Castelo de Montalegre

IPA.00001109
Portugal, Vila Real, Montalegre, União das freguesias de Montalegre e Padroso
 
Castelo de construção medieval, com planta circular irregular, de que conserva apenas parte da sua muralha, rasgada por uma porta de arco quebrado, integrando uma torre e dois cubelos quadrangulares e a torre de menagem, também de planta quadrada, tendo no piso superior balcões circulares nos ângulos e rectangulares ao centro das fachadas, com matacões e coroados por merlões pentagonais. Troço de castelo gótico, cuja muralha, há muito sem o remate terminal, era inicialmente rasgada por duas portas, uma virada a N. e outra a SE., a única actualmente existente, de arco quebrado. A torre de menagem surge já integrada no circuito muralhado, rasgado por seteiras estreitas a abrirem para o interior, com o primeiro pavimento sobrelevado, acedido por portal de arco quebrado, e possuindo interiormente quatro pisos, um deles abobadado e o último com túneis de acesso aos balcões curvos que se dispõem nos quatro cunhais e rectilíneos no centro de três fachadas, todos com matacões, conferindo grande riqueza decorativa à torre. Na muralha integra-se ainda uma outra torre, com portal ao nível da praça de armas e ao nível do adarve, este actualmente sem função e possuindo arco de volta perfeita sobre impostas e com tímpano decorado, de feição mais antiga, e dois cubelos, de tamanho desigual com acesso pelo adarve. Da antiga barbacã que protegia o portal virado a N. restam apenas vestígios ao nível dos alicerces dos dois cubelos circulares que a reforçavam, das duas linhas de muralhas, com fossos, que o circundavam resta só um troço de uma das linhas e da fortaleza seiscentista com o sistema Vaubean nada subsiste. A cisterna existente na praça de armas é extremamente profunda e alarga no fundo, onde é coberta por abóbada. O castelo de Montalegre integra-se na segunda linha de defesa da fronteira N., das de mais fácil acesso ao país. O alcaide de Montalegre, de acordo com o primeiro Foral dado por D. Afonso III, era eleito pela população, constituindo um caso raro e original.
Número IPA Antigo: PT011706150003
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo    

