Palácio de Rio Frio

IPA.00010069
Portugal, Setúbal, Palmela, Pinhal Novo
 
Palacete de traça neoclássica.
Número IPA Antigo: PT031508030011
 
Registo visualizado 157 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

Planta em T. Volume simples e imponente cujo corpo central é formado por dois pisos nobres rematados, ao nível do telhado, por uma mansarda com características particulares, dada a sua dimensão fora do comum, inserida em telhado de quatro águas. Alpendrada coberta por telhado de três águas. Fachada principal SE. rematada ao nível térreo por piso subterrâneo, assinalado na frontaria pelo friso inferior de janelas*1. Ao longo da frontaria correm, adornadas por painéis de azulejos e recortadas por arcos e colunas, 2 galerias sobrepostas de configuração suavemente dissemelhante: a arcada inferior, de 9 vãos, acolhe ao centro a escadaria que, a partir do pátio, conduz ao andar nobre; na arcada superior, que introduz a galeria do 2º piso, a balaustrada de ferro e os arcos empregues na galeria subjacente cedem lugar, em pormenor assimétrico, a uma sucessão de colunas. A alpendrada de inspiração paladiana é adornada por azulejos de gosto romântico tardio.*2 Fachada SO. saliente nos extremos preeenchida na reentrância com janelas de peito encimadas por cornija simples. Fachada NO. com métrica regular de vãos (janelas) de peito, centrada por túnel de acesso ao pátio interior. Fachada NE. simétrica à fachada SO.. INTERIOR: Hall amplo cuja estereoctomia polícroma do pavimento em pedra contrasta com a sobriedade da pedra moleanos branca que reveste as paredes e as colunas pétreas cujo capitel é encimado por friso clássico ornado com métopas que termina por sua vez em sanca trabalhada igualmente em pedra. Tecto em madeira nervurado. Escadaria de acesso ao 2º piso em madeira com balaustrada ritmada. Lambrim com azulejos de tons amarelo e azul, com motivos florais de cariz abstracto acompanha a escada em ambos os pisos e contorna a Sala de Estar, pequeno espaço onde, a par das poltronas clássicas, se situa uma lareira em pedra meticulosamente trabalhada com medalhões, friso e motivos naturais em alto relevo. A partir da entrada, à direita, encontra-se a Sala de Jantar que exibe magníficos painéis de azulejos de tons azul e branco alusivos ao ciclo do vinho interrompidos por duas janelas de peito voltadas para a fachada principal e uma mesa em madeira, de ar senhorial e magnânima. Soco em azulejo de tons idênticos com motivos naturais relacionados com a vindima ao longo de todo o perímetro da sala. Tecto em madeira nervurado rematado nas paredes com cachorros em madeira que encimam cornija no mesmo material. Á esquerda, a Sala das Éguas, com azulejos polícromos em todas as frentes que retratam cenas de caça, interrompidos na fachada principal por duas janelas de peito. Soco em painéis de madeira, acompanhado de lareira em pedra na frente SO. Portas originais em madeira com moldura trabalhada combinam com mobiliário rústico. Espaço de lazer e de "fumo" com comunicação directa para o interior do palácio.

Acessos

Rio Frio, EN 5, Kms 10 e 11

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado, em ponto alto da herdade de Rio Frio. A propriedade, de 6000 hectares, é atravessada por arruamentos de toponímia própria; a sua malha urbana inclui residências para trabalhadores, adegas, lagares, arrumos de alfaias, cavalariças, recinto de treino hípico, picadeiro, capela, escola de 1º ciclo, hospital, sociedade recreativa e teatro/auditório (em perfeito estado de conservação), (v. PT031508030046). Nas suas imediações (SE) existe um pequeno bosque e um amplo jardim sobranceiro à planície da herdade onde se situa.

Descrição Complementar

AZULEJARIA: As galerias da fachada principal são guarnecidas por painéis decorativos de azulejos, de temas rurais que retratam fotograficamente a vida quotidiana da herdade, assinados por Jorge Colaço; Sala de Estar revestida com azulejos de tons de azul e amarelo cujo rendilhado remata a composição de motivos florais de tendência abstracta; na Sala das Éguas, em torno de toda a sala, friso de azulejo colorido de grandes dimensões com cenas de caça, cenas ribatejanas e paisagens bucólicas da lezíria; na Sala de Jantar a moldura de azulejos azuis e brancos apresenta uma cena de caça, com personagens reais, desde o proprietário da casa numa caçada, António Santos Jorge, até ao feitor e aos criados, que são antepassados de alguns dos actuais. Magnífica representação do ciclo do vinho, com azulejos azuis, bem ao estilo português, ilustrados por alegorias do mundo rural.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Comercial e turística: casa de turismo de habitação

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

José Luíz Monteiro (projecto do palácio) *3, Jorge Colaço (diversos painéis azulejares que revestem interiores e exteriores)

