Quinta das Torres

IPA.00010415
Portugal, Setúbal, Setúbal, União das freguesias de Azeitão (São Lourenço e São Simão)
 
Quinta de Recreio de caracterização estilística renascentista italina e portuguesa. Com funções marcadamente recreativas associada a uma habitação permanente e a turismo de habitação e contendo jardim, olival e mata. Características renascentistas italinas de simetria e atitude racionalista, avançadas em relação aos conceitos da época, sugerindo um programa arquitectónico de importação patentes na casa e no eixo gerador de todos os espaços, decorrente de uma estrutura ordenadora. Características quinhentistas tipicamente portuguesas presentes no grande tanque com o templete ao centro e no páteo interior do edifício. A quinta remete para uma época de prosperidade e de harmonia reflectidas pela diversidade de espaços, pela paz e silêncio de que desfruta pelo conjunto edificado imponente que apresenta um traçado particularmente destacado dos traçados utilizados na época, como é exemplo o tanque junto à fachada E.. A tranquilidade presente na quinta é acompanhada por uma biodiversidade abundante com permanência de habitats animais que ali encontram boas condições de existência. "A Quinta das Torres conserva uma atmosfera compassada, de corte bucólica, tão ao avesso dos tempos de hoje que o viajante cuida ter feito uma viagem no tempo e andar por aqui vestido à moda do sec XVIII." (SARAMAGO. 1999: 307) A Quinta surge no meio de outras como um maciço verde elevado envolto por áreas de vinha.
Número IPA Antigo: PT031512040067
 
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Registo

 
Espaço verde          

Descrição

Murada em 3/4 do perímetro, de planta irregular. Estruturada por alameda de plátanos que liga o portão principal ao palácio, antecedido por terreiro. A N. do palácio, espelhando a sua fachada, implanta-se um grande tanque rectangular com um templete de doze colunas no centro, apenas acessível por barco. O muro de suporte que separa esta zona da alameda está revestido com dois «soberbos painéis majólica, quinhentistas, que representam "O incêndio de Tróia" e "A Morte de Dido", casos da Eneida, como é sabido.» (SARAMAGO. 1999). Junto à fachada O. da casa desenvolve.se um jardim de planta rectangular com dois lagos circulares alinhados ao meio e canteiros de buxo preenchidos com diversas espécies autóctones como as couves-de-nossa-senhora ou exóticas como as corisias. Neste jardim existe um relógio de sol assente sobre um plinto de pedra. A cota inferior ao jardim, com acesso por escadaria, zona da piscina que ocupa parte do antigo laranjal do qual foram mantidas em caldeira algumas laranjeiras. Junto à escadaria está um antigo tanque da roupa inserido numa pequena construção com a parede rasgada em três arcos com vista para o laranjal. Zona pavimentada em redor da piscina termina em muro com conversadeira e para lá do qual se prolonga o restante laranjal. A O. do edifício a quinta é dividida em duas áreas por uma alameda com latada de vinha e cuja entrada é marcada por pórtico com colunas de pedra ficando à direita um eucaliptal e à esquerda uma zona actualmente sem função definida onde se situam dois tanques em betão hoje vazios e em degradação. Esta zona é limitada a O. pelo muro da quinta junto ao qual está o actual depósito de onde sai a água por tubos colocados nas antigas caleiras de tijolo. A S. termina num antigo Pombal por trás do qual se inicia a mata com um grande tanque em betão que enche naturalmente no Inverno. Para E. estende-se um olival com cerca de mil oliveiras, de encontro ao muro e à alameda de entrada na quinta.

Acessos

EN 10, entre Vila Fresca e Vila Nogueira de Azeitão

Protecção

Parcialmente Incluído na Zona de Protecção do Palácio da Quinta das Torres, tanque adjacente e casa de fresco em forma de "Templetto" (v. IPA.00003435 )

Enquadramento

Localizada nas faldas da Serra da Arrábida, em encosta de inclinação suava. Geologicamente assenta em formações do Pliocénio e Quaternário e litológicamente é predominantemente constituída por areias, aluviões e lodos. Adjacentes à propriedade existem outras em que predomina a cultura de vinha. Caracterizada pela abundância de água e fertilidade dos solos a que se alia um clima ameno durante todo o ano. Nas suas proximidades existem muitas outras quintas de recreio.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Produtiva: mata / Recreativa: jardim

Utilização Actual

Produtiva: mata / Recreativa: jardim

Propriedade

Privada: Pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Não identificados

Cronologia

Séc. 16, início - a Quinta das Torres era conhecida por Quinta da Banda de Além- Ribatejo e foi oferecida por D. Beatriz, mãe de D. Manuel I a seu neto, D. Afonso, Condestável do Reino, como dote pelo seu casamento com D. Joana de Noronha; D. Afonso morre pouco depois de casar deixando a Quinta à sua única filha D. Brites de Lara; 1520 - D. Brites de Lara casa com D. Pedro de Menezes, 3º Marquês de Vila-Real; 2 de Setembro de 1521 - parte da Quinta é oferecida por D. Brites de Lara como dote a D. Maria da Silva, filha de Vasco Anes Corte Real, Alcaide-mor de Tavira e Capitão Donatário da Ilha Terceira, pelo seu casamento com D. Pedro de Eça; Séc. 16, meados - D. Diogo de Eça, filho do casal acima referido, após ter residido em Sevilha e, provavelmente em Itália converte a antiga casa no palácio com as suas torres e adapta a propriedade a quinta de recreio; fSé. 17, final - a propriedade é herdada, por falta de sucessão directa, para a famíia Corte-Real, ramo colateral de D. Maria da Silva; mais tarde, a quinta é herdada pela família Saldanha e finalmente pelos Melo, condes de Murça; 1877 - a Quinta é comprada por Dr. Manuel Bento de Sousa que realiza alterações nos jardins, nomeadamente retira o buxo; 1939 - abertura ao público com a criação de uma casa de chá por D. Maria Clementina Andrade de Sousa; Séc. 20, anos 40 - adaptação da casa ao turismo.

Dados Técnicos

A água utilizada na quinta provém de uma mina e é actualmente conduzida em canos de plástico.

Materiais

Material vegetal: plátano (Platanus hybrida); corisia (Chorisia speciosa), oliveira (Olea europeia var europeia; couves-de-Nossa-Senhora (Bergenia crassifolia); tipuana (Tipuana tipo); vinha japonesa (Parthenocissus tricuspidata); Inertes: calcário.

Bibliografia

STOOP, Anne, Quintas e palácios nos aredores de Liasboa, Civilização, Porto, 1986; CARITA, Hélder e CARDOSO, Homem, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal, Circulo de Leitores, 1990; SARAMAGO, José, Viagem a Portugal, 18ª edição, Caminho, Lisboa, 1999; BRANCO, Cristina, Jardins com História, INAPA, Lisboa 2002.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Proprietários

Intervenção Realizada

Séc. 20 - Adaptação para turismo

Observações

Autor e Data

Marta Calçada 2002 / Pereira de Lima 2004

Actualização

 
 
 
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