Descrição

Troço de muralha, robusta, de aparelho "vittatum", de perfil circular irregular, em volta da antiga praça de armas, interiormente percorrida parcialmente por adarve, em algumas zonas protegido por gradeamento de ferro; interliga duas torres e dois cubelos, de planta quadrangular, de diferentes dimensões e alturas, conhecidas por torre de menagem, "furada", do "relógio" e "pequena". A SE., conserva uma das duas portas que possuía, com cerca de dois metros de largura e quatro de altura, em arco quebrado, de aduelas irregulares, assente nos pés-direitos. A torre de "menagem", a mais alta, implanta-se a N., tem as fachadas percorridas por embasamento mais saliente, rematadas por merlões pentagonais, e é coberta por telhado de telha de quatro águas, à volta do qual possui caminho de ronda exterior. As fachadas são rasgadas por seteiras estreitas, desalinhadas, e no andar superior, por quatro balcões de perfil curvo nos ângulos, e ao centro das fachadas N., S. e E. por balcões rectangulares, todos com mata-cães, assentes em mísulas alongadas e escalonadas e coroados por merlões pentagonais. Na fachada E., abre-se ao nível do primeiro piso, sobrelevado, portal de arco quebrado, de largas aduelas assente nos pés-direitos, possuindo frontalmente sacada comprida, composta de três molduras largas boleadas escalonadas, com guarda metálica, precedido por escada de ferro. INTERIOR de quatro pisos; o primeiro, correspondente ao da entrada, é amplo, possui pavimento em lajes de cantaria granítica e escadas de madeira de acesso ao piso superior; este é coberto por abóbada, tem em cada uma das paredes uma seteira e complexo sistema de escoamento das águas infiltradas, com canalizações em pedra que conduzem as águas para o exterior da torre; o terceiro piso apresenta pavimento de pedra e escada de acesso parcialmente embutida na abóbada do piso inferior; no último piso, abrem-se nas paredes, de 3 m. de espessura, corredores estreitos de acesso aos sete balcões; cobertura com travejamento de madeira aparente, tendo alçapão para aceder ao caminho de ronda. A torre "furada", mais baixa, implanta-se no lado S., acompanhando interiormente o perfil curvo da muralha, é coroada por ameias pentagonais, cobertura em telhado de quatro águas, possuindo algumas gárgulas circulares. As fachadas são rasgadas por várias seteiras estreitas descentradas; na fachada interna, rasga-se no primeiro piso, ao nível da praça de armas, portal de arco de volta perfeita, de aduelas largas assente nos pés-direitos, e no segundo piso, ao nível do adarve, mas sem comunicação com o mesmo, portal em arco de volta perfeita, sobre impostas salientes e com tímpano esculpido por cruz de Cristo. Interiormente tem marcação de três pisos, mas os soalhos estão destruídos. Os cubelos, do "relógio" e "pequena" são maciços até cerca de sete metros acima do nível do solo, a partir do qual possuem um único piso, correspondendo interiormente a espaço único, com cobertura em telhado de quatro águas, sendo acedido através do adarve, por portal de arco quebrado assente nos pés-direitos; as fachadas não possuem qualquer coroamento e o adarve tem acesso por escada de pedra desde a praça de armas. No interior da antiga praça de armas, de planta circular, junto à muralha no enfiamento da torre do relógio, abre-se no afloramento rochoso uma cisterna, de planta quadrangular, com vinte e cinco metros de profundidade, protegida por gradeamento de ferro, e com acesso através de uma escada que se desenvolve no seu perímetro. Sensivelmente a NO. e num plano inferior do morro, subsistem vestígios a nível de alicerces de dois cubelos, de planta circular, possuindo a meio vão de antiga porta, que integravam a antiga barbacã, a qual se ligava à torre de menagem e à muralha, e se disponda fronteira à porta aberta a N.; cada um destes cubelos conserva seteiras cruciformes conjugadas com buraco. Das duas linhas de muralhas que circundavam o castelo, conserva-se apenas parte de uma delas, visível entre N. e S. devido ao pendor do terreno, e os fossos encontram-se actualmente entulhados.

Acessos

Montalegre, Rua do Castelo

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 272 de 22 novembro 1957

Enquadramento

Urbano. Isolado. Em pequeno morro, destacando-se do aglomerado, desenvolvido numa cota mais baixa, pela existência de um amplo espaço não urbanizado, parcialmente relvado, que envolve praticamente toda a construção. Passadiço de madeira transpõe o espaço relvado e conduz o visitante pelo meio dos cubelos da antiga barbacã, onde ficava uma porta, ao interior da praça de armas. O castelo destaca-se na paisagem, sendo visível de várias freguesias ao redor e da torre de menagem avista-se toda a povoação e parte do planalto barrosão.

Descrição Complementar

Na torre de menagem: Inscrição comemorativa de reforma gravada num silhar; Tipo de Letra: capital quadrada; Leitura: REFORMOU O LICENCIADO MANUEL ANTUNES DE VIANA ANO 1580.

Utilização Inicial

Militar: castelo

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 14 / 16

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: António Portugal (2018-2019), Manuel M. Reis (2018-2019). EMPREITEIRO: Orlando Alves (2019).

