Colégio de São Sizenando / Colégio de São Francisco Xavier / Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Portimão

IPA.00010510
Portugal, Faro, Portimão, Portimão
 
Arquitectura religiosa e educativa, estilo chão, barroca. Colégio jesuíta de planta rectangular composta por igreja central com pátio interno, sacristia e outras dependências sobre a cabeceira, com um corredor em torno destes espaços que dá acesso às várias dependências colegiais situadas no perímetro do rectângulo, composição que se repete no segundo piso. Igreja de planta longitudinal, simétrica, nave única, transepto inscrito, coro-alto em madeira, capelas laterais não intercomunicantes, sendo pouco profundas; capela-mor e capelas colaterais bastante profundas; nave com cobertura em abóbada de berço, capelas laterais com retábulos sobrepostas por tribunas, capela-mor ladeada por capelas colaterais, com arcos mais baixos, com duplo púlpito entre duas capelas laterais, seguindo de perto o modelo jesuíta da Igreja do Espírito Santo em Évora (v. 0705210023). Fachada principal de solução simples, simétrica, com a igreja a ocupar o centro do corpo colegial, sendo dissolvida no conjunto, separada com dupla pilastra do resto da fachada, com vários registos vasados por janelas de cantaria com guarda, com três portais de verga recta de acesso à igreja, sendo o central o maior, segundo uma traça semelhante à do Colégio jesuíta de Faro (v. 0805050012). Construção de grandes dimensões, com larga fachada voltada para uma importante praça da cidade, impondo-se pela sua monumentalidade e disposição altaneira aos edifícios circundantes. A solução erudita no alçado da capela-mor com a colocação de tribunas sobre as capelas colaterais, formando no conjunto uma serliniana. No segundo registo do mesmo alçado abre-se um nicho envidraçado e emoldurado por uma estrutura arquitectónica em alvenaria, guardando exposto o Nosso Senhor dos Aflitos, figura que sempre encontrou uma grande devoção junto da comunidade portimonense. Os retábulos da capela-mor e das colaterais, em talha dourada, constituem belos exemplares da talha de inícios do séc. 18, tendo sido executados pelo mestre Manuel Martins.
Número IPA Antigo: PT050811030005
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio religioso  Colégio religioso  Companhia de Jesus - Jesuítas

