Alto Douro Vinhateiro - Região Demarcada do Douro

IPA.00010942
Portugal, Vila Real, Alijó, União das freguesias de Vale de Mendiz, Casal de Loivos e Vilarinho de Cotas
 
Subunidade de paisagem predominantemente humanizada descontínua. O Alto Douro Vinhateiro constitui a paisagem mais representativa e melhor conservada da Região Demarcada do Douro, a região vitícola demarcada mais antiga e regulamentada do mundo. A originalidade do estabelecimento dessa zona demarcada residia no facto de incluir a elaboração de um cadastro e de uma classificação das parcelas e respectivos vinhos, e a criação de mecanismos institucionais de controle e certificação do produto, apoiados em base legal. Entre as regiões de viticultura de montanha, o Alto Douro é a que possui maior escala, maior significado histórico, maior continuidade e maior variedade biológica das castas aí aperfeiçoadas. Dentro das regiões vitícolas históricas de montanha e de encosta europeias, o Alto Douro constitui a mancha mais significativa deste tipo de implantação. O Alto Douro é um excepcional exemplo de uma paisagem humanizada, testemunho da ousadia e engenhosidade do homem, que num esforço sobre-humano, só justificável pela obtenção de um produto de elevada qualidade e elevado retorno económico como o Vinho do Porto, criou e desenvolveu técnicas de valorização do meio adverso, ao longo dos séculos, que permitiram o cultivo da vinha. É pois uma paisagem evolutiva, que concilia diferentes modos de organização e armação da vinha e de diferentes épocas. A construção de socalcos para a sua cultura, o elemento mais monumental da paisagem, de geometria variável, consoante a inclinação da encosta, às técnicas e época de terraceamento, com novas formas de armação de vinha, esculpiram uma paisagem de arquitectura complexa, de mosaicos caprichosamente dispostos e carácter cénico, acentuado pelos altos muros verticais ou perpendiculares aos socalcos que delimitam as quintas, bordejados por oliveiras e amendoeiras. Com esta paisagem vitícola esmagadora e inebriante, contrasta a modéstia e singeleza da património construído nos povoados, de ocupação concentrada, bem como a arquitectura sóbria das casas solarengas e quintas, cuja organização do núcleo construído ficou dependente dos aspectos funcionais da cultura da vinha. Paisagem cultural evolutiva viva resultante da interação do homem e da natureza, centrada na vitivinicultura, de alta qualidade, desenvolvida multissecularmente em condições ambientais difíceis, de que resultou um vinho mundialmente conhecido como "Porto" e "Douro". Constitui uma paisagem construída ao longo dos séculos segundo soluções ambientalmente optimizadas do ponto de vista de aproveitamento dos escassos recursos da água e solo, e do elevado declive do terreno, com culturas mediterrânicas adaptadas a essas condições formando mosaicos: a vinha, plantada predominantemente em socalcos construídos sobre extensos muros de xisto, que ajudavam a evitar a erosão, criando anfiteatros ao longo das encostas; a oliveira e a amendoeira, plantadas sobretudo como elementos separadores; as hortas e pomares nas terras mais fertéis, junto às linhas de água; e os matos nas zonas mais altas. A paisagem é pontuada de branco pelos povoados, de ocupação concentrada, casas em banda junto ao caminho, adaptadas ao desnível do terreno, e muito sóbrias. Nas quintas, as casas do proprietário, erguidas no local mais destacado da paisagem, são de grande sobriedade, traça elementar, com decoração das fachadas conseguida essencialmente pelo contraste dos diferentes materiais e do ritmo dos vãos. Possuem capela adossada ou isolada, de carácter semi-público, pequeno jardim fronteiro, normalmente de buxos, e os vários edifícios ligados à cultura da vinha, interligados de modo funcional e aproveitando o declive do terreno.
Número IPA Antigo: PT011701040093
 
