o Papa Pio VI concedeu um legado de missa anual cantada, no dia de São José, pelos benfeitores do altar do Presépio; são introduzidas algumas alterações no retábulo-mor; 1853 - colocação do lavabo do corredor; 1874, Abril - João Firmino Soares finalizou a obra de pratear o retábulo do Sagrado Coração de Maria; 1886, Setembro - a mesa pôs a concurso a execução de obras de estucador, de talha e de carpintaria; 1888, Março - solenemente benzida a capela «em virtude das obras de carpintaria, douramento e pintura a que ultimamente ali se procedera» e que tinham impedido os serviços religiosos; 1888, Maio - é inaugurado o novo altar do Sagrado Coração de Jesus, oferecido pelo Comendador Fulgêncio José da Costa Guimarães, cuja imagem foi executada pelo escultor João Evangelista Vieira; 1894, Julho - o armador José António da Silva ornamentou a capela para as festividades da conclusão do mês de Jesus e Maria; 1907 - ajardinamento do Largo de Nossa Senhora a Branca; 1908 - são oferecidos, por uma devota, uma custódia de prata, um sacrário de talha, umas cortinas para a boca do camarim e outros objectos tudo no valor de 200$000 réis; 1909, Agosto - é concluída, por João Evangelista Vieira, a imagem de Nossa Senhora a Branca; 1915 - a capela é benzida, de novo, na sequência das obras que entretanto sofreu.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura, elementos decorativos, portal principal, embasamento, cunhais, coruchéu da torre sineira, entablamento de suporte do coro-alto, arcos da nave, pias de água benta, pavimento da capela-mor, sacristia e corredores, e lavabo em granito; fachada principal, paredes interiores da nave e capela-mor e sacristia forradas a azulejos industriais; sacristia e corredor N., revestido a azulejos tradicionais; tectos da nave, capela-mor e corredores, estucados; portas, janelas, guarda-vento, balaustrada do coro-alto, pavimentos da nave, retábulos, púlpitos, sanefas, tectos da sacristia e do salão da mesa em madeira; grades das sacadas das janelas exteriores e janelões interiores, e catavento da torre sineira em ferro; cobertura exterior em telha de canudo.

Bibliografia

BELLINO, Albano, Inscripções e Lettreiros da Cidade de Braga e Algumas Freguezias Ruraes, Porto, 1895, p. 96 - 97; Archeologia Christã, Lisboa, 1900, pp. 210 - 211; SMITH, Robert, Frei José de Santo António Ferreira Vilaça, Escultor Beneditino do século XVIII, vol. 1, Lisboa, 1972, pp. 320, nota 84; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, Para o Estudo da Imagem de Braga. O Postal Ilustrado, Braga, 1979, pp. 5 - 17; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990; ROCHA, Manuel Joaquim Moreira da, Arquitectura Civil e Religiosa de Braga nos séculos XVII e XVIII. Os Homens e as Obras, Braga, 1994, pp. 42 - 43; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, O edifício do Convento do Salvador - De mosteiro de freiras ao Lar Conde de Agrolongo, Braga, 1994; PASSOS, José Manuel da Silva, O Bilhete Postal Ilustrado e a História Urbana de Braga, Lisboa, 1996, pp. 132 - 134; COSTA, Luis, Braga Roteiro Histórico e Monumental Extra-Muros, Braga, 1998, pp. 64 - 65; OLIVEIRA, Eduardo Pires de, Braga. Percurso e memórias de granito e oiro, Braga, 1999, pp. 123 - 124; Arte Religiosa e Artistas em Braga e sua região (1870 - 1920), Braga, 1999, pp. 98 - 99; Capelas II, Personalidades de Braga marcam igreja da Senhora-a-Branca, in Diário do Minho, 17 de Abril de 2003, p. 26.

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID

Documentação Administrativa

Irmandade de Nossa Senhora a Branca

Intervenção Realizada

Irmandade de Nossa Senhora a Branca: Séc. 20, inícios - restauro da capela; 1999 - recuperação do pavimento do corredor N. e da sacristia; pintura exterior.

Observações

Autor e Data

António Dinis 2000

Actualização

 
 
 
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