Palácio dos Morgados da Mesquita / Palácio dos Mesquitas / Quartel das Mesquitas

IPA.00010981
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão)
 
Arquitectura residencial, chã. Antigo palácio urbano de fundação quinhentista profundamente remodelado na centúria de seiscentos a qual lhe conferiu a feição actual das fachadas. Apresenta planta em L, em lote extenso e de frente larga, desenvolvida em torno de dois pátios. Fachadas, definidas por cunhais apilastrados, a principal rasgada ao nível do piso nobre por janelas de sacada, ritmando o prospecto. O edifício é atravessado por túnel, provável vestígio da construção quinhentista, que desemboca na fachada principal. Corpo direito da fachada principal com escadaria, que arranca do pátio da Porta do Carro, decorada por lambril de azulejos que conduz ao andar superior onde subsiste o antigo salão nobre com decoração em estuque na cobertura e pinturas a óleo sobre tela nos alçados. Túnel assimétrico, de abóbadas de cruzaria de ogivas com contrafortes e que passa por baixo do edifício; os tectos abobadados com estuques trabalhados existentes em dependências térreas e as pinturas a óleo sobre tela da Sala de Cupido atribuíveis a Cirilo Volkmar Machado.
Número IPA Antigo: PT040705050156
 
Registo visualizado 636 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em L

