Quinta da Almeidinha

IPA.00010310
Portugal, Viseu, Mangualde, União das freguesias de Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta
 
Quinta de produção com Jardim Barroco (estilo dominante): ornamentos em pedra, eixo de 150m que termina em ponte de fuga escultórico (fonte de granito trabalhado, revestida a azulejos de 1740), bem como capela e intervenções do séc. 18 na casa; Jardim e Mata Românticos de linhas naturalizadas com percursos do jardim à mata, colecções de camélias e plantações de árvores exóticas (Magnolia fuschata) de frondosa floração; fonte renascentista. Comparável, adaptado à região Beirã, aos eixos e soluções Barrocas da Tapada das Necessidades, em Lisboa; Segundo Cristina Castel-Branco, "O todo representa bem a marca de uma cultura - discreta e sem ostentação quando vista de longe, sóbria e imponente para quem se aproxima."; "Esta capela mandou fazer Gaspar Paes do Amaral Fidalgo Da Casa Real no ano de 1596 e a reedificou seu 3º neto Manoel Osório do Amaral no ano de 1741." (TAVARES, 1986); "O espaldar da fonte do Jogo da Bola estava revestido de azulejos azuis e brancos, recentemente desaparecidos, que representavam uma cena mitológica com enquadramento de tipo teatral" (SIMÕES, João, 1979, p.120); O terreiro a Poente da casa, mandado construir pelo Visconde de Almeidinha, amante da arte equestre, assemelha-se a picadeiro, tendo a casa sido adaptada com varanda que funcionava como tribuna para assistir à equitação e à tourada; A escolha deste local para a primeira construção foi devida à abundância de água, bem como a distribuição racional para a torre, que constituía o núcleo inicial da casa, e todo o desenho dos terraços agrícolas e estrutura do jardim.
Número IPA Antigo: PT021806100032
 
Registo visualizado 417 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Agrícola e florestal  Quinta    

Descrição

Entrada pelo lado poente, por portão imponente de acesso a terreiro que sobe até capela, assente sobre escadaria de pedra talhada em semicírculo. A entrada da capela encontra-se alinhada sob mesmo eixo do portão da quinta. No terreiro, acesso à casa, transversal à capela, seguindo mesma linguagem através do uso de granito trabalhado e do branco. Dimensão do conjunto terreiro, casa e jardim pequena, mas de proporções equilibradas. Muros rematados a sebe de buxo talhado, sardinheiras e roseiras, que indicam direcção do assento de lavoura. Jardim de estilo dominante barroco, determinado por eixo de 150 metros de comprimento, de nome "carreira", que termina em fonte de granito trabalhado, revestida a azulejos que marca o ponto de fuga, quase encostado ao muro da cerca *1. Esta alameda, que penetra pelos campos agrícolas tira partido das vistas e permite passeio por toda a quinta, tendo zonas de estadia, como pérgula, bancos junto ao tanque ou túneis de buxo que ladeiam os pomares. Segue-se, a N., a fonte de granito e a parte mais naturalizada da quinta, um pequeno bosquete de árvores e arbustos, de estilo romântico, com percursos até à mata, colecções de camélias e plantações de árvores exóticas (Magnolia fuschata) de frondosa floração. Terreiro a Poente da casa, "pátio das acácias", a nível inferior, murado e acessível unicamente por escadaria que desce do terraço S. da casa e do caminho a N.. Elemento mais antigo da quinta é fonte renascentista, em granito e com taça que recolhe água da mina que perfura encosta da mata. Caleiras e sistema de irrigação da quinta partem desta mina e de outra que distribui a água para a parte poente da propriedade. Finalmente, dentro do jardim, estrutura de pérgula transversal ao eixo desce para outra mina, que brota abaixo do nível do chão. Propriedade una, em que produção e ornamento se fundem, água atravessa, como ornamento, fontes e tanques do jardim para mais abaixo cumprir função de rega, tendo alameda de plátanos como elemento de referência em toda a quinta. Existem em toda a área espaços de estadia, de jogos, de conforto, de fresco, onde plantas exóticas convivem com plantações agrícolas. Percorridos dois terços da alameda, surge eixo transversal também munido de muro de baixa altura. Pérgula de trinta metros de comprimento cria para S. esporão sobre pomar e para N. mina de água, a cota inferior. No ponto de intersecção do eixo com a alameda, surgem dois obeliscos, pedras típicas dos cruzamentos dos jardins de estrutura barroca.

