Colégio das Artes / Hospitais da Universidade de Coimbra

IPA.00010058
Portugal, Coimbra, Coimbra, União das freguesias de Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu)
 
Antigo colégio adaptado a hospital universitário, de planta quadrangular simples, organizado em torno de um pátio central, de dois pisos, com arcadas de volta perfeita assentes em colunas toscanas, no piso inferior, e com colunas de ferro no segundo. Fachada principal de três pisos, com disposição simétrica a partir de eixo central, marcado por pilastras toscanas e remate em frontão triangular; é rasgada regularmente por janelas rectilíneas, que se repetem nas várias fachadas. Interior organizado em amplas enfermarias que ligavam a salas de menores dimensões, com acesso por corredores centrais, destinadas ao pessoal médico. As escadas de serviço encontram-se nos ângulos, excepto na fachada virada a S., com posição centralizada, talvez reaproveitando uma estrutura do antigo Colégio.
Número IPA Antigo: PT020603250114
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio religioso  Colégio religioso  Companhia de Jesus - Jesuítas

Descrição

Planta quadrangular organizada em redor de um grande pátio central, com alguns corpos adossados às fachadas lateral esquerda e posterior, de volumes simples e coberturas em telhados de uma, sobre os alpendres interiores, duas e quatro águas. Fachadas rebocadas, circunscritas por cunhais apilastrados sobre altos plintos e rematadas em friso, cornija e beiral. Fachada principal virada a O., com embasamento marcado na alvenaria, de três pisos divididos por frisos de cantaria, desenvolvendo-se simetricamente, a partir de um pano central de pequenas dimensões e rematado por empena angular, circunscrito por pilastras toscanas da ordem colossal; é rasgado por portal em arco abatido, com moldura recortada e protegido por porta de madeira de duas folhas pintadas de verde e bandeira envidraçada, com acesso por escada de dois lanços e guarda de ferro pintada de vermelho, vencendo o desnível para a via pública; é encimado por dois pisos de duas janelas longilíneas, com molduras e cornija comuns; o conjunto é sobrepujado por escudo nacional. Os panos laterais possuem três pisos de janelas rectilíneas e muito altas, com molduras de cantaria, em número de sete, as centrais semelhantes às descritas anteriormente; no pano da direita, as janelas diminuem de tamanho do centro para o extremo, adaptando-se ao primitivo desnível do terreno. Fachada lateral esquerda virada a N., de três pisos definidos por frisos de cantaria, dividida em cinco panos diferenciados pela altura, os exteriores mais elevados, e por se encontrarem em ressalto (o central mais saliente), delimitados por pilastras toscanas colossais; o pano central encontra-se assente em pilares, permitindo a ligação entre os restantes corpos, unindo-se a um corpo incaracterístico que lhe fica fronteiro; encontra-se rasgado por três pisos de janelas, as centrais geminadas; nas faces laterais do ressalto, três janelas sobrepostas, as dos pisos superiores de maiores dimensões. No lado esquerdo, surgem, no pano extremo, uma janela no piso térreo e duas nos restantes, aparecendo, no seguinte, duas portas, uma de verga recta e outra em arco de volta perfeita e dois janelões com o mesmo perfil, surgindo, no piso intermédio, quatro janelas e cinco no superior. O pano extremo do lado direito tem duas janelas em cada registo e o intermédio uma porta no registo térreo, uma janela no segundo piso e duas no terceiro. Fachada lateral direita virada a S., de dois e três pisos, adaptando-se ao desnível do terreno, com embasamento marcado na alvenaria, apresentando um corpo destacado, trifacetado sobre o ângulo do lado direito, que fazia a ligação ao Colégio de São Jerónimo; ao centro, surge portal de verga recta, com moldura de cantaria, encimado por frontão semicircular interrompido, contendo as inscrições "ANNO" e "1715", com cartela central, encimada por pequena cornija contracurvada; é ladeado por duas colunas toscanas, sustentando segundo frontão interrompido onde se reclinam duas figuras alegóricas femininas vestidas com longos panejamentos, a da direita segura um globo sobre um livro, e da esquerda, um caduceu; no lado esquerdo nove janelas e, no extremo, em cota inferior, porta de verga recta; no lado direito, porta de acesso ao primeiro piso e, sucessivamente, uma pequena janela, três janelas, três janelões e duas janelas entaipadas por um corpo adossado; no registo superior, apresenta duas janelas geminadas sobre o pórtico, flanqueadas por seis janelas de cada lado, sucedendo-se, no lado direito, uma janela de sacada, um janelão e duas janelas de peitoril. O corpo facetado do lado direito apresenta duas janelas por registo em cada uma das faces. Fachada posterior irregular, formando cinco panos definidos pela articulação de diversos corpos, surgindo, no lado esquerdo, sete