Estação Ferroviária do Pinhão

IPA.00011031
Portugal, Vila Real, Alijó, Pinhão
 
Arquitectura de transportes, do século 20. Estação ferroviária intermédia, de 2ª classe, composta por vias férreas e algumas construções de apoio técnico, como armazém de mercadorias coberto e instalações sanitárias. O edifício de passageiros apresenta planta rectangular, composto por três corpos, regularmente dispostos, o central de dois pisos e os laterais de um. Fachadas rebocadas e pintadas e com silhar de azulejos, com painéis monocromos azuis sobre fundo branco com representação de paisagens ou fainas típicas da região envolvidos por molduras policromas, terminando em friso, cornija e platibanda plena de cantaria; são rasgadas regularmente por janelas de peitoril ou portas de verga sensivelmente abatida, possuindo na fachada virada ao cais de embarque pala metálica apoiada em falsas mísulas metálicas fixas à fachada. No piso térreo dispõe-se ao centro zona de expedição de bilhetes, tendo de um lado duas salas de espera para os passageiros, de várias classes, todas com alto silhar de azulejos formando quadrícula, e do outro as antigas salas do telégrafo, do factor e de outro pessoal, e no segundo piso a antiga residência do chefe da estação.
Número IPA Antigo: PT011701090035
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

A estação inclui o edifício de passageiros, área de vias férreas e algumas construções de apoio técnico, como armazéns cobertos, oficinas e depósitos de material circulante. EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS de planta rectangular composta por três corpos, dispostos paralela e regularmente à linha, o central sensivelmente mais avançado e de dois pisos e os laterais de apenas um. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas no corpo central e de três nos laterais, com cumieiras coroadas por pequenos pináculos pintados de branco, e tendo no corpo central e o lateral O. chaminés elevadas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento de cantaria, cunhais apilastrados e remates em friso, cornija e platibanda plena de cantaria, encobrindo o início dos telhados. As fachadas são rasgadas regularmente por vãos de verga levemente abatida, com molduras superiormente recortadas no exterior, as portas encimadas por friso de cantaria, e as janelas com ângulos inferiores recortados. Ao longo do primeiro piso, surgem no intervalo dos vãos painéis de azulejos de composição figurativa, alusivos às paisagens ou fainas agrícolas da região, monócromos sobre fundo branco, envolvidos por molduras policromas com carrancas, concheados, uvas e remate recortado em albarradas. Fachada principal virada a N., à povoação, com o corpo central possuindo friso de cantaria a separar os pisos, abrindo-se no primeiro três portas, e no segundo quatro janelas de peitoril, altas, integrando bandeira e possuindo pequeno varandim de ferro; nos corpos laterais rasgam-se uma porta, nos extremos, e uma janela de peitoril, com caixilharia de duas folhas. Fachadas laterais simétricas, rasgadas apenas com uma janela de peitoril central, com mainel quadrangular de cantaria, integrando bandeira e sendo encimada por registo de azulejos com friso fitomórfico envolvendo a inscrição "PINHÃO". Fachada S. virada à linha férrea, rasgada no corpo central por três portas e nos laterais por duas, sendo a do meio encimada por registo de azulejos, igualmente com friso fitomórfico envolvendo a inscrição "PINHÃO", e no segundo piso do corpo central três janelas iguais às da fachada principal; ao longo de todo o piso corre pala metálica avançada, levemente inclinada, assente em oito amplas mísulas de ferro, decoradas com círculos e flor no ângulo; ladeiam as duas portas dos topos da fachada dois candeeiros fixos na caixa muraria, tipo globos. INTERIOR com paramentos rebocados e pintados de branco, os dos principais espaços percorridos por rodapé de madeira e silhar de azulejos, formando quadrícula, com painéis de 2X2 monócromos azuis ou verdes, intercalados por friso branco, e possuindo pavimentos cerâmicos. No primeiro piso, distribuem-se o vestíbulo de passageiros, sala de espera, bilheteiras e gabinetes, comunicantes por portas de madeira com bandeira de vidro; o vestíbulo, desenvolvido no corpo central, apresenta tecto plano assente em viga paralela ao edifício, assente em pilares, possuindo à esquerda as bilheteiras, com balcão de madeira, encimado por quadrícula vidrada; à direita, acede-se à sala de espera, com bancos de madeira, e com porta de ligação directa ao cais. Na antiga sala de espera da 1ª e 2ª classe, paralela à anterior dispõe-se pequeno museu, com espólio ligado à vivência da estação. No corpo direito e acedido directamente pela fachada principal, existe sala, com paramentos apenas rebocados e pintados, onde funciona Posto de Turismo. No segundo piso fica uma habitação com dois quartos, casa de jantar e cozinha. Junto à fachada O. dispõe-se o corpo das instalações sanitárias, de planta rectangular, corpo único e cobertura em telhado de quatro águas. Apresenta as fachadas rebocadas e pintadas de branco, terminadas em friso e cornija de cantaria, tendo na fachada principal pano central em grelha recortada e vãos de acesso a vestíbulo e sanitários. Mais à frente, sucede-lhe pequeno alpendre de madeira com telhado de duas águas protegendo quadriciclo motorizado e depósito de materiais, de planta rectangular e estrutura de madeira, coberto por telhado de duas águas.