Descrição

Planta longitudinal, com dois pequenos rectângulos salientes a prolongar a fachada principal mas num plano mais recuado *1, composta pela igreja de planta longitudinal, em cruz latina, de nave única, com transepto inscrito, com capelas laterais e colaterais não comunicantes, e uma capela-mor rectangular profunda (com dois tramos), tendo adossadas a N. da cabeceira a sacristia, por detrás da capela colateral do lado da Epístola, e um pátio interno de planta quadrada e outras dependências, por detrás da capela-mor e da capela colateral do lado do Evangelho, formando este conjunto de espaços um rectângulo alongado em torno do qual se dispõe um corredor de acesso às várias dependências colegiais, composição que se repete no segundo piso *2. Volumes escalonados, massas dispostas na vertical com cobertura diferenciada em telhados de duas águas na igreja e nas dependências situadas em torno do pátio interno, e de uma água nas dependências que ladeiam o corpo da igreja, com terraço visitável situado em torno da cobertura da igreja, correspondente ao último registo desta, apresentando nas fachadas a E. e a O. uma série de janelas de cantaria entaipadas, com empena sineira nesse espaço a nascente. Com fachadas rebocadas e pintadas; fachada principal a S., simétrica e escalonada, constituída por um corpo central saliente e dois laterais mais pequenos e ligeiramente recuados, sendo o corpo central dividido verticalmente em 3 partes, separadas entre si por duplas pilastras de pedra lisa assentes em peanhas, com quatro registos vazados na parte central, três nas partes que a ladeiam e dois nos corpos adossados, divididos por cornijas, em pedra entre o primeiro e o segundo, e em alvenaria entre os restantes, e limitados por cunhais apilastrados em cantaria com pedra rusticada no corpo central e em alvenaria nos adjacentes; a parte central, apresentando um embasamento em pedra, correspondente à igreja, tem no registo inferior três portais, com acesso por quatro degraus, em cantaria de verga, definindo cada um deles os três panos que a constituem, sendo os laterais simples, com frontão circular, e o principal, o maior destes, coroado por frontão interrompido com coroa real em pedra e cruz gravada; os registos seguintes, por janelas de cantaria e com guarda de ferro, rasgadas até ao nível do pavimento e com bandeira no segundo registo; o último por frontão com arco de querena, com óculo oval e uma pedra abrasonada ao centro envolvidos por um trabalho em massa, sendo encimado por uma cruz de pedra; as partes que ladeiam a central têm cada uma três panos, situando-se os portais, de cantaria de verga simples, no pano que se encontra mais próximo do centro da fachada, sendo os restantes panos ocupados por janelas; o segundo registo, com janelas de cantaria rasgadas até ao nível do pavimento e com bandeira; o terceiro registo termina obliquamente acompanhando a inclinação das águas do telhado, tendo apenas uma janela situada no pano do portal; os corpos adjacentes têm um portal no registo inferior, em cantaria de verga recta no corpo a poente e em pedra trabalhada com um arco polilobado no corpo a nascente *3; o segundo registo tem uma janela de sacada. Fachada a O., voltada para o antigo pátio dos estudantes, constituída por dois registos de janelas em cantaria, com guarda no segundo registo, divididas aos pares pela disposição de cinco contrafortes que ocupam verticalmente o primeiro registo e parte do segundo, tendo beirado; existência de uma escada de emergência em metal pintado de branco. Fachada a N. constituída por dois registos de janelas, com cantaria e guarda no segundo registo, prevalecendo alguns apontamentos de pedras de cantaria nos muros, tendo beirado. IGREJA: nave única, paredes e cobertura de abóbada de berço rebocadas e pintadas de branco, arrancando esta última de uma cornija saliente pintada de castanho-avermelhado, que passa à altura entre o segundo e terceiro registos da fachada principal, pavimento lajeado em torno do pavimento de madeira que se encontra circunscrito por uma guarda abalaustrada em madeira de nogueira no centro do corpo da igreja onde se dispõem os bancos. Iluminação feita pelas duas fileiras de janelas dos dois registos intermédios da fachada principal, situados sobre o coro-alto de madeira, assente sobre quatro pilares de madeira pintada, com balaustrada e escadaria do lado da Epístola. Alçados laterais simétricos: alçado da parte do Evangelho constituído por uma porta de acesso ao coro alto a partir do segundo piso e outra abaixo desta, sob o coro-alto, de acesso a um pequeno compartimento; seguem-se três altares com retábulos em madeira pintada, inseridos em capelas pouco profundas, com arcos de volta-perfeita em cantaria e decorados no frontispício; estas capelas são encimadas por tribunas, em compartimentos estanques, com uma moldura rectangular em pedra, de largura igual à da moldura do arco das capelas, apresentando guardas em madeira de nogueira; existe uma porta de acesso para cada tribuna, situadas no corredor do segundo piso do colégio; entre a segunda e a terceira capela encontra-se um púlpito de caixa quadrangular de madeira pintada, encimado por