janelas nos dois registos superiores com corpo adossado rematado por varandim de alvenaria e coberto por terraço, a que se sucede pequeno pano com duas janelas em cada registo; o pano intermédio apresenta duas janelas e o imediato, mais destacado, é delimitado por cunhais e rasgado por uma janela, adossando-se a ambos um corpo, com acesso por escadas, possuindo alto muro de sustentação coberto por heras. O último pano tem três registos, o primeiro com uma porta e duas janelas gradeadas, três janelas no registo intermédio e oito janelas no último. INTERIOR com dois pisos e quatro pisos, aproveitando o declive do terreno, os dois superiores organizados em volta de um claustro central rectangular, ajardinado, rodeado por colunata aberta, formando 17x15 arcos de volta perfeita, sustentados por colunas toscanas assentes em plintos cúbicos almofadados, formando falsa serliana ao centro, assente em pequeno muretes, também almofadados. As alas inferiores possuem cobertura em cantaria pintada de branco e pavimento cerâmico formando xadrez branco e preto, com as paredes revestidas a azulejo de padrão policromo, formando silhar. A ala O. possui corpo quadrangular avançado para a quadra, rasgado por amplas janelas em arco de volta perfeita, coberto em terraço e com guarda metálica pontuada por acrotérios de alvenaria. O segundo piso do claustro é formado por colunata de ferro, pintada de verde escuro, que sustentam cobertura de taipa rebocada e pintada de branco, tendo a ala N. mais baixa e totalmente envidraçada; as alas possuem azulejo e pavimento semelhantes aos do piso inferior. Para elas, abrem portas de verga recta, com portadas de madeira de duas folhas, pintadas de branco e envidraçadas, dando acesso a amplas salas rectangulares, que constituíam as antigas enfermarias, comunicantes com salas mais pequenas divididas por corredor central. Na ala E., surge porta de verga recta, flanqueada por duas pilastras e encimada por friso e cornija, sendo a cantaria pintada de amarelo, que liga a segundo pórtico de volta perfeita, assente em pilastras da mesma ordem e com pedra de fecho volutada, o qual acede a pequeno vestíbulo, rebocado e pintado de branco, percorrido por painéis de azulejo monocromo, azul sobre fundo branco, representando cenas historiadas, com pavimento ostentando as marcações de embutidos marmóreos e cobertura em falsa abóbada de berço rebocada e pintada de branco. No lado esquerdo, liga a corredor, surgindo, no lado oposto, a sacristia, com arcaz de madeira, com seis gavetões e armários, divididos por cariátides e encimado por espaldar em U, com painéis pintados com motivos religiosos, surgindo, ao centro, apainelado fitomórfico, protegido por baldaquino com drapeados a abrir em boca de cena; o conjunto remata em cornija e em tímpano semicircular, decorado por acantos relevados. Através de porta de verga recta, encimada por frontão triangular interrompido por cartela volutada e com cornija contracurvada, contendo as siglas da Companhia de Jesus, ladeada por duas pias de água benta concheadas, acede-se à capela. Esta é de planta longitudinal, composta por nave e capela-mor ligeiramente mais estreita, com paredes revestidas por painéis de azulejo semelhante ao do vestíbulo, interrompido por bancos corridos de madeira, assentes em consolas de cantaria, encimados por telas pintadas e emolduradas, interrompidas por duas janelas rectilíneas de cada lado. Possui cobertura em falsa abóbada de berço assente em cornija pétrea, com pintura em "trompe l'oeil", representando "Judite triunfante a segurar a cabeça de Holofernes", e pavimento de cantaria, formando xadrez. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, tudo almofadado e intradorso ornado por cartelas, dando acesso, através de um degrau, à capela-mor, com paredes laterais e cobertura ornadas de forma semelhante à nave, possuindo, na parede testeira, retábulo-mor de talha dourada, de planta recta e três eixos, definidos por quatro colunas com os fustes ornados por motivos fitomórficos e o terço inferior marcado e decorado por querubim, com capitéis coríntios, e por quatro pilastras de fustes vegetalistas, todas assentes em plintos paralelepipédicos, também com motivos fitomórficos, sobre sotobanco pintado de marmoreados fingidos; ao centro, tribuna em arco de volta perfeita, rodeada por moldura de "putti" e rosetões, com friso e cornija na zona superior, e cartela sustentada por anjos, onde surgem as iniciais "AM"; contém plinto e, na base, embutido, sacrário flanqueado por quarteirões, encimado por frontão semicircular e com a porta ornada por custódia; nos eixos laterais, mísulas protegidas por baldaquinos com drapeados fingidos, a abrir em boca de cena; remate em frontão interrompido, onde surgem anjos de vulto, encarnados e estofados, que centram espaldar flanqueado por quarteirões e remate em cartela de querubins; altar paralelepipédico.