Cronologia

Idade Média, até - a zona da vila era povoada apenas por pastores; 1273, 9 Junho - concessão de Foral a Montalegre por D. Afonso III, verificando-se que o castelo ainda não existia, pois declara-se: "vos povoadores deveis dar à minha escolha un cavaleiro fidalgo natural do reino que vença 500 soldos, o qual me faça homenagem do meu Alcácer quando aí o edificar e o mesmo cavaleiro deve aí ser meu Alcaide Mor"; a partir desta data, inicia-se o povoamento de Montalegre; 1281, 24 Abril - já se encontrava construído o castelo de Montalegre, pelo menos parte, pois na carta de arras para D. Isabel, D. Dinis arrolava os bens dotais à princesa de Aragão, sua noiva, oferecendo 12 castelos, entre os quais figurava o de Montalegre; 1289 - confirmação e renovação do Foral por D. Dinis; 3 Janeiro - carta de D. Dinis mandando Pedro Anes, seu clérigo, povoá-la como quisesse, visto a póvoa ter ficado erma no incêndio durante a guerra com Castela; ordenou-se que dividissem os herdamentos da vila por co-povoadores todos de novo, assim como fora da primeira vez, e que dessem cada ano ao rei 100 marevedis velhos; o facto do povoamento nesta altura se fazer sob iniciativa do clérigo, leva a supor que não existia alcaide no castelo; durante o reinado de D. Dinis inicia-se a construção da torre de menagem; 1327 - carta de D. Afonso IV informando que os moradores de Montalegre lhe enviaram dizer que D. Dinis, quando povoou o lugar lhe dera foro, contido numa carta datada de 3 Janeiro de 1289; 1331 - reedificação do castelo por D. Afonso IV, conforme inscrição existente na torre do relógio que diz: "R. Alf. 4 AN 1331"; 1340, 26 Junho - confirmação do Foral dado por D. Afonso IV; 1383 - Montalegre apoia o partido castelhano na crise dinástica; 1515 - Foral novo dado por D. Manuel; 1540, cerca - foi alcáçova de Lançarote Gonçalves, homem que acabou sendo condenado a 5 anos de degredo "com cinquo legoas a redor" e "nom o quebrem o dito degredo sob pena de morte natural e perdimento de bees"; 1580 - data de uma inscrição assinalando reforma do castelo pelo licenciado Manuel Antunes de Viana para o preparar para a guerra da Restauração; séc. 17 - construção de fortaleza, segundo o sistema, Vaubean, envolvendo o castelo medieval e a antiga Igreja Paroquial; 1715, 30 Setembro - alvará determinando que a guarnição do castelo era de duas companhias e governador; 1755, 1 Novembro - segundo as Memórias Paroquiais, apenas caiu uma ameia do castelo; 1758 - descrito nas Memórias Paroquiais pelo Pe. Baltazar Pereira Barroso; segundo este, todos os meses vinham da vila de Chaves para o castelo nove soldados, um cabo e um sargento; no muro do castelo havia sete cavaleiros onde se punham as peças de artilharia para defesa da praça, mas quando acabarem as guerras, mandaram-se conduzi-las para a praça de Chaves; 1762 - data de uma planta do castelo e fortaleza, existente na Real Academia de História em Madrid; 1804, 28 Dezembro - informação de que a Província de Trás-os-Montes não tinha praça, forte ou fortaleza ou artilharia alguma de préstimo, devido à invasão espanhola de 1762 ter arruinado a Praça de Chaves, a de Bragança e a de Miranda, assim como alguns castelos; 1811 - o castelo tinha o posto do governador vago; 1821 - requerimento de Francisco Xavier Teixeira de Magalhães, em seu nome e dos moradores da vila de Montalegre, os quais pretendiam que se pusesse à venda a pedra das muralhas do castelo para com a mesma serem edificadas casas da Vila, a casa da Câmara e aquartelamentos para alguma tropa; no requerimento, o homem pedia para edificar junto à Igreja da Misericórdia, da parte do Norte, uma casa suficiente para servir de alberque dos enfermos e indigentes; acrescentar da parte Oeste, ao Quarto da Câmara, uma sala espaçosa e decente, para os seus actos, ficando o quarto existente destinado para o Arquivo da Câmara; para construir para o Magistrado Territorial, uma residência como não oferece e que se edificasse em parte do terreno da horta do dito Ministro; 1822, 16 Janeiro - ouvida a Câmara, até para saber se tinham meio de fazer as obras indicadas, informa que, à excepção da grande torre, bem conservada, onde se devia fazer uma escada, pois servia para guarda de algum preso de consideração, para "observadoria" da raia da Galiza e memória daquelas fortificações mais velhas, tudo o mais devia demolir-se pelo seu estado de ruína, aplicando-se a pedra para o cemitério, Hospital, Casa da Câmara, Residência do Ministro, vendendo-se o resto aos particulares e com esse produto se fariam as ditas obras; e que às casas que se edificassem na esplanada se impusesse um foro, que fosse aplicado para a manutenção do Hospital ou constituição do quartel para um regimento de cavalaria; questionado o Governador de Trás-os-Montes, este informa que não se poderia tirar partido da defesa da construção e que a sua pedra podia com maior utilidade empregar-se nas obras públicas; assim, confirma que se fizesse uma escada e porta para a torre grande, que poderia servir de atalaia, e a pedra fosse dada à Câmara para dispor dela nas obras; 1822, 13 Fevereiro - portaria dos Negócios da Guerra expedida à Câmara Municipal a respeito do destino que a mesma devia dar à pedra das muralhas arruinadas daquela vila e da responsabilidade que se lhe impunha pela conservação da torre grande; remetia-se também ao Marechal de campo encarregado do Governo das Armas de Trás-os-Montes para seu conhecimento; 1861, 23 Setembro - circular do Ministro da Guerra sobre a situação das fortificações da Província; 1875 - segundo Pinho Leal, as duas linhas de muralhas e fossos que circundavam o castela já se encontravam demolidas; séc. 19, finais - provável colocação de relógio circular no cubelo maior, virado à vila, levando a que passasse a ser designado por torre do relógio; 1990 - instalação de um núcleo museológico no castelo; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2016, 23 março - celebração de protocolo entre a Direção Regional de Cultura do Norte, o município de Miranda do Douro e o de Montalegre, para apresentação de candidatura a financiamento ao programa Portugal 2010; durante o ano é aprovada a candidatura da recuperação do castelo de Montalegre aos fundos comunitários "Portugal 2020", prevendo-se a cedência de 1,5 milhões de euros, sendo os restantes 15% suportados pela Câmara Municipal de Montalegre; 2019, 09 junho - abertura do castelo ao público.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito; pavimentos em lajes e soalho de madeira; guardas em ferro; portas de madeira; coberturas em telha de barro sobre travejamento de madeira.