Acessos

Almeidinha, extremo E., Largo da Almeidinha, extremo E., Largo da Rocha

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 95/78, DR, 1.ª série, n.º 210 de 12 setembro 1978 *1

Enquadramento

Em terreno com suave declive para S. e O., de boa produção agrícola, graças a abundância de água, e grandes massas florestais e pastagens cobrem a serra. Estradas agrícolas ladeadas de muros por granito talhado.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Agrícola e florestal: quinta

Utilização Actual

Agrícola e florestal: quinta

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1596 - Gaspar Paes do Amaral, fidalgo da casa d´El-Rei e instituidor do Vínculo do Espírito Santo, manda construir o solar e a capela; 1740 - obras de construção e ampliação no solar e revestimento da fonte do jardim a azulejo; 1741 - Manoel Osório do Amaral, neto de Gaspar Pais de Amaral, remodela a capela e tira licença para se benzer e poder celebrar missa do seu casamento; restaura a casa a ele se devendo também, muito provavelmente, a criação dos jardins que a circundam; séc.19, 1ª metade - João Carlos do Amaral Osório de Souza Pizarro, Visconde de Almeidinha, produziu alterações na fachada principal da casa, o que é atestado pela aposição da sua pedra de armas sob a cornija arqueada; balaustradas do pórtico e escadaria; Acrescento de varanda na fachada Poente para funcionar como tribuna para assistir à equitação e às touradas; Intervenções no jardim, criando uma zona mais romântica, naturalizada, com percursos até à mata, colecções de camélias e plantações de árvores exóticas; 1973, 30 janeiro - proposta de classificação pela Direção-Geral dos Assuntos Culturais; 1975, 17 janeiro - parecer da Junta Nacional de Educação a propor a classificação como Imóvel de Interesse Público; Despacho de homologação da classificação pelo Secretário de Estado da Cultura e Educação Permanente; séc. 20, década de 90 - obras de remodelação; 1997, 02 setembro - Despacho do vice-presidente do IPPAR a determinar a necessidade de fixar uma Zona Especial de Proteção para o imóvel; 200, 03 março - proposta da DRCoimbra de fixação da Zona Especial de Proteção; 2002, 26 setembro - parecer favorável do Conselho Consultivo do IPPAR; 23 outubro - Despacho de homologação da Zona Especial de Proteção pelo Ministro da Cultura.

Dados Técnicos

Terraços agrícolas; sistema de irrigação baseado em três minas de água e rede de caleiras em pedra, com fases a céu aberto; muros de suporte em granito.

Materiais

Inerte: Cantaria granítica (pilares, cunhais, molduras, frontões, colunas, pilastras, balaústres, cornijas, pináculos, nervuras e fontes); Vegetal: agapantos (Agapanthus africanus), aveleira (Corylus avellana), plátano-bastardo (Acer platanoides), buxo (Buxus sempervirens), bordo-negundo (Acer pseudoplatanus), cameleira (Camellia japonica), castanheiro-da-índia (Aesculus hippocastanum), cipreste (Cupressus sempervirens), feto (Pteridium aquilinum, Asplenium obovatum), freixo (Fraxinus angustifolia), hera (Hedera helix), magnolia (Magnolia grandiflora, Magnolia fuschata), laranjeira (Citrus sinensis), palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), piracanta (piracantha angustifolia), pessegueiro (Prunus persica), plátano (Platanus hybrida), Roseira brava (Rosa canina), Rosa-de-damasco (Rosa damascena), sardinheira (Pellargonium sp), Videira (Vitis vinifera), vinha-virgem (Parthenocissus quinquefolia).

Bibliografia

ARAÚJO, Ilídio Alves de, A Arte Paisagista e a Arte dos Jardins em Portugal, vol. 1, Lisboa, 1962; TAVARES, José Carlos de Athayde, Amaraes Osorios, Senhores da Casa de Almeidinha, Lisboa, 1986; CARDOSO, Anabela dos S., Casas Solarengas no Concelho de Mangualde, Mangualde, 1994; CORREIA, Alberto, Mangualde - Roteiro Turístico, Mangualde, 1997; CASTEL-BRANCO, Cristina, Jardins Com História, Poesia Atrás dos Muros, Lisboa, 2002; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74599 [consultado em 28 dezembro 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/Arquivo Pessoal de Ilídio de Araújo

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, década de 90 - restauro da fonte de granito.

Observações

*1 - DOF: Casa de Almeidinha, com azulejos do século XVIII e os jardins anexos. Manoel Osório do Amaral, "Licenciado em Leis, sucedeu a seu pai na propriedade dos ofícios de Escrivão da Câmara e Tabelião do Público, Judicial e Notas de Azurara da Beira, para o que se habilitou em 1758" (TAVARES, 1986). Forte, rico e poderoso, foi o quinto Senhor da Casa da Almeidinha, onde viveu e se casou três vezes (tendo do primeiro casamento dois filhos, do segundo nove e do terceiro quinze), sendo responsável pela construção do jardim, pelo embelezamento das fontes e pela plantação da alameda que penetra nos campos agrícolas; O Visconde de Almeidinha, João Carlos de Amaral Osório de Sousa Pizarro "era um magnífico cavaleiro, entrou nalgumas touradas para amadores (…). Dedicou-se para seu recreio à criação de cavalos de raça e, na sua Casa de Almeidinha, chegou a possuir esplêndidos exemplares de sangue predominantemente inglês" (TAVARES, 1986). * 1 - Esta parte da alameda podia ser utilizada como "Jogo da Bola".

Autor e Data

Luísa Estadão 2004

Actualização

 
 
 
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