Casa do Anhangüera / Museu Histórico e Pedagógico

IPA.00011064
Brasil, São Paulo, São Paulo, Santana Parnaíba
 
Casa de bandeirante, construída no séc. 17, em posição estratégica sobre via de comunicação, em taipa de pilão, conservando as fachadas rematadas em aba corrida sobre cachorros entalhados, e com poucas aberturas, interiormente com conversadeiras, com portadas decoradas por almofadas em losango, os denominados "doces de leite". No interior, possui sala de grandes dimensões, à volta da qual se distribuem os quartos, um deles com escada para o sótão ou jirau, e um outro posteriormente adaptado a cozinha. Constitui a segunda casa mais antiga de São Paulo. A construção inicial teria ocupado toda a largura da frente urbana, de que só resta a metade.
Número IPA Antigo: BR922505350006
 
Registo visualizado 233 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa de bandeirante    

Descrição

Planta rectangular, com cobertura em telhado de três águas. Estrutura em taipa de pilão, com fachadas rebocadas e pintadas de branco, terminadas em aba corrida de madeira assente em falsos cachorros entalhados. Fachada principal virada a O. rasgada por duas portas e duas janelas rectilíneas, em ritmo alternado, com molduras de madeira. Fachada lateral esquerda rasgada por duas janelas de peitoril e a posterior por duas portas e duas janelas semelhantes. INTERIOR composto por cinco divisões, acedido pela sala principal, distribuindo-se a partir daí a cozinha e um quarto; a cozinha tem porta de ligação ao pequeno jardim posterior, uma outra para um segundo quarto e escada de acesso ao sótão; o segundo quarto tem comunicação com um outro. As várias dependências apresentam pavimento e tectos de madeira e as janelas viradas à rua têm conversadeiras.

Acessos

Largo da Matriz, n.º 9

Protecção

Tombamento Federal - IPHAN, de 08 agosto 1958 / Tombamento pelo CONDEPHAAT, de 11 março 1981

Enquadramento

Urbano, no centro histórico, adossado à Casa da Cultura Monsenhor Paulo Florêncio da Silveira Camargo (v. BR000102010004), com a qual partilha o pequeno jardim da fachada posterior. Adapta-se ao declive acentuado do terreno, disposto de gaveto na confluência do Largo da Matriz com a Rua Álvaro Luís do Vale. Encontra-se parcialmente escondido pela plataforma da Igreja Matriz, onde se insere um pequeno jardim (v. BR000102010002) e pela Praça 14 de Novembro, que se encontra numa cota superior, também ajardinada e com um coreto, deixando ao nível da casa o muro de sustentação. A ligação entre as duas praças é feita por uma pequena escadaria em pedra, junto ao imóvel. As restantes frentes urbanas são constituídas por edifícios de serviços camarários e pela Polícia.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: de casa bandeirante

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Privada: Estado brasileiro

Afectação

Época Construção

Séc. 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 17, 2ª metade - construção da casa na qual, presume-se, residiu o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, conhecido por Anhangüera, e que atravessou o estado de Goiás; depois da sua morte a casa terá passado para os seus herdeiros, que possuíram terras na vila de Parnaíba e foram vereadores; três deles tiveram o apelido Anhangüera: o primeiro procurou ouro e outros minerais na região central do Brasil, na segunda metade do século 16; o seu filho descobriu as minas de Góis; séc. 18, 2ª metade - o neto Bartolomeu Bueno da Silva explorou essas minas e deteve os direitos de passagem pelos rios que lhes davam acesso; sobre metade da casa bandeirista derrubada, construiu-se casa de dois pisos; 1768 - inventário efectuado dá como proprietária da casa a família Paula Barros; 1860 - Francisco de Paula Barros deixa em testamento a casa ao seu escravo Valério; séc. 19, finais - Valério de Paula Barros pediu que a casa fosse vendida após a sua morte, e que o total da venda fosse distribuído pelos pobres da região; séc. 20 - identificada como casa bandeirista pelo arquitecto Luis Saia; 1944 - Joaquim Pereira de Miranda adquiriu aos herdeiros de Valério os direitos sucessórios sobre o imóvel; 1958, Outubro - Tombada pelo IPHAN; 1962, 14 Novembro - transformada no "Museu Histórico e Pedagógico Casa do Anhangüera" durante a semana comemorativa da criação da vila; 1968 - Joaquim Pereira Miranda doou a casa ao IPHAN; 1995 - museu encontrava-se em mau estado de conservação; 1982, Maio - Tombada pelo CONDEPHAAT.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em taipa de pilão, revestida a tabatinga (areia branca); aba corrida, falsos cachorros, portas, portadas, molduras, grades em madeira; pavimento cerâmico e de madeira; cobertura de telha.

