|
Edifício e estrutura Edifício Residencial multifamiliar Edifício Edifício residencial e comercial
|
Descrição
|
De planta rectangular, o edifício apresenta volumetria paralelepipédica, sendo a cobertura homogénea efectuada por telhados a 2 águas. Fachada principal a E. organizada em 6 pisos sendo que os dois últimos são mansarda e águas-furtadas. Todos os pisos apresentam janelas de peito, exceptuando o primeiro piso que é ocupado pelo Animatógrafo do Rossio. Este é caracterizado por ter uma decoração de Arte Nova aplicada à fachada de origem. Apresenta 2 portas laterais e um vão que servia de bilheteira, ambos com bandeira em vidro. Na bandeira da bilheteira pode-se ler a designação do estabelecimento (Animatógrafo do Rossio). Emoldurando os 3 vãos, uma decoração Arte Nova em talha pintada de cor verde, bastante volumosa e sinuosa, lembrando caules de plantas. A ladear as portas, encontram-se 2 espaços destinados aos cartazes cinematográficos e, entre a bilheteira e as portas laterais, 2 painéis de azulejo policromos (Queriol - 1907), subordinados ao tema da luz eléctrica *1 representando 2 figuras femininas que seguram candeeiros eléctricos (iluminando o mundo) com formas ondulantes, de tons suaves e esbatidos*2. Fachada lateral N.: com igual número de pisos sendo que nesta fachada a janela central do 2º piso é de sacada e encimada por frontão simples. No piso térreo, ourivesaria " Marques Ferreira & Filhos" que se caracteriza pela fachada em ferro trabalhado pintado a cor verde. É constituído por quatro montras e portão em grade de ferro forjado com as iniciais dos proprietários a cor dourada. As montras são rematadas por enfeites decorativos e palavras alusivas à ourivesaria. Piso térreo coberto por toldo de ferro e ao estilo Arte Nova. |
Acessos
|
Rua dos Sapateiros, n.º 225 - 229 |
Protecção
|
Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966) |
Enquadramento
|
Urbano, flanqueado, entrada para o edifício e Animatógrafo feita por uma rua secundária e estreita (Rua dos Sapateiros), com acesso directo pelo Arco do Bandeira (Praça D. Pedro IV). Acesso à loja " Ferreira Marques & Filhos " pela Praça D. Pedro IV. |
Descrição Complementar
|
|
Utilização Inicial
|
Residencial: edifício residencial e comercial |
Utilização Actual
|
Residencial: edifício residencial e comercial / Cultural e recreativa: animatógrafo |
Propriedade
|
Privada: sociedade |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
PINTOR DE AZULEJO: Queriol |
Cronologia
|
1907, 8 Dezembro - abre ao público o animatógrafo com uma fita de grande metragem intitulada "A Aventureira", o salão de cinema mais luxuoso da capital tem por proprietários os Srs. Correia & Correia e a sua instalação ficou orçada em dez contos*3; 1908 - a empresa exploradora opta por um programa de espectáculos de variedades, construindo então um palco e contratando diversas cançonetistas espanholas; 1909 - tornou-se teatro infantil, levando a cena várias peças representadas por crianças; 1915 - dissolução da Companhia, voltando a exploração do espaço para cinema; 1929, 9 Abril - morre José Cardoso Correia, passando o cinema para o seu irmão Ernesto Cardoso Correia, Eduardo Teixeira e para o seu velho empregado Júlio Barros; 1984 - a Associação Portuguesa de Realizadores de Filmes propõe que a sua sede passe para este espaço, mas tal nunca veio a concretizar-se; 1994 - reabre com espectáculos eróticos; 1994 - protocolo entre a Empresa Olimpo e a Escola Superior de Artes Decorativas para um projecto de recuperação da fachada, intervenção que não veio a concretizar-se. |
Dados Técnicos
|
Estrutura mista |
Materiais
|
Alvenaria mista, azulejo industrial, reboco pintado, cantaria de calcário, talha pintada, vidro |
Bibliografia
|
FREIRE, João Paulo, Lisboa do meu tempo e do passado, Vol. 2 Lisboa, 1929 - 1930; Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa. Lisboa - Tomo II, Lisboa, 1975; ALMEIDA, Pedro Vieira de e FERNANDES, José Manuel, História da Arte em Portugal, Vol. 14, Lisboa, 1986; RIO - CARVALHO, Manuel, História da Arte em Portugal, Vol. 11, Lisboa, 1986; FERNANDES, José Manuel, Cinemas de Portugal, Lisboa, 1995; VIEIRA, Joaquim, Portugal Século XX, Lisboa, 1999 |
Documentação Gráfica
|
CML: Arquivo de Obras, Proc. nº 13616 |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo Fotográfico, Fot. nº A 7703 |
Documentação Administrativa
|
CML: Arquivo de Obras, Proc. nº 13616 |
Intervenção Realizada
|
2003 - obras de renovação na ourivesaria. |
Observações
|
*1 - a luz eléctrica era uma preocupação para os artistas da Arte Nova. Sendo o cinema, uma grande novidade do início do séc. XX, a escolha do tema "luz" é puramente simbolista; *2 - estes painéis integram profundamente os elementos da fachada, pois as linhas sinuosas são aqui continuadas pelos caules das flores, os cabelos das figuras femininas e os fios que conduzem a corrente eléctrica. A tonalidade dos azulejos é muito característica desta época: tons suaves e esbatidos. *3 - na época da construção do Animatógrafo do Rossio, apenas existiam o Animatógrafo dos "Armazéns do Chiado" e o "Music-Hall" na Avenida da Liberdade. |
Autor e Data
|
Marta Airoso 2001/ Luísa Castro-Caldas 2004 |
Actualização
|
|
|
|