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Registo

 
Paisagem  Sub Unidade de Paisagem        

Descrição

Tem como espinha dorsal o rio Douro, de vales encaixados, com planaltos de altitude superior a 400 m. e os afluentes Varosa, Corgo, Távora, Torto e Pinhão, de vales ainda mais apertados, resultando numa paisagem de montanha de grande sinuosidade e, dependendo dos diferentes graus de dureza dos xistos e granitos do leito dos rios, de encostas íngremes e grandes declives. Apesar da adversidade da natureza geomorfológica e climática da região, caracterizada por precipitação reduzida, baixas temperaturas no Inverno e altas no Verão, traduzido no provérbio popular de "nove meses de Inverno e três de inferno", e a escassez de água, o homem soube vencê-las magistralmente, modelando as encostas íngremes para receber culturas mediterrânicas criteriosamente escolhidas e adaptadas ao longo de gerações. Assim, a paisagem do Alto Douro é dominada pelas culturas permanentes da vinha, olival, e amendoal, paralelas a extensas manchas de matos mediterrânicos, cuja distribuição evidencia a transição do atlântico para o mediterrânico. Consoante a estação do ano, temos uma paisagem natural predominantemente verde no Verão, vermelha no Outono, castanha no Inverno e novamente verdejante e branca (devido às amendoeiras em flor) na Primavera, sempre influenciada pela luz, mais ou menos intensa, pelas nebelinas e brumas sobre o rio e subindo as encostas, e com os caracterísiticos cheiros da terra, das árvores frutíferas e arbustos, da uva madura e das fogueiras que pontuam as serras. A cultura da vinha concilia diferentes técnicas de armação do terreno, desenvolvidas ao longo dos tempos, em função da disponibilidade da mão-de-obra, do agravamento de custos e progressiva possibilidade de recurso às máquinas de surriba, criando uma paisagem de arquitectura complexa, de mosaicos caprichosamente dispostos e acentuado efeito cénico. A vinha surge com porte baixo, plantada em fileiras ( bardos ), conduzidas numa armação vertical, constituída por duas, raramente três, fiadas de arame presos a esteios ( poios ) de xisto, não excedendo os sete palmos de altura e distanciados entre si cerca de 5,5 a 7,5 m.. As extremidades dos bardos são fixas por arriostas, ou seja, um pedaço de pedra de xisto enterrado no solo, à qual é amarrado um arame mais grosso, que se fixa no esteio da extrema, de modo a manter o conjunto firme e os arames bem esticados. Ou então, pela "estronca", consistindo em interpor pelo lado de dentro do bardo um esteio inclinado, com uma extremidade enterrada e a outra encostada ao esteio da cabeceira, impedindo que ele se desloque pela tensão das videiras nos arames. A principal mancha de vinha surge estruturada em socalcos, construídos nos declives íngremes da montanha xistosa, o que tornou necessário, para a sua plantação, fabricar solo, ou seja, partir literalmente o xisto em pedacinhos progressivamente mais pequenos (antrossolos). Os socalcos ou geios, suportados tradicionalmente por extensos muros de xisto, designados por calços, que simultaneamente evitavam a erosão, possuem geometria variável, consoante a inclinação da encosta e a técnica de terraceamento correspondente à sua época de construção. Os mais antigos, designam-se por socalcos pré-filoxéricos, visto serem anteriores à praga que destruiu o vinhedo do Douro no último terço do séc. 19; são geralmente horizontais, geios estreitos e irregulares, comportando uma ou duas linhas de bardos, acompanhando caprichosamente as curvas de nível e os afloramentos rochosos, em linhas sinuosas formando concavidades e convexidades harmoniosas. A altura dos calços possuía entre um e dois metros. Refira-se a título de exemplo os existentes na Quinta dos Serôdios (v. PT011819170069), Quinta do Noval (v. PT011701150031) e Quinta do Bom Retiro (v. PT011819170066). Associados a alguns destes socalcos, subsistem vestígios de técnicas tradicionais ainda mais antigas, como a dos pilheiros ou boeiros, em que as videiras eram plantadas em cavidades abertas na parede do calço, libertando assim os geios para outras culturas, nomeadamente arvenses ou cereais (ex. da Quinta do Bom Retiro). Os socalcos abandonados com a filoxera, designam-se por mortórios e subsistem algumas manchas significativas; conservam os muros de suporte e encontram-se ocupados por vegetação espontânea ou recolonizados por oliveiras (ex. Quinta da Boavista - v. PT011710020017) ou, mais raramente, por vinha. A reconversão e os novos arroteamenteos construídos após a crise provocada pela filoxera traduziu-se numa paisagem de grandes extensões de socalcos contínuos, ainda segundo as curvas de nível, mas de desenho regular, em linhas quebradas, suportados por muros mais altos; os terraços são mais largos e levemente inclinados, favorecendo a exposição da vinha ao sol, que pode surgir em quatro, cinco ou mais bardos por geio e num compasso mais largo, que favorece a utilização de meios técnicos como a tracção animal. Designam-se por