Acessos

EN 222, largo da Estação. WGS84: 41º11'24.87''N., 7º32'39.12''O.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Implantada na margem direita do rio Douro, junto à confluência com o rio Pinhão, contínua à povoação, envolvida por montes cobertos de vinha dispostos em anfiteatro. Edifícios dispostos paralelamente à linha entre esta e a povoação. No alinhamento da fachada principal, adossam-se de ambos os lados muros delimitando a zona da estação, desenvolvendo-se entre estes e o cais de passageiros jardim com canteiros de buchos. Nas proximidades, ergue-se a Ponte rodoviária do Pinhão (v. PT011701090034).

Descrição Complementar

Os painéis de azulejos que revestem as fachadas exteriores possuem composições figurativas com a seguinte representação: fachada principal (da esquerda para a direita): "Panorama do Douro"; "Panorama do Pinhão"; "Panorama do Pinhão"; "Costumes do Douro", em que duas figuras masculinas surgem vestidas com a típica protecção contra a chuva designada croças em colmo, os socos de madeira e chapéu de palha; "Panorama do Pinhão", com vista sobre a ponte do Pinhão e o Rio Douro, antes da construção da barragem; "Panorama do Pinhão"; uma "Quinta no Ferrão"; "Vindimadeira do Douro"; "Ferradoza do Douro", com vista do Rio Douro, com a antiga ponte da Ferradosa ao fundo; "Rio Douro no Pinhão"; e "Uma Vinha", com a típica organização em terraços e com árvores bordejando os seus limites. Na fachada lateral esquerda surgem: "Rio Douro no Pinhão", com representação do vale do Pinhão, vendo-se a ponte sobre o rio; e Cachão da Valeira, com uma interpretação de como teria sido o local do Cachão; e na lateral direita "Rio Douro - Pinhão"; e "Rio Douro visto de S. Salvador do Mundo". Na fachada posterior os painéis representam (de E. para O.) "Carregação do Vinho - Pinhão", vendo-se o carregamento de pipas para barcos rabelos, tendo a estrada alto onde está um homem, o "arrais", que dirigia através de uma espécie de leme, a "espadela", a orientação do barco; as velas estão arreadas; "Cestos típicos do Douro"; "Uma Quinta do Rio Torto"; "Vindimadeira"; "Vindimando"; "Condução para o lagar"; "Barco Rebelo", em que surge um barco rabelo carregado de pipas e com vela enfunada; "Uma Pousa"; "Pinhão"; "Estação Viti-vinícola do Douro - Rio Torto".

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Transportes: estação ferroviária

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

FÁBRICA DE CERÂMICA: Aleluia (1936). PINTORES DE AZULEJOS: João Oliveira (1936); Lourenço Limas (1936).