Cronologia

1892 - a propriedade, pertença de José Maria dos Santos, maior latifundiário do português do século 20, possuía 50000 ha *4; associados às edificações residenciais para trabalhadores surgiram equipamentos vários, como farmácia, padaria e posto de GNR; séc. 20: 1904 - a propriedade acolhia 3000 trabalhadores; 1909 - início da construção do palácio, por iniciativa de António Santos Jorge, herdeiro de José Maria dos Santos; 1919 - conclusão da construção do palácio; 1984 - propriedade adquirida por Francisco Garcia; 1992 - a área da herdade ronda os 4000 ha e emprega entre 180 a 250 trabalhadores residentes; 1995 - reconversão de parte do palácio em unidade de turismo de habitação, sob a direcção da neta de António Santos Jorge, Maria de Lourdes Lupi d'Orey.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria de pedra, telha cerâmica de aba e canudo, tijoleira, azulejo, pedra moleanos, madeira.

Bibliografia

Separata do 1º Número do Grande Álbum de Turismo Portugal Ilustrado, edição da revista Terras de Portugal, 1928; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses, Lisboa, 1971; UNIBANCO, Solares de Portugal, Ponte de Lima, 1996; Quem conhece o palácio de Rio Frio?, Linha do Sul, Nº 13, Agosto 1982, pp.8; Herdade de Rio Frio, Um Futuro, Palmela em Revista, Nº 6, Julho 1995, pp.18-19; Rio Frio - Estação de Valdera, Linha do Sul, Nº 233, Março 2001, pp. 4; O Rio Frio, in Eco - Água: Projecto Jovens Repórteres para o Ambiente, Escola Secundária de Pinhal Novo; OLIVEIRA, Paulo Jorge, O Rio Frio, Jornal do Pinhal Novo, Ano 1, Nº 1; Palácio de Rio Frio, Nova Gente - Casa & Campo,Nº7,Lisboa; AURINDO, Maria José, Projecto "Contribuição para a Valorização turístico-cultural de Rifo Frio", Lisboa, Setembro 2000; www.portugalweb.net/palmela/freguesias/pinhalnovo/riofrio.asp,11 Julho 2003; SERRÃO, Vítor, MECO, José, Palmela Histórico-Artística, um inventário do património artístico concelhio, Lisboa/ Palmela, Edições Colibri/ Câmara Municipal de Palmela, 2007.

Documentação Gráfica

CMP: DPC; CMP: Biblioteca Municipal e Biblioteca do Pinhal Novo

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID; CMP: DPC; CMP: AHM; CMP: Biblioteca Municipal e Biblioteca do Pinhal Novo

Documentação Administrativa

DGEMN: DSID; CMP: DPC

Intervenção Realizada

Adaptação de parte das instalações a Turismo de Habitação. Alteração da cor dos tectos das salas de estar e jantar.

Observações

*1 O piso subterrâneo foi, no passado, destinado a acomodações de serviçais; *2 Excelente exemplar da arquitectura e do urbanismo da sociedade burguesa de finais do século 19, início do século 20. Imponência e riqueza nas decorações interiores e exteriores. Edificações habitacionais da herdade apresentam semelhanças com as Casas Grandes de tradição sul americana; *3 A autoria do projecto é também atribuída a José Ribeiro Júnior (in Quem conhece o palácio de Rio Frio?, Linha do Sul, Nº13, Agosto 1982, pp.8 - Biblioteca Municipal de Palmela); contudo, de acordo com a proprietária do palácio, é da autoria de Raul Lino, sendo esta uma fonte incerta devido a um incêndio que destruiu parte dos arquivos da Câmara Municipal de Palmela. *4 - O Palácio presidiu a um dos mais extensos latifúndios do país durante o século 20, época de José Maria dos Santos que triunfou no uso de tecnologias inovadoras ao nível agrícola. Ao mandar abrir um canal de 18 Km entre o Tejo e Rio Frio, para um melhor escoamento da sua produção vitícola, estaria a criar as melhores condições para, após a destruição das suas sementeiras pelas cheias de 1880, transformar tudo em plantações de arroz, deveras produtivas e rentáveis numa época de crise. Francisco Garcia, ao adquirir em 1984 a herdade com a intenção de formar um complexo agro-industrial, organizou a Casa Agrícola e a Sociedade Agrícola de Rio Frio, devolvendo a vinha à herdade e, consequentemente, a produção vitivinícola da região de Palmela, em larga escala. No piso térreo existe uma outra sala destinada a jogos de mesa e visionamento de televisão. No 1º piso existem também quatro quartos com casa de banho, dos quais se destaca uma vistosa suite que integra além do quarto, uma sala de estar e uma ampla casa de banho, com os acessórios originais, destacando-se uma antiga e bem conservada banheira de quatro pés. A zona dos quartos mantém a distância devida aos aposentos de estar de modo a que seja salvaguardada a privacidade. Painéis de azulejos com uma coloração acastanhada e um estilo pouco comuns em Portugal. Cavalariças forradas a azulejos de Jorge Colaço.

Autor e Data

Patrícia Costa 2001/ Eunice Torres 2005

Actualização

 
 
 
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