Núcleo urbano da cidade de Angra do Heroísmo / Zona Central da Cidade de Angra do Heroismo

IPA.00010623
Portugal, Ilha Terceira (Açores), Angra do Heroísmo, Angra (Sé)
 
Núcleo urbano sede municipal (região autónoma). Cidade situada em costa marítima. Cidade moderna sob jurisdição régia (capitania-donatoria), com plano prévio e sistema defensivo com fortaleza e dois fortes. Traçado urbano regular / reticulado quinhentista estruturado segundo uma ordem hierárquica assente em modelo métrico proporcional que regula a totalidade da morfologia urbana, da relação rua - travessa à estrutura dos quarteirões e ocupação do lote. A base dos quarteirões é o lote de 30 palmos de largura, mas com diferenciação interna e construtiva entre a primeira e segunda fase da retícula, gerando soluções apoiadas no quadrado, no duplo quadrado e no rectângulo de base proporcional. Identificação de variantes métricas, a partir dos processos de parcelamento e de emparcelamento, originando correlativas variações na tipologia edificada, como seja a casa térrea de "janela- porta- janela" e a "casa larga" com planta "dobrada". Matriz urbanística integrada na tradição/continuidade da cidade portuguesa assente na aplicação de um conjunto de regras metodológicas flexíveis facilmente adaptáveis a contextos concretos e variados. Matriz urbanística legível como plano prévio com traçado regulado observável em casos historicamente próximos e tipologicamente comparáveis: Bairro Alto de São Roque em Lisboa e São Salvador da Baía no Brasil, para além das cidades insulares do espaço macaronésio. Angra foi a primeira cidade fundada no arquipélago, revelando-se desde cedo como o grande porto dos Açores. A importância estratégica da cidade para as rotas atlânticas ficou simbolicamente comprovada pela paragem da frota de Vasco da Gama em 1499 na primeira viagem de regresso da Índia e pela posterior fundação da Provedoria das Armadas, sediada em Angra e que tinha como função proteger as frotas da Carreira da Índia. A difícil conquista espanhola da cidade vem atestar a importância estratégica e comprovar a capacidade defensiva da baía, que se manteve impermeável a qualquer força ao longo da sua história, inclusivé à frota espanhola do Marquês de Santa Cruz, que só conseguiu desembarcar no Porto das Mós, a alguns quilómetros a E. da cidade. Uma vez conquistada, Angra foi saqueada impondo-se-lhe um governo militar. Como marca desta época ficou a Fortaleza de São Filipe, a maior fortaleza espanhola construída fora da Europa e por muitos vista como símbolo de opressão aos cidadãos e contra eles edificada. O crescimento urbano da cidade desenvolve-se em etapas correspondentes a tempos cronológicos que reflectem diferentes processos de ocupação do espaço. As diferentes fases evolutivas traduzem-se em modelos urbanos formais que definem a morfologia da cidade e que de algum modo resumem em si a maneira portuguesa de fazer cidade. A juntar à regrada ocupação do quarteirão e do lote, ao equilíbrio de proporções no desenho dos alçados, encontram-se ainda algumas constantes construtivas, que contribuem para a evidente homogeneidade do conjunto, ao mesmo tempo que racionalizam, facilitando por esta via a construção. Será o caso do duplo beirado, apoiado em cimalha, mais ou menos ornamentada e que substitui as caleiras frequentemente utilizadas no continente, permitindo ao mesmo tempo que a água seja lançada para longe do alçado ultrapassando a medida da sacada. Na zona mais antiga é ainda possível encontrar beirados em madeira, semelhantes aos utilizados na Índia e no Brasil, porque estes conseguem ser mais compridos que os feitos em cimalha de pedra e telha. A medida de um palmo e meio, que corresponde a um pé (33 cm), é igualmente uma constante encontrada nas sacadas de toda a cidade, provando a aplicação efectiva dos regulamentos da época. O facto da malha da cidade ainda hoje mostrar claramente a sua história urbana deve-se à perda da importância de Angra no contexto do espaço do arquipélago e consequentemente a uma certa estagnação económica, iniciada essencialmente a partir do século 19. Com um porto pequeno para o novo comércio, a velha baía perdeu o título de grande porto dos Açores para as docas de Ponta Delgada e da Horta, apetrechadas com modernos portos artificiais. Mais recentemente, a construção do porto comercial na Praia da Vitória libertou definitivamente a baía de Angra para fins turísticos e de lazer. Centro histórico reconstruído depois do sismo de 1980.
Número IPA Antigo: PT071901160035
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Cidade  Cidade moderna  Cidade fortificada  Régia (D. João III)