baldaquino, com uma porta de acesso em cantaria de verga simples; entre as capelas e as tribunas passa um friso em pedra que parte da altura do piso do coro-alto e termina ao chegar ao transepto; alçado da parte da Epístola difere apenas na função da porta que se encontra sob o coro-alto que dá acesso à escadaria do coro-alto; o transepto é definido por dois arcos elevados de volta perfeita e de cantaria, com duas portas de cantaria de verga recta em cada braço: uma porta de acesso ao corredor e outra para outras dependências em cada braço, sendo a do lado da Epístola a que dá acesso à sacristia. Alçado da capela-mor é de dois registos definidos por uma cornija, sendo o inferior definido por: capela-mor e duas capelas colaterais, sendo a mor composta por retábulo com tribuna, decorado em talha dourada sobre fundo azul, situando nas paredes laterais dois túmulos em mármore inscritos em arcosólios de mármore; capelas colaterais, mais baixas com arco em cantaria, decoradas com pinturas, lateralmente, e retábulos em talha dourada com imagens e com os mesmos motivos do retábulo-mor e sobre estas, a tribuna, com guarda, e com uma janela na parede de fundo e com acesso pelo terceiro piso; no registo superior, ao centro, nicho com expositor em vidro com crucifixo em madeira, envolvido por uma decoração pintada imitando um portal de volta perfeita com pilastras. Sacristia, antecedida por um corredor, de paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento em mosaico vidrado de cor castanho-claro, com cobertura de abóbada de berço, arrancando de cornija em alvenaria pintada de branco que percorre todo o espaço; com duas janelas com vista para o pátio interno e portas de cantaria de acesso a outras dependências. ZONA DO ANTIGO COLÉGIO: todo o interior é rebocado e pintado de branco, sendo todas as salas e corredores dotados de cobertura de abóbada de berço que arranca de uma cornija, e um piso cerâmico, exceptuando o pátio interior que tem calçada, com portas com uma moldura em cantaria de verga recta no acesso à maior parte das salas; com cunhais de pedra nos cantos dos cruzamentos dos corredores. O piso térreo da parte O. e N., apresentando um silhar de azulejos industriais de padrão, azuis, amarelos e brancos, acede-se pela porta do museu, situado na fachada principal, tendo acesso directo ao corredor da ala poente do edifício com um arco em pedra com porta de metal e vidro a cortar este ao meio, sendo este espaço utilizado para exposição de telas e esculturas; ao longo deste é disposto à esquerda serviços do centro de dia como salas de estar, porta de saída para o pátio exterior, várias salas de refeitório e cozinha; no fim do mesmo corredor, à direita, encontra-se o elevador seguido da porta de acesso ao pátio interno; no centro deste pátio situa-se um poço sem muro, a caixa do elevador adossado a um canto do pátio e a outro canto umas escadas de acesso ao piso térreo da ala N.; na intersecção do corredor O. com o corredor N. é formado na cobertura uma abóbada de aresta em tijolo-burro à vista, solução verificada em todos os cruzamentos de corredores da parte poente e N.; num extremo do corredor N. encontra-se outra saída para o pátio exterior, enquanto no seu curso é disposto outras dependências do centro de dia e lar como lavandarias, cozinha, e outras salas; a passagem para o corredor da ala E. encontra-se tapado; o acesso a esse corredor faz-se pela porta oposta à do museu, na fachada principal, sendo ainda cortada a sua profundidade por uma parede que o compartimenta; as salas desta são utilizadas pela paróquia e pelos escudeiros; ainda pertencente a esta ala fica o espaço que se acede pelo portal do corpo adjacente, com pavimento de pedra, dando acesso a um vestíbulo com silhar de azulejos por onde se pode subir ao segundo piso, e que comunica com uma grande sala com cobertura de abóbada de berço pintada e ornamentada com um trabalho profuso em estuque, funcionando aí os escritórios da junta de freguesia. O corpo adjacente oposto a este último, que se tem acesso através de uma pequena plataforma com escadas de acesso, dispõe de uma larga escadaria em pedra de acesso ao segundo piso, de um só lanço, encimada por uma grande portada em madeira; à esquerda tem comunicação com o primeiro piso do edifício adossado; o piso assemelha-se ao inferior tendo corredores de distribuição para todas as dependências, estas utilizadas como quartos pelo lar, sendo ainda possível aceder às tribunas da igreja e ao coro alto pelo corredor a O.; a entrada para o corredor E. também se encontra aqui tapada. O acesso à parte nascente do segundo piso faz-se através do vestíbulo que se situa nesse lado do edifício, no piso inferior, através de uma escadaria de pedra com dois lanços dispostos em cotovelo; esta parte encontra-se muito compartimentada com o recurso a paredes falsas, tornando pouco perceptível a traça original; estas salas são utilizadas pela Junta de Freguesia como escritórios, espaços internet e arquivos; destaca-se nesta parte um apontamento de trabalho em estuque num arco abatido na sala grande adossada à fachada principal e vestígios de silhar de azulejos, azul e branco, numa outra sala.