Bibliografia

BAPTISTA, José Dias, O Castelo de Montalegre, Montalegre, 1996; BORGES, José G. Galvão, Montalegre no Dicionário Geográfico, in Revista Aqvae Flaviae, nº 23, Junho, Chaves, 2000, p. 63 - 78; CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique, As Freguesias do Distrito de Vila Real nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património, Braga, 2006; GIL, Júlio e CABRITA, Augusto, Os mais Belos Castelos de Portugal, Lisboa, 1986; GOMES, Rita Costa, Castelos da Raia. Trás-os-Montes, vol. 2, Lisboa, 2003; LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. 4, Lisboa, 1875; VERDELHO, Pedro, Roteiro dos Castelos de Trás-os-Montes, Chaves, 2000; «União Europeia financia obras no Castelo». In Notícias de Vila Real. 06 junho 2016.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN; Real Academia de la Historia, Madrid: Plano del Castillo de Montalegre, 1762, R. 204, Sign. C/1 c10 p.

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN; Arquivo Histórico Militar: 3ª divisão, 9ª Secção, Cx . 24, nº. 26

Intervenção Realizada

DGEMN: 1980 - obras de beneficiação; 1981 / 1983 - beneficiação do pavimento em lajedo dos torreões, tratamento do pavimento, de muralhas exteriores, beneficiação da torre de menagem; 1984 - trabalhos de beneficiação da torre Nascente, carpintarias; 1985 - instalação eléctrica; 1988 / 1990 - adaptação a Museu; beneficiação na torre de menagem; Câmara Municipal de Montalegre / IPPAR: 1997 / 1998 - obras de recuperação e valorização; DRCNorte: 2017, agosto - início da intervenção arqueológica e das obras de revitalização do castelo, integrado no programa "Castelos a Norte"; 2018, 09 junho - cerimónia do início das obras de requalificação do castelo, nomeadamente das torres, da praça de armas e da muralha abaluartada, rede de drenagem de águas freáticas, bem como substituição do pavimento dos arruamentos e largos envolventes, com a presença, entre outras individualidades, de D. Duarte Pio de Bragança; as obras são orçadas em 900 mil euros e financiada em 85% por fundos comunitários; o projeto é da responsabilidade de Manuel Reis; posteriormente, prevê-se ainda a musealização do castelo; 2019 - conclusão das obras de requalificação e musealização do castelo, realizadas pelo empreiteiro Orlando Alves e que custaram 1,5 milhões de euros.