Descrição

O núcleo inicial de Angra estruturou-se, em meados do século 15, no morro sobranceiro à baía, no lugar do Outeiro, com a construção de uma pequena fortaleza, o Castelo de São Luís ou dos Moinhos, como mais tarde ficou conhecido, e com as obras de subjugação da ribeira, o que permitiu o funcionamento dos moinhos que lhe deram nome, assegurando uma fonte de subsistência ao povoado. A partir deste ponto, por ruas estreitas e tortuosas que seguem o trajecto da ribeira canalizada, descia-se até ao mar, contornando o forte desnível do terreno. Este traçado é ainda hoje bem visível nas ruas do Pisão, Garoupinha e de Santo Espírito. No último quartel do século 15, Angra começou a invadir a zona mais plana junto ao mar, já livre da força impetuosa da ribeira que, entretanto, tinha sido dividida em dois ramais, um para fazer trabalhar os moinhos e outro canalizado para trazer água até às bicas, junto ao cais onde se abasteciam as naus. Neste período, à estrutura proto-urbana do tipo linear e perpendicular à costa, definida pelo trajecto da Ribeira dos Moinhos, vêm acoplar-se importantes equipamentos, elementos urbanos definidores da cidade, transformando-se este percurso na ligação entre a "alta" e a "baixa". Os elementos funcionais mais marcantes desta época eram: o hospital de Santo Espírito, equipamento de assistência, junto ao cais, onde era mais necessário o apoio às tripulações; o convento de São Francisco, a meio percurso entre o castelo e o porto; a Câmara, símbolo do poder municipal, implantada no encontro da "baixa" com a encosta; a casa do Capitão, representante do poder senhorial, assente a meia encosta; e finalmente o castelo, que se situava, ainda à maneira medieva, no interior do núcleo e em ponto elevado. O início da ocupação efectiva da "baixa" do território iniciou-se com a ligação da Praça, novo centro cívico da cidade, à Porta do Mar, através da Rua Direita, que ganhou uma nova dimensão enquanto entidade urbana. Além de reforçar o crescimento linear e fazer a ligação entre dois importantes pólos da cidade, passou a ser, mais do que "a rua directa a...", um espaço qualificado e com funções específicas, acumulando a ligação do centro à principal porta da cidade e constituindo o mais importante espaço comercial. Além de ganhar uma nova funcionalidade, adquiriu novas características, através do redimensionamento da via e de novo desenho dos alçados. Assiste-se, consequentemente, a uma hierarquização cada vez mais evidente, passando-se de um sistema linear para um sistema de rua-travessa que já desenha quarteirões rectangulares, nos quais a travessa diminui a sua dimensão ao mínimo essencial para cumprir a única função de atravessamento de uma rua para outra. A Rua Direita apresenta uma largura excepcional para a época: tem a largura média de 10 metros (cerca de 45 palmos) e estende-se por 200 metros (1000 palmos), com a largura das travessas muito reduzida (em média 13 palmos), fazendo com que os alçados desta via pareçam completamente contínuos. A transição para o século 16 inicia uma nova fase de crescimento urbano. A ainda vila de Angra viu crescer a primeira parte da sua retícula, uma malha urbana regular, mas não rigorosamente ortogonal, apoiada em dois eixos estruturantes - a Rua Direita e a Rua da Sé, que neste período se estendeu até à Rua Carreira dos Cavalos, por ruas paralelas à Rua Direita e perpendiculares ao mar. Esta estrutura assenta num sistema de "ruas principais" - "ruas secundárias", evolução do sistema tradicional de rua-travessa, mas onde as travessas, agora "ruas secundárias", aumentam consideravelmente a sua largura, permanecendo funcionalmente apenas como eixos de atravessamento, com todas as frentes de lote viradas para as "ruas principais". Este sistema desenvolve-se numa malha de quarteirões de base rectangular que facilita a adaptação ao terreno. As "ruas principais" (lado maior do rectângulo), de que são exemplo a Rua de São João, a Rua da Palha e a Rua Carreira dos Cavalos, desenvolvem-se perpendicularmente ao mar, a uma cota quase única ao longo de todo o seu comprimento, sendo atravessadas pelas "ruas secundárias" (lado menor do rectângulo), de que são exemplo a Rua da Rosa e a Rua da Rocha, que estabelecem de forma alinhada as ligações entre as primeiras e vencem assim o desnível do terreno. Daqui resulta um sistema hierárquico de três níveis. O primeiro e mais importante é formado pelos eixos estruturantes Rua da Sé e Rua Direita; as ruas perpendiculares à Rua da Sé e ao mar, como a Rua de São João, constituem o segundo nível hierárquico; ao terceiro e último nível correspondem as ruas que fazem o atravessamento entre as diferentes ruas do segundo nível. No período entre 1534, quando Angra é elevada a cidade, e meados do século 17, o "plano em retícula" foi completado, supondo-se que quando foi fundado o convento de São Gonçalo (no limite O. da urbe) a malha urbana já estivesse traçada, ainda que a ocupação dos quarteirões fosse menos intensa e menos regular que a dos quarteirões da primeira fase. Assim, hoje encontramos nesta parte da "retícula" diferentes processos de ocupação, que correspondem a diferentes épocas e ainda atravessamentos, como a Travessa do Moreira, que secciona um quarteirão pela diagonal, parecendo ser o resto de um trajecto que se sobrepunha à estrutura implantada, ainda pouco urbanizada e que constitui uma mais rápida ligação ao centro. Uma vez consolidada a malha urbana, regular e regulada, a cidade conheceu um período de estagnação urbanística que se prolongou quase até ao século 20; a partir daqui o crescimento de Angra desenvolveu-se mais no sentido da integração dos arrabaldes na estrutura urbana. Para O., a cidade estendeu-se pela área suburbana de São Pedro. Este bairro, que se situa no termo da área urbana junto à Porta de Santa Catarina, era um núcleo de pescadores que se estruturava de forma radial em torno de um cruzeiro, hoje desaparecido, situado do lado do mar. A Rua de São Pedro, por sua vez, além de cumprir a função de ligação do bairro à cidade, fazia já parte do anel viário que contorna a ilha, sendo por isso um prolongamento da Rua da Sé para O., mas que funcionalmente difere do resto do bairro, tendo sido desde cedo ocupada com quintas. Para E. a cidade prolongou-se pela freguesia suburbana de São Bento. Para esta direcção, a cidade cresceu de forma linear ao longo de uma rua comprida ocupada pelo casario nos dois lados, a Rua da Guarita. À semelhança da Rua de São Pedro, esta também faz parte do anel viário que contorna a ilha atravessando toda a paróquia da Conceição e ligando o núcleo urbano central às Portas de São Bento. A última paróquia da cidade, Santa Luzia, surge a N. em zona elevada, com a Rua do Rego a servir de charneira entre o núcleo central e a área em expansão, esta última estruturada pelo prolongamento da Rua da Palha, pela Miragaia e da Rua de Jesus, trajecto entretanto interrompido pela construção do mercado. A cidade de Angra cresceu à sombra de um sistema defensivo moderno, apoiado em fortes que não participam na estrutura urbana. A pequena fortaleza tardo-medieval, o Castelo dos Moinhos, foi substituída pelos fortes de São Sebastião e de Santo António, este último estrategicamente colocado na ponta do Monte Brasil e que cruzava fogo com o primeiro, assegurando a defesa da baía. Como marca do período filipino ficou o Castelo de São Filipe, depois da Restauração denominado de São João Baptista, que veio alterar profundamente a imagem da baía, com a construção de fortes, baterias e redutos que preenchem os dois flancos do Monte Brasil e ainda saídas privativas para o mar em cada um desses flancos, o Cais da Figueirinha para a baía de Angra e o Cais de São Diogo para a baía do Fanal. Embora estruturalmente consolidada, a malha urbana de Angra continuou a ser valorizada pela construção de novos edifícios e remodelação de outros durante os séculos 17 e 18, renovando deste modo o espaço público. Uma nova Casa da Câmara foi construída e a praça ampliada e regularizada, concluiu-se a Sé, foi edificado o Colégio dos Jesuítas, cuja igreja remata o eixo da Rua Direita a N., refazendo-se também o convento de São Francisco, com o novo templo virado para a cidade. Os promotores eclesiásticos assumiram uma enorme importância no controle da espacialidade, já que, além de proprietários de grande percentagem dos terrenos, são responsáveis pela grande parte do espaço público originado pelas ermidas, igrejas e conventos, cujas cercas definiam os limites citadinos. Durante estes séculos, foram ainda construídos solares, que marcam profundamente a arquitectura da cidade, no fim da Rua de Jesus, no lugar da Casa de Nossa Senhora das Neves que havia sido o primeiro colégio jesuíta. O traçado urbano, implantado praticamente desde a fundação da cidade, não sofreu alterações significativas, mostrando ainda hoje com clareza as diferentes épocas e áreas de crescimento, sendo também possível estabelecer um paralelo entre forma, localização e função. A "área genética", no Outeiro entre a Memória, o Forte de São Sebastião e o Convento de São Francisco, popular e envelhecida. Um "núcleo público" entre o Colégio dos Jesuítas, a Praça Velha e o Pátio da Alfândega, equipamental e cívica. Um "sector comercial", que ocupa as ruas mais centrais e faz a ligação entre o núcleo cívico e os sectores residenciais, tem o cerne nas ruas Direita, de São João, da Palha e no eixo Rua da Sé - Rua do Galo. Dos vários "sectores residenciais", o mais prestigiado é o que vai da Praça às Covas e que continua peri-urbano por São Pedro, Fanal e Silveira, e em crescente grau de popularização pela Miragaia, Santa Luzia, São Bento e Corpo Santo. Na última década, o parque habitacional tem-se desenvolvido em bairros de moradias unifamiliares espalhados em torno da cidade, ocupando áreas sub-urbanas, reflectindo uma preferência pelos arredores agora unidos por uma via circular à cidade.