Acessos

Avenida São João de Deus, Rua Diogo Gonçalves (acesso de viaturas do Centro de Idosos), Praça da República; através de uma garagem situada na Rua da Hortinha é possível ter acesso à fachada posterior do edifício; o acesso por deficientes faz-se pelo portão situado na Rua Diogo Gonçalves, sendo possível, a partir desse ponto, aceder a grande parte do edifício, dotado de elevador; outra forma de acesso para deficientes é na ala E., através de rampa metálica disposta à entrada. VWGS84 (graus decimais) lat. 37,139451 long. -8,537639.

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Decreto n.º 735/74, DG, 1.ª série, n.º 297 de 21 dezembro 1974

Enquadramento

Urbano, orla marítima, num dos pontos mais altos da cidade numa cota próxima à da igreja matriz, o que a privilegia de uma larga panorâmica sobre a cidade a partir do terraço, assente numa plataforma, ligeiramente inclinada para poente, que antecede um acentado declive a S. que se extingue na R. Direita, adossado a nascente por edifícios de dois pisos, correspondendo a lojas e a casas de habitação, alguns no alinhamento da fachada principal, a poente pelo edifício de dois pisos da administração do Centro de Apoio a Idosos, encontrando-se no alinhamento da fachada principal, sendo ainda flanqueado a N. por prédios de vários pisos de habitação com lojas nos pisos térreos; com fachada principal voltada para uma ampla praça circunscrita por vários prédios altos de habitação com lojas de comércio e restauração nos pisos térreos, com pavimento em calçada e uma zona ajardinada, dotada também de um parque de estacionamento subterrâneo; a circulação viária é feita em torno da praça, passando em frente da fachada principal uma rua empedrada estreita de um só sentido (Av. S. João de Deus); a fachada principal é a única fachada voltada para a via pública; o edifício situa-se fora do perímetro das antigas muralhas, das quais ainda restam vestígios dentro de uma loja na parte nascente da praça; a cerca de 100 metros a nascente situa-se a igreja matriz (v. PT050811030007)

Descrição Complementar

HERÁLDICA: brasão situado na fachada principal, no quarto registo do corpo da igreja; pedra calcária; descrição: com cinco crescentes em aspa, usado pelos Pintos, encimado por um elmo e uma figura zoomórfica, sendo emoldurado por uma decoração vegetalista; INSCRIÇÕES: inscrição gravada na lápide rectangular situada sobre a porta de entrada da sala adossada a fachada principal, na parte poente do segundo piso, com sulcos pintados a preto e sem moldura; mármore; tipo de letra: capital quadrada; leitura: ENFERMARIA / D.R ERNESTO CABRITA E SILVA / HOMENAGEM DOS SEUS AMIGOS / 1-1-1906; inscrição gravada na lápide rectangular situada ao lado da porta que comunica entre o imóvel e o edifício adjacente da administração do centro de dia, situada neste último espaço, com