Casa da Fonte e Capela de São Francisco

IPA.00011054
Portugal, Vila Real, Sabrosa, Celeirós
 
Arquitectura residencial, maneirista e barroca. Solar de planta quadrangular, com pátio central descoberto, e com capela separada. O solar é de arquitectura chã, com fachadas de dois pisos, na principal separados por friso, terminada em duplo friso e cornija, com pilastras toscanas nos cunhais e rasgada, no piso térreo, por portas de verga recta simples intercaladas por vãos jacentes e, no segundo, por janelas de sacada, de moldura terminada em cornija e encimada por cornija contracurvada. A fachada lateral esquerda, virada à quinta, possui adossada varanda alpendrada, sobre colunas toscanas. No interior, apresenta a divisão espacial e social comum dos solares do Douro, tendo no piso térreo o vestíbulo central, ladeado pela adega e pelo lagar, ao fundo arco para o pátio e escada de dois braços de acesso ao andar nobre, onde as salas têm tectos de madeira em gamela ou apainelados, dois deles com pinturas barrocas. A capela é barroca, de planta longitudinal composta por nave e cabeceira poligonal, interiormente abobadada e iluminada por vãos axiais e laterais. Fachada principal terminada em frontão truncado sem retorno, sobre pilastras de inspiração coríntia, com imagem do orago no tímpano e coroado por representação do Calvário e fogaréus; é rasgada por portal de verga recta, sobreposta por ampla decoração, entre pilastras que suportam cornija e tabela com brasão de família entre aletas fitomórficas, ladeado por cartelas inscritas e óculos. Fachadas laterais e posterior ritmadas por pilastras coríntias. Interior com nave de quatro tramos, definidos por pilastras jónicas e com cornijas marcando dois registos de apainelados, o primeiro com pinturas murais e o superior com painéis pintados alusivos à vida de Cristo, tendo no primeiro tramo, coro-alto de cantaria, com guarda de talha a branco. Capela-mor poligonal, com retábulo-mor barroco, de talha dourada, de planta côncava e um eixo, albergando sacrário e trono, ladeado por nichos abatidos, interiormente pintados e concheados, e armários embutidos, lacados, envolvidos por apainelados de talha dourada. Constitui um dos solares mais significativos desta aldeia vinhateira do Douro. O solar tem estrutura arquitectónica sóbria, com fachada principal seguindo o esquema maneirista, dinamizado pelas cornijas contracurvadas sobre as janelas do andar nobre que formam falsos frontões sem retorno. Esta fachada e a lateral esquerda, virada à propriedade, são mais ricas relativamente às outras duas. No interior destacam-se os tectos octogonais de duas salas, com apainelados em barroco joanino, pintados com cenas da vida cortesã, ou meias figuras, que presumivelmente aludirão à designação e proprietários da casa, nomeadamente o painel e a cartela com representação de uma fonte; o painel com representação da casa já com a capela ao lado, ajuda a datar a sua execução, necessariamente depois de 1710. Refira-se ainda a existência de dois pequenos quartos num piso intermédio, no topo das escadas, para os empregados. A capela possui a fachada principal de estrutura maneirista, no entanto, a profusão e exuberância decorativa, do portal, cartelas, óculos, remate do frontão e largos fogaréus, lavrados ao jeito de talha gorda, é tipicamente barroca. Sobretudo no seu interior, integra-se no conceito do "bel composto" de Bernini, em que a arquitectura e as várias artes surgem aplicadas numa relação de estrita complementaridade. A nave, seccionada por tramos e com dois registos laterais, tem as paredes cobertas com pinturas murais, compostas por perspectivas arquitectónicas, cartelas com o mesmo motivo, envolvidas por festões, flores e aves, motivos que surgem igualmente nos capialços dos vãos e nas abóbadas da nave e sub-coro. A cabeceira poligonal, pouco comum na região, possui os panos divididos por colunas torsas pintadas, sobre os quais surgem putti com festões em talha destacados por painéis que envolvem os vãos e nichos dos panos laterais. A invocação da capela e alguma da imaginária alude não só aos nomes dos proprietários da casa, como reflecte uma certa influência do gosto dos franciscanos, onde se poderá também inspirar a própria cabeceira da capela.
Número IPA Antigo: PT011710010029
 
Registo visualizado 204 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta quadrangular com pátio central