socalcos pós-filoxéricos e é um bom exemplo a Quinta da Corte (v. PT011819170065). Os muros de suporte dos socalcos são um dos elementos mais marcantes e personificadores da paisagem duriense, não só pela sua extensão, como pela mestria com que foram construídos, em pedra seca. A comunicação entre os vários socalcos faz-se por rampas, calcetadas com grandes lajes de xisto, ou escadas; estas podem ser embutidas na espessura do muro, serem salientes e maciças, ou ainda serem formadas pela colocação de lajes salientes e transversais à parede, que formam os degraus, chamando-se a este tipo mais antigo de escada em salta cão. Estas zonas de circulação entre os socalcos são muitas vezes caiadas para ajudar os vindimadores a encontrar o caminho para despejar os cestos de uvas, constituindo pontos de referência importante na paisagem ( ex. da Quinta do Noval ou Quinta da Corte ). Paralelamente aos métodos mais antigos de armação do terreno, surgem formas mais recentes que alteraram profundamente a paisagem: trata-se da vinha em patamares e a vinha ao alto. Os patamares, construídos sobre mortórios e terraços pré-filoxéricos e, por vezes, sobre terrenos onde ainda não havia vinha, constituem taludes inclinados suportando uma plataforma horizontal comportando, geralmente, dois bardos de vinha, separados entre si cerca de 2 m., permitindo a mecanização. O sistema de vinha ao alto tem vindo a ser largamente experimentado no Douro, em alternativa ao dos patamares, embora ele não seja possível em declives de encosta superior a 40%. Segundo esta técnica, a vinha é plantada ao longo da encosta em fiadas perpendiculares às curvas de nível, separadas por estradas de trabalho, de 3 m. de largura, permitindo a mecanização. Ambas as técnicas são bem representadas na Quinta do Bom Retiro e na do Seixo (v. PT011819170068). Actualmente, uma terceira forma de instalação da vinha tem sido posta em prática, a dos patamares mais estreitos, procurando conciliar vantagens e inconvenientes de cada uma das anteriores, ou seja, os patamares têm a largura de 1,9 até 2,5 m., comportando uma só fila de vinha, plantada na zona do aterro, e de taludes mais baixos. As oliveiras, as amendoeiras e outras árvores de fruto, como as cerejeiras e os pessegueiros, surgem significativamente na compartimentação da paisagem. Os olivais aparecem na bordadura das vinhas, delimitando as quintas, nos mortórios recolonizados, ou então, mais regulares e contínuos, localizados nos extremas da área da vinha. Nas cotas baixas das margens do Douro, ou junto às linhas de água de encosta, existem laranjais, por vezes protegidos por muros baixos, ou totalmente murados, e hortas; os pomares são mais frequentes na margem direita do Douro, devido à exposição a S.. Na cota superior das montanhas e nas quebradas, onde o cultivo da vinha não é rentável, desenvolve-se o "monte baixo" e retalhos de floresta. As espécies arbustivas mais frequentes são a estepe, a urze, a giesta, o trovisco, o rosmaninho, a carqueja, o medronheiro e o zimbro; na floresta ou mata dominam as espécies mediterrânicas, típicas da região, como o pinheiro, o carvalho ( o negral e o roble ), a azinheira, o castanheiro e o sobreiro. O povoamento da região do Alto Douro, tal como a paisagem, apresenta algumas diferenças, consoante as sub-regiões, mas é de assinalar que os principais núcleos urbanos dos vários concelhos não são abrangidos pela classificação de Património Mundial. No Baixo Corgo, de características geo-climáticas mais favoráveis, com terrenos a apresentarem menor declive, predomina a cultura da vinha, que aqui se cultiva intensamente, sobretudo em socalcos pós-filoxéricos, conduzindo a uma paisagem muito compartimentada, de complexo desenho, delimitado por bordaduras de oliveira, amendoeira ou outras árvores de fruta, como as cerejeiras e os pessegueiros. É também a região com menos mortórios, já que a natureza do terreno e a densidade populacional, facilitaram a sua recolonização. De facto, esta é a zona mais densamente povoada, e, apesar de contar com menos aglomerados, possui um maior número de pequenos lugares, de ocupação concentrada, sobretudo nos concelhos de Santa Marta de Penaguião, Régua e Mesão Frio, com um povoamento mais disperso. Os povoados, de origem medieval, implantam-se a meia encosta, e possuem malha urbana densa, de ruas estreitas e tortuosas, com casas de características afins, estrutura simples, construídas em banda à face do caminho, e com Igreja Paroquial destacada, normalmente do séc. 18. As localidades mais importantes são Alvações do Corgo, Nogueira, Povoação (Ermida) e Caldas de Moledo. Os povoados são cercados por grande número de quintas, caracterizadas pelo proximidade de implantação e pequena dimensão. Possuem casas de tipo solarengo, sobradadas, normalmente de maiores dimensões e traça mais erudita, frontispício virado à rua, possuindo, no primeiro piso, as lojas e adegas e, no segundo, residencial, janelas de sacada em cantaria lavrada; têm adossado num dos extremos, capela, com acesso