sulcos pintados a preto e sem moldura; mármore; tipo de letra: capital quadrada; leitura: ALA CLÍNICA INAUGURADA POR SUA EX.A SENHOR GOVERNADOR CIVIL DE FARO, CABRITA NETO / AOS 25-4-1994; inscrição gravada em lápide rectangular situada na fachada principal, ao lado esquerdo da porta de acesso ao corredor E., sem moldura e com dois símbolos com a flor de lis gravados; mármore; leitura: BADEN-POWELL / Chefe Mundial do Escutismo / N 22-2-1887 / F 8-1-1941 / Homenagem do Agrupamento em 22-2-87 / Na comemoração regional do dia de BP / Placa descerrada por S. Exa. O Presidente da C.M.P. Arq. Martim Gracias; inscrição gravada em lápide rectangular situada no intradorso do pilar esquerdo do arco da capela colateral do lado da Epístola, com sulcos pintados a preto e sem moldura; mármore; tipo de letra: capital quadrada; leitura: GRATIDÃO A S.TA FILOMENA / 14. X. 51 - M. C. S. / E. M.; inscrição gravada no frontispício da arca tumular do fundador, com sulcos pintados de preto, com moldura feita com um sulco pintado de preto; mármore; tipo de letra: capitais; leitura: S.A DIOGO GTZ. CAVAL.RO DA CAZA DE SUA MG.DE E NA INDIA CAPITÃO DA GUARDA E VEDOR DA CASA DO VICE-REI P.O DA SILVA N.AL D´ESTA V.A E VERDAD.RO PAE DA PATRIA P.A CUJO ENSINO FUNDOU ESTE COLL.O Á CO.M P.A DE IHS QUE DOTOU DE BOAS RENDAS P.A TER M.S DE ESCOLA, LATIM CASOS CO.M DUAS CAPELLANIAS. ELLE LHE LANÇOU A PR. PEDRA DIA DAS ONZE MIL VIRG.ES DO ANNO DO 1660 E DEDICOU A SUA IGREJA A S. FRANCISCO XAVIER APOST.O DA INDIA. FALLECEU DE 73 ANNOS DE ID.E AOS 17 DE JUNHO DE 1664; no mesmo túmulo está inscrita no topo superior da ilharga: ESTAM TAMB.M OS OSSOS DE D.A INEZ DE SOUZA SUA F.A; e no topo inferior encontra-se inscrito: ESTAM TAMB.M OS OSSOS DE IZABEL DE SOUZA SUA MULHER; TALHA: retábulo da capela-mor em planta em perspectiva côncava, composto por sotobanco, banco, corpo único, três tramos com quatro colunas pseudo-salomónicas, com uma tribuna ao centro com trono piramidal de degraus com uma glória, com um sacrário monumental com dois registos assente sobre o sotobanco e ocupando a tribuna até ao centro do corpo, ático com dois arcos salomónicos plenos com cartelas nos fechos; decorado com atlantes, serafins e cachos e parras de vinha; retábulos colaterais em planta plana, compostos por sotobanco, banco, corpo único, três tramos com quatro colunas pseudo-salomónicas, sendo as do centro mais pequenas e delgadas, com três nichos assentes sobre peanhas, com entablamento contínuo, ático delimitado por arco salomónico pleno, com cartela no fecho com o símbolo da Companhia e com o relevo de Deus Pai no tímpano ladeado por duas pilastras; retábulos laterais de planta plana, madeira pintada, compostas por banco, corpo único e um só tramo com um nicho, envidraçados em alguns retábulos, e com um ático. ORGÃO: órgão de armário situado no coro-alto.