Descrição

Casa de planta quadrangular com pátio central descoberto, de coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas, tendo junto à fachada lateral direita e interligada por passadiço capela longitudinal de cabeceira facetada, com coberturas em telhados de duas águas e facetadas. CASA: fachadas de dois pisos, rebocadas e pintadas de branco, com faixa em cimento encarapinhado, pintado de verde. Fachada principal virada a E. com a casa percorrida por embasamento de cantaria, com pilastras toscanas nos cunhais, com as juntas pintadas de branco, e terminada em duplo friso e cornija com as juntas também pintadas de branco, sobreposta por beirada simples; apresenta os pisos separados por friso, abrindo-se no primeiro três portais de verga recta e moldura simples, o central mais largo, intercalado por frestas rectangulares jacentes, gradeadas, as quais surgem sob as seis janelas de sacada que se abrem no segundo piso, cada uma delas assente em duas mísulas volutadas, com moldura terminada em cornija, encimada por cornija contracurvada, formando falsos frontões sem retorno. À esquerda, possui pano, ao nível do primeiro piso, rasgado por porta de verga recta, de cunhal apilastrado, coroada por cornija e encimado por duas colunas toscanas, assentes em plintos tronco-piramidais, de almofadas relevadas, correspondendo à varanda alpendrada que se adossa a grande parte da fachada lateral esquerda; esta fachada é rasgada por janela de peitoril, de moldura terminada em cornija e de caixilharia de guilhotina, e por portas janelas, com o mesmo tipo de moldura a abrir para a varanda alpendrada, com guarda em ferro, as quais são ladeadas por vaseiras. Fachada lateral direita terminada em beirada simples, e rasgada, no piso térreo, por vão jacente moldurado e, no segundo, por uma janela de sacada, com guarda em ferro e várias janelas de peitoril, todas com molduras terminadas em cornija; junto ao cunhal frontal, abre-se ainda porta de verga recta de acesso ao passadiço e à capela. Fachada posterior terminada igualmente em beirada simples, abrindo-se no primeiro piso portas de verga recta e no segundo janelas de peitoril, de molduras simples e caixilharia de guilhotina; ao centro abre-se porta de verga recta protegida por alpendre assente em duas colunas sobre plintos, precedida por escada de pedra, adossada, com guarda em ferro e coluna de arranque. INTERIOR: pelo portal central, acede-se a vestíbulo, rectangular, com pavimento em lajes de cantaria e tecto de madeira; lateralmente, abrem-se portas de verga recta, a do lado esquerdo de acesso à adega, e a do lado direito ao lagar. Ao fundo, possui vão central, em arco abatido, de passagem das carruagens para o pátio central, fechado por terceria de madeira, e ladeado por dois braços da escada de cantaria, de ligação ao andar nobre. No topo das escadas, existem duas portas laterais de comunicação com dois pequenos quartos, dispostos num piso intermédio, da antiga cozinheira e cocheiro. No andar nobre, as salas possuem pavimento em soalho de madeira e tectos de madeira, nas salas principais em gamela, ou de apainelados pintados. Destes destacam-se duas salas com tectos octogonais, sobre falsos pendentes; um é percorrido inferiormente por friso decorado por canais e com mísulas volutadas no alinhamento das molduras, que são simples, tendo nos painéis composições figurativas, alusivas a uma batalha, paisagem marítima, cenas da vida cortesã, surgindo num dos painéis figuras a jogar às cartas, e, ao centro, brasão de família, policromo; o outro tecto tem o friso inferior decorado de acantos enrolados, e as molduras dos painéis sobrepostas por flores e laçarias, tendo os painéis pintados com brutescos e, em cartelas centrais, meias figuras femininas e masculinas alternadas, uma fonte e num outro a representação da Casa da Fonte; ao centro tem medalhão com putti entre acantos enrolados. CAPELA com fachadas em cantaria aparente, de aparelho regular. A principal tem pilastras de fuste estriado e capitéis de inspiração coríntia nos cunhais, suportando frontão triangular