directo exterior, ou esta surge isolada, como na Quinta do Paço do Monsul (v. PT011805050039), e pequeno jardim fronteiro, normalmente de buxos. Para lá das quintas, ficam os casais, hortas e pequenas vinhas dos proprietários do lugar, com as construções de apoio ao trabalho vitivinícola, como lagares e adegas, de estrutura vernacular, paramentos em xisto miúdo, com ombreiras e padieiras dos vãos em silhares de granito, em grandes placas de xisto ou com barrotes de madeira, e cobertura de telha sobre possante estrutura de madeira. Junto às linhas de água, erguem-se os moinhos de cereal. A unidade de paisagem do Cima Corgo caracteriza-se pelo clima mais seco e relevo mais acidentado, de povoamento antigo e aproveitamento vinícola iniciado essencialmente depois dos grandes arroteamentos do séc. 18. Predomina igualmente a cultura da vinha, armada sobretudo em socalcos pós-filoxéricos, mas também com grande implantação de vinha ao alto. A propriedade é contígua e de grande dimensão. Inclui o maior número de povoados da zona classificada: Pinhão, o maior, Celeirós, Vale de Mendiz, Casal de Loivos, Casais do Douro, Valença do Douro e Desejosa. Implantam-se, normalmente, a meia encosta ou nas linhas de cumeada, sendo menos numerosos, de núcleo muito cerrado e com grande espaçamento entre si. A casa-tipo é sobradada, geralmente com mais de dois pisos, aproveitando o desnível do terreno, tendo os pisos inferiores em granito ou xisto e o último, por vezes, em tabique rebocado e caiado, ou revestido a escamas de lousa; os cunhais, frisos e guarnições de madeira são pintados de cores vivas, possuem varanda de madeira no frontispício e cobertura de quatro águas ou de duas e uma nas mais modestas, com telhados muitas vezes totalmente caiados ou formando faixas. É também nos povoados que se erguem os solares e casas brasonadas, isoladas da propriedade agrícola, normalmente de época setecentista e gosto erudito. Entre povoados, o território é ocupado pelas quintas de produção vitivinícola, de grande área e imponentes socalcos. Possuem núcleo construído em posição dominante, aproveitando a rede de caminhos públicos que ligam as povoações ao rio, formado por vários edifícios organizados segundo aspectos funcionais da cultura da vinha. O principal edifício e normalmente o de maiores dimensões, é a casa de habitação do proprietário, cuja construção se processou à medida das necessidades e do poder financeiro dos donos. Inicialmente, possuía planta rectangular e dois pisos, com o primeiro destinado à adega e o segundo à habitação, adaptada ao desnível do terreno, de modo a possuir na fachada posterior, uma outra construção a cota mais elevada com os lagares. Com o crescimento do comércio do vinho, a oficina vinária separa-se da casa e torna-se mais complexa. Quando as quintas produziam azeite, existe neste núcleo construído o lagar de azeite. Para além destes edifícios, existiam ainda a casa do caseiro, cardenhos, frasqueira e outros. No Baixo e Cima Corgo, surge ainda um outro tipo de povoamento, de caracterísitcas mais urbanas e mais ligadas à actividade terciária, de onde se destacam grandes armazéns para guardar o vinho e bens necessários à vida e ao trabalho agrícola. O Douro Superior, de Verão prolongado, seco e muito quente, só viu desenvolvida a cultura intensiva da vinha na segunda metade do séc. 19, depois da destruição do Cachão da Valeira. Isto resultou numa propriedade de dimensões ainda maiores, implantadas em cota baixa, junto ao rio e ao caminho-de-ferro, com a vinha disposta predominantemente ao alto ou sem armação do terreno, técnica esta praticamente inexistente no Baixo Corgo e constituindo o Cima Corgo uma zona de transição; cartograficamente, a sua representação é quase um negativo da distribuição da vinha plantada em terraços pós-filoxéricos. É acompanhada pela oliveira e amendoeira, na compartimentação da paisagem, e o património vernacular vitícola espelha o avanço tardio pela introdução de inovações técnicas da época. Aqui não há, praticamente, povoados dignos de registo. Em todo o Alto Douro, o curso dos rios Douro e afluentes é normalmente acompanhado pelo caminho de ferro, o qual determinou a construção de estações nos principais povoados ou apiadeiros, por vezes integrados no perímetro das quintas, como na dos Malvedos (v. PT011701140032), bem como de pontes ferroviárias, de vigas de tipo treliça, também elas cortando parcialmente as quintas, caso da de Vargelas ( v. PT011815110017). A relação do homem com a terra e as dificuldades e tribulações da viagem no rio, deram origem a uma profunda religiosidade popular e atitudes devocionais. Dessas, destacam-se os nichos com imagens de Cristo, da Virgem ou de vários Santos patronos, pintados, esculpidos ou em pequenos retábulos, rasgados nas margens rochosas que ladeiam os pontos, ou as inúmeras ermidas, capelas e santuários, muitas vezes relacionados com os elementos naturais, como é o caso do Santuário de São Salvador do Mundo erguido na serra sobre o temido Cachão da Valeira.