Utilização Inicial

Educativa: colégio religioso

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade / Assistencial: centro de dia / Assistencial: lar / Política e administrativa: junta de freguesia / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: Municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Padre Bartolomeu Duarte; João Nunes Tinoco; CONSTRUTORES: António Gonçalves; Padre João da Costa; Padre Manuel da Costa; ENTALHADORES: ENTALHADOR: Manuel Martins (1717-19). SERRALHEIROS: Bartolomeu Rodrigues (mestre); PINTORES: João Carlos Leiria; Francisco Vieira Matos (Vieira Lusitano).

Cronologia

1659, 26 Agosto - carta de doação onde Diogo Gonçalves lega todos os seus bens à Companhia de Jesus, pretendendo, através desta, fundar uma casa de ensino na sua terra natal, Vila Nova de Portimão; este foi servidor do 24º vice-rei da Índia, Pêro da Silva, entre 1635 e 1639; 1660, 21 Outubro - lançamento da 1ª pedra; o fundador, Diogo Gonçalves, dedica a igreja a S. Francisco Xavier, apóstolo da Índia; o edifício é construído frente ao rossio, defronte para o mar, numa área que já seria habitada situada fora das muralhas medievais e no interior de umas novas muralhas que estavam planeadas mas que nunca foram construídas; o projecto e traça pertence ao Padre Bartolomeu Duarte, matemático jesuíta e herdeiro do fundador, contando ainda com contributos do arquitecto João Nunes Tinoco; de Lisboa veio o construtor António Gonçalves; 1662 - encontram-se em Vila Nova de Portimão os Padres João da Costa e Manuel da Costa com o objectivo de promoverem e acompanharem as obras; este último envia uma carta ao Padre assistente em Portimão, Francisco de Távora, referindo que as obras eram levadas a cabo por mestres vindos de Lisboa e que não haveria no Reino uma igreja tão bem feita nem em toda a Companhia um colégio tão bem traçado; 1663, Maio - após Diogo Gonçalves ter solicitado ao rei a licença para a fundação do colégio e ao Geral da Companhia o reconhecimento oficial de fundador, recebe finalmente, deste último, o esperado reconhecimento; 1664, 13 Março - o fundador deixa em testamento, a favor dos padres da Companhia, uma renda anual de 300 mil réis, dez moios de trigo, um lagar de azeite no lugar de Estômbar, uma horta, terras e sumagral no termo de Vila Nova de Portimão; 1664, 17 Junho - Diogo Gonçalves morre aos 73 anos de idade; Séc. 18 - numa gravura deste século é possível verificar como o edifício se destacava dos demais pela sua dimensão e localização, estando então virado para o rio Arade; 1704 - uma parte do Colégio abre as portas como escola pública para ensinar as primeiras letras; 1707, 3 Março - é inaugurada a igreja do Colégio onde se contou com uma novena matinal dedicada ao seu padroeiro, S. Francisco Xavier, e vários sermões pregados pelos religiosos do Colégio e pelo Padre Lente de prima de Moral, de Faro; 1707, 14 Junho - são trasladados os restos mortais de Diogo Gonçalves, da igreja matriz para o colégio, tal como os da sua mulher e filha que se encontravam no convento de São Francisco; os restos são depositados num túmulo em mármore situado debaixo de um arcosólio que se encontra na parede do lado do Evangelho na capela-mor; 1707, Agosto - abre finalmente as suas portas como Colégio menor; 1717, 18 Janeiro - contrato com o mestre João Tomás Ferreira para a execução do retábulo-mor, que não viria a ser cumprido; 15 Junho - ajuste com Manuel Martins para a execução do retábulo-mor, por 270$000 réis; 171 8- feitura do retábulo colateral do lado da Epístola, sob a invocação de Nossa Senhora da Encarnação, pelo mestre Manuel Martins; 1719, 19 Fevereiro - feitura do retábulo colateral do lado do Evangelho pelo mestre Manuel Martins, pela quantia de 110$000 réis; 1755, 1 Novembro - o terramoto provoca alguns estragos no edifício, nomeadamente na abóbada da igreja e outras próximas desta, o que poderá ter estado na origem da refeitura do remate da fachada principal; na sequência desta catástrofe morrem soterradas, dentro do edifício, 6 pessoas, tendo muitas outras ficado feridas; 1757, 16 Setembro - com a expulsão dos jesuítas, o colégio de Portimão e seus bens passam a pertencer ao Erário Régio; 1758 - poderia já estar instalada no colégio a Ordem de S. Camilo de Lélis, tendo sido esta a responsável pela reconstrução da abóbada da igreja e o remate da fachada principal; 1773, 21 Junho - breve de Clemente XIV institui a abolição da Companhia de Jesus; 1774 - D. José I doa o antigo colégio e a respectiva cerca à Universidade de Coimbra; 1777 - Marquês de Pombal pretende dividir em duas a diocese algarvia, escolhendo como nova Sé a igreja do antigo colégio jesuíta, devido tanto às suas largas dimensões (com capacidade para 150 pessoas e oferecendo ainda a possibilidade de ser aumentada) como ao facto de que o Paço Episcopal e a Casa do Cabido poderem ter assento nas instalações do antigo colégio; estas intenções malograram com falecimento do rei D. José I; 1780, 18 Maio - o edifício do antigo colégio