truncado, sem retorno, superiormente ornado de folhas enroladas e recortadas, coroado, ao centro, por representação do Calvário, com imagem de Cristo na cruz, de braços nodosos, ladeado pelas imagens, em barro, da Virgem e de São João, e, lateralmente, por largos fogaréus encimados por aves. É rasgada por portal de verga recta, com moldura sobreposta por elementos decorativos (florões, conchas e outros) e cartela com a data de 1710, bastante relevados, entre duas piastras, de fuste decorado por motivos discoides, e capitéis coríntios, suportando friso com florões e drapeados enrolados, cornija convexa com elementos discoides e uma outra cornija, mais avançada, com enrolamentos; sobre esta, surge tabela rectangular, com brasão de família, encimado por elmo e com paquife, ladeado por aletas fitomórficas, plintos com vasos e aves, terminada em denticulado e cornija convexa com motivos vegetalistas. O portal tem porta entalhada de duas folhas, com florões e losangos interligados por molduras. Ladeia-o duas cartelas ovais, inscritas, com moldura de elementos enrolados, e óculos octogonais, gradeados, com moldura de folhas enroladas e recortadas. No tímpano, abre-se nicho em arco de volta perfeita, com parastase, tendo a coluna torsa, de capitéis coríntios prolongada na arquivolta do arco, unida no sentido do raio, interiormente concheado e albergando imagem de São Francisco, em barro; ladeia o nicho dois açafates de flores e encima-o cornija recta. Fachadas laterais e posterior terminadas em friso e dupla cornija, sobreposta por beirada simples, possuindo pilastras almofadas de capitéis coríntios a separa a nave da capela-mor, e pilastras simples a definir os três panos da cabeceira; são rasgadas por óculos octogonais, de moldura em capialço. INTERIOR com pavimento em lajes de cantaria, paredes em cantaria, com pinturas murais, a nave seccionada em quatro tramos por pilastras jónicas, pintadas a marmoreados fingidos, e de dois registos com as cornijas igualmente em marmoreados, formando duas ordens de apainelados côncavos. Coro-alto em cantaria, de arco abatido sobre pilastras jónicas, assentes em mísulas e com guarda em balaustrada, de talha a branco, sendo acedido por porta de verga recta no lado do Evangelho, através do passadiço; no sub-coro, possui pia baptismal gomeada, no lado do Evangelho. Os outros três tramos da nave são percorridos por baileu, possuindo, no primeiro registo, pinturas murais e no segundo painéis pintados sobre madeira. A nave possui abóbada de berço, formando caixotões, com molduras pintadas a marmoreados fingidos e painéis com acantos, anjos e outros elementos fitomórficos afrontados e entrelaçados. Arco triunfal de volta perfeita canelado sobre pilastras também caneladas, tendo o fecho sobreposto por voluta de talha dourada. Capela-mor de cinco panos definidos por colunas torsas, de fuste pintado com flores e espira a dourado, assente em plintos paralelepipédicos almofadados e de capitéis coríntios, dourados. No pano central dispõem-se o retábulo-mor, em talha dourada, de planta côncava e um eixo definido por duas pilastras ornadas de acantos, aves e anjos, sobre plintos paralelepipédicos com o mesmo tipo de decoração e capitéis de inspiração coríntia, que se prolongam numa arquivolta; interiormente possui apainelados e abóbada de talha com acantos e florões e alberga sacrário tipo templete, com querubim na porta, colunas nos ângulos com putti e acantos e painéis com grande querubim; encima-o trono de dois degraus, decorado com acantos, florões, aves, acantos e, nos ângulos, putti envoltos em festões e, no segundo degrau, cornucópias formando tocheiros; sustenta imaginária; ático em espaldar de talha vasada, com acantos, querubim e flores. A capela-mor possui abóbada de aresta acompanhando o perfil do polígono, com panos da abóbada pintados com cartela contendo santos masculinos, seguros por anjos, e com acantos e flores, tendo bocete central, dourado. Altar-mor paralelepipédico com frontal de talha dourada, seccionado em três painéis, envolvidos por frisos de acantos enrolados.