Acessos

Angra (Sé), ER1-1A, ER6-2A, ER3-1A

Protecção

Categoria: Património Mundial - UNESCO, 1983 *1 / MN - Monumento Nacional / ZEP, Decreto Legislativo Regional n.º 15/2004/A, DR, 1.ª série-A, n.º 82, de 6 abril 2004 / MR - Monumento Regional, Decreto Legislativo Regional n.º 29/2004/A, DR, 1.ª série-A, n.º 199, de 24 agosto 2004 *2

Enquadramento

Implantado em costa marítima, na unidade de paisagem de Angra do Heroísmo e Envolvente. Situada na costa sul da ilha Terceira, pertencente ao grupo central do arquipélago dos Açores, Angra do Heroísmo localiza-se num local à partida pouco propício à implantação da cidade. Do morro que fecha a cidade a N., caía uma ribeira que invadia toda a zona baixa do vale, actual centro da urbe e que exigiu dos primeiros povoadores uma estratégia planeada de adaptação e domínio da natureza, que passou pelo desvio e canalização das suas águas. Este esforço transformou profundamente o local, libertou o vale do pântano que ali se formava e criou as condições físicas necessárias para que a cidade aqui assentasse, aproveitando as (outras) características únicas do sítio, estas favoráveis à sua implantação. São elas: a própria angra (baía) que forma um excelente porto natural, que pela sua configuração oferece defesa não só aos barcos, mas também à cidade, e a posição de centralidade em relação ao espaço do arquipélago. O núcleo urbano assenta em materiais de origem vulcânica, sobretudo piroclásticos de projecção, responsáveis pelas formações rochosas que circundam e desenham a baía, e que em simultâneo a protegem. São de referir a Rocha de Cantagalo, entre o Porto Pipas e o Cais da Alfândega, sobre a qual cresceu o bairro do Corpo Santo, que se implanta à cota altimétrica média de 33 m (e onde o Provedor das Armadas Pero Anes do Canto construiu o Solar dos Remédios) e a rocha que cresce desde a Rua de São João, contornando a baía pelo percurso da Rua da Rocha, protegendo o bairro que cresceu à volta da Sé (v. PT071901160028). Foi no alto dessa rocha que se instalaram os Jesuítas quando chegaram à Terceira, na casa de Nossa Senhora das Neves. Do lado E., a baía é fechada pelo pequeno promontório onde se implanta o Forte de São Sebastião (v. PT071901040006), seguindo-se a encosta de Cantagalo que protege o Corpo Santo, e que se prolonga até quase ao cais da cidade, descendo em declive acentuado para formar o vale escavado que serve de plataforma ao núcleo central. A baía é fechada a O. pelo Monte Brasil, península que permite a existência de uma segunda enseada, o Fanal. Esta é menos guardada dos ventos dominantes do quadrante O., mas oferece à cidade dois portos alternadamente protegidos de qualquer vento.