Acessos

Praça D. Dinis, Rua dos Estudos

Protecção

Incluído na Zona de Proteção do Colégio de São Jerónimo (v. PT020603250042)

Enquadramento

Urbano, isolado, situado na zona alta de Coimbra, bordejando o topo da colina nascente, em zona de forte declive. A O., o espaço urbano é marcado pelos edifícios da Faculdade de Medicina (v. PT020603250113) e Sé Nova (v. PT020603250001), ficando a fachada principal centrada em relação à Praça que separa a Faculdade da Sé.. A N. e S. implantam-se, respectivamente, o Laboratório Químico (v. PT020603250113) e o Colégio de São Jerónimo (v. PT020603250042), edifício contíguo ao qual se encontrou ligado por uma estrutura. O acesso à antiga portaria, processa-se por rampa e pórtico flanqueado por dois pilares encimados por bola, que se prolonga em pequeno muro, fronteiro à fachada, onde se erguem quatro colunas toscanas. Um portal semelhante ao anterior surge no lado oposto, permitindo o acesso às fachadas lateral esquerda e posterior.

Descrição Complementar

Gravado na base das colunas de ferro fundido do primeiro piso do claustro, pode ler-se: "J. ALVES COIMRA / 1911".

Utilização Inicial

Educativa: colégio religioso

Utilização Actual

Educativa: universidade

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Universidade de Coimbra (Reitoria, Paço das Escolas, 3000 Coimbra, tel.: 239 859900)

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Diogo de Castilho (1555-60); António Augusto da Costa Simões (1853-1866); Luís Benavente (séc. 20). CARPINTEIRO: Joaquim Simões (1792). ENGENHEIRO: Guilherme Elsden (1772-73). FUNDIDOR: J. Alves (1911). MESTRES de OBRAS: Manuel Alves Macomboa (1784-87) e Vicente Valido; António Augusto Costa Simões. PEDREIRO: Manuel de Morais (1785). PINTOR: Castiglioni (atr. das pinturas da capela).

