Igreja Paroquial de Carrazedo / Igreja de São Martinho

IPA.00001052
Portugal, Braga, Amares, Carrazedo
 
Arquitectura religiosa, românica, quatrocentista, quinhetista e barroca. Igreja paroquial de planta longitudinal, composta por nave única, com torre sineira quadrangular e duas capelas laterais, adossadas do lado esquerdo, e capela-mor rectangular. Fachada principal barroca, com empena recortada, e composição central de portal com frontão recortado encimado por nicho com imagem do orago, ladeado por janelões. Torre sineira com cúpula bolbosa, resultante das obras setecentistas. Interior com capelas laterais funerárias quatrocentistas e quinhentistas. Púlpito barroco, do estilo joanino, com guarda plena, bojuda, em talha. Na capela-mor conserva-se uma janela românica, que pertenceria à primitiva igreja. Retábulo-mor barroco. Possui lateralmente duas capelas laterais funerárias, construídas pelas duas maiores famílias da região, da Casa da Tapada e da Casa de Castro, encontrando-se numa delas o túmulo de poeta Sá de Miranda. Essa capela, conhecida como de Nossa Senhora da Apresentação ou da Tapada, possui duas grandes lápides com inscrições, uma em latim e a outra com a tradução em português, alusivas a Sá de Miranda.
Número IPA Antigo: PT010301070007
 
Registo visualizado 762 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal, composta por nave única, com torre sineira quadrangular e duas capelas laterais, adossadas do lado esquerdo, e capela-mor rectangular. Volumetria de dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo da torre sineira. Coberturas em telhados de uma água na capela lateral, duas águas na nave e capela-mor e em cúpula bolbosa na torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento. Fachada principal em empena recortada, com cornija, e cruz trilobada sobre acrotério, no vértice. É enquadrada por cunhais apilastrados dóricos coroados por pináculos. Portal principal de verga recta, encimado por frontão recortado interrompido por mísula que suporta nicho concheado, com imagem do orago, rematado por cornija. O portal é ladeado superiormente por janelões em arco abatido. Torre sineira enquadrada por cunhais, de dois registos, separados por cornija. Primeiro registo, possuindo na face frontal, porta de verga recta encimada por dois óculos, o primeiro trilobado e o segundo circular. Segundo registo correspondendo à sineira, com ventanas em arco pleno, com demarcação no fecho e nas impostas. Remate em cornija com pináculos nos ângulos. Fachadas laterais rasgadas por dois janelões, possuindo a lateral esquerda, no pano correspondente às capelas laterais, lápide com inscrição encimada por pequena janela, e na fachada oposta, portal de verga recta. Fachada posterior cega, com empena coroada por cruz e lateralmente pináculos. INTERIOR rebocado e pintado de branco, com nave com coro-alto, decorada por silhar de azulejos industriais recentes, de padrão, monocromos a azul e cobertura em abóbada de berço rebocada. Pavimento em tijoleira, com passadeira central de mosaico e tampas de sepultura em granito, algumas com inscrições. Uma das sepulturas, com inscrição, pertence ao Marquês de Montebelo, decorada com altos e baixos relevos e florões nos cantos. Pia baptismal de taça octogonal, sobre tampa de sepultura com inscrição. Do lado do Evangelho, abrem-se duas capelas laterais com acesso por arcos plenos de cantaria. A primeira conhecida como Capela de Nossa Senhora da Apresentação ou da Tapada, sobrelevada, com acesso por dois degraus. Cobertura em tecto de masseira de madeira e pavimento em laje de granito, com tampa de sepultura do poeta Francisco Sá de Miranda e sua mulher. Parede testeita com duas grandes lápides rectangulares com inscrições. A segunda conhecida como Capela de Santa Margarida, com tampa de sepultura com inscrição, no pavimento e retábulo do orago. Entre as duas capelas encontra-se o púlpito de base em granito, facetada, sobre mísula bojuda, com guarda plena de talha policroma, também bojuda, ricamente decorada por acantos. Retábulo lateral, do lado da Epístola, em talha policroma, inscrito em arco pleno assente sobre pilastras. Arco triunfal pleno assente em pilastras toscanas. Capela-mor com três tampas de sepultura com inscrições, possuindo a central as armas do Marquês de Montebelo. Retábulo-mor de talha policroma, de planta recta, com três eixos. Tribuna recortada com trono e o Crucificado. Sacristia com lavabo de granito, com espaldar em arco pleno, com bica e reservatório, e taça semicircular.