Descrição Complementar

A Rua de São João que, juntamente com a Rua Direita, iniciou a "retícula angrense" através da estruturação de um sistema de Rua-Travessa, apresenta uma largura média de 40 palmos, maior que as restantes ruas da malha urbana de Angra. A partir daqui, a malha parece ter um crescimento mais estandardizado, ou mais regular, até à Rua Carreira dos Cavalos, com as ruas a medirem em média 28 palmos, medindo as "ruas secundárias" 22 palmos e, daí para cima até São Gonçalo, com as ruas a medirem os mesmos 22 palmos, ficando as "ruas secundárias" reduzidas na sua largura a 16 palmos. Identifica-se uma base proporcional entre a largura da rua e da travessa, em que as ruas medem, aproximadamente, mais 6 palmos do que as travessas. A divisão interna dos quarteirões estrutura-se de maneira diferente nas áreas correspondentes à primeira e segunda parte da retícula, mas partem sempre da mesma medida base, os 30 palmos de frente de lote, assentando em estruturas apoiadas no quadrado, no duplo quadrado e no rectângulo de base proporcional. Os quarteirões da primeira fase podem ser divididos em lotes cuja área construída ocupa um rectângulo que é um duplo quadrado de 30 por 60 palmos, enquanto o logradouro tem a profundidade da diagonal rebatida de um quadrado de 30 por 30 palmos. Na segunda fase, os lotes são ocupados em área construída pela diagonal rebatida de um rectângulo resultante do rebatimento da diagonal de um quadrado de 30 por 30 palmos, enquanto o logradouro corresponde ao duplo quadrado de 30 por 60 palmos. Encontram-se algumas diferenças estruturais entre os edifícios da parte mais antiga da retícula, especialmente entre os da Rua Direita, Rua dos Minhas Terras e Rua de São João, e os da malha correspondente à segunda fase da retícula. Os lotes da parte mais antiga organizam a parte construída em duplo quadrado de 30 por 60 palmos, existindo ainda hoje no rés- do- chão de quase todos os edifícios desta área uma parede meã (ou meeira) à profundidade de 30 palmos. Esta parede arqueada oferece resistência a uma estrutura que é em planta muito estreita e comprida, ao mesmo tempo que dá resistência ao quarteirão como um todo, uma vez que as paredes estão alinhadas ao longo do lote e paralelamente à rua. Esta estrutura resulta num quarteirão compacto, com os lotes totalmente preenchidos, como eram os quarteirões da parte "baixa" da cidade. Na restante malha urbana observa-se um tendência generalizada para a utilização de um tipo de construção estruturalmente assente em paredes resistentes, ou paredes mestras, em que assume muita importância o aparelho das pedras no encontro das empenas, a densidade de travamentos e a regularidade e simetria da construção. Esta é uma arquitectura "chã" modelada e racional, que é antes de mais nada funcional, sendo o seu desenho a resposta simplificada a problemas correntes nos Açores, como é o caso dos sismos. Esta estruturação dos quarteirões em lotes de 30 palmos de largura pode ser aplicada, sem excepção, a todos os quarteirões da retícula. No entanto, a ocupação efectiva do terreno introduziu variantes, como a utilização de vários lotes para a mesma construção, assim como a subdivisão de alguns deles, o que origina diferentes tipos de construção que correspondem, de um modo geral, a zonas específicas da malha urbana e consequentemente a períodos distintos da sua formação. Como exemplo, e a partir do desenho analítico de dois lotes da "malha regulada" de Angra, observa-se que representam os dois casos limite a nível da tipologia: o mais popular, a casa térrea de "janela- porta- janela" e o mais elaborado, um solar dos finais do século 17, do tipo "casa larga" com planta "dobrada", ficando demonstrado que as regras de proporcionalidade são uma constante desde a implantação urbana até ao pormenor da ocupação e construção do lote. A matriz urbana de Angra está integrada numa tradição de fazer cidade que assenta na formulação e divulgação de um modelo metodológico flexibilidade e adaptabilidade. O "plano" de um momento de síntese, como o havia sido uns anos antes o Bairro Alto de São Roque em Lisboa (onde os lotes também se estruturam a partir da largura de 30 palmos) e como virá a ser alguns anos depois a fundação da cidade da Baía no Brasil (estruturada segundo esquemas de base proporcional, mas estes muito mais complexos, assentes em quarteirões com formas aproximadas ao quadrado). Pela aplicação de um conjunto de regras metodológicas, adaptadas às condições físicas do local, às funções que ia servir e à população que a ia ocupar, desenvolve-se uma malha urbana moderna com uma identidade formal e estrutural claramente portuguesa. Esta fórmula, que se estendeu a todo o universo urbanístico português, permite que hoje se confundam fotografias de ruas de Angra com cidades tão distantes como Ouro Preto, isto para não falar das outras cidades insulares do espaço macaronésio.