Cronologia

1547, 9 Setembro - carta régia para o prior geral de Santa Cruz, a comunicar a criação do Colégio das Artes, cujo principal seria André de Gouveia e os mestres oriundos de França; 24 Setembro - fica isento de pagar sisa sobre a carne; 1548 - fica provisoriamente instalado nos colégios de São Miguel e de Todos os Santos, propriedade do Mosteiro de Santa Cruz, sendo mestre João da Costa, com 1200 estudantes, 74 colegiais e 32 criados; 16 Fevereiro - os regentes estavam instalados em casas alugadas na R. da Sofia; 1549, 30 Abril - o rei compra uma casa junto ao Colégio, a João Gonçalves, por 16$200, para alargamento do mesmo; compra de outra a Diogo Lopes, por 22$000; 7 Maio - o monteiro-mor das matas do Botão e Lagares passa a dar a lenha necessária ao Colégio; 1 Junho - compra de uma casa junto ao Colégio, a Henrique Dias, por 140$000; 19 Junho - compra de casa a Simão Afonso, por 10$200; 26 Junho - compra de casa a António de Araújo, por 40$000; 14 Julho - compra de uma casa a Simão de Figueiró, por 20$000; 14 Novembro - compra de uma casa a Mestre Fernando, por 40$000; 1550, 12 Janeiro - o Colégio foi anexado à Universidade; 13 Março - os oficiais do Colégio passaram a gozar dos mesmos privilégios dos da Universidade; 14 Novembro - pagamento de 13$800 ao prior de Santiago sobre um foro que tinha de umas casas de João Gonçalves; 20 Novembro - pagamento de 18$000 aos beneficiados de São João de Almedina sobre um foro de umas casas de Diogo Lopes; 15 Dezembro - ordem para que se não derrubem as casas do Colégio sobre a R. da Sofia; 1551, 4 Fevereiro - tinha uma capela, com 2 capelães, um escrivão e com 25$000 de rendimento, e o outro, professor de canto, com 15$000; o almoxarife de Coimbra dava, anualmente, 7 arrobas de cera para a capela; 2 Maio - privilégio de recolher pão e pescado onde desejassem, para consumo do Colégio; 19 Maio - compra de casas junto ao Colégio, a Diogo Afonso, por 260$000; 10 Agosto - compra de casas a Francisco Álvares, por 35$000; concessão da água da Fonte de Sansão, para uso do Colégio; 1552, 2 Maio - anexação de casas de Simão de Figueiró e de Diogo de Castilho; nomeação de um apontador das obras, que recebia $040 diários; 10 Maio - pagamento de 45$000 pelas casas de Álvaro Gonçalves; 1555, 4 Maio - obra de adaptação do Colégio para instalação da Companhia, conforme planos de Diogo de Castilho; 10 Setembro - o Real Colégio que tinha por função preparar candidatos ao ingresso na Universidade, foi entregue aos Jesuítas, sendo o seu reitor, Diogo de Teive, intimado a entregar o edifício ao Padre Diogo Mirão; 1557, 5 Outubro - o rei doa a Quinta de Treixede e as rendas de Alvargo e de Poiares, com a Quinta de Pombal; 1558, 28 Janeiro - a Universidade é obrigada a pagar, anualmente, 1:200$000; 1 Fevereiro - doação régia de 200$000 do almoxarifado de Coimbra; 1560, 26 Fevereiro - o rei ordena ao tesoureiro-mor, António de Teive, para mandar fazer 3 sinos para o Colégio, 1 de 4 a 5 quintais, para as missas, 1 de 7 a 8 quintais para o relógio, e outro de 2 quintais para os quartos do relógio; 30 Outubro - traça de Diogo de Castilho a unir os Colégios de Jesus e das Artes; 1563, 1 Janeiro - compra de terrenos para o corredor de união dos Colégios; 1568 - início da construção do edifício; 1569 - estava em curso a construção do Colégio; 1570, 23 Fevereiro - doação de 2 mil cruzados das naus da Casa da Índia para a obra do Colégio; 1572 - a Sala de Actos já era utilizada para aulas; 7 Junho - o rei deu de renda anual 1:400$000; 1573 - a obra era interrompida por falta de dinheiro devido aos grandes investimentos nas fundações; 1611 - prosseguem as obras de complemento ou de remodelação; 1616 - ainda que a obra não estivesse acabada são inauguradas as aulas; 1632, 20 Outubro - doação da livraria de Francisco Soares ao Colégio; 1715 - data do portal, apontando para provável construção; 1720 - data inscrita na porta da capela; 1732 - gravura onde se representa o Colégio, vendo-se que a construção desta capela não estava ainda terminada; 1759 - na sequência da prisão dos jesuítas, o Colégio fica sem professores; 23 Junho - alvará extinguindo as classes e as escolas jesuíticas; 1760, Março, 15 - publicação da carta régia que manda separar