Acessos

Rua da Fonte

Protecção

Em estudo / Incluído no Alto Douro Vinhateiro - Região Demarcada do Douro (v. PT011701040033)

Enquadramento

Rural, isolado, num dos extremos da povoação, uma das Aldeias Vinhateiras do Douro, situada em planalto sobranceiro ao vale do Pinhão. A casa forma frente de rua, adaptada ao declive do terreno, possuindo passeio separador; a capela possui pequeno adro frontal, sensivelmente da mesma largura da sua fachada, sobre soco rectangular, frontalmente almofadado, e com gradeamento de ferro intercalado por acrotérios de frisos côncavos. O passadiço entre a casa e a capela é fechado por portão em ferro, protegendo a fachada lateral direita da casa, e a propriedade é vedada por muro.

Descrição Complementar

Passadiço de ligação à capela mais recuado que a ala residencial, tendo no piso térreo amplo portal de verga recta com portão de ferro e, no segundo, separado por cornija, alpendre telhado, apoiado em mísulas e colunelos centrais, assente em guarda plena de cantaria, com duas almofadas relevadas sobrepostas. A cartela do lado esquerdo do portal da capela tem a seguinte inscrição, em 7 regras: O REVERENDO PADRE FRAQNCISCO FURTADO DE AZEVEDO SOTOMAYOR FIDALGO DA CASA DE SUA MAGESTADE MORADORE NESTE LUGAR; a cartela do lado direito do portal tem a seguinte inscrição, em 7 regras: MANDOU FAZER ESTA CAPELA A SUA CVSTA PARA NELA SE SATISFAZER EM AS OBRIGAÇÕES DO MORGADO DA SVA CAZA E A DEDICOV A S FRANCISCO. O brasão sobre o portal apresenta escudo esquartelado, tendo no I as armas dos Azevedo, esquartelado, com o primeiro e o quarto de ouro, com uma águia estendida de negro, o segundo e o terceiro, de azul, com cinco estrelas de seis pontas de prata; no II as armas dos Sotomaior, de prata, com três faixas xadrezadas de vermelho e de ouro, de três tiras; no III as armas dos Pereira, de vermelho, com uma cruz de prata florenciada e vazia. Toda a capela apresenta pinturas murais. Na parede fundeira surge representado, ao nível do coro, uma paisagem citadina com arco de triunfo central, e, no sub-coro, dois atlantes, no do lado do Evangelho feminino e no oposto masculino; nas paredes laterais do sub-coro surgem anjos segurando cartelas, a do lado do Evangelho com a pomba do Espírito Santo, sobre acantos enrolados; o tecto do sub-coro tem dois grandes caixotões pétreos pintados com elementos vegetalistas e aves. As paredes da nave têm pintadas, no primeiro registo, cartelas recortadas contendo paisagens arquitectónicas, seguras por anjos e envoltas por festões, cornucópias de flores e outros elementos vegetalistas ou pássaros; os apainelados do segundo registo contêm painéis pintados, sobre madeira, representando A Fuga para o Egipto e a Adoração dos Pastores, no lado do Evangelho, e uma Sagrada Família, com Santa Ana e São Joaquim e o Espírito Santo e o Deus Pai, e a Adoração dos Reis Magos, no lado oposto; no tramo intermédio tem no registo superior vão octogonal, de capialço pintado com carranca segurando festões, enquadrado por elementos fitomórficos e, superiormente, uma albarrada em talha vasada. Sob este vão, surge cartela de talha dourada com ampla moldura de acantos vazados, putti e flores. Na capela-mor, o primeiro pano possui vão octogonal com capialço pintado com festão de flores encimando armário embutido, com portas lacadas, de almofadas em florões relevados, envolvidas por outros elementos fitomórficos de talha relevada, e uma terceira porta horizontal, em talha dourada, com cartela segura por dois anjos entre acantos; o vão e o armário é envolvido por apainelados de talha dourada, decorados com acantos, querubim e florões. Os panos intermédios apresentam, assente em soco de cantaria seccionado a meio por pilastra, nichos em arco abatido, sobre pilastras, sublinhados a dourado, interiormente concheados, pintados com ferronerie, e albergando imaginária sobre mísulas de talha dourada, ornada de acantos e putti. Os nichos são encimados por apainelado de talha dourada, decorada com cartela segura por anjos entre acantos. Sobre os capitéis das colunas torsas que seccionam a capela-mor, dispõem-se figuras de vulto, encarnadas e estofadas, segurando festões de flores, em talha, que, afastados dos apainelados, se espraiam e interligam sobre os nichos e sobre os vãos. O pavimento da nave integra lápide sepulcral com a inscrição, em 8 regras: SEPULTURA DO REVERENDO PADRE FRANCISCO FURTADO DE AZEVEDO FUNDADOR DESTA CAPELLA.