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Séc. 15 / 16 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

ENGENHEIROS MILITARES: Isidoro de Almeida (1555), Tommaso Benedetto da Pesaro (1567), Tiburzio Spannocchi (1590); João António Júdice (1767, c.); ARQUITECTOS: Frei Mestre Fernando Naranjo (convento São Francisco, 1603), Padre Bento Tinoco (Colégio dos Jesuítas, 1608),; Joaquim da Costa Lima Júnior (Câmara Municipal, 1849).

Cronologia

1450 - Doação da Ilha Terceira a Jácome de Bruges; 1461, cerca - chegada à Terceira de Álvaro Martins Homem, início do povoamento de Angra: canalização da ribeira, construção dos moinhos e da casa do capitão; 1474 - divisão da ilha em duas capitanias, sendo primeiro capitão da parte de Angra João Vaz Corte Real; construção do castelo de São Luís, segundo o plano do provedor das fortificações Pero Anes Rebelo; 1478 - eventual concessão da categoria de vila a Angra e à Praia; 1480, cerca - fundação do convento de São Francisco; 1486 - nomeação do primeiro vigário da Igreja de São Salvador; 1492 - fundação do hospital do Santo Espírito; 1499 - paragem da frota de Vasco da Gama no regresso da Índia; Foral dos Almoxarifados que eleva a categoria da Alfândega de Angra, à qual ficam subordinadas as restantes dos Açores; 1503 - Angra torna-se sede da Corregedoria das Ilhas; 1508 - confirmação do compromisso da Misericórdia; 1527 - instituição régia do primeiro Provedor das Armadas, que se instala em Angra; 1534 - criação da Diocese de Angra e elevação da vila de Angra a aidade; 1536 - Angra torna-se sede da Provedoria da Fazenda; 1542 - fundação do convento da São Gonçalo de freiras clarissas da ordem 2ª de São Francisco; 1553, cerca - formação da segunda paróquia da cidade, Nossa Senhora da Conceição; 1555 - construção do Forte de São Sebastião por Isidoro de Almeida; 1557 - fundação do convento da Esperança; 1567 - Tommaso Benedetto inicia o estudo da defesa da baía; 1570 - início da construção da Sé de São Salvador; 1572 - instituição da terceira paróquia, São Pedro; surgimento da freguesia suburbana de São Bento, desanexada da paróquia da Conceição; chegada dos Jesuítas; 1577 - Angra recebe a sua primeira mercê, tendo os seus cidadãos privilégios idênticos aos da cidade do Porto; 1580 - aclamação de D. António Prior do Crato; 1582 - Batalha da Salga em que saem derrotados os espanhóis; 1583 - conquista da ilha pela frota do Marquês de Santa Cruz; o castelo de São Luís passa a chamar-se de São Cristóvão; 1586 - carta de perdão de Filipe II aos cidadãos de Angra; 1590 - elaboração do projecto da fortaleza de São Filipe pelo italiano Tiburzio Spannocchi; 1594 - fundação do convento da Graça; 1595 - instituição da última paróquia, Santa Luzia; gravação da primeira imagem da cidade, desenhada em 1589 por Linschoten; 1603 - início da construção da fortaleza de São Filipe; reconstrução do convento de São Francisco, segundo projecto de Frei Mestre Fernando Naranjo; 1606 - fundação do convento da Conceição; 1608 - inauguração do novo Colégio dos Jesuítas, projectado pelo arquitecto Padre Bento Tinoco; o Corregedor Roque da Silveira manda fazer a Muralha da Alfândega; 1611 - construção da segunda Casa da Câmara e ampliação da Praça Velha; 1612 - abertura da Ladeira de São Francisco; 1640 - cerco da fortaleza de São Filipe; 1642 - conquista da fortaleza aos espanhóis; 1643 - fundação do convento dos Capuchos; a cidade recebe o título de "mui nobre e leal"; 1651- inauguração da igreja de Santo Inácio de Loyola no novo Colégio dos Jesuítas; 1669 / 1674 - desterro de D. Afonso VI para Angra; 1685 - fundação do convento das Capuchas; 1728 - início das obras da nova Igreja da Misericórdia; 1747 - fundação do Recolhimento das Mónicas; 1755 - destruição da Porta do Mar em consequência do marmoto; 1766 - fundação da Capitania Geral dos Açores; instalação da Junta da Fazenda e Junta da Justiça; séc.18, meados - reedificação da entrada da cidade pelo engenheiro militar João António Júdice; 1767 - Júdice projecta a transformação do antigo Colégio dos Jesuítas em Palácio dos Capitães Generais; 1821 - primeira Revolta Liberal em Angra; 1822 - extinção da Capitania Geral, restabelecida um ano depois; 1828 - aclamação de D. Miguel; segunda Revolta Liberal, instalação do Governo Provisório e aclamação de D. Maria; 1829 - Angra torna-se sede do Governo Provisório; nomeação do Conde de Vila Flor como Capitão General dos Açores; instalação da primeira tipografia na cidade; 1830 - instala-se em Angra a regência em nome de D. Pedro IV; 1831 - evacuação do convento da Conceição para servir de hospital militar às tropas de D. Pedro IV; 1832 - desembarque de D. Pedro IV em Angra, tornando-se a cidade capital do Reino; extinção definitiva da Capitania Geral dos Açores; Angra torna-se