Cine-Teatro de Alcobaça

IPA.00010576
Portugal, Leiria, Alcobaça, União das freguesias de Alcobaça e Vestiaria
 
Arquitetura cultural e recreativa, do séc. 20. Cine-teatro projetado por Ernesto Korrodi, muito ligado à Arte Nova, e pelo seu filho, Camilo Korrodi, mais ligado ao Modernismo. O edifício reflete a traça estilística destes dois arquitetos. Insere-se no grupo de auditórios de planta retangular com balcão em forma de "U", de cena contraposta, com uma sala entre 500 a 1000 lugares, distribuídos por plateia, balcão e camarotes, e tendo um palco de configuração quadrangular, sem pendente, dotado de " avant-scéne " e subpalco. Dispõe de fosso de orquestra e de cabina de projecção. Conta ainda com um auditório secundário para 64 lugares.
Número IPA Antigo: PT031001010069
 
Registo visualizado 78 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Cultural e recreativo  Casa de espetáculos  Cine-teatro  

Descrição

Planta retangular, composta, de volumes articulados e com disposição horizontal, com exceção para a caixa de palco. Apresenta coberturas planas e inclinadas, escalonadas e possui embasamento escalonado pintado de cinzento, com excepção feita à fachada posterior. A fachada principal, voltada a Noroeste, apresenta corpo proeminente rectilíneo, acentuado por alpendre de quatro pilares, servido por dois lanços de escadas confluentes. O pano é rasgado por três vãos em cada piso, marcados por pilares no piso inferior. No piso superior permitem o acesso a terraço sobre o alpendre e estão encimadas por relevo representando cena alegórica. A fachada é completa com panos lisos, um em cada extremidade, e dois corpos semicirculares em ângulo. As fachadas Sudoeste e Nordeste apresentam 3 panos. O primeiro ostenta superfície lisa rasgada por 3 janelas altas, molduradas por quatro pilastras de cantaria. O segundo pano é ritmado por fenestração regular, com três sequências de portas largas encimadas por janelas, delimitadas por seis pilastras e por duas pequenas janelas. Três carrancas encimam as portas. No último pano o nível do edifício eleva-se devido à caixa de palco. A fachada Sudoeste possui cunhais de cantarias, três pilastras, quatro janelas rectangulares e quatro janelas circulares. A fachada Nordeste possui portão de carga, três pilastras, três janelas rectangulares e três circulares. A fachada Sudeste apresenta pano cego, escadas de serviço com três vãos rectangulares e entrada triangular, de cobertura plana, envidraçada e com coluna de betão. INTERIOR racionalidade na distribuição dos espaços funcionais. A planta é dominada pelo grande auditório. Os espaços para o público e de apoio ao público concentram-se mais no lado Noroeste da planta (bilheteira, bengaleiro, alguns sanitários públicos, os foyers, bar, pequeno auditório), enquanto que os espaços técnicos e de cena se localizam, preferencialmente, no lado sul (caixa de palco, sala de ensaios, camarins). A fachada sudeste possui uma entrada de artistas, com ligação rápida aos camarins, sala de ensaios, palco e caixa de palco. Todos os espaços possuem boas circulações, com vários acessos, e todos os pisos são servidos simultaneamente por escadas e elevador. Espaços de estar e apoio - Foyer térreo, de planta rectangular, paredes revestidas a meia altura de pedra e de madeira, no balcão do bengaleiro, o pavimento é de pedra, Azulino de Cascais. Este espaço possui acesso ao elevador. O Foyer do primeiro piso possui planta rectangular, paredes revestidas a meia altura de madeira e pavimento também de madeira. O espaço é marcado pelo balcão do bar e por três vãos que possibilitam o acesso ao terraço. Espaço do AUDITÓRIO principal - espaço independente, ligado ao palco pela boca de cena, de planta rectangular, e contando com uma lotação de 362 lugares distribuídos por plateia (314) e balcão (48). Plateia com pendente de 9.45 %, de coxias longitudinais laterais e transversais de fundo e de boca, equipada de cadeiras fixas e amovíveis, de afizélia e tecido inefogado; pavimento de alcatifa azul escura e paredes revestidas azifélia; tecto de estuque branco e vermelho escuro, com 22 pontos de luz; a sala possui sistema com iluminação mista, regulável e com a possibilidade de ligar/desligar a iluminação por sectores. O balcão, em forma de U, comporta 48 cadeiras; o auditório possui 12 camarotes laterais. A sala dispõe de um sistema de climatização com ventilação, aquecimento e arrefecimento. Espaço do AUDITÓRIO secundário - espaço único 64 (continuar descrição, seguindo os elementos do auditório principal) - espaço independente, de planta rectangular, contando com uma lotação de 64 lugares. Plateia de coxias longitudinais laterais e transversais de fundo e de boca, equipada de cadeiras fixas e amovíveis, de afizélia e tecido inefogado; pavimento de alcatifa azul escura e paredes revestidas azifélia perfurada; tecto pladour branco; a sala possui sistema com iluminação florescente, regulável e com a possibilidade de ligar/desligar a iluminação por sectores. O sistema de climatização permite a ventilação, aquecimento e arrefecimento do espaço. É revestido com painéis perfurados absorção acústica Espaços cénicos - o PALCO, ligado à sala pela boca de cena, tem uma área total de 167.4 m2, sem pendente, de paredes pintadas de preto, soalho de madeira disposto perpendicularmente à boca de cena e acesso de carga directo à rua, através de portão de carga. A boca de cena rectangular, possui a altura de 6.50 e a largura de 9.20 e enconta-se decorada com ornato composto por harpa ladeada por duas carrancas e duas bobines. O palco conta ainda com "avant-scène" (P. 3.13, L. 8.15 e A. 7.80), cobertura fixa do fosso de orquestra (com plataforma elevatória) para 12/15 músicos. Está dotado de cortina de segurança em Zartex. Espaços técnicos - a CAIXA DE PALCO, com uma altura de 17.80 m, uma largura de 12.20 m e uma profundidade de 9.93, tem teia de estrutura em gradil de ferro, com 2 níveis de varandas laterais e de fundo, com disposição em U. Dispõe de subpalco de estrutura de betão, metal e madeira, fixa e desmontável, dotado de quarteladas. O subpalco possui uma área total de 137.18 m2. A regie de direcção de cena está localizada no palco, sob a 1ª varanda esquerda. A cabine de projecção e as regies de som e luz estão situadas, cada uma, em espaço próprio, localizado no fundo do balcão, mas a um nível mais elevado. Espaços de apoio à cena - SALAS DE ENSAIO encontra-se localizada no piso -1, junto do subpalco, cujo acesso é feito por galeria técnica e de circulação. Os camarins, em número de 4, 2 individuais e 2 colectivos, estão situados no piso 2.