o Colégio das Artes do Colégio de Jesus, providenciando-se as classes necessárias para o exercício do magistério e ordenando-se a destruição do passadiço entre os dois edifícios; 1772, 16 Outubro - com a reforma pombalina da Universidade, instala-se no Colégio das Artes o Colégio dos Nobres das Províncias; levantamento da planta e projecto de reforma, da autoria do engenheiro militar Guilherme Elsden; 1777 - preparação de algumas salas para lições de Anatomia; reforma pouco profunda do imóvel, com a construção de dois lanços de escadas, cozinhas, fogão e chaminé; sob a capela do colégio, foi construída a cisterna e latrinas; 1784 - o mestre Manuel Alves Macomboa pede autorização para construir um armazém destinado a materiais de construção; 1785, Julho - Macomboa mediu as obras no piso baixo, da responsabilidade do pedreiro Manuel de Morais; 1792 - forro da capela pelo carpinteiro Joaquim Simões, por 87$000; 1832, Fevereiro, 18 - chegam a Coimbra vindos de Lisboa os jesuítas Felipe Delvaux, Camilo Pallavicini, Alexandre Fidelis Martin e João Ponty; 1832, Fevereiro, 22 - os jesuítas, chegados a Coimbra, tomam posse do Colégio das Artes; 1836, 17 Novembro - na sequência da revolução liberal e da extinção das ordens religiosas, surge um decreto a instalar, no colégio, o Liceu de Coimbra; estava dependente da Universidade de Coimbra e os docentes gozavam dos mesmos privilégios dos universitários, por não ter sido revogado o alvará de 1553; 1848 - segundo o artigo 4º do decreto de 21 de Novembro, as aulas decorriam no piso térreo e como já não existia internato o primeiro andar foi ocupado por uma grande quantidade de livros provenientes dos colégios e conventos extintos; 1852, 27 Novembro - sai uma portaria que nomeia uma comissão para estudar qual o edifício a escolher para a instalação definitiva dos hospitais; em simultâneo é publicada outra portaria disponibilizando à faculdade de Medicina a parte possível do edifício do Colégio das Artes; 1853 - a necessidade de espaço requerida pelos Hospitais Universitários de Coimbra concretiza-se na anexação de diversos edifícios desocupados com a extinção das ordens religiosas, como, entre outros, o Colégio de São Jerónimo e o Colégio das Artes; a ocupação destes edifícios é acompanhada por propostas de reformulação do espaço ao novo uso, contemplando três estruturas edificadas que, na sua proximidade, assegurariam as funções hospitalar, de ensino e investigação: o Colégio das Artes, o Colégio de São Jerónimo e o edifício do Observatório; levantamento da planta do edifício por António Augusto da Costa Simões, já não sendo visíveis a Sala dos Actos e a Capela Grande, adaptadas, entretanto, a salas de aula; remoção dos livros dos Conventos extintos, arrecadados no 2.º piso; 22 Agosto - portaria autorizando a mudança do Hospital da Conceição para o Colégio das Artes, efectivada de Setembro a Novembro deste ano; 1859 - Costa Simões dirigiu as obras de comunicação entre os Colégios das Artes e o de São Jerónimo; 1860 - o Regulamento deste ano classifica o Liceu como de 1.ª Classe, sendo melhorados os Gabinetes de Física, Laboratório de Química e recebeu uma colecção de História Natural; 13 Agosto - decreta-se a saída do Liceu do edifício do Colégio das Artes e a ocupação pela Faculdade de Medicina; 1865 - Costa Simões, professor de Medicina e administrador dos Hospitais Universitários de Coimbra, realiza uma viagem ao estrangeiro, visitando hospitais em Espanha, França, Bélgica, Holanda, Suiça, Baviera, Áustria, Prússia e Alemanha, apresentando, então, um projecto de reconstrução do imóvel, conciliando o sistema do Hospital de Roterdão com o sistema Lariboisière, dos hospitais de Gand e Beaujon, em Paris, com enfermarias isoladas e ligadas por galerias de serviço abertas, tendo janelas em 3 das faces; o projecto não chegou a ser concretizado *1; 1866, 7 Maio - estudo da remodelação do imóvel, com criação de enfermarias isoladas, aprovadas pelos Conselho; cada andar tinha 8 enfermarias e de 10 a 12 quartos particulares; construção de elevadores mecânicos que ligavam a cozinha aos andares superiores; a obra foi orçada em 35:000$000; 1870 - o Liceu abandona definitivamente o edifício do Colégio das Artes, passando para o Colégio de