Acessos

E.M. 222, E.M. 313, E.M. 322, E.M. 323, IP3; linha ferróvia regional do Norte

Protecção

Património Mundial - UNESCO, 2001

Enquadramento

Rural. Integrado na Província de Trás-os-Montes e Alto Douro, delimitado por elementos físicos identificáveis na paisagem, como linhas de água, linhas de cumeada, estradas e caminhos e via férrea. A paisagem subdivide-se em três sub-regiões, designadas por: Baixo Corgo, que na margem direita do rio Douro vai desde Barqueiros ao rio Corgo (concelho de Mesão Frio, Pêso da Régua, Santa Marta de Penaguião e Vila Real, do distrito de Vila Real), e na margem esquerda desde a freguesia de Barrô, até ao rio Temi-Lobos, próximo da vila de Armamar (concelhos de Armamar e Lamego do distrito de Viseu); Cima Corgo, que se apoia na anterior e vai até ao meridiano que passa no Cachão de Valeira (na margem direita correspondente ao concelho de Alijó, distrito de Vila Real, e na margem esquerda ao concelho de São João da Pesqueira e Tabuaço, do Distrito de Viseu, e Vila Nova de Foz Côa, do distrito da Guarda); e o Douro Superior, que se apoia na anterior e vai até à fronteira espanhola (correspondente aos concelhos de Carrazeda de Ansiães e Torre de Moncorvo do distrito de Bragança); cada uma destas unidades paisagísticas possuem características geo-climáticas diferentes, mas suficientemente unificadas para formar um todo.

Descrição Complementar

Quando a oficina vinária se separa da casa, era colocada em local de acentuado declive, permitindo descarregar as uvas directamente para os lagares pelo exterior, através de janelões abertos pouco acima do solo e, depois da pisa, o mosto escorria pelas lagaretas por gravidade, através das caleiras com bicas para os tonéis da adega; esta é construída num nível inferior ao edifício dos lagares, comunicando entre si por uma porta neste corpo para um varandim, de madeira ou ferro, colocado ao longo da parede da adega. O lagar de azeite era composto por duas áreas; na primeira, recebia-se a azeitona e era macerada por um sistema de galgas, movimentado por tracção animal; na segunda ficava a prensa e a fornalha; num compartimento ao lado, armazenava-se depois o azeite em latas, talhas e tolbas. O vinho do Porto tradicionalmente é elaborado a partir de muitas dezenas de castas, grande parte delas autóctones. Actualmente, o número de castas "recomendadas" para a Denominação de Origem Porto é de 31 castas: 16 tintas e 15 brancas. As tintas são: Bastardo, Donzelinho-Tinto, Marufo ( Mourisco ), Tinta-Francisca, Aragonez ( Tinta-Roriz ), Tinto-Cão, Touriga-Franca ( Touriga-Francesa), Touriga-Nacional, Cornifesto, Malvasia-Preta, Castelão (Periquita ), Rufete, Trincadeira ( Tinta-Amarela ), Tinta-Barrosa, Tinta da Barca e Sousão. As brancas são: Donzelinho-Branco, Sercial ( Esgana-Cão ), Folgazão, Gouveio ou Verdelho, Malvasia-Fina ( Boal ), Rabigato, Viosonho, Arinto ( Pedernã ), Semillon, Cercial, Síria ou Códega ( Roupeiro ), Vital, Moscatel-Galego-Branco e Samarrinho.

