Pousada de Santiago / Pousada de São Tiago

IPA.00010528
Portugal, Setúbal, Santiago do Cacém, União das freguesias de Santiago do Cacém, Santa Cruz e São Bartolomeu da Serra
 
Arquitectura civil, estado novo. Pousada característica da primeira fase de construção destes equipamentos, assumindo uma procura de reutilização de técnicas, materiais e pormenores tradicionais da região, visível nos beirados, nos ferros forjados, nos azulejos de figuras avulsas representando figuras populares, no recurso a volumes articulados de efeito pitoresco, mas onde se cruzam influências modernistas, nos volumes semi-cilíndricos ou nos pilares cilíndricos da pérgola. Pousada onde se procurou recriar o intimismo de uma residência particular campestre, renovando as experiências de procura da "casa portuguesa", agora marcada por discretas mas significativas influências do modernismo, patente na depuração das formas e dos elementos decorativos, resultando o impacto visual fundamentalmente de um hábil jogo de volumes. Trata-se de um dos mais interessantes objectos arquitectónicos da síntese da ideologia do Estado Novo, na procura de uma linguagem arquitectónica própria e renovada, tal como sonhada por António Ferro, baseada numa forte raiz nacionalista mas virada para o futuro, patente igualmente noutras pousadas projectadas por Jacobetty Rosa no mesmo ano ( 1939 ), como na de São Brás de Alportel ( v. PT040812010001 )e, em particular, na de Santa Luzia de Elvas ( v. PT041207030048 ). O mobiliário existente foi também em grande parte desenhado pelo arquitecto Jacobetty Rosa, revelando uma procura de coerência entre a grande e a pequena escala, bem como o cuidado extremo com que foram planeadas e executadas estas pequenas pousadas. Estabelecimento de hotelaria desintegrado da rede Pousadas de Portugal.
Número IPA Antigo: PT041509060054
 
Registo visualizado 330 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Comercial e turístico  Unidade hoteleira  Pousada  

Descrição

Planta composta, irregular. Volumes articulados com cobertura diferenciada em terraços e telhados de duas, três e quatro águas. Fachada principal virada a NE. com cave proeminente, rematada superiormente por murete com capeamento de cantaria; à esquerda adossa-se escada curva com degraus de cantaria que conduz à varanda que se desenvolve sobre a cave; ao centro rasgam-se quatro janelas e uma porta situada entre a terceira e a quarta janela; segue-se a garagem, projectada, cilíndrica, rasgada por portão em arco de volta perfeita com moldura de cantaria rusticada; três pequenas frestas abrem-se sob a escada adossada à direita da garagem, com dois lanços de degraus de cantaria resguardados por canteiros; ao nível superior desenvolve-se o corpo principal do imóvel, de um só pano assente em soco de cantaria e rematado superiormente por beirado, mais elevado no troço central; porta principal de verga recta com moldura de cantaria rusticada, de recorte em arco de cortina, precedida por patim de cantaria a que se acede por dois degraus, ladeado por canteiros de cantaria; à esquerda destaca-se uma grande lanterna de ferro forjado; à direita abre-se uma porta lateral de acesso à sala de refeições, com moldura lateral de tijoleira, precedida por três degraus de cantaria e ladeada por duas amplas janelas; ao nível do primeiro andar rasgam-se três janelas de sacada, correspondentes aos três vãos do R/C, que abrem para uma varanda com bacia de cantaria assente em seis cachorros, e gradeamento de ferro forjado de barras verticais adornadas com conjuntos de pequenas espirais; à direita um pano de parede mais baixo, revestido de cantaria, rasgado por óculo polilobado. Fachada SE. com copa rematada por empena assimétrica acompanhada por beirado, rasgando-se à direita uma janela; num plano recuado, desenvolve-se a caixa da escadaria principal, mais alto, rematado por beirado e rasgado por grelha de tijolo alternada por bandas horizontais de tijolo, acima do qual se eleva, no ângulo esquerdo, uma chaminé; em segundo plano e ligeiramente mais alto eleva-se o corpo principal do imóvel, rematado por beirado. Fachada SO. com três panos, cegos, ao nível da cave, revestidos os laterais a cantaria e o central a azulejos verdes, onde se destaca fonte de cantaria em arco de volta perfeita; ao nível do r/c desenvolve-se uma pérgola de madeira, assente em quatro pilares cilíndricos, cobrindo o terraço, ao fundo do qual se eleva o corpo principal do edifício, de um só pano, rematado por beirado e rasgado ao nível térreo por uma porta ladeada por janelas e ao nível do primeiro andar por três janelas; à direita, num plano recuado situa-se a cozinha, ao nível da cave, de pano revestido a cantaria, rasgado por duas janelas e porta, à esquerda integrada em volume destacado, ao nível do r/c, um pano rebocado e rematado por beirado é rasgado por uma porta, com ligação à pérgola e duas janelas; em segundo plano eleva-se, ao nível do primeiro andar, um pano rematado por beirado e rasgado por porta, que conduz a uma varanda, e janela. Fachada NO. de um só pano rematado em empena acompanhada por beirado, a que se adossa ao centro uma chaminé com um banco de alvenaria adossado na base; ao nível do primeiro andar rasgam-se duas pequenas janelas de cada lado. INTERIOR: dividido em três pisos, ao nível da cave situa-se uma garagem e uma suite viradas a NE. e a cozinha virada a SO; ao nível do R/C um pequeno átrio conduz ao vestíbulo, tendo à esquerda a escadaria de ligação ao primeiro andar, de três lanços, em " U ", com degraus de madeira; em frente uma porta conduz à copa, ligada à cozinha por escadas de serviço, e à direita uma porta envidraçada conduz à sala de jantar de tecto plano animado por vigas de madeira apoiadas em cachorros de cantaria; ao fundo uma zona, de pé-direito mais baixo, integra uma lareira revestida a azulejos polícromos do tipo de " figuras avulsas " representando figuras populares, flores, barcos, etc., ladeada por bancos curvos, almofadados, tipo sofá; a SO. uma porta conduz à varanda coberta por pérgola; ao nível do primeiro andar o átrio superior conduz a um corredor para onde comunicam dois quartos de cada lado.

