Igreja Paroquial de Vaqueiros / Igreja do Divino Espírito Santo

IPA.00010135
Portugal, Santarém, Santarém, União das freguesias de Casével e Vaqueiros
 
Igreja paroquial seiscentista, com remodelações na segunda metade do séc. 18 e no séc. 20. É de planta poligonal irregular, composta por nave, capela-mor com sacristia adossada, tendo batistério e torre sineira adossados, esta última ligada à sacristia por corpo anexo, com coberturas interiores facetadas em madeira, iluminada escassa e unilateralmente por janela rasgada no corpo da nave, na fachada lateral direita. Fachada principal rematada em empena contracurva, datada da reforma da segunda metade do séc. 18, com os vãos rasgados em eixo composto por portal e janelão do coro, ambos retilíneos. Fachada lateral direita rasgada por porta travessa. Torre sineira de dois registos e com cobertura em cúpula. Interior com coro-alto, batistério adossado, estranhamente no lado oposto à torre sineira, púlpito no lado do Evangelho. Arco triunfal de volta perfeita, de acesso à capela-mor com retábulo de talha pintada, de final de setecentos ou início de oitocentos, em estilo tardo-barroco. Na fachada, ostenta painéis de azulejo figurativo, seiscentistas, um deles formando um ex-voto. No interior possui duas sepulturas armoriadas, uma quinhentista, proveniente da antiga capela, e uma do séc. 17. O interior possui azulejo de padrão seiscentista, formando silhar na nave e revestindo a totalidade dos paramentos da capela-mor. Existem várias datas epigrafadas, datando as obras ao longo do séc. 17.
Número IPA Antigo: PT031416260043
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal irregular, composta por nave, capela-mor, a que se adossam anexos e torre sineira ao lado esquerdo, tendo adossado um anexo e batistério no lado oposto, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de uma (anexos), duas e três (batistério) águas, rematadas em beiradas duplas, sendo em cúpula na torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com cunhais em perpianho. Fachada principal virada a sudoeste, rematada em empena contracurva, rematada em friso de azulejos policromos, cornija e com cruz metálica no vértice. É rasgada por portal de verga reta, rematado em cornija, encimado por janela retilínea, também com cornija no topo. A fachada ostenta dois painéis de azulejo. No lado esquerdo, a torre sineira, de dois registos separados por frisos e cornijas, o inferior cego e o superior com quatro ventanas em arcos de volta perfeita. A estrutura remata em frisos, cornija e pináculos piramidais nos ângulos, tendo, na face nordeste, o mostrador do relógio. No lado direito, o corpo do batistério, em empena reta e rasgado por fresta. A fachada lateral esquerda é marcada pelos anexos, o paralelo ao corpo da nave constituindo um corredor de acesso ao púlpito e ao coro alto, rasgado por porta de verga reta e moldura simples. No lado direito, a sacristia, com janela de peitoril, retilínea e com moldura simples. A fachada lateral direita é rasgada por porta travessa encimada por janela, ambas retilíneas e com molduras simples. No lado esquerdo, o corpo do batistério, cego, tendo, no lado direito, a sala da catequese, com janela retilínea. Fachada posterior rematada em frontão triangular, assente em cornijas, sendo cega; está ladeada pelos corpos laterais, ambos rematados em meias empenas. INTERIOR com as paredes da nave rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo de padrão policromo, com cobertura facetada, de madeira em caixotões, assente em frisos e cornijas do mesmo material, e reforçada por tirantes metálicos; o caixotão central possui a representação da pomba do Espírito Santo em madeira entalhada. Tem pavimento em ladrilho cerâmico. Coro-alto de madeira, assente em mísulas de cantaria e em duas colunas toscanas sobre plintos paralelepipédicos; tem guarda balaustrada e acesso por porta de verga reta, no lado do Evangelho, a partir do corredor lateral. A ladear o portal axial e a porta travessa, as pias de água benta, em cantaria, assentes em colunas e com bordos salientes. No sub-coro, um confessionário móvel no lado do Evangelho e a pia batismal no lado oposto, com acesso por porta de verga reta. No interior, pia batismal, em cantaria. No lado do Evangelho, púlpito quadrangular com bacia em cantaria, assente em modilhão, e guarda balaustrada, tendo acesso por porta de verga reta e moldura simples, a partir do corredor lateral. Ainda no mesmo lado, um nicho de volta perfeita, assente em impostas e com fecho saliente. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, com fecho saliente e ladeado por nichos de volta perfeita, com fechos também salientes. Junto a este, surge o ambão e, no pavimento em lajeado, a sepultura armoriada de Cristóvão Leitão. Capela-mor com as paredes revestidas a azulejo de padrão policromo, com cobertura de madeira em masseira e pavimento em lajeado. Ao centro, altar em cantaria, composto por pilar central e tampo simples. Na parede testeira, retábulo de talha pintada de marmoreados fingidos e de dourado, de corpo reto e três eixos definidos por quatro colunas coríntias, assentes em mísulas. Ao centro, tribuna de perfil contracurvo e moldura saliente, contendo trono expositivo de três degraus, encimados por baldaquino. Os eixos laterais possuem apainelados recortados, inscritos num retângulo, que enquadram mísulas com imaginária; sob estes, as portas de acesso à tribuna, com áticas em cornijas angulares e ornadas por rosetões. A estrutura remata em frontão semicircular interrompido por espaldar curvo, ladeado por acantos e encimado por cornija angular, ornado por rosetões; está inscrito em falso frontão facetado, adaptado ao perfil da cobertura. Altar paralelepipédico com o frontal ornado por apainelados, encimado por sacrário em forma de caixa, de talha pintada de marmoreados fingidos, com cobertura bolbosa e ladeado por pilastras, tendo a porta ornada por cálice e hóstia. No lado do Evangelho, porta de acesso à sacristia, com lavabo em cantaria.