Descrição

Planta longitudinal, em L., desenvolvida em torno de dois pátios internos; volumes articulados, massas dispostas na horizontal com cobertura diferenciada em telhado de quatro águas e em terraço no corpo a O. da fachada principal. Fachadas rebocadas e pintadas a branco, delimitadas por pilastras pintadas a cinzento, remate em beirado assente em cimalha. Fachada principal a E., de pano único com embasamento em cantaria de granito, e dois registos definidos pela abertura dos vãos: catorze em baixo, correspondentes a dez janelas de tipologias diferentes, uma pequena rectangular com bandeira (A), uma grande rectangular com guarda-corpo e bandeira (B), duas de peito rectangulares (C), duas oblongas (D), uma circular pequena (E), todas de moldura em alvenaria pintada a cinzento, uma pequena gradeada colocada na horizontal (F) e duas de peito com oito barras de ferro (G), todas com moldura granítica, e quatro portais de moldura granítica (H), dispostos da seguinte forma: A- B - C - C - D - D - E - H - H - F - H - I- H- I; o segundo registo é rasgado por dezoito janelas de sacada, de ombreiras e cornijas direitas em granito, com balcões em ferro forjado. À direita da fachada túnel em cotovelo, que atravessa o edifício na diagonal; apresenta cobertura em abóbada de aresta, de perfis em arco abatido e de volta perfeita, com nervuras e arcos torais de perfil plano, disposta em quatro tramos, assimétricos. Fachada N. de pano único, bastante comprido, que limita a N. os dois pátios; de dois registos, rasgados, o inferior, por cinco pequenas janelas rectangulares, dispostas na horizontal, gradeadas; o superior por quatro janelas de peito com bandeira e gradeamento e uma escadaria com sete degraus em granito e guarda-corpo em alvenaria com corrimão de granito, que serve uma porta com oito almofadas encimada por bandeira. Fachada S. de dois corpos, o N. de pano único rasgado, a dois níveis, por dezasseis aberturas axiais; no primeiro sete janelas de peito com bandeira e gradeamento e uma porta acessível por lanço de escadaria em cimento resguardada por guarda-corpo e corrimão em ferro; no segundo oito janelas de peito com estores; corpo S. de três panos, o primeiro, estreito e irregular e consiste num corpo avançado em relação ao segundo pano que alberga um lanço de escadaria, com degraus graníticos e guarda-corpo e corrimão em alvenaria, que parte de um quintal para terminar em alpendre constituído por coluna granítica assente sobre o corrimão rematado por cornija do mesmo material onde assenta o telhado; o segundo pano é rasgado a três níveis por treze aberturas: no primeiro uma porta e uma janela, de molduras simples, e outra janela, integrada no interior de um de dois arcos existentes sensivelmente a meio da fachada, recuada em relação a esta; no segundo, situado ao nível do alpendre onde termina a escadaria, cinco aberturas, quatro janelas de sacada (S) com bandeira encimadas por cornija direita em xisto, de moldura em alvenaria pintada a cinzento e balcão em ferro forjado e uma janela de peito (J) em alvenaria pintada a cinzento, dispostas da seguinte forma: S - S - S - J - S; no terceiro nível cinco janelas de sacada idênticas às do segundo nível sendo as únicas diferenças a dimensão da localizada mais à esquerda e a existência de quatro barras de ferro na vertical em cada uma das restantes; na cobertura água furtada com acesso a um balcão com guarda-corpo em ferro. O terceiro pano é outro ressalto no extremo oposto da fachada, que apresenta um lanço de escadaria, com degraus em cimento e guarda-corpo e corrimão em alvenaria, igualmente adossado à fachada e que arranca de outro espaço livre terminando num corpo mais baixo que o segundo pano composto por pequeno alpendre, assente em colunas de alvenaria cilíndricas, coberto por telhado. Este alpendre dá também acesso a estreita passagem para uma guarita localizada na cobertura do primeiro pano da fachada lateral esquerda. Fachada N. de pano único, bastante comprido, que limita a N. os dois pátios; de dois registos, rasgados, o inferior, por cinco pequenas janelas rectangulares, dispostas na horizontal, gradeadas; o superior por quatro janelas de peito com bandeira e gradeamento e uma escadaria com sete degraus em granito e guarda-corpo em alvenaria com corrimão de granito, que serve uma porta com oito almofadas encimada por bandeira. PÁTIOS: um de planta quadrada com elementos dispostos em dois níveis: no primeiro duas galerias, de dois tramos abobadados cada, a O., com duas portas de moldura granítica no segundo tramo, e a N., com duas portas de moldura granítica simples; a E. a S. duas janelas de moldura granítica simples; no segundo nível todas as fachadas apresentam duas janelas de peito com estores; pavimento de lajeado em granito, embasamento em granito e silhar de azulejos polícromos sobre o embasamento. O segundo pátio comunica com o anterior através de passagem abobadada a E.; apresenta pavimento calcetado, sendo todas as fachadas assimétricas: a N. dez aberturas distribuídas por dois níveis, três janelas de peito (J) e três portas (P) no primeiro, com a composição: P - J - P - P - J - J; e quatro janelas de peito simples com estores no segundo; a O. dez aberturas dispostas em dois níveis: no primeiro quatro com a sequência: J - J - P - J; no segundo seis idênticas às do segundo nível da fachada N.. A fachada E. é aberta no primeiro nível compondo-se de duas janelas de peito iguais às do segundo nível da fachada N.. A fachada S. remata o pátio na diagonal e apresenta apenas um piso rasgado por uma porta ladeada por duas janelas de peito simples; a parte posterior desta fachada dá para o túnel que marca o limite N. da fachada posterior, compondo-se de três níveis de aberturas; no primeiro pequena janela quadrada e gradeada; no segundo seis janelas, à esquerda duas de peito com emolduramento granítico e à direita quatro pequenas aberturas em capialço gradeadas; a fachada remata em passadiço que arranca do terraço que a cobre em direcção a uma guarita militar situada já no lado S. da rua. INTERIOR: acesso pelo portal à direita do túnel que abre para vestíbulo, com cobertura em arco abatido descarregando em robustos pilares revestidos a granito, e pavimento em lajeado de granito; o vestíbulo dá acesso aos pátios, localizados sequencialmente em frente, e ao piso superior através de escadaria com degraus em granito, lambris de azulejos azuis e brancos e cobertura abobadada que acede ao piso nobre, situada à esquerda. À direita do vestíbulo duas portas com molduras graníticas que acedem a duas pequenas salas abobadadas. As salas do piso térreo são maioritariamente abobadadas, destacando-se uma com abóbada de asa de berço decorada por tabelas com rompentes e mísulas enfeitadas, com forma prismática; as cartelas, circulares e ovóides, têm grinaldas e lambrequins, apresentando-se dois dos painéis adornados por escudos partidos contendo seis besantes. No piso superior conservam-se algumas salas decoradas com trabalhos em estuque, pouco elaborados, com motivos foliáceos, e a Sala de Cupido, de planta rectangular, com tecto completamente preenchido por estuques de motivos florais e foliáceos; nas paredes existem várias pinturas a óleo sobre tela disposta em tríptico e quatro pinturas isoladas, decoradas lateralmente por faixas pintadas com temas pastoris e marinhos.

Acessos

Praça Joaquim António de Aguiar; Rua de São Domingos; Rua de São Cristovão

Protecção

Incluído no Centro Histórico da cidade de Évora (v. PT040705050070)

Enquadramento

Urbano, intramuros, em zona plana, próximo do limite SO. da Pr. Joaquim António de Aguiar, para a qual tem a sua frente principal. Adossado na fachada posterior por casario, que alterna entre os dois e três pisos, e interrompido a meio por rua sobre a qual forma túnel. Nas proximidades o Teatro Garcia de Resende (v. PT040705210071), as Ruínas do Mosteiro de São Domingos (v. PT040705050082), o Recolhimento de Santa Marta (v. PT040705050183) e o Convento de Santa Clara (v. PT040705050035).