Bibliografia

Polyanthea em Homenagem ao Tricentenário da criação do Município de Parnahyba, 14 de Novembro 1625/14 de Novembro de 1925, São Paulo, 1925; CAMARGO, Paulo Florêncio da Silveira, Notas para a História de Parnahyba, São Paulo, 1935; Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, vol. XXX, Rio de Janeiro, 1958; TORRES, Maria Celestina Teixeira Mendes, "Manuel Fernandes Ramos. Um vereador sertanista. Aspectos da vida municipal de São Paulo no século XVI" in Revista do Arquivo Municipal, n.º 179, São Paulo, 1969, pp. 113-118; CAMARGO, Paulo Florêncio da Silveira, História de Santana de Parnaíba, São Paulo, 1971; CASAL, Aires, "Província de São Paulo" in Corografia Brasílica ou Relação Histórico Geográfica do Reino do Brasil, São Paulo, 1976; KATINSKY, Júlio Roberto, Casas Bandeiristas. Nascimento e Reconhecimento da Arte em São Paulo, São Paulo, 1976; Apontamentos históricos, geográficos, biográficos, estatísticos e noticiosos, ed. Manuel Eufrásio de Azevedo Marques, 1980, vol. 2, pp. 146-147; Santana de Parnaíba: Memória e Cotidiano. Relatório de Pesquisa do CONDEPHAAT, coord. José Guilherme Cantor Magnani, 1984;"A chegada da Light" in História e Energia, n.º 1, Maio 1986, pp. 57-61; LEMOS, Carlos, Casa Paulista. História das moradias anteriores ao ecletismo trazido pelo café, São Paulo, s.d.; MARQUES, M. E. de Azevedo, Província de São Paulo, pp. 146-147; MORGADO, Naira Iracema Monteiro, O Espaço e a Memória: Santana de Parnaíba, dissertação de mestrado apresentada do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1987; Municípios e Distritos do Estado de São Paulo, São Paulo, 1995; Parnaíba. Contribuição para o estudo de sua formação socio-historica, s.d.; SAIA, Luís, A Moradia Paulista, São Paulo, 1995; Património Cultural Paulista, CONDEPHAAT, Bens tombados 1968-1998, São Paulo, 1998; SALA, Dalton, Guia das casas bandeiristas = guide to the Bandeirantes houses, in SALA, Dalton (dir.), Casas bandeiristas: arquitectura colonial paulista = bandeirante houses: the colonial architecture of São Paulo, São Paulo, Oficina de Projectos, 2008; http://www.santanadeparnaiba.spgov.br, 22 Julho 2011.

Documentação Gráfica

Prefeitura

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Oficina-escola

Documentação Administrativa

CONDEPHAAT; Prefeitura

Intervenção Realizada

CONDEPHAAT: 1996 - obras de recupração do telhado; séc. 20 - obras de restauro com a colaboração de Lúcio Costa.

Observações

*1 - A denominação da casa advém do facto de aqui ter nascido Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, famoso bandeirante. Em 1682 entrou com uma bandeira paulista e atravessou o território que hoje constitui o estado de Goiás, descobrindo as minas aí existentes. *2 - Pertenceu ao IBPC (Instituto Brasileiro de Património Cultural) hoje IPHAN (Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional). CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Património Hiatórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado).

Autor e Data

Sofia Diniz 2002 / Paula Noé 2011

Actualização

 
 
 
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