São Bento, sendo instaladas, no canto SO., duas enfermarias; plantação de árvores no claustro; 1871 - demolição da ligação ao Colégio de São Jerónimo e abertura de galeria subterrânea para esgoto; construção de latrinas no lanço S. e de enfermaria de isolamento, no claustro; 1874 - construção de duas enfermarias no piso superior do canto SO., ligado por passadiço de madeira às restantes; 1878 - Costa Simões efectua nova viagem pelo estrangeiro, resultando em alterações nas enfermarias do canto SO., com ampliação das janelas, introdução de postigos de ventilação e projecto do sistema de aquecimento, não concretizado; 1885 - corte nos muros, a desafrontar as janelas das enfermarias, com construção de galerias de serviço; a Câmara efectua arruamentos na antiga cerca; reforço das abóbadas do primeiro piso; 1886 - construção do Laboratório no corte S. do edifício e adaptação das latrinas públicas a salas de operações; 1902 - reforma do imóvel, com alteamento do andar superior e reforma das fachadas, rasgadas por altas janelas; substituição do entablamento recto da colunata do claustro por arcaria, com galeria superior; 1911 - execução das colunas de ferro do claustro, pelo fundidor J. Alves, de Coimbra; 1913 - construção de instalações sanitárias em corpos suspensos nas fachadas; 1914 - construção das escadas entre a cozinha e o andar superior; instalação eléctrica e introdução de um caldeira Garreth, com 110 V.; aproveitamento do sótão para construção de quartos; 1915 - compra da caldeira Babcock e introdução de uma chaminé na fachada N.; 1916 - 1919 - prolongamento da fachada S., unindo a quadra às salas de operações, ampliadas pela construção de um corpo semi-hexagonal no extremo S.; 1930 - têm início as obras para a construção do edifício do banco de urgências e consultas externas na fachada E. do Colégio da São Jerónimo prolongando-se para N. até ao Colégio das Artes; construção de um lanço a N., que envolveu a capela; 1931 - construção do elevador, a ligar ao banco; construção de vários corpos salientes a E., cobertos em terraço; 1932 - 1933 - construção do corpo central da fachada, com tímpano; colocação de lavabo do séc. 17 no claustro; instalação de depósito de água na cobertura da galeria E. e demolição das instalações sanitárias na fachada S.; 1933 regularização das fachadas E. e N., com demolição de latrinas e construção de instalações sanitárias num pavilhão de cimento armado; 1935 - publicação do concurso para obras a realizar nos Hospitais de São Jerónimo e Colégio das Artes, no Diário do Governo nº 23 - I Série de 29 de Janeiro, Dec. 24:98, e publicitado nos jornais "O Primeiro de Janeiro", "Comércio do Porto", "O Século", "Diário de Notícias" e "Diário de Coimbra"; 1944 - construção do novo edifício das caldeiras, passando as cozinhas do lado E. para o N.; 1946 - Cottinelli Telmo realiza viagens a Itália, Suiça e Paris com o objetivo de preparar os projetos das novas faculdades e do hosiptal; 1947 - o arquiteto alemão Walter distel realiza um projeto não concretirzado para o Hospital universitário da Alta de Coimbra; séc. 20, década de 70 - acrescenta-se um piso superior ao edifício da urgência; 1970 - obras de construção civil para beneficiação dos pavilhões de Neurologia, Oftalmologia, Pneumonologia e Otorrinolaringologia; Serviços Médico-Sociais - obras de construção civil para adapatação do edifício do ângulo das ruas Oliveira Matos e Venâncio Rodrigues às instalações dos serviços; 1987 - os HUC abandonam definitivamente o Colégio das Artes; 1989 - Departamento de Arquitectura e Departamento de Engenharia Electrónica ocupam parte do piso superior do edifício; séc.20, década de 90 - Museu Nacional da Ciência e da Técnica ocupa o piso térreo; 2003 - 2004 - feitura de projecto de reutilização do edifício e pensa-se restaurar a capela.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria rebocada; colunas, pilares, modinaturas, frontão, pilares dos bancos da capela em cantaria calcária; colunas do segundo piso do claustro em ferro; caixilharias, portas, retábulo, arcaz, coberturas de madeira; coberturas de taipa; coberturas exteriores de telha; paredes com silhares de azulejos; pavimentos com mosaico e pedra calcária; janelas com vidro simples.