capital da província dos Açores; transferência do hospital da Rua de Santo Espírito para o convento da Conceição; cedência da cerca do convento da Esperança para o mercado municipal; 1833 - divisão dos Açores em duas províncias, Oriental e Ocidental, sendo Angra capital da província Ocidental; 1834 - mudança da Misericórdia para o convento da Conceição; 1836 - divisão das ilhas em três distritos, ficando Angra capital do Distrito Central; 1837 - a cidade passa a chamar-se de Angra do Heroísmo, recebendo a condecoração da Torre e Espada; 1840 - transferência da cadeia da Casa da Câmara para o convento das Capuchas; 1844 - criação do liceu; 1845 - lançamento da primeira pedra do monumento da Memória; 1849 - início das obras da nova Câmara Municipal, projecto do arquitecto portuense Joaquim da Costa Lima Júnior; 1852 - construção do novo edifício da Alfândega; instalação do liceu no convento de São Francisco; arrematação dos barracões do mercado Duque de Bragança; 1862 - instituição do seminário episcopal, também instalado no convento de São Francisco; 1870 - inauguração da praça de touros de São João; 1880 - estabelecimento das fábricas do tabaco e do álcool; 1898 - instituição da Junta Geral Autónoma; 1922 - projecto do novo paço episcopal; 1903 - construção do edifício da Cozinha Económica, na cerca de São Gonçalo; 1906 - inauguração da iluminação eléctrica pública; 1914 - edificação da sede do Banco de Portugal na Rua da Sé; demolição do solar de Santa Luzia; 1928 - construção dos edifícios da Moagem Terceirence; 1914 / 1934 - edificação do seminário episcopal; 1933 - construção da Casa da Confederação Operária, na Rua da Sé; 1935 - construção da fábrica de conservas de peixe Tercon, junto ao Forte de São Sebastião; demolição do antigo convento da Graça, sendo construída no local a Escola Primária Infante D. Henrique, integrada no Plano dos Centenários; 1939 - construção do edifício do Montepio Geral, na Rua da Sé, projecto do arquitecto Manuel Vasconcelos; 1940 - Angra torna-se capital do Distrito Autónomo de Angra do Heroísmo; 1940 - 1945 - construção do edifício dos Correios; 1941 - construção do posto meteorológico no lugar do Solar de Santa Luzia; demolição do Pátio dos Estudos do Colégio dos Jesuítas e inauguração do Largo Prior do Crato; 1951 - ampliação da Escola Primária Infante D. Henrique; 1952 - construção da sede da Caixa Geral de Depósitos na Praça Velha; 1954 - edificação do paço episcopal; 1955 - construção da central hidroeléctrica (ramal da Ribeira dos Moinhos); 1956 - construção do novo hospital de Santo Espírito; instalação da Biblioteca Pública e Arquivo de Angra do Heroísmo no Palácio dos Bettencourt; 1958 - início da abertura de novos arruamentos na freguesia da Conceição, estruturados pelas Avenidas Álvaro Martins Homem e Infante D. Henrique; 1960 - construção do edifício do tribunal; instalação do museu de Angra do Heroísmo no antigo convento de São Francisco; 1966 - inauguração do novo hospital; 1969 - inauguração do edifício do liceu; demolição do convento das Capuchas e arranjo do Largo Sousa Júnior; 1970 - inauguração do Hotel de Angra na Praça Velha; 1970 / 1975 - abertura da Avenida Tenente Coronel José Agostinho; construção do edifício da Caixa de Previdência; 1973 - construção da Albergaria Cruzeiro, no Largo Sousa Júnior; 1976 - extinção dos Distritos Autónomos e criação da Região Autónoma dos Açores, recebendo Angra a sede do Ministro da República; 1980 - destruição da cidade por um violento sismo; 1982 - construção do Bairro de Santa Luzia; 1983, dezembro - inscrição na lista do património mundial da UNESCO de Angra de Heroismo como conjunto de valor universal excepcional; 1984 - prolongamento da Avenida Tenente Coronel José Agostinho até aos Portões de São Pedro; 1984, 13 abril - classificação da zona central da cidade de Angra do Heroismo como monumento regional, pelo Decreto Legislativo Regional n.º 15/84/A; 1999, 31 julho - classificação da zona central de Angra do Heroismo como conjunto de interesse público, com o título de monumento regional, pelo Decreto Legislativo Regional n.º 29/99/A; criação de uma área especial de proteção da zona classificada que integra a paisagem protegida do Monte Brasil; 2004, 6 abril - pelo Decreto Legislativo Regional n.º 15/2004/A, a zona classificada como conjunto de interesse público da cidade de Angra do Heroismo passa a ter categoria de monumento nacional; publicação do plano de pormenor e salvaguarda; 2004, 24 agosto - classificação da zona central de Angra do Heroismo como monumento regional, pelo Decreto Legislativo Regional n.º 29/2004/A, Art.º 57.º, alínea a); 2010, 30 julho - publicação da planta de implantação da zona classificada de Angra de Heroismo e respectiva zona especial de proteção (Aviso .º 15172/2010).

