Palácio Pereira Forjaz / Palácio da Cruz da Pedra

IPA.00011081
Portugal, Lisboa, Lisboa, Penha de França
 
Arquitectura residencial, pombalina e romântica. Palácio de planta em L irregular, composta pela justaposição, no sentido transversal, de dois corpos rectangulares. Capela do final de séc. 18, importada de Itália. Construção setecentista, sobre pré-existências do século anterior.
Número IPA Antigo: PT031106410662
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  

Descrição

Planta em L irregular, composta pela justaposição, no sentido transversal, de 2 corpos rectangulares, de volumes articulados e coberturas diferenciadas em telhados de três e quatro águas. Fachadas rebocadas e pintadas, com cunhais e soco em placagem de cantaria. O conjunto resulta da conjugação de dois corpos com características distintas, podendo reconhecer-se um primeiro corpo de dois pisos separados por friso de cantaria, cuja fachada, a S., coincide com a fachada principal. É rasgado por vãos com emolduramento simples de cantaria, a ritmo regular e é composto por três panos definidos por pilastras de cantaria, dos quais se demarca o axial, mais extenso e a actuar como eixo de simetria dos colaterais. No piso térreo surgem janelas de peito rectangulares e no andar nobre seis janelas de sacada com guarda metálica em ferro forjado, com pinhas nos ângulos e para onde abrem portas-janelas rectilíneas. Os panos extremos apresentam uma organização idêntica ao descrito, excepto no que respeita à presença, de portas de verga curva, contiguamente aos cunhais. Este corpo é superiormente rematado por cornija continuada precedida de friso em estuque e encimada por platibanda em cerâmica (definida pela repetição de um módulo vegetalista) ritmada por acrotérios. No que respeita ao segundo corpo (*1), este é também de dois pisos, desnivelados relativamente ao corpo descrito, pelo que o seu piso térreo se encontra ao nível do andar nobre do primeiro corpo, e o primeiro andar, de menor pé direito, consonante com o remate em platibanda. Apresenta fachada N. coincidente com a fachada posterior da edificação e articulado com jardim delimitado por muro em tijolo em adufa. Este corpo é superiormente rematado por cornijas nas fachadas laterais e por beirada simples na fachada posterior.

Acessos

Calçada da Cruz da Pedra, n.º 36 - 40; Calçada das Lajes

Protecção

Parcialmente incluído na Zona de Proteção do Mosteiro de Santos-o-Novo (v. IPA.00007074)