Bibliografia

SIMÕES, António Augusto da Costa, Notícia Histórica dos Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra, s.d.; SIMÕES, António Augusto da Costa, Relatórios de uma Viagem Científica, Coimbra, 1866; SIMÕES, António Augusto da Costa, Hospitais da Universidade de Coimbra: Projecto de Reconstrução do Colégio das Artes, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1869; SIMÕES, António Augusto da Costa, Construções Hospitalares: noções gerais e projectos com referência aos Hospitais da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1890; TEIXEIRA, António José, Documentos para a História dos Jesuítas, Coimbra, 1899; SIMÕES, António Augusto da Costa, Elaboração do Projecto do Novo Hospital da Universidade de Coimbra: Relatório apresentado à comissão encarregada do seu estudo, Coimbra, 1901; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, 1º Volume, Lisboa, 1960; DIAS, Pedro, Coimbra: Arte e História, Porto 1983; BORGES, Nelson Correia, Coimbra e Região, Lisboa, 1987; VASCONCELOS, António de, Os colégios universitários de Coimbra in Escritos vários, vol. I, Coimbra: Arquivo da Universidade de Coimbra, 1987; CRAVEIRO, Lurdes, Manuel Alves Macomboa. Arquitecto da Reforma pombalina da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1990; MARTINS, João Paulo, Arquitetura Moderna em Portugal: a Difícil Internacionalização. Cronologia, in Arquitetura Moderna Portuguesa 1920-1970, IPPAR, 2004, p. 162; PROVIDÊNCIA, João Paulo, "O outro lado da alta: projectos da reforma dos Hospitais da Universidade de Coimbra" in Monumentos, Mar. 1998, pp.57-65; LOBO, Rui Pedro, Os colégios de Jesus, das Artes e de S. Jerónimo: evolução e transformação no espaço urbano, Coimbra, 1999; NÓVOA, António e SANTA-CLARA, Ana Teresa, Liceus de Portugal - Histórias, Arquivos, Memórias, Porto, 2003; REIS, Vítor Manuel Guerra dos - O Rapto do Observador: invenção, representação e percepção do espaço celestial na pintura de tectos em Portugal no século XVIII. Lisboa: s.n., 2006. Texto policopiado. Dissertação de Doutoramento apresentada à Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, 2 vols; Obras Públicas Concluídas em 1970 - Anexo n.º21 ao Boletim do Comissariado do Desemprego, Lisboa, Ministério das Obras Públicas, 1971, p.74.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN / DSID; MOP

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID; CMC: Imagoteca

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1934 - Conclusão da cobertura com telha tipo Marselha na parte da ala poente do edifício e caiação das fachadas; conclusão das obras de reforma das enfermarias e seus anexos e adaptação dos laboratórios de análises clínicas a enfermarias, gabinete, WC e sobrelojas para arrumos; obras de reparação na galeria das enfermarias de neurologia - mulheres; obras de reforma das enfermarias de 3ª classe - homens; obras de adaptação da casa destinada às novas instalações da lavagem e esterilização de louça; adaptação do gabinete junto à capela a um pequeno museu de instrumentos cirúrgicos; DGEMN: 1959 - diversas obras pelos Serviços de Construção e Conservação; 2013 - restauro da galeria envidraçada norte do claustro, incorporando-lhe novas valências funcionais.

Observações

*1 - Os desenhos do projecto encontram-se publicados, mostrando as fachadas organizadas por corpos rectilíneos, de dois ou três pisos, adaptando-se ao desnível do terreno, unidos por galerias sustentadas por colunatas; cada corpo possui os vãos, todos eles rectilíneos e com molduras simples, rasgados simetricamente, a partir de janelas geminadas centrais; na fachada E., mantinha-se a estrutura da capela, com a fachada posterior visível.

Autor e Data

Cecília Matias e Marta Gama 2003 / Paula Figueiredo 2005

Actualização

 
 
 
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