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 17 - casamento de Manuel Correia Da Mesquita Pinto, Senhor da Casa de Cidadelhe, filho e herdeiro de Manuel Pinto da Fonseca Ribeiro e de D. Margarida de Carvalho Pinto, com D. Serafina de Magalhães, Teixeira, filha de Luís Teixeira Magalhães e de D. Mariana Couceiro Rebelo; 1654, 11 Maio - data do baptismo de seu filho e herdeiro Luís Teixeira de Magalhães Couceiro Rebelo, designado de Corcovado, que viria a casar com sua prima D. Serafina Correia Pinto; foi sua filha e seguidora da linhagem Luísa de Magalhães Teixeira, que casaria com Francisco Furtado de Azevedo Sotto-Maior, filho e herdeiro de Manuel Pereira Sotto-Maior, Capitão de Infantaria e Senhor da Casa de Celeirós; foi seu filho e herdeiro Tomás Teixeira de Azevedo Sotto-Maior, o qual casaria com sua prima D. Luísa Clara Jacinta Morais Sarmento Guedes; 1710 - data inscrita na capela; 1721 - segundo a "Descrição de Vila Real", a capela de São Francisco edificada junto às casas de residência do padre Francisco Furtado de Azevedo, apesar de estar acabada ainda não tinha licença para se dizer missa; é descrita como sendo toda de pedraria, coberta de abóbada, com o retábulo-mor metido numa meia laranja, "com suas colunas por todo o ambito interior, assentadas em bases", onde descarregavam bancos com suas molduras; no frontispício debuxado e entalhado, havia a sua pedra de armas, "tudo obrado com muita magnificencia e arte"; informa-se ainda que a obra custou muitos mil cruzados; 1738, 5 Junho - data do testamento do Pe. Luiz Pereira Pinto, estabelecendo como universal herdeiro o seu sobrinho Tomás Teixeira de Azevedo Sotto-Maior e D. Luísa sua sobrinha; visto ele ter feito uma escritura quando casaram, em que lhe dotava um lameiro pegado à Fonte de Celeirós e uma vinha em Guimbra, com condições de nelas fazer um vínculo e com obrigação de lhe mandarem dizer 9 missas cada ano; pelo testamento vinculava as ditas propriedades em vínculo de morgado para que andassem sempre unidas e nomeava seus primeiros administradores e possuidores do vínculo o sobrinho Tomás Teixeira de Azevedo e D. Luísa, sua mulher; dava ainda para o vínculo um olival com sua vinha e monte que ele tinha à Portela da Ponte; Francisco Furtado de Azevedo Sotto-Maior, depois de viúvo, ordenou-se padre; 1744, 16 Setembro - data da escritura de instituição de vínculo de Morgado e capela de São Francisco da Fonte de Celeirós, pelo reverendo Francisco Furtado de Azevedo Sotto-Maior, clérigo do Hábito de São Pedro e Fidalgo da Casa Real, realizada nas suas casas de morada; a esta data, Francisco Furtado era herdeiro universal de todos os bens da sua casa, nomeadamente de sua mãe, D. Ana Furtado de Magalhães e de seu avô materno Francisco da Rocha de Andrade, bem como dos bens dos seus seis filhos, visto todos eles terem morrido depois de ele enviuvar, excepto os que pertenciam por via materna ao seu único filho Tomás Teixeira de Azevedo; como se achava senhor de todos estes bens e de outros "cabedais" que adquiriu no Brasil, onde assistiu alguns anos depois de sacerdote, ordenava uma união de bens e vínculo de morgado na terça parte de seus bens para o que elegia as propriedades das Casas de Celeirós com capela de invocação de São Francisco, que ele mandara fazer, com a proibição de, em algum tempo, se alhearem, dividirem ou trocarem por outras propriedades; todos os sucessores e administradores do morgado tinham a obrigação de mandarem dizer, anualmente, na dita capela, uma missa contada no dia de São Francisco; estabelecia ainda que, por sua morte, seria administrador do morgado seu filho Tomás Teixeira de Azevedo Sotto-Maior, por falecimento do qual lhe sucederia o seu filho varão mais velho; o 1º administrador do vínculo da Fonte foi pois Tomás Teixeira de Azevedo Sotto-Maior; 1753, 9 Julho - data do casamento da filha de Tomás Teixeira de Azevedo Sotto-Maior e herdeira do vínculo de Celeirós, D. Ana Teresa Pereira Pinto de Azevedo Sotto-Maior, com seu primo António Teixeira de Magalhães e Lacerda; 1758, 30 Março - referência à Capela de São Francisco, unida às casas do fidalgo de Francisco Furtado de Azevedo, pelo pároco António de Santa Marta Lobo, nas Memórias Paroquiais da freguesia; séc. 19 - época provável da construção do passadiço ligando a casa à capela; séc. 20 - construção do adro da capela, de modo a evitar devassas por parte da população.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada ou em cantaria aparente; embasamento, pilastras, frisos e cornijas, colunas, molduras dos vãos, e outros elementos em cantaria de granito; portas e caixilharia de madeira; janelas com vidros simples; grades e guardas em ferro; pavimento em lajes de cantaria e em soalho de madeira; tectos de madeira, alguns pintados; retábulo e apainelados em talha dourada; pinturas murais; armários lacados; cobertura de telha.

Bibliografia

CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique, As Freguesias do Distrito de Vila Real nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património, Braga, 2006; TEIXEIRA, Júlio A., Fidalgos e Morgados de Vila Real e seu termo, vol. 1, Vila Real, 1948; SOUSA, Fernando de, GONÇALVES, Silva, Memórias de Vila Real, Vila Real, 1987.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

O nome da casa deverá deverá estar relacionado com a proximidade a que se ergue a antiga fonte da povoação (v. PT011710010059).

Autor e Data

Paula Noé 2009

Actualização

 
 
 
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