Acessos

Rua Afonso de Albuquerque

Protecção

Inexistente

Enquadramento

O Cine-teatro encontra-se situado nas proximidades da antiga Quinta da Gafa, adquirida em 1932 pela Câmara Municipal de Alcobaça. Os Paços do Concelho (V. PT031001010072), localizados próximos do imóvel, estavam implantados nessa Quinta. Durante os anos 50 e 60, principalmente nestes últimos, a zona foi urbanizada, com a construção do Mercado Municipal, o Campo de Jogos, entre outras construções. A Rodoviária do Tejo, o Centro Comercial Gafa e a Conservatória do Registo Civil e Predial, estabelecida num edifício que foi pertença da Cooperativa Agrícola de Alcobaça, também se encontram situados nas proximidades do Cine-Teatro.

Descrição Complementar

ALTO RELEVO: painel alegórico das artes. Ao centro figura feminina entronizada, ladeada por duas figuras masculinas que seguram máscaras, uma representando a tragédia e a outra a comédia. Pelo painel são visíveis alusões à poesia, literatura e cinema. INTERIOR - MECÂNICA DE CENA: sistema de suspensão - com 3 varas manuais, 21 contrapesadas e 6 motorizadas; ILUMINAÇÃO CÉNICA: 144 dimmers digitais; sistema de comando - órgão de luzes digital; equipamento de apoio à iluminação - 5 calhas electrificadas para varas e 10 torres de iluminação; equipamento de iluminação - 3 tubos de iluminação; SONORIZAÇÃO CÉNICA: 12 microfnes, colunas de som, equipamento de gravação/reprodução e mesa de mistura de som; AUDIOVISUAIS: cinema - sistema de projecção de 35 mm, sistema de som Sorround, ecrã de cinema rígido, montado numa vara de comando motorizado, projector de vídeo e sistema de pratos de longa duração; COMUNICAÇÕES CÉNICAS: Ring Intercom, Cue Light (Luz de deixas); chamada de artistas, monição vídeo e telefones; EQUIPAMENTO CÉNICO: Cortina de boca de abrir para cima e de abrir para os lados, em veludo vermelho escuro (para os lados o mecanismo é motorizado e para cima utiliza uma vara contrapesada); cena preta em flanela composta por quatro pares de pernas, cinco bambolinas, fundo e meio fundo; ciclorama em PVC branco.

