Casa e Quinta de Margaride

IPA.00000100
Portugal, Braga, Guimarães, Mesão Frio
 
Arquitectura residencial, seiscentista e oitocentista. Solar armoriado, de planta em U, articulando dois corpos, sendo um mais alongado, de dois e três pisos. Interior com lojas, adega e arrumos no primeiro piso, e cozinha e salas e quartos, organizados em torno de corredor, nos restantes. Tectos de masseira de madeira de castanho. Jardim formal organizado em canteiros geométricos de buxo, com tanque e chafariz ao centro e casa de fresco. O conjunto, embora acuse a reforma oitocentista, denota junção de diversos elementos mais antigos. Destaque-se as portas de desenho quinhentista, duas das quais em ogiva, com chanfro, e os arranques da escada do corpo SE., um barroco com volutas, folha de acanto e remate em pinha e outro "rocaille", com volutas decoradas com algas e remate figurando ave. Pelo terreiro circundante ressaltam alguns elementos decorativos de qualidade, particularmente o tanque que integra um espaldar recortado e bica em forma de cabeça de leão e um cruzeiro seiscentista à entrada do portal principal.
Número IPA Antigo: PT010308300064
 
Registo visualizado 875 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em U

Descrição

Planta em U, composta junção de dois corpos. Volumetria de dominante horizontal com coberturas diferenciadas em telhados de duas e quatro águas. Fachada principal voltada a NE., em cantaria de granito, flanqueada pelos dois corpos, sendo o esquerdo, mais alongado e de dois pisos, parcialmente revestido a trepadeiras, marcado no primeiro pela abertura de vãos de verga recta, de acesso às lojas e adega, sendo o central, em ogiva, com chanfro *2, e por escadaria de pedra, de dois lanços, com arranques decorados com volutas e coroados de pássaro e pinha e, e o segundo, rasgado por porta de verga recta e janelas rectangulares. O corpo direito, destacado em altura com três pisos, possui, no primeiro, escadaria de pedra em leque e lanço único, duas portas rectangulares e óculos óvais, no segundo piso, porta principal de verga curva, encimada por brasão com as armas dos MACEDOS e CARDOSOS, e janelas rectangulares gradeadas. No último piso, janelas de brincos, de verga curva, sendo uma de sacada e, nona fachada SE., rebocada e pintada de branco, três janelas de brincos, rectangulares, com portadas de crivos. A fachada lateral voltada a NO., rebocada e pintada de branco, possui, no segundo piso, três janelas rectangulares e, no terceiro varanda envidraçada. Fachada lateral NE., em cantaria de granito, tendo, no 1primeiro piso, duas portas rectangulares e, no segundo piso, cinco janelas rectangulares, sendo uma de sacada. A fachada posterior a SO., rebocada e pintada de branco, rasgada nos pisos superiores por janelas rectangulares. No INTERIOR distribuem-se, no primeiro piso, lojas, adega e arrumos *3, no segundo piso, cozinha e salas, com tectos de masseira de castanho *4, estabelecendo-se a comunicação através de corredor, e, no último piso, quartos e casas de banho.

Acessos

Mesão Frio, Lugar de Margaride

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 740-FI/2012, DR, 2.ª série, n.º 252 de 31 dezembro 2012 *1

Enquadramento

Rural, em encosta, em posição dominante sobre a ribeira da Costa, fronteira ao alto