Cronologia

1867, 2 Julho - Carta de Lei de D. Luís informando que as Cortes Gerais decretaram que o Governo estava autorizado a construir e explorar por conta do Estado duas linhas férreas, a partir da cidade do Porto, uma para Braga e Viana do Castelo até à fronteira da Galiza e outra pelo Vale do Sousa e proximidades de Penafiel até ao Pinhão; entre as várias condições técnicas estipuladas para a construção das linhas, a do Douro deveria ser de uma só via e com a largura de 1,67 m. e com o peso de carris de 25 Kg; estipulou-se que as estações deveriam ser de grande simplicidade, construindo-se apenas o que era indispensável para resguardar as pessoas e mercadorias; o Governo foi autorizado a despender até 30.000$000 rs / km na construção das duas linhas, onde ficava incluído as expropriações, material fixo e circulante, oficinas, estações, obras acessórias e dependências; 1871 - tendo conhecimento da apresentação de uma proposta para a construção de uma linha para o Minho, vários municípios da Região do Douro dirigiram ao rei sucessivas representações inquirindo sobre a linha do Douro; nos anos seguintes, foram apresentadas ao Ministro das Obras Públicas várias propostas e projectos para a Linha do Douro; 1872, Abril - apresentação de proposta para a linha entre o Porto e a Régua, pelo empresário inglês Mrº Charles E. Austed, em que solicitava ao Governo a concessão de determinada subvenção por Km. e a exploração pelo prazo de 99 anos; 1872, 14 Junho - Decreto mandando proceder à construção do Caminho de ferro do Porto à Galiza por Braga e Viana do Castelo, Linha do Minho, e os estudos do Vale de Sousa por Penafiel até ao Pinhão, Linha do Douro, por conta do Estado, as quais decorreram demoradamente; 1873, 31 Maio - Decreto aprovando a emissão de obrigações para construção do Caminho de Ferro do Minho e Douro na importância de 2.034.000$000 rs; 8 Julho - inauguração dos trabalhos da Linha do Douro; 1875, 30 Julho - cerimónia de inauguração da Linha do Douro, até então compreendida entre as estações do Pinheiro e de Novelas (Penafiel); 7 Outubro - num artigo publicado no jornal O Comércio do Porto, previa-se a conclusão da linha, com chegada ao Pinhão no prazo de 3 anos; 1878, 14 Fevereiro - Portaria do Ministro Lourenço de Carvalho, que, por não se ter seguido os regulamentos existentes para as estradas ordinárias, encarrega João Crisóstomo de Abreu e Sousa, de inspeccionar os caminhos de ferro do Minho e Douro e Sul e Sueste; 1879 - o caminho de Ferro chega a Pêso da Régua, estando bastante adiantado o troço entre a Régua e o Pinhão; 30 Novembro - relatório informando que as despesas até à data feitas com a linha do Douro eram de 6.689:049$033 e as ainda por despender seriam de 495:662$105; 1880, 1 Junho - a povoação do Pinhão passou a ser servida por via férrea; 1910 - a linha do Douro era então uma das cinco internacionais existentes no país; séc. 20, início - provável construção do edifício de passageiros da estação de caminho de ferro; 1926 - expedia como principais produtos os vinhos da região, também muito expedidos por via fluvial, e esteios de pedra; regulava em média anual a expedição de 640 toneladas em g. v. e 13.430 em p. v. principalmente para Porto, Gaia e Ermezinde, recebendo 420 toneladas em g. v. e 32.000 em p. v. de aguardentes, madeiras, cascos vazios e géneros de praça provindos sobretudo do Porto, Gaia, Régua e Ermezinde; regulava ainda em média anual por 36.000 passageiros, que se dirigiam especialmente para o Porto, Régua e outras estações do Douro; 1927 - arrendamento da concessão da linha do Douro à CP; 1928 - Relatório sobre as Linhas do Minho & Douro e Sul & Sueste, refere que é sobretudo na do Douro onde se localizavam as estações mais "defeituosas", devido à insuficiência de espaço disponível, visto se encaixarem entre as encostas das serras ao N. do Douro e o leito do rio, má implantação dos edifícios, cais e armazéns, pequena extensão das linhas de resguardo e falta de apetrechamento adequado; o Relatório propunha realizar-se na estação do Pinhão os seguintes trabalhos: modificação das linhas (10 contos), do cais (22 contos), do armazém (16 contos), do edifício de passageiros (40 contos); proceder à vedação (10 contos), e outros trabalhos diversos (12 contos); propunha-se ainda proceder à instalação no Pinhão de uma estação de tratamento de águas, bem como de um reservatório de água, de 100 m3, (orçado em 45 contos), com a respectiva canalização e acessórios; 1933 - o Instituto do Vinho do Porto encomendou a Domingos Espírito Santo Alvão um registo fotográfico exaustivo da região demarcada do Douro e das suas actividades vitivinícolas; na sequência, os fotógrafos da Casa Alvão (Domingos Alvão, Álvaro de Azevedo e outros) percorreram a zona e fotografaram-na; 1935, 5 Fevereiro - a Junta de Freguesia, presidida por António Manuel Saraiva, pede à Câmara Municipal de Alijó que oficiasse a Companhia de Caminhos de Ferro Portugueza, para que, aquando da reparação geral da estação do Pinhão, aqui fossem colocados azulejos com motivos regionais; 1936, Agosto - o Instituto enviou à Companhia para apreciação 20 fotografias com motivos para os painéis; os responsáveis do Instituto pediram à Companhia que cuidassem da adjudicação da obra, mas esta acabou por escusar-se; escolha da Fábrica de cerâmica Aleluia, de Aveiro, para produzir os azulejos, trabalho realizado pelos pintores de azulejos João Oliveira e Lourenço Limas; 1942, 31 Dezembro - a Companhia Nacional de Caminho de Ferro solicita à CP a cedência de carvão de pedra estrangeiro, necessário para assegurar o serviço nas suas linhas de Trás-os-Montes; 1945, 10 Março - o MOPC autoriza a redução do horário dos comboios durante dois meses nas Linhas do Minho, Douro e Sul a partir de 17 de Março, devido à escassez de combustível; 1960, década - a estação constituía ponto obrigatório para carreiras diárias de camionetas de passageiros para Vila Real, Alijó, Tabuaço e Rede; constituia também o eixo de ligação às diferentes localidades do Douro: Provesende, Goivães, Chanceleiros, Casal de Loivos, Vilarinho de São Romão, Favaios, Celeirós, Sabrosa e Alijó, na margem direita, e Casais, Ervedosa, Roriz e Soutelo na margem esquerda; 1970 - obteve o 2º lugar no Concurso da Região Norte das Estações Bem Cuidadas.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes autónomas..

