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Conjunto urbano Aglomerado urbano Povoado Povoado proto-histórico Povoado fortificado
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Descrição
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Povoado fortificado com boas condições defensivas asseguradas pelas vertentes escarpadas dos lados N., S. e O., com três linhas de muralhas quase concêntricas e vestígios de uma quarta muralha dos lados E., e NE. A vertente E., mais abrigada, revela uma disposição em tabuleiros artificiais que concentram a maior parte dos vestígios de habitações do sítio. As intervenções realizadas mostraram que a ocupação do sítio abarca uma ampla cronologia e integra estruturas arquitectónicas tanto de cariz defensivo como doméstico de diferentes tipologias. Da fase mais antiga, integrável no Bronze Final, destacam-se uma estrutura defensiva constituída por um talude de terra e pedras e um fosso escavado na arena granítica e diversos fundos de cabanas de planta circular. As estruturas mais monumentais, atribuíveis à fase final da ocupação do povoado, integram possantes muralhas pétreas, uma delas com um torreão e pavimentos lajeados ligando as habitações que são, maioritariamente de planta circular, com ou sem vestíbulo, de aparelho poligonal com as faces bem cuidadas. No interior de uma habitação de planta circular, escavada pelo Pe. João Martins de Freitas, existe uma lápide em granito com a inscrição "JOSEPH MICHAELIS DE OLIVEIRA", evocativa da colaboração, deste indivíduo, nos trabalhos levados a cabo nos anos 30 deste século. |
Acessos
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Lugar de Crasto |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 28/82, DR, 1ª Série, nº 47, de 26 fevereiro 1982 |
Enquadramento
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Rural, isolado, remate de esporão dominando o largo e fértil vale do Rio Homem, com um extenso topo aplanado, coberto por vegetação rasteira composta por herbáceas e gramíneas. No ponto mais elevado ergue-se uma pequena ermida que tem por orago S. Julião. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Pública: Municipal |
Afectação
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Época Construção
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Proto-história |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Não aplicável |
Cronologia
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Séc. 10 / 9 a.c. - início da ocupação do povoado; Séc. 7 / 6 a.c. - deslocação do núcleo do povoado da coroa do monte para a vertente E.; séc. 3 - abandono do sítio; 1758 - o Padre João do Amaral e Abreu, Abade da freguesia de São Vicente de Regalados, nas Memórias Paroquiais, chama a atenção para a antiguidade das ruínas visíveis no Monte de S. Julião, atribuindo-as aos mouros; 1868 - primeiras referências escritas ao sítio arqueológico; séc. 20, década de 30 - realização de extensas escavações arqueológicas, dirigidas pelo Padre João Martins de Freitas, pároco da freguesia de Caldelas; 1979 - um artigo inserto no Jornal de Notícias de 15 de Maio denuncia o abandono desta importante estação arqueológica; 1980 - renasce o interesse pelo sítio arqueológico que conduz ao pedido de classificação como Imóvel de Interesse Público; 1981 / 1985 - realização de novas escavações arqueológicas dirigidas por Manuela Martins, da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes |
Materiais
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Estruturas de granito: muralhas construídas com blocos assentes em seco, em aparelho irregular; paredes das construções em dois paramentos; pavimentos das casas em argila e saibro. |
Bibliografia
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História, Arte e Paisagens do Distrito de Braga - I - Concelho de Vila Verde, Junta Distrital de Braga, 1963, pp. 145 - 148; FREITAS, João de, Citânia de S. Julião de Caldelas, O Arqueólogo Português, V, 1971, pp. 133 - 138; MARTINS, Manuela, A citânia de S. Julião, Vila Verde. Primeiras sondagens, Cadernos de Arqueologia 1, 1984, pp. 11 - 27; MARTINS, Manuela, SILVA, Armando Coelho da, A estátua de guerreiro galaico de S. Julião (Vila Verde), Cadernos de Arqueologia 1, 1984, pp. 29 - 47; SILVA, Domingos M. da, As Terras de Vila Verde do Minho no Dicionário Geográfico do Reino de Portugal até 1758, Vila Verde, 1985, pp. 112 - 113; MARTINS, Manuela, A citânia de S. Julião, Vila Verde, Cadernos de Arqueologia 2, 1988; MARTINS, Manuela, O Povoamento Proto-Histórico e a Romanização da Bacia do curso médio do Cávado, Cadernos de Arqueologia 5, 1990. |
Documentação Gráfica
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UM, Unidade de Arqueologia |
Documentação Fotográfica
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DGEMN, DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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1981 / 1985 - escavações arqueológicas de responsabilidade de Manuela Martins. |
Observações
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*1 - Este castro pertence a duas freguesias: Ponte 37 e Coucieiro 11. *2 - O espólio desta estação, reunido nas escavações arqueológicas, integrável em diferentes períodos, desde a Idade do Bronze Final até à Época Romana, é constituído maioritariamente por fragmentos de cerâmica comum. Os materiais de importação são escassos e compreendem fragmentos de vidro, sigilata hispânica e ânfora. Os materiais líticos, especialmente os da fase mais antiga de ocupação, são abundantes integrando uma quantidade surpreendente de mós de vai-vém, pesos de tear ou de rede, machados polidos, alisadores, uma goiva, percurtores e lascas. Os artefactos de metal são mais raros e incaracterísticos, destacando-se, da fase mais antiga, dois pequenos punhais de bronze e um cadinho de fundição a atestar a existência de actividade metalúrgica no povoado e de um momento avançado, uma espada em ferro com empunhadura de bronze, alguns alfinetes de cabelo e fragmentos de fíbulas em bronze, além de muitos outros fragmentos quer de bronze quer de ferro, mas sem possibilidade de identificação da forma, devido ao avançado estado de degradação. As moedas são raras, resumindo-se a dois exemplares de bronze, uma de Augusto e outra de Tibério. De assinalar, finalmente, o aparecimento de uma estátua de guerreiro, de excelente qualidade plástica, com a seguinte inscrição gravada no escudo redondo côncavo: "MALCEINO DOVILONIS F". |
Autor e Data
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João Santos / António Dinis 1998 |
Actualização
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