Acessos

Carrazedo, EN 205, Km. 49

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 516/71, DG, 1ª Série, nº 274 de 22 novembro 1971 (Capela de Nossa Senhora da Apresentação)

Enquadramento

Rural, isolada, com adro murado, ladeado pela EN. O espaço envolvente, caracterizado pelo povoamento disperso predominante no Minho, é composto por casas rurais de volumetria reduzida.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Inscrição gravada na lápide da fachada lateral esquerda, ligeiramente recortada; sem moldura nem decoração; mármore; leitura: FRIACISCUS. DE. SAA. DE MIRANDA HOC. MONUMENTUM. SBI. SUSQ ELEGIT. OPTIMO. PATRONO. SUO. INSIGNIQ VETI. ALUMNI ALMI. LICAEI. BRACARENSIS CUI. NOMEN SAA DE MIRANDA EST. DECUS ET. PRAESIDIUM HUNC. POSVÊRE ANNO. S. MCMXXIII.; tradução: Francisco Sá de Miranda escolheu este monumento para si e para os seus. Ao seu óptimo padroeiro e insigne poeta puseram este monumento os alunos veneráveis do liceu bracarense que tem o nome Sá de Miranda por honra e apoio. Ano da salvação 1923; inscrição gravada na tampa de sepultura do Marquês de Montebelo, existente na nave; granito; leitura: AQUI JAZ UM PECADOR ROGAI A DEUS POR ELE; inscrições gravadas em duas lápides existentes na Capela de Nossa Senhora da Apresentação, com os sulcos pintados de preto, com c. de 1,80m x 0.80m, a superior em latim e a inferior com a tradução em português; sem moldura nem decoração; granito; tipo de letra: capital quadrada; leitura: (lápide superior) EPITÁFIO FRANCISCO DE SÁ DE MIRANDA RUSTICA QUAE FUERAT SOLIS VIX COGNITA SYLUIS, AULICA MIRANDAE CARMINE, MUSA FUIT, MATUROS QUE IOCOS ET LUDICRA SERIA LUDENS, DIVINA HUMANUM MISCUIT ARTE MELOS. CUM POSSET GLADIO TRANSCENDERE NOMEN AVORUM, MALUIT ARGUTI MILITIAM CALAMI. OMNIA MIRANDUS, MIRANDUS PULVERE IM IPSO EST PULVERE INHOC PATRIAE GLORIA SCRIPTA MANET.; (lápide inferior) DECLARA-SE EM PORTUGUÊS A MUSA PASTORIL AINDA NOS MATOS MAL CONHECIDA TORNOU FRANCISCO DE SÁ MUITO CORTESÃO. DIZENDO GRAÇAS MADURAS E GALANTERIAS SISUDAS, JUNTOU POESIA HUMANA COM SUAVIDADE DIVINA PODENDO COM SUA ESPADA PASSAR A HONRA DE SEUS AVÓS QUIS SOMENTE PELEJAR COM A PENA DA POESIA. EM TUDO MIRANDA E NA MORTE TAMBÉM FOI ADMIRÁVEL EM SUAS COISAS ESTÁ ESCRITA A GLÓRIA DE SUA PÁTRIA.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 15 / 16 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Arquitectos: Humberto Vieira (projecto de recuperação da igreja), Augusto de Oliveira Ferreira.