Dados Técnicos

Estrutura autoportante e mista. Paredes portantes de alvenaria e cantaria de basalto revestidas com reboco e caiadas. Coberturas com telhado de duas ou quatro águas com vigamentos em madeira e revestimento com telha de canudo ou de aba e canudo. Duplo beirado assente em cimalha de alvenaria e beirado em madeira. Lintéis, soleiras e ombreiras em cantaria ou alvenaria pintada. Gradeamentos em ferro fundido e ferro forjado, e também em madeira pintada. Janelas em madeira de guilhotina ou de duas folhas. Pavimentos urbanos com passeios de calçada à portuguesa em pedra vulcânica escura com desenhos em calcário e arruamentos de paralelepípedo de pedra vulcânica.

Materiais

Não aplicável

Bibliografia

AA.VV., Revista Monumentos, Lisboa, 1996, nº 5; ANDRADE, de Jerónimo Emiliano, Topographia ou Descripção Physica, Política, Cívil, Ecclesiástica, e Histórica da Ilha Terceira dos Açores, Angra do Heroísmo, 1843 - 1845, vol. VI -VIII; AA.VV., Livro das paisagens dos Açores, Contributos para a identificação e caracterização das paisagens dos Açores, Ponta Delgada, Direção Regional do Ordenamento do Território e dos Recursos Hídricos, 2005; BRAZ, Henrique, Ruas da Cidade (Notas para a Toponímia da Cidade de Angra, na Ilha Terceira), e Outros Escritos, Angra do Heroísmo, 1985; CÂMARA, Teresa Bettencourt, "Urbanismo Angrense: da Fundação Quatrocentista à Cidade do Renascimento", in Revista do ICLAP, Lisboa ,1989, nº 18; CARITA, Rui, A Arquitectura Militar na Madeira séculos XV a XVII, Funchal, 1993, vol. I; IDEM, Lisboa Manuelina e a Formação de Modelos Urbanísticos da Época Moderna (1495-1521), Lisboa, 1998; IDEM, Rui, "As cidades Insulares no Universo Urbanístico Português", in Arquipélago. Revista da Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 1999, 2ª série III, pp. 45 - 54; IDEM, Rui, "O Atlântico: Ilhas e Costa Africana", in MOREIRA, Rafael, dir., História das Fortificações Portuguesas no Mundo, Lisboa, 1989, pp. 188 - 206; CHAGAS, Frei Diogo das, Espelho Cristalino um Jardim de Várias Flores, ed. Artur Teodoro de Matos, Ponta Delgada, 1989; CORDEIRO, Pe. António, História Insulana, das Ilhas a Portugal Sugeytas no Oceano Occidental, Lisboa, 1864, vol.II; COSTA, José Félix da, Angra do Heroísmo. Ilha Terceira (Açores).Os seus Títulos, Edifícios e Estabelecimentos Públicos, Angra do Heroísmo, 1867; CUNHA, Luís, "Angra. Cidade e sua Reconstrução", in Atlântida, Angra do Heroísmo, 1980, nº 1, vol. XXV; DRUMOND, Francisco Ferreira, Anais da Ilha Terceira, (1850), Angra do Heroísmo, 1981, vol. I; FERNANDES, José Manuel, Angra do Heroísmo, Lisboa, 1989; IDEM, Cidades e Casas da Macaronésia, FAUP, Porto, 1996; FRUTUOSO, Gaspar, Saudades da Terra..., Funchal, 1873, livro VI; FERNANDES, José Manuel, Cidades e Casas da Macaronésia, Evolução do Território e da Arquitectura Doméstica nas Ilhas Atlânticas sob Influência Portuguesa, Porto, 1996; IDEM, "Arquitectura e Urbanismo nas Ilhas Atlânticas. Um Património Comum dos Açores, Cabo Verde, Canárias e Madeira", in História das Ilhas Atlânticas. Actas do IV Colóquio Internacional de História das Ilhas Atlânticas, Funchal, 1997, vol. II, pp. 45 - 82; FORJAZ, Jorge, "As casas de Luís Meireles", Sep.ª Atlântida, Angra do Heroísmo, 1978, vol. 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Memórias de uma Velha Rua, Angra do Heroísmo, 1971; "Tomo I do Registo Geral da Câmara Municipal do Funchal", in Arquivo Histórico da Madeira, Funchal, 1973, vol. XVI; MALDONADO, Pe. Manuel Luís, Fénix Angrense, ed. Helder Fernando Parreira de Sousa Lima, Angra do Heroísmo, 1989 - 1997; "Posturas da Câmara de Angra de 1788", in Boletim do IHIT, Angra do Heroísmo, 1954, vol. XII, pp. 188 - 257; MARTINS, Francisco Ernesto de Oliveira, Palácio dos Capitães Generais. Subsídios para o seu Estudo, Angra do Heroísmo, 1989; MERELIM, Pedro, As 18 Paróquias de Angra. Sumário Histórico, s.l., 1974; MOREIRA, Rafael, "Arquitectura Militar", in SERRÃO, Vítor, dir., História da Arte em Portugal. O Maneirismo, Lisboa, 1986, pp. 137 - 152; MENDES, Luís Elmiro, "Plano da Envolvente de Angra do Heroísmo - Projectos" in in II Fórum Ibérico sobre Centros Históricos, Centro Cultural de Cascais, Câmara Municipal de Cascais, 2005; Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, Estudo de identificação e caracterização das paisagens dos Açores, vol. II (não publicado), s.d.; NEMÉSIO, Vitorino, Corsário das Ilhas, Lisboa, 1956; OLIVEIRA, Lisete Assen de, "O Espaço de Colonização Açoriana na Ilha de Santa Catarina: suas particularidades e suas marcas no presente", in Colectânea de Estudos Universo Urbanístico Português, 1415 - 1822, Lisboa, 1998, pp. 409 - 422; RIBEIRO, Orlando, "As Ilhas Atlânticas", in Revista Naturalia, Lisboa, 1954, vol. IV, fasc. III, pp. 2-10; ROSSA, Walter, "A Cidade Portuguesa", in PEREIRA, Paulo, dir., História da Arte Portuguesa, Lisboa, 1995, vol. 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Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMAH; "Planta da cidade de Angra e do Monte Brasil do álbum do General António Pedro de Azevedo", in SÃO CLEMENTE, Barão de, Documento para a História das Cortes Gerais da Nação Portuguesa, 186.., tomo VI; Bibliteca nacional do Brasil: Colecção Real Bibliotheca, Diogo Barbosa Machado, Ilha Terceira, a. 1570, s.a., http://bndigital.bn.br/scripts/odwp032k.dll?t=bs&pr=fbn_dig_pr&db=fbn_dig&use=ti&disp=list&ss=NEW&arg=ilha|terceira