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; silhares de azulejos; molduras dos vãos, pilastras, frisos, cornijas e platibanda em cantaria de granito; portas, caixilharias e outras estruturas de madeira; pala metálica; algerozes metálicos; janelas e portas com vidros simples; cobertura exterior em telha cerâmica.

Bibliografia

AAVV, O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996, s.l., 1996; CALADO, Rafael Salinas, ALMEIDA, Pedro Vieira de, Aspectos azulejares na arquitectura ferroviária portuguesa, Lisboa, 2001; FERREIRA, Tiago A. M., O Caminho de Ferro na Região do Douro e o Turismo, s.l., 1999; FONSECA, A. Corregedor, No 1º Centenário das Linhas do Caminho de Ferro a N. do Rio Douro, s.l., 1975; LEITÃO, Fernando Rodrigues, Monografia do Concelho de Alijó, Lisboa, 1963; LOBO, Maria Lucília Saraiva, A Alma do Douro. Pinhão, s.l., 2ª ed., Gráfica Maiadouro, 2004; MÓNICA, Maria Filomena, PINHEIRO, Magda de Avelar, ALEGRIA, Maria Fernanda, BARRETO, José, Para a História do Caminho de Ferro em Portugal, s.l., 1999; NUNES, Júlio Cesar D'Abreu, Guia do Viajante nos Caminhos de Ferro ao Norte do Douro, Porto, 1879; PEREIRA, Albano da Silva (Dir.), O Douro de Domingos Alvão, s.l., 1995; Relatório e Programa dos Trabalhos a Executar nas linhas do Minho & Douro e Sul & Sueste para as colocar em boas condições de exploração, Lisboa, 1930; VIEIRA, Boaventura José, A Questão do Caminho de Ferro do Douro, Porto, 1880.

Documentação Gráfica

C.P.: Direcção Geral de Gestão de Infraestruturas, Arquivo Técnico

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

C.P.: Direcção Geral de Gestão de Infraestruturas, Arquivo Técnico

Intervenção Realizada

2011 - remoção dos azulejos para restauro dos mesmos.

Observações

A linha do Douro, com a extensão de 191,7 km., possuindo 33 estações e 21 apeadeiros, foi construída com bitola (distância entre as faces internas dos carris) de via larga, ou seja, 1.668 m., e a sua cota ou altura de implantação ao longo do rio foi condicionada pelo nível das cheias. Aliás, a escolha do traçado ferroviário junto ao rio, mais fácil e menos dispendioso, impediu a passagem do caminho de ferro pelas principais cidades e vilas da região, as quais, normalmente, se implantam em pontos altos. No início do séc. 20, o trajecto na linha durava 4H15.

Autor e Data

Paula Noé 2005

Actualização

 
 
 
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