jesuíta é ocupado pela Ordem de São Camilo de Lélis, tendo esta perpetuado a sua funcionalidade colegial; D. Maria dota estes com uma renda anual de 4 contos de réis, que anteriormente pertencia aos jesuítas; os padres desta Ordem conseguem que a Universidade de Coimbra lhes faça um contrato de emprazamento perpétuo, no valor de $800 réis por ano, pela antiga cerca do colégio; foi trazida de Lisboa para este colégio, uma tela figurando a Nossa Senhora do Loreto, de autoria que se pensa ser de Francisco Vieira de Matos, o célebre Vieira Lusitano; Séc. 19, princípios - feitura dos retábulos laterais que substituem as então existentes telas; Séc. 19, meados - um comerciante portimonense, Luís António Maravilhas, apoia, financeiramente, a reconstrução de várias igrejas danificadas pelo terramoto de 1755 que por essa data ainda não se encontravam reparadas, sendo a igreja do colégio uma das contempladas para esta campanha; 1834, 28 Maio - com a extinção das ordens religiosas em Portugal e com o consequente apropriar dos bens destas pelo Estado, o edifício do antigo colégio é avaliado em 8000$000 para efeitos de arrematação em hasta pública; não havendo interessados na compra do dito imóvel, este permaneceu como património nacional; 1844, 5 Fevereiro - é solicitado ao Governador Civil do Distrito a licença necessária para que a Santa Casa da Misericórdia possa aforar o edifício que ocupava na Rua Direita de Vila Nova, uma vez que esta conseguiu que lhe fosse concedido um novo espaço, mais amplo do que o ultimo: o do antigo colégio jesuíta; as negociações duraram cerca de 10 anos; 1853 - data gravada num sinos; este foi executado pelo Manoel António da Silva & Santareno em Lisboa; 1853, 18 Agosto - é decretado por Fontes Pereira de Melo no "Diário do Governo" nº207, em Carta de Lei, que parte do edifício fosse concedida à Câmara Municipal de Vila Nova e que outras partes, a igreja e respectivas oficinas, fossem concedidas à Santa Casa da Misericórdia e à Ordem Terceira de S. Francisco; coube à Misericórdia a ocupação de toda a parte ocidental do edifício, incluindo ambos os pisos, e as casas e corredor setentrionais; coube também a esta metade da igreja, da parte do Evangelho, compreendendo ainda o nicho com a imagem de Nosso Senhor dos Aflitos; a capela-mor, sacristia e saguão são partilhados entre a Misericórdia e a Ordem Terceira de S. Francisco; na parte edificada a Ocidente e a N. da igreja foi instalada o Hospital da Misericórdia e o Albergue para pobres no andar superior, tendo no piso térreo desta área funcionado um teatro: o Teatro de S.Camilo, que se encontrava sob a gerência da Santa Casa; a Ordem Terceira tomou assento na parte N. do edifício, instalando aí o Hospital de S. Nicolau; o Tribunal Judicial, a administração do concelho e a repartição da Fazenda ocupam a parte S. do edifício; no piso térreo ainda funcionou um albergue e uma esquadra da polícia; 1853, 15 Agosto - são pagos 2$600 ao pintor João Carlos Leiria pela bandeira real; 1853-1854 - são feitas obras no edifício, entre estas as de adaptação de uma parte do edifício a hospital; fez-se a "transladação da antiga Misª pª a nova no Colégio" gastando-se com esta 9$465 réis; 1858, 15 Agosto - é feito um inventário do património móvel, tendo a Misericórdia 18 camas; 1870, 26 Setembro - a irmandade da Santa Casa põe à disposição do Administrador do Concelho 24 camas para as vítimas da epidemia de febre amarela que atacava a Espanha; 1886, 24 Setembro - foi necessário votar em sessão um orçamento suplementar para a conclusão do coro; 1887 - 1888 - despesa feita com as obras do coro da igreja atinge os 168$995 réis, sendo o benfeitor o Manuel José de Garfias Tavares Torres; 1914 - funciona, até esta data, o teatro de São Camilo, propriedade da Misericórdia; a Santa Casa exerceu uma censura apertada sobre as peças que subiam à cena; 1935 - a mesa da Santa Casa manda estudar o custo das obras necessárias para reparar o edifício e para fazer os devidos melhoramentos; 1940 - 1950, décadas de - obras de conservação e beneficiação pela DGEMN no edifício onde duncionava o hospital-asilo;1965 - são achadas, no coro-alto da igreja, 4 telas setecentistas, que pertenciam aos 4 altares laterais; 1969 - estragos provocados pelo sismo; Séc. 20, década de 70 - encerramento do edifício ao culto religioso e a decadência da santa Casa da Misericórdia leva a uma falta de manutenção do espaço da igreja, o que contribuiu para a sua ruína; 1991 - obras efectuadas na ala nascente para a instalação de uma secção da Universidade do Algarve, e na ala poente para a ocupação do Centro de Apoio a Idosos de Portimão e do Museu Diogo Gonçalves (galeria de arte); 1994, 25 Abril - inauguração da ala clínica no centro de idosos pelo Governador Civil de Faro, Sr. Cabrita Neto; 2001, 20 Novembro . anúncio de concurso público, pela Câmara Municipal, para a realização de empreitada de recuperação do edifício, publicado no DR, 3ª série, nº269.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