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Privada: Pessoa singular / Pessoa Colectiva / Igreja Católica / Pública: Municipal

Afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

Pré-história - intensa ocupação humana do Alto Douro, de que subsistem importantes núcleos artísticos, como as pinturas e gravuras rupestres, algumas paleolíticas como as do vale do Côa (v. PT010914170042), monumentos megalíticos, como o Buraco da Pala (v. PT010407240022), esculturas zoomórficas e antropomórficas e castros; séc. 1 - início da romanização, que redefine em todo o vale as linhas de ocupação do território e as actividades económicas; dá-se a reocupação dos castros, ocupação dos vales, onde se introduziram ou fomentaram a cultura da oliveira, dos cereais e sobretudo da vinha, cujas descobertas arqueológicas têm revelado muitas lagaretas cavadas na rocha, lagares, adegas e outros; séc. 5 a 11 - ocupação sucessiva do vale do Douro pelos suevos, pelos visigodos e muçulmanos; séc. 12 - reconquista cristã com continuidade do povoamento e miscigenação cultural no vale do Douro; Idade Média, finais - intensificação do povoamento no vale, da agricultura e trocas; crescimento de vilas e cidades, sobretudo as muralhadas; fixação e desenvolvimento de diversas comunidades religiosas, realçando-se o papel económico da Ordem de Cister, nomeadamente Salzedas, São João de Tarouca e São Pedro das Águias, que fundaram várias quintas nas encostas do Douro, nas melhores zonas de produção vitícola, algumas ainda existentes, aperfeiçoando as técnicas introduzidas pelos romanos; rio Douro transforma-se na principal via de transporte para escoamento dos produtos da região para o Porto, na foz do rio, que se assume como o grande centro distribuidor do vinho para os mercados internacionais; séc. 16 - já eram famosos os vinhos aromáticos da zona de Lamego; séc. 17 - continuação da expansão vitícola, com alterações na tecnologia de produção de vinhos e maior envolvimento nos mercados europeus; a conjuntura política favorece a exportação do produto para Inglaterra, que passa a ser o principal consumidor até meados do séc. 19; 1675 - a designação "vinho do Porto" surge, pela primeira vez, em documentação relativa à exportação de vinho para a Holanda; 1703 - Tratado de Methuen, entre Portugal e Inglaterra, concede direitos preferenciais aos vinhos portugueses; séc. 18 - os vinhos do Douro tornam-se dependentes do mercado inglês e um crescente número de mercadores daquele país fixam-se na cidade do Porto; 1727 - fundação de uma feitoria no Porto pela colónia inglesa; 1756, 10 Setembro - criação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, para regulamentar os conflitos entre os interesses comerciais ingleses e os dos produtores do Douro; ordenava ainda a demarcação da região produtora; estabelecimento efectivo no terreno da Região Demarcada, assinalando o seu perímetro com 201 marcos graníticos ( Marcos que demarcavam a zona de produção - v. PT011701070004; PT011704000004; PT011708000001; PT011710000004; PT011714000011; PT011801190003; PT0118905150011); 1761 - nova demarcação da região, colocando-se mais 134 marcos (Marco de demarcação - v. PT011819010008); séc. 18 - a Companhia decide regularizar o rio Douro, eliminando os pontos e cachoeiras e mandando destruir as estruturas artificiais que particulares construiram no leito, bem como regulamentar a sua utilização, criando legislação restritiva da tonelagem dos barcos e o regimento a que devia obedecer a actividade dos arrais e companhas; 1786 - contratação de José Maria Yola, italiano da Sardenha, para demolir o Cachão da Valeira; 1788 - 1792 - demolição do Cachão da Valeira (v. PT011815080007), permitindo a navagabilidade do Douro para montante e o desenvolvimento do vinhedo para o Douro Superior; 1852 - grande prejuízo na cultura da vinha na área do Baixo e Cima Corgo provocada pelo oídio; 1863, a partir - devastação dos vinhedos pela filoxera; 1867 - início da discussão sobre a construção do caminho de ferro na região; 1868 - 1869 - criação de legislação relativa à desamortização dos baldios; 1873 - início da construção do caminho de ferro até ao Pinhão; 1876 - grande esforço na recuperação dos vinhedos, com introdução dos porta-enxertos americanos, sobre os quais se enxertaram castas regionais; 