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA; DGEMN/DSID; CMAH; ANTT: "Planta do Castelo de São Filipe e do Monte Brasil", Tiburzio Spanochi (atr.), séc. 17 (Casa Forte, Col. Cadaval). GEAEM: "Planta do Castelo de São João Baptista da Cidade de Angra do Heroísmo", Joaquim Rodrigo de Almeida, 1805 (1 2 3 / 3 - 44 - 4); "Planta da cidade de Angra...", Joaquim Rodrigo de Almeida, 1810 (1164 / 3 - 44 - 4); "Açores : Carta Chorographica da Ilha Terceira", Direcção Geral dos Trabalhos Geodesicos, 1899; AMOP: "Planta do Projecto de conversão do Colegio dos Jesuítas em Palácio dos Capitães Generais", João António Júdice, 1767. Archivo General de Simancas: "Castillo de San Felipe en Angra", 1595 (MPyD, XXXV-16); "Fortaleza do Monte Brasil", fins séc. 16 - séc. 17 (MPyD, XV-35). Museu de Angra do Heroísmo: "Planta do Ancoradouro da cidade d'Angra e Monte Brazil", 1845. Colecção Particular: Planta de Angra, in Archonlogie Cosmica, 1649; Planta de Angra, in Description de l'Universe, Paris, 1683; Planta de Angra, Bellin, séc. 18. LINSCHOTEN, Jan Huygen van, Voyage ofte schipvaert van Jan van Linschoten naar oost ofte Portugaels Indien, Haia, 1596, estampa 36."Planta da cidade de Angra e do Monte Brasil do album do General António Pedro de Azevedo", (séc. 19), in SÃO CLEMENTE, Barão de, Documento para a História das Cortes Gerais da Nação Portuguesa, s.l., s.d., tomo VI.ANTT; BN; Arquivo e Biblioteca Pública de Angra.

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; ANTT; BN; Arquivo e Biblioteca Pública de Angra

Intervenção Realizada

DGEMN: 1951 - obras de restauro do Palácio do Governo (Colégio dos Jesuítas); 1956 / 1957 / 1958 / 1959 / 1960 / 1961 / 1962 / 1963 / 1964 / 1965 / 1966 / 1967 / 1968 / 1972 / 1973 / 1978 / 1995 / 1996 / 1997: obras de restauro da Fortaleza de S. João Baptista e imóveis incluídos no seu recinto; 1977 / 1978 / 1979 - obras de restauro da Igreja de São Gonçalo; 1988 - recuperação do Solar da Madre de Deus, para Residência Oficial do Ministro da República. CMAH: 1990 - projecto de reabilitação do Serrado do Bailão; 1999 - construção da Marina de Angra; 2002 - reconstrução, restauro e conservação geral de imóveis na zona classificada e zona de protecção, propriedade privada e infra-estruturas públicas; correcção de anomalias e dissonâncias arquitectónicas nos imóveis da zona classificada e zona de protecção; calcetamento de diversas ruas.

Observações

*1 - DOF: Centro Histórico de Angra do Heroísmo nos Açores. *2 - DOF: Zona Central da Cidade de Angra do Heroismo. Verifica-se que alguns dos imóveis classificados em data anterior ao sismo de 1980, e que foram destruídos, sofreram uma reconstrução da qual resultou uma intervenção incapaz de conservar o respectivo valor patrimonial, pelo que, apesar de continuarem legalmente protegidos, se considera que não conservam características que justifiquem a sua inventariação individualizada. Angra assenta a sua estrutura num "modelo" de cidade que se apresenta como um sistema flexível e por isso de fácil adaptação às diferentes épocas e modos de vida. A prova disso mesmo é o facto de ao longo dos séculos a sua estrutura urbana ter permanecido inalterada. No entanto, a necessidade de rapidez na reconstrução da cidade após o sismo de 1980 fez com que, lado a lado com obras onde se tenta reconstruir a tipologia arquitectónica atendendo aos materiais, se encontrem "pastiches" nem sempre bem cuidados, que põem em causa o esforço de revitalização da cidade. De resto, há muito que a cultura popular de Angra assimilou os princípios formais aqui apresentados; mas, ao tentar reproduzi-los numa atitude apenas mimética, deixa de lado os verdadeiros valores que dão coerência ao conjunto e que estão na base do urbanismo e arquitectura portugueses deste período e que são o respeito pelas regras de proporcionalidade e princípios formais construtivos básicos, funcionais e flexíveis.

Autor e Data

Antonieta Leite 2000

Actualização

 
 
 
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