ALVENARIA: estrutura do edifício e cobertura da igreja; BETÃO: vigas de suporte da cobertura; CERÂMICA: telhas, tijolo; azulejos, pavimento da zona correspondente ao colégio; tijolo-burro na cobertura de abóbada de berço dos corredores, estando a descoberto nas abóbadas de aresta; ESTUQUE: trabalho de massa na empena sineira; trabalhos de estuque nas duas grandes salas na ala E.; MADEIRA: pavimento (igreja e alguns quartos); janelas; caixilharias e portadas; retábulos (talha dourada e pintada), balaustradas (igreja); coro-alto; púlpitos; guardas das tribunas; METAL: ferro forjado nas guardas das janelas; bronze nos sinos; alumínio em janelas, caixilharias e portadas; PEDRA: lajes do pavimento (igreja); cantarias; calçada (pátio interior); túmulo do fundador; armas e brasão na fachada principal; escadarias; TERRA: pavimento da sobrecâmara; VIDRO: telhas, nas janelas; no expositor de um retábulo lateral; no expositor do Nosso Senhor dos Aflitos.

Bibliografia

ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; AZEVEDO, José Correia de, Portugal Monumental - Inventário Ilustrado, vol. VIII, Lisboa, 1994; BIVAR GUERRA, Luiz, Documentos para a História da Arte em Portugal, nº13 - Arquivo do Tribunal de Contas - Colégios de Portalegre, Portimão, Faro, Angra, Ponta Delgada e Funchal (Companhia de Jesus), Lisboa, 1975; CORREIA, José Eduardo Horta, O Maneirismo, in História da Arte em Portugal, vol. 7, Lisboa, 1993; COSTA, Américo, Dicionário Corográphico de Portugal, vol. IX, 1929-1949; LAMEIRA, Francisco I. C., Itinerário do Barroco no Algarve, Portimão, 1988; IDEM, As oficinas de talha no Algarve durante a época barroca in Actas do VI Simpósio Luso-Espanhol da História da Arte - Oficinas Regionais, Viseu, 1991; IDEM, O maior entalhador e escultor setecentista algarvio - Manuel Martins in Actas do I Congresso Internacional do Barroco, Porto, vol. I, Porto, 1991; IDEM, Inventário Artístico do Algarve - A talha e a imaginária, vol. XIII, Faro, 1996; IDEM, A Talha no Algarve durante o Antigo Regime, dissertação de doutoramento em História da Arte Moderna apresentada à Universidade do Algarve, Faro, 2000; LAMEIRA, Francico, O Retábulo da Companhia de Jesus em Portugal: 1619 - 1759, Faro, Departamento de História, Arquelogia e Património do Algarve, 2006; NUNES, Joaquim António, Portimão, Lisboa, 1956; PASSOS, José Manuel da Silva, O Bilhete Postal Ilustrado e a História Urbana do Algarve, Lisboa, 1995; PINTO, Maria Helena Mendes e PINTO, Victor Mendes, As Misericórdias do Algarve, Lisboa, 1968; ROSA, Pinheiro e, Tesouros sem Cortes - Igreja do Colégio, onde a grandiosidade interior excede a exterior, in Folha do Domingo, Faro, 1979; SANTOS, Ana Maria Chapeleira Fazenda Figueiredo, O Colégio Jesuíta de Vila Nova de Portimão: Uma Comunidade e um Património (1659-1759), (dissertação de mestrado em História Regional e Local, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: exemplar policopiado), Lisboa, 2003; SERRÃO, Vítor, O Barroco e o Rococó (...) in O Algarve da Antiguidade aos nossos dias, Lisboa, 1999; IDEM, Vitor, História da Arte Portuguesa - O Barroco, Lisboa, 2003; VENTURA, Maria da Graça Mateus e MARQUES, Maria da Graça Maia, Portimão, Lisboa, 1993; VIEIRA, José Gonçalves, Memória Monographica de Villa Nova de Portimão, Porto, 1911.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DREMSul/DE (Hospital-Asilo de Portimão); Centro de Documentação e Informação do Museu Municipal de Portimão

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; Arquivo Distrital de Portimão

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSARH

Intervenção Realizada

DGEMN: 1940 - 1950, décadas de - obras de conservação e beneficiação no edifício onde funcionava o hospital-asilo; Câmara Municipal de Portimão: 2003 - Recuperação da fachada principal; substituição das telhas da cobertura e o assentamento de vigas de betão para o suporte da nova cobertura.

Observações

*1 - estes volumes correspondem às escadarias de acesso ao piso superior; na continuidade do rectângulo adossado à fachada O. adossa-se um outro edifício de dois pisos, correspondente à parte administrativa do Centro de Apoio aos Idosos, e cujo segundo piso é aberto para o segundo piso do imóvel em questão; *2 - existência de um terceiro piso, em torno do espaço da igreja, definido pela pendente da cobertura de uma água, onde é possível observar a parte superior das abóbadas de berço das várias salas do segundo piso e os pilares que canalizam luz para o interior das salas; *3 - portal manuelino que terá sido trazido de uma outra habitação e que fora aqui instalado numa data desconhecida.

Autor e Data

João Neto 1991 / Patrícia Viegas 2000 / Daniel Giebels 2005

Actualização

 
 
 
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