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado, em posição sobranceira às linhas de caminho de ferro e ao rio. Integrando a zona de Santa Apolónia, cuja malha urbana evidencia ainda a passagem de uma ocupação rural a urbana, marcada e organizada pela presença de objectos arquitectónicos excepcionais, tanto de carácter religioso - mosteiro de Santos-o-Novo (v. PT031106410143) -, como residencial.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1606 - a mais antiga referência à propriedade da Quinta da Cruz da Pedra, data deste ano, sendo a mesma pertença e residência de D. Álvaro Pereira ; 1656 - 1679 - residem na quinta da Cruz da Pedra D. Miguel Pereira (filho de D. Álvaro) e sua esposa e sobrinha D. Maria, que aí baptizaram entre estes anos 7 filhos, e procederam a uma amplicação das casas; séc. 17, final - é proprietário da quinta D. Álvaro Pereira Forjaz Coutinho (descendente dos anteriores), casado desde 1689 com a filha do senhor dos coutos de Freiris e Penegate ; 1719 - D. Álvaro Pereira Forjaz Coutinho reside na quinta da Cruz da Pedra ; 1725 - D. Miguel Pereira Forjaz Coutinho (filho do anterior) arrenda as suas casas da Cruz da Pedra a D. Isabel Bárbara Henriques, pagando esta a renda annual de 280$000; 1743 - a quinta está arrendada ao capitão João Ferreira da Costa Velho; 1748, Fevereiro - D. Miguel Pereira Forjaz Coutinho, por meio do seu procurador, arrenda a quinta, por um período de nove anos, a Joaquim Francisco Borges Henriques, aí morador desde o ano anterior; séc. 18, 2.ª metade - raramente os Pereira Forjaz residiram no palácio durantes este período; o mesmo está dividido em três partes, todas arrendadas a várias pessoas; 1759 - habita no palácio o general José de Sousa Leite, que regressara de governar Mazagão ; 1762 - 1763 - habita no palácio Carlos da Silva Reis, porteiro da Casa de Bragança; reside no edifício o superintendente da freguesia ; 1762 - 1768 - habita no palácio Sebastião Mendes de Carvalho, da Mesa da Consciência e Ordens ; 1767 - falece no palácio da Cruz da Pedra D. Miguel Pereira Forjaz Coutinho, sucedendo-lhe na casa seu filho, D. Diogo; 1767 - 1775 - reside no palácio António Moreira de Sousa; 1772 - 1775 - habita no edifício D. Maria Cláudia de Noronha, viúva de Rui Vaz Sequeira; 1777 - 1778 - habita no edifício D. Catarina do Pilar, viúva do morgado da Cova, que dotou e casou no oratório da casa, sua sobrinha, D. Antónia Arrábida Pereira Forjaz, filha do senhorio (tendo celebrado o matrimónio um parente, o Padre Joaquim Forjaz, prior-mor de Avis); 1780 - D. Miguel Pereira Forjaz reside no seu palácio da Cruz da Pedra com três criados e no mesmo ano arrenda parte do mesmo ao Conde de São Miguel; 1783 - no palácio reside como arrendatário Domingos Soares da Silva; 1783 - 1784 - habita no imóvel Manuel Rebelo de Palhares com oito criados; 1785 - instala-se em parte do palácio a fábrica de cerveja de Estevão Larroche; 1790 - edifício arrendado ao desembargador Diogo de Morais Calado; 1790 - 1794 - o palácio encontra-se arrendado a Pedro Correia de Almeida e Meneses; 1798, 30 Outubro - falece no palácio o padre-mestre D. Joaquim Forjaz, prior-mor de Avis; 1799 - reside no seu palácio D. Miguel Pereira Forjaz Coutinho, com sua esposa D. Maria do Patrocínio Freire de Andrade (que aí falece no ano seguinte); 1800, Junho - falece no palácio D. António Forjaz, também este membro da família prior-mor de Avis e irmão do anteriormente referido prior-mor; 1800, 3 Outubro - morre no palácio D. Maria Pereira Forjaz, filha menor de D. Miguel Pereira Forjaz; 1801 - 1802 - o palácio é arrendado ao Visconde de Fonte da Arcada; 1804, 19 Agosto - no oratório do palácio celebra-se o casamento de D. Maria Joana Pereira Forjaz (irmã de D. Miguel Pereira Forjaz) com Francisco Almada e Mendonça, visconde de Vila Nova de Souto d'el-Rei; 1810 - D. Miguel regressa à Cruz da Pedra, como 9.º Conde da Feira (a partir de 1820), e aí reside com nove criados; 1812 - 1813- funciona no imóvel o colégio de Nossa Senhora da Luz (com a renda anual de 450$000); 1814 - habita o palácio um inglês; 1816, 20 Abril - é anunciada, na Gazeta de Lisboa a venda de móveis do palácio, arrendado então a José Lopes da Silva (até 1824); 1824 - 1827 - o proprietário, D. Miguel Pereira Forjaz, volta a residir no palácio; 1827, 06 Novembro - falecimento de D. Miguel Pereira Forjaz no edifício; 1827 - 1828 - o palácio é arrendado pela proprietária, D. Maria Joana Pereira Forjaz, ao Marquês de Vagos; 1829 - passa a a residir no palácio D. Maria Joana Pereira Forjaz, Ciscondessa de Vila Nova de Souto d'el-Rei pelo seu casamento com Francisco Almada e Mendonça, o qual foi longos anos ministro de Portugal junto da Santa Sé e terá sido responsável pela encomenda e realização em Roma do retábulo-relicário da capela do palácio; 1873 - aquisição judicial do imóvel por José Joaquim de Oliveira; 1875 - aquisição do palácio pela (então viúva) condessa da Foz, D. Mariana Palha de Faria e Lacerda; 1884 - venda do palácio, pela condessa da Foz ao 3º Conde de Bertiandos, D. Gonçalo Pereira da Silva de Souza e Meneses, casado com D. Ana de Bragança, da casa dos duques de Lafões; o palácio passa a ter serventia directa para a rua, abrindo-se-lhe duas portas na fachada virada à Calçada da Cruz da Pedra; 1888 - é proprietário o Conde de São Vicente; 1927 - o edifício é propriedade de Gonçalo Pereira da Silva de Sousa e Menezes; 1938-1940 - é proprietária a condessa de Bertiandos, D. Ana de Bragança; 1941-1942 - é proprietário Eduardo Correia de Sá; 1948-1962 - é proprietária Maria Carlota de Bragança Correia de Sá; 1956 - encontra-se instalada no edifício a Casa Mãe das Raparigas da Cidade; 1972 - o edifício é propriedade dos herdeiros de Gonçalo Pereira da Silva de Sousa e Menezes; 1989 - o edifício é propriedade de Albano Nunes de Melo.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, azulejos.

Bibliografia

Gazeta de Lisboa, 14.06.1800 ; Gazeta de Lisboa, 09.01.1812 ; Gazeta de Lisboa, 15.10.1812 ; Gazeta de Lisboa, 20.04.1816 ; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. III, Livro 15, Lisboa, s.d. ; CASTILHO, Júlio de, A Ribeira de Lisboa, 2ª ed., Vol. 1, Lisboa, 1940 ; CONSIGLIERI, Carlos, RIBEIRO, Filomena, VARGAS, José M., ABEL, Marília, Pelas Freguesias de Lisboa. Lisboa Oriental. São João, Beato, Marvila, Santa Maria dos Olivais, Lisboa, 1993 ; MATOS, José Sarmento de, PAULO, Jorge Ferreira, Caminho do Oriente. Guia Histórico, Lisboa, 1999

Documentação Gráfica

CML

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CML: Arquivo de Obras, Procº nº 11504

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1888, Outubro - modificação da fachada do edifício, abertura de uma porta em substituição de uma janela; 1938, Novembro - obras gerais de limpeza e reparações interiores; 1940, Fevereiro - reparação do reboco do muro do jardim; 1941, Novembro - reparação do telhado; 1948, Novembro - pequenas reparações interiores no piso térreo e primeiro andar do edifício; 1989, Abril - obras de beneficiação

Observações

*1- correspondente ao núcleo mais antigo.

Autor e Data

Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001

Actualização

MrJam 2012
 
 
 
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