1885 / 1886 - construção do caminho de ferro ao longo do rio Tua, até Mirandela; 1887 - prolongamento da via férrea até Barca de Alva; 1905 - 1906 - construção do caminho de ferro entre Mirandela e Bragança; 1906 - 1921, entre - prolongamento do caminho de ferro ao longo do rio Corgo; 1907 - nova demarcação da região de produção do Vinho do Porto, que passa a incluir o Douro Superior até à fronteira com Espanha; 1906 / 1907 / 1932 - a Comissão da Viticultura da Região do Douro, auxiliada pela Comissão Agrícola e Comercial dos Vinhos do Douro e pela Comissão Inspectora da Exportação do Vinho do Porto, assegurou as principais tarefas de controlo da produção e do comércio; 1911 - 1938 - prolongamento do caminho de ferro ao longo do rio Sabor; 1926 - criação em Vila Nova de Gaia do Entreposto "exclusivo" do Vinho do Porto, considerado como extensão da Região Demarcada do Douro, para efeitos de fiscalização; 1932 - criação da Casa do Douro, organismo disciplinador da produção; 1933 - criação do Grémio dos Exportadores do Vinho do Porto, para disciplinar o comércio, e o Instituto do Vinho do Porto, com funções de arbitragem entre as instituições sectoriais, fiscalização, garantia de qualidade e promoção da denominação de origem; 1932 - 1933 - o Estado introduziu um modelo corporativo de regulação, baseado nestes três organismos, de forte intervencionismo; 1935 - fixação de parâmetros para atribuição do direito de produção do Vinho do Porto, conhecido como "distribuição do benefício"; 1937 - Casa do Douro inicia os serviços cadastrais; 1947 - passam a ser considerados novos elementos para uma melhor zonagem da área geográfica demarcada; década de 60, a partir do final - desenvolvimento de novas formas de armação de terreno e surriba, devido à falta de mão-de-obra, aos salários mais altos e à possibilidade de se recorrer a potentes máquinas de surriba, plantando-se a vinha em patamares; década 60 / 70 - construção das barragens do Carrapatelo, Bagaúste, Valeira e Pocinho; 1974 - abolição do modelo corporativo, mantendo-se, no entanto, em funcionamento os organismos sectoriais; criação da Associação dos Exportadores de Vinho do Porto, hoje Associação das Empresas de Vinho do Porto ( AEVP ); década de 80, a partir - ensaia-se uma nova técnica de plantação da vinha, designada por "vinha ao alto"; 1983 - 1990 - Projecto de Desenvolvimento Rural integrado de Trás-os-Montes ( PDRITM ); 1985 - 1990, entre - Programa de Desenvolvimento do Douro ( ORODOURO ); 1986 - alteração na legislação relativa ao Entreposto, permitindo os produtores exportar directamente os seus vinhos a partir da região; 1988 - publicação da lei orgânica do Instituto do Vinho do Porto; 1989 - publicação do estatuto da Casa do Douro; 1995 - instituição da Comissão Interprofissional da Região Demarcada do Douro ( CIRDD ); 2000, 30 Junho - apresentação formal da candidatura do Alto Douro Vinhateiro a Património Mundial; 2001, 14 Dezembro - classificação como Património Mundial pela Unesco; 2003 - criação do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, para controlar e fiscalizar a produção de vinho no local; 2005, Outubro - o primeiro projecto para a construção de um resort de luxo em Mesão Frio foi chumbado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional; 2006 - Janeiro - a empresa Douro Azul apresentou o novo projecto do resort de luxo a CCDR; Agosto - durante uma reunião da UNESCO sobre Património Mundial foram impostas regras que passam pela necessidade de criar um plano de gestão, sem o qual a paisagem classificada poderá correr perigo de construções inadequadas, levando à perda da classificação; 22 Agosto - o presidente do Douro Azul põe em causa a construção do resort de luxo a construir em Mesão Frio, perante, segundo ele, a posição intransigente do IPPAR quanto ao licenciamenteo de construções no local *1; 31 Agosto - criação, em Conselho de Ministros, de uma Estrutura de Missão para o Douro, para gerir o território classificado em articulação com os municípios; Novembro - início de uma campanha de sensibilização junto das populações, levada a cabo pela Universidade de Vila Real, com o título "Douro limpo", que promoverá mais uma série de acções durante o ano de 2007; Outubro - a empresa Douro Azul apresenta o novo projecto para o resort de Mesão Frio.