Observações

*1 - Em 1758, a vila encontrava-se murada, mas com muros de "pouca consideração", não tendo na parte fronteira ao castelo muros alguns, mas tendo, à distância de um tiro de mosquete, a fortaleza da vila, cujos muros tinham em circuito 730 passos. Era das fortalezas mais bem seguras e quase inexpugnável devido à sua implantação, num cabeço de um monte. Tinha fossos ao redor dos muros e contra muralha e esplanada, que era tão íngreme que de nenhuma parte se podia subir a pique. Frente à porta principal, do lado O., tinha um revelim que encobria também a maior parte da estrada que vinha para a vila, e tinha à volta fossos. Contra a muralha e por cima desta, tal como na outra que também rodeava os muros, existiam grossas e altas estacas em duas ordens que fechavam esta estacada nas pontas do muro da vila, impedindo assim a entrada na fortaleza e nas portas dos muros. Tinha três portas, rasgadas a N., a O. e outra a E., havendo ainda entre as duas últimas um postigo. A "fortaleza" constava de um alto e magnifico "castelo", ou seja a torre de menagem, toda de cantaria, de paredes grossas e betumadas, com quatro andares, sendo o primeiro de pedra, o terceiro de abóbada e o segundo e quarto de madeira, estando então estes tão arruinados que não se utilizavam e só serviam de abrigo a algumas aves nocturnas e de rapina. Segundo o Padre Baltazar Pereira Barroso, a torre não resistiu a um raio, que lhe derrubou o cunhal N. até ao sítio onde estava a guarita daquele lado; em cada um dos outros cunhais tinha sua guarita, como também em cada um dos lados. Tinha três torres, a mais pequena era a da pólvora e estava sem qualquer deterioração, as outras duas tinham os sobrados totalmente arruinados, tal como os telhados e a estacaria dos muros e contra muralha. Cingiam as torres um alto e grosso muro tendo de circuito 130 passos. No terreiro do castelo - a praça de armas -, erguiam-se as casas do Governador, para E. outras casas arruinadas, alguns fornos de cozer pão e um grande "poço", - a cisterna -, quadrada, feita de cantaria com escadas até ao fundo da mesma, tendo de profundidade 190 palmos até à água e desta para baixo talvez outro tanto; possuía um arco de "abobeda" não visível do cimo, que alarga o poço a E., feito a pedra "rota a fogo". Do terreiro, a N., partia uma escada de pedra, exteriores ao muro, e que acedia a um caminho amplo no cimo do muro - o adarve - , tendo a toda à volta guardas que davam pelo peito e todas com ameias, e conduzia a cada uma das portas das torres; para a de menagem descia-se por escada firmada no muro a Noroeste, tendo alguns degraus arruinados pela queda de pedras da parte E. da torre devido a um raio que a atingiu. Do lado das casas do Governador e no muro que cinge as torres havia vestígios de uma outra escada para o adarve. Para nascente este muro tinha um postigo, por onde se saia para o terreiro da fortaleza e para Nordeste e ao pé da torre de menagem ficava a porta principal por onde se entra nas casas do Governador e praça de armas onde elas se implantavam. Fora desta porta entre duas meias laranjas bem formadas e seguras tendo inferiormente "esconderijos com seus orifícios para se pelejar", as seteiras. A poucos passos estava outro muro que "atava" o da fortaleza por cima do corpo da guarda, que tinha duas portas, uma a N. e outra a O.. Tinha excelente Corpo da Guarda e bons quartéis para os soldados, casas para os oficiais e sargento, a deste achava-se dentro do Corpo da Guarda, e boas cavalariças. O Padre Baltazar Pereira Barroso conclui as suas Memórias dizendo que a planta da vila e castelo era quase quadrada, sendo porém mais cumprida para N..

Autor e Data

Isabel Sereno e João Santos 1994 / Paula Noé 2004

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