Acessos

EN 120. R. de Lisboa, R. da Pousada. WGS84 (graus decimais) lat: 38.018283 long:-8.691367

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 82/2010, DR, 2.ª série, n.º 18 de 27 janeiro 2010

Enquadramento

Urbano, isolado, em destaque numa pequena elevação sobranceira à cidade, rodeada por jardim murado.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Comercial e turística: pousada

Utilização Actual

Comercial e turística: pousada

Propriedade

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Miguel Jacobetty Rosa; DECORADORES: Vera Leroi e Anne-Marie Jauss

Cronologia

1939 - projecto por Miguel Jacobetty Rosa; 1947 - inauguração da pousada; 1969 - anteprojecto de remodelação e ampliação por Miguel Jacobetty Rosa; 2002 - foi desintegrada da rede Pousadas de Portugal e vendida ao seu anterior proprietário; 2003, 21 janeiro - proposta de classificação da Câmara Municipal de Santiago do Cacém; 06 março - proposta de de classificação da DRÉvora; 10 março - despacho de abertura do processo de classificação do Vice-Presidente do IPPAR; 2007, 18 janeiro - proposta de fixação de Zona Especial de Proteção da DRÉvora; 16 maio - parecer do Conselho Consultivo do IGESPAR propõe a classificação como Imóvel de Interesse Público e a fixação de Zona Especial de Proteção; 2008, 28 janeiro - despacho de homologação da Ministra da Cultura relativa à classificação e fixação de Zona Especial de Proteção.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Paredes de alvenaria, rebocadas e pintada, telhados em telha de aba e canudo, pavimentos de tijoleira e tacos de madeira, molduras de vãos, degraus, revestimentos de paredes exteriores e elementos secundários de cantaria, gradeamentos, lanterna e elementos secundários de ferro forjado, portas e caixilharias de madeira e vidro, azulejos.

Bibliografia

Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1953, Lisboa, 1954; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, 1º Volume, Lisboa, 1960; FERNANDES, José Manuel, Pousadas de Portugal Obras de Raiz e em Monumentos in Caminhos do Património, Lisboa, 1999; BARRETO, Pedro, Pousadas de Portugal: Elixir para Anchietações, Jornal Arquitectos, n.º 197, Lisboa, 2000; LOBO, Susana, Pousadas de Portugal. Reflexos da Arquitectura Portuguesa no Século XX, Coimbra, Imprensa Universitária de Coimbra, 2006.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; ENATUR

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; ENATUR

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; ENATUR

Intervenção Realizada

1953 - Obras de beneficiação; DGEMN: 1959 - obras de conservação, pelos Serviços de Construção e Conservação.

Observações

Autor e Data

Ricardo Pereira 2001

Actualização

 
 
 
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