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: cine-teatro

Utilização Actual

Cultural e recreativa: cine-teatro

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Camilo Korrodi; Ernesto Korrodi; Francisco Pólvora - BHJ Arquitectos (2002-2004); Paulo Prata Ramos (2002-2004). CONSTRUTOR: HCI Construções (2002-2004).

Cronologia

1944, 18 dezembro - inauguração do cine pela companhia da Actriz Maria de Matos, com a peça A Velha Rabugenta, este edifício foi mandado construir pela Empresa Almeida, Monteiro e Leitão (Bernardo Almeida, João d'Oliva Monteiro e João Leitão); desta empresa também fizeram parte Fernando Ramos e Alfredo Correia. - teatro com lotação para 732 lugares; séc. 20, década de 80- foi adquirido e explorado pela Lusomundo; 1997, 25 outubro - publicação do Inventário Municipal do Património, onde o imóvel se encontra arrolado, no DR, Resolução do Conselho de Ministros n.º 177/97; 1998 - o edifício é adquirido pela Câmara Municipal; 2000, outubro - encerramento ao público por falta de condições para se manter em actividade; a Câmara apresentou uma candidatura ao PORLVT (medida 1.5. - Acções Específicas de Valorização Territorial) com o objectivo de vir a recuperar o edifício; 2002 - 2004 - obras de remodelação e recuperação no edifício, conforme projeto de Francisco Pólvora, seno responsável pela recuperação da caixa de palco Paulo Prata Ramos; as obras são levadas a cabo pela HCI Construções; 2004, 12 novembro - espectáculo de Inauguração com a Companhia Nacional de Bailado de Kiev, com o bailado O Lago dos Cisnes.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Alvenaria hidráulica; betonilha; ladrilho; betão armado; vidro; madeira: afizélia e pinho de Oregon (palco); Azulino Cascais; grés industrial; chapa lacada; zinco titânio n.º 12 agrafado.

Bibliografia

Câmara Municipal de Alcobaça. Gerência de 1944, Alcobaça, 1945; FERREIRA, António Fonseca (coord), Lisboa e Vale do Tejo - Valorização Cultural, Reabilitação do Património: Cine-Teatros, Lisboa, 2002; MARQUES, Maria Zulmira Albuquerque Furtado, Toponímia Alcobacense, Alcobaça, 2000, p. 78; VILLA NOVA, Bernardo, Guia de Alcobaça, Alcobaça, 1926; VILLA NOVA, Bernardo, Figuras de Alcobaça e sua Região, vol. III, Alcobaça, LDA, 1961; VILLA NOVA, Bernardo, Figuras de Alcobaça e sua Região, vol. III, Alcobaça, 1961; VILLA NOVA, Bernardo, VILLA NOVA, Silvino, Breve História de Alcobaça, Alcobaça, 1995.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMA: Sector de Plantas de Localização, Divisão de Estudos de Defesa do Património Histórico e Cultural

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMAlcobaça

Intervenção Realizada

CMA: 2002 / 2003 / 2004 - obras de remodelação e recuperação do Cine-Teatro; procurou-se adaptar o espaço às necessidades e requisitos actuais: foi eliminada a coxia central da plateia e aumentou-se o pendente da mesma; o espaço do balcão foi reduzido para a introdução de um auditório secundário, com capacidade para 64 lugares; as frisas e as instalações sanitárias do 1º piso foram eliminadas para a introdução de duas cabines de tradução simultânea, uma em cada extremidade. As regies de som e luz passaram a possuir um espaço próprio, junto da cabine de projecção, no 2º piso; foram introduzidas instalações sanitárias e uma sala de ensaios o piso -1; a parede posterior e os camarins foram demolidos, a caixa e palco foi aumentada em altura e em profundidade (3 m para um total de 10m); os camarins foram transferidos para outro local, piso -2, construído de raiz nesta empreitada; a caixa de palco passou a possuir duas ordens de varanda, em "U", de teia e falsa teia.

Observações

*1 - no ano de 1944 foi realizado pela Câmara Municipal de Alcobaça os arranjos na envolvente do Cine-teatro, a saber colocação do lancil, esgotos e arranjos das ruas.

Autor e Data

Sónia Vazão e Filomena Bandeira 2004

Actualização

 
 
 
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