Dados Técnicos

Paisagem: terraceamento da área agrícola através de muros de xistos e de taludes de terra. Estrutura dos edifícios: paredes autoportantes.

Materiais

Paisagem: inertes: xisto aparelhado e taludes de terra; pavimentos de xisto e granito; vivos: vinha, árvores de fruto, oliveiras, carvalhos, araucácias, ciprestes, japoneiras, arbustos, etc. Estrutura de edifícios: paredes de granito e xisto; rebocos interiores e exteriores de cal; placas de xisto tipo escamas; cobertura de telha sobre armação de madeira; caixilharias de madeira e alumínio; estores; gradeamentos em ferro, etc.

Bibliografia

VITERBO, Sousa, Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses, vol. 3, Lisboa, 1922; TABORDA, Vergílio, Alto Trás-os-Montes. 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Documentação Gráfica

IVP: Arquivo Cadastral

Documentação Fotográfica

DGEMN:DSID; IVP: Arquivo Cadastral; Imagens gentilmente cedidas pela Fundação Rei Afonso Henriques

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

A transformação da natureza do Alto Douro, com o desbravamento da vegetação pré-existente e o desmonte da encosta, exigiu um esforço gigantesco do homem. "À arroteia seguia-se o delineamento de caminhos e conduções de água, depois dos quais se dava início ao terraceamento da encosta, desmontada com dinamite ou à força de braços e de ferro. Vinha depois a surriba ou saibramento, operação que consiste no revolvimento do solo, separando-se as pedras que seriam empregues no levantar dos muros de suporte, o calço. As paredes faziam-se a partir de cotas baixas, e respeitando as curvas de nível, recorrendo àquela pedra solta não aparelhada, colocada em fiadas irregulares com as juntas desencontradas. Para garantir a solidez da obra, o calço devia ter a base sempre mais larga do que o topo, e uma inclinação para o interior proporcional à altura. O paramento termina-se pelo racheamento dos interstícios. Apenas raramente estas paredes são de pedra previamente aparelhada, mas sempre de xisto. Os únícos instrumentos utilizados para as erguer são o martelo de bico e o ponteiro, servindo o primeiro para aparar as pedras dando-lhe a feição desejada, e o segundo para as partir, de preferência pela clivagem, o que daria origem a uma face lisa." ( BIANCHI-DE-AGUIAR, 2000, p. 68 ). Desde a Idade Média e até aos meados do séc. 20, as populações das montanhas beirãs e transmontanas eram recrutadas para o trabalho das vinhas, especialmente na época das vindimas, as quais desciam as serras em clima festivo, animados pela necessidade dos tempos e o espírito de aventura. Constituiam as rogas, cuja tradição o escritor português Miguel Torga tão magnificamente descreve. Ao longo dos séculos, deslocavam-se também ao Douro os pobres da Galiza para os trabalhos mais duros de surribas e plantações, ou então para os arrais e marinheiros das povoações ribeirinhas, que desenvolveram as técnicas de transporte do vinho nos barcos rabelos até ao Porto. Actualmente, a escassez de mão-de-obra leva a que o aro de recrutamento seja feito em locais cada vez mais afastados, com uma crecente feminização do trabalho vitícola, o qual é feito crescentemente por empreitada, e ao recurso de trabalhadores provenientes da Europa de Leste e de ciganos. *1 - o resort prevê a construção de 158 quartos, campos de golf, piscinas, auditório, centro de congressos, restaurantes, SPA, ginásio e campos de ténis.

Autor e Data

Paula Noé 2002

Actualização

 
 
 
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