Cronologia

Idade média - Edificação da primitiva igreja; séc. 15, segunda metade - construção da Capela de Santa Margarida para sepultura de Manuel Machado de Azevedo, 3º Senhor de Entre Homem e Cávado e de sua mulher D. Joana da Silva; séc. 16, segunda metade - Jerónimo de Sá de Miranda, filho do poeta Francisco Sá de Miranda *2, Senhor da Casa da Tapada (v. PT010301110008) e da Honra de Avessadas, manda fazer na igreja a Capela de Nossa Senhora da Apresentação, pegada à de Santa Margarida, que pertencia ao seu primo Francisco Machado, onde deveria mandar colocar duas sepulturas, uma para o seu pai e sua mulher e outra para a família; 1583 - morre Jerónimo de Sá de Miranda; séc. 17 - Rodrigo Orozco, 1º marquês de Mortara coloca na igreja o relicário de Santa Margarida; 1662 - após morte de D. Félix Machado da Silva Castro e Vasconcelos, 1º Marquês de Montebelo, o relicário de Santa Margarida, então na posse do falecido marquês é deixado à igreja; 1706 - segundo o Padre Carvalho da Costa é abadia apresentada pelo Marquês de Montebelo; a povoação tem 66 vizinhos; 1750 - reedificação da igreja paroquial; 1758 - nas Memórias Paroquiais o Padre Domingos Gonçalves afirma que as duas capelas laterais tinham grandes de madeira e eram muito antigas; 1923, 8 Junho - colocação de lápide na fachada lateral pelos alunos do Liceu Sá de Miranda, em homenagem ao poeta do mesmo nome; 1992, 01 Junho - afectação do imóvel ao IPPAR, pelo Decreto-Lei n.º 106F/92; 1996 - durante as obras de restauro, foi descoberta numa das paredes da capela-mor, uma janela românica; 2004 - inauguração de um busto de Sá de Miranda, junto à fachada lateral, oferecido pela Fundação Calouste Gulbenkian; 2007, 29 Março - o imóveo deixa de estar afecto ao IPPAR com a sua extinção e transformação em IGESPAR, pelo Decreto-Lei n.º 97/2007.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura, cunhais, elementos decorativos, pia baptismal, tampas de sepultura, pavimentos e lavabo da sacristia em granito; portas, janelas, retábulos e tectos, em madeira; pavimento da nave em tijoleira e mosaico; cobertura em telha de canudo.

Bibliografia

Carrazedo - Amares, in Diário do Minho, 23 Setembro 2004, pp. 21 - 28; COSTA, António Carvalho da (Padre), Corografia Portugueza..., tomo I, Lisboa, Valentim da Costa Deslandes, 1706; Obras na Igreja de Carrazedo descobrem uma janela secular, Correio do Minho, 14 Setembro 1996; SILVA, Domingos Maria da, Monografia do Concelho de Amares, I, II, III, 1958; idem, Memórias Paroquiais, 1958.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1961 - Reparação da capela; 1979 - trabalhos de conservação; PROPRIETÁRIO: 1986 / 1987 - a capela é totalmente remodelada pelo pároco sem aprovação legal do projecto; IPPAR: 1991 - recuperação das fachadas exteriores da igreja, incluindo caixilharias, remodelação do pavimento e paredes interiores; 1996 - restauro da capela-mor.

Observações

*1 - Francisco Sá de Miranda, poeta e humanista, nasceu em Coimbra, em 1481 e morreu em 1558. Era filho do cónego Gonçalo Mendes de Sá e de Inês de Melo. Casou em 1529 / 1530 com D. Briolanja de Azevedo, filha de Francisco Machado, Senhor da Casa da Torre (v. PT010301070022) e Senhor Donatário de entre Homem e Cávado. Com o seu imenso talento, introduz na cultura portuguesa as novidades da escola italiana que descobriu por ocasião da sua estada em Itália entre 1521 a 1526, nomeadamente o soneto, ode, elegia e até comédia em prosa e tragédia.

Autor e Data

Isabel Sereno e João Santos 1994

Actualização

 
 
 
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