Acessos

Vaqueiros, Largo do Rossio da Igreja

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado, implantado na extremidade sudoeste da povoação, num adro pavimentado a calçada à portuguesa e arborizado. Em frente à fachada principal, ergue-se um cruzeiro em cantaria, composto por base e cruz latina, tendo a data "1662". O adro é rodeado por habitações de um e dois pisos e, junto à cabeceira do templo, ergue-se a Escola Primária de Vaqueiros.

Descrição Complementar

A FACHADA PRINCIPAL possui dois painéis de azulejo policromo. Sobre a janela do coro, um painel de 4x4, envolvido por barra geométrica, representando um ex-voto, com a imagem de Nossa Senhora do Rosário no canto superior esquerdo, a salvar uma embarcação em perigo. No lado direito do portal axial, um painel de 4X4, representando a pomba do Espírito Santo. O interior possui azulejo de padrão policromo (P-17-00604 - http://redeazulejo.fl.ul.pt/pesquisa-az/padrao.aspx?id=74). Na base do PÚLPITO, a data inscrita: "1698". No ARCO TRIUNFAL, a data "1639". Junto a este a SEPULTURA de Cristóvão Leitão, com as armas dos Leitão sobre inscrição epigrafada. Na CAPELA-MOR, a sepultura de Gastão Coutinho, com as armas dos Coutinho, encimadas pela inscrição: "AQVI IAZ DOM G / ASTAO COVTINH / O FALECEO A 4 D. (a)G / OSTO DE 1579".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Santarém)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 16 - construção da ermida de Santa Maria; 1579, 04 agosto - falecimento de Gastão Coutinho, sepultado na antiga capela; séc. 17, 1.ª metade - data provável de construção da igreja, possivelmente aproveitando a estrutura da primitiva ermida; colocação dos azulejos na nave e na capela-mor; 1620, 06 março - falecimento de Cristóvão Leitão, sepultado na igreja, onde fundara a Capela de São Cristóvão; 1639 - data no arco triunfal, revelando obras no interior do templo; 1665 - falecimento do padre António das Neves, prior da Igreja, sepultado na capela-mor; 1662 - data de feitura do cruzeiro; 1698 - data na base do púlpito, revelando a sua execução; séc. 18, 2.ª metade - feitura do retábulo-mor; 1758, 07 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Alexandre Francisco, a povoação surge referida como sendo do rei e tem 80 vizinhos; a igreja está no meio da povoação e tem por orago o Espírito Santo, com quatro altares, o do Santíssimo, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora da Conceição e o Senhor Jesus dos Terços; é de uma nave e tem três irmandades, Santíssimo, Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora da Conceição; o pároco é cura anual, apresentado pelo vigário de Santa Maria de Casével, tendo de renda 7$500, um moio de trigo e uma pipa de vinho; 1991, 18 setembro - proposta de classificação pela Câmara Municipal de Santarém; 1993 - abertura do nicho na parede da nave no lado do Evangelho; 1996, 02 setembro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR; 1998, 10 agosto - Despacho de homologação da classificação como Valor Concelhio pelo Ministro da Cultura; 2009, 30 abril - parecer do Conselho Consultivo do IGESPAR para revogação da homologação; 2011, 03 janeiro - Despacho de revogação da homologação da classificação pelo Secretário de Estado da Cultura.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada; pia batismal, sepulturas, pias de água benta, ambão, mesa de altar, bacia do púlpito, nichos, pavimento da capela-mor, modinaturas e arco triunfal em cantaria de calcário; coberturas, coro-alto, guarda-vento, confessionários e caixilharias em madeira; silhares e painéis de azulejo tradicional; retábulo-mor e púlpito em talha pintada; pavimento da nave em tijoleira; cobertura exterior em telha cerâmica.

Bibliografia

BARATA, Albertino Henriques - Notícias Históricas sobre o concelho de Santarém. Santarém: Câmara Municipal de Santarém, 1992; BRAZ, José Campos - Santarém raízes e memórias - páginas da minha agenda. Santarém: Santa Casa da Misericórdia de Santarém, 2000; MENDES, Octávio da Silva Paes - Santarém Monumental. Roteiro. Santarém: Comissão Cultural Desportos e Tempos Livres da Câmara Municipal, 1988; SEQUEIRA, Gustavo de Matos - Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1949, vol. III; SIMÕES, João Manuel dos Santos - Azulejaria em Portugal no século XVII. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1971, 2 vols.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; Diocese de Santarém: Comissão Diocesana para os Bens Culturais

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; DGLAB/TT: Memórias Paroquiais, 1758, vol. 38, n.º 92, fls. 515 - 518

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, década 50 - pintura do retábulo com um tom cinza e dourado escuro; 1960, cerca - reparação dos telhados e do teto do batistério; remoção dos altares colaterais, construção dos nichos e revestimento das paredes dos lados do arco triunfal com azulejos seiscentistas existentes na igreja; colocação dos balaústres no púlpito e no coro alto; 1993 - substituição do pavimento da nave pela atual tijoleira; reparação de coberturas (telhados e forros internos); abertura do nicho no lado do Evangelho; recolocação dos azulejos da nave; 2007 - conservação e restauro do património azulejar; reabilitação do pavimento, com regularização dos desníveis existentes; colocação de um guarda-vento em vidro; 2010 / 2011 - restauro do retábulo, pintado a marmoreados fingidos e dourado; reabilitação da sacristia e sala anexa.

Observações

Autor e Data

Paula Figueiredo 2015 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Santarém)

Actualização

 
 
 
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