Descrição Complementar

ESTUQUES: elementos decorativos na sala do piso térreo com abóbada de asa de berço; no piso superior algumas salas decoradas com trabalhos em estuque, pouco elaborados, com motivos foliáceos e com motivos foliáceos e florais no tecto da Sala de Cupido; INSCRIÇÕES: placa em mármore com a inscrição PATRIMÓNIO DO ESTADO na fachada principal

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Militar: quartel

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Ministério da Defesa Nacional

Época Construção

Séc. 16 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 16 - Fundado pelo 1º Conde do Prado D. Pedro de Sousa e de D. Joana de Melo, no reinado de D. João III; Séc. 16, finais - pertencia a D. Garcia de Castro, conselheiro de D. Sebastião e Governador da praça africana de Mazagão; 1638 - aqui habitava um descendente de D. Garcia de Castro, morto em duelo; Séc. 17, meados - reforma geral do imóvel; 1774 - provável execução por Cirilo Wokmar Machado das pinturas da Sala de Cupido; 1776 - pertencia ao capitão de cavalos João da Mesquita, 1º fidalgo deste apelido documentalmente proprietário do imóvel; 1867 - falecimento de D. João da Mesquita, que havia alienado o palácio; era cavaleiro da Casa Real, tenente coronel das milícias de Évora, último morgado de Almeida, Vila Nova do Zambujal e senhor de São Manços; foi o último dos Mesquitas a ser proprietário do imóvel; 1870, década de - o edifício pertence a Luís Valente Pereira Rosa, cujos herdeiros o venderam ao Estado para instalação do Comando da Brigada de Évora; 1893 - Câmara Municipal de Évora solicita ao Ministério da Guerra a instalação no Palácio de vários serviços do exército que se encontravam disseminados pela cidade, e cujos encargos mensais estavam a cargo da edilidade; o edifício passaria a albergar o quartel-general, o tribunal militar e a residência do comandante da respectiva região militar; 1911 - Sede da 4ª Divisão Militar; 1926 -Transformada após reforma em 4ª Região Militar;1941 - aquisição de uma parcela de terreno adjacente para ampliação do quartel-general; 1946 - a DGEMN / DREMS, elabora projecto de ampliação do quartel-general, a desenvolver nos terrenos entretanto adquiridos; 1951 - aquisição de um terreno, com uma área 3.130m2, para alargamento do quartel-general; 2000, março - Inventariado no Plano de Urbanização de Évora com o nº 144; 2002, 25 de Outubro - despacho de abertura do processo de classificação pelo Vice-Presidente do IPPAR; 2007, 12 dezembro - Parecer do Conselho Consultivo do IGESPAR a propor a revogação do despacho de abertura de classificação, por o imóvel estar classificado como MN - Monumento Nacional, estando inserido em conjunto inscrito na Lista do Património Mundial; 2008, 04 abril - Despacho de encerramento da classificação pelo Presidente do IGESPAR.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Estrutura de alvenaria rebocada e pintada de branco; cornija e pilastras em cantaria de pedra granítica; molduras de vãos e embasamento em cantaria de pedra granítica; coberturas em telhas cerâmicas; pavimentos em madeira, mosaico e granito; coberturas interiores com trabalho em estuque; elementos decorativos em estuque e pinturas a óleo sobre tela; portas, janelas e caixilhos em madeira; ferro no gradeamento das varandas.

Bibliografia

ROSA, João, Pintores dos Séculos XVIII e XIX no Alentejo – Dois Curiosos Painéis Decorativos na Residência Senhorial dos Morgados da Mesquita em Évora, Revista A Cidade de Évora, nº 11, Évora, ano IV, Dezembro de 1946; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal: Concelho de Évora, vol.1, Lisboa, Academia Nacional de Belas-Artes, 1966.

Documentação Gráfica

CME: DPOP - Processo de Obras nº12507

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CME: Núcleo de Documentação; CME: DPOP - Processo de Obras nº 12507

Intervenção Realizada

Ministério da Defesa Nacional, Exército Português - Comando de Instrução e Doutrina: 1992 - substituição dos portões metálicos do Palácio por uns de madeira, nos 4 vãos, com almofadas tradicionais; Ministério da Defesa Nacional, Exército Português - Comando de Instrução e Doutrina: 2001 - reparação dos rebocos e pintura das paredes nos alçados voltados para a R. de São Cristóvão

Observações

Registado como Prédio Militar n.º 7.

Autor e Data

João Santos (CME) 2007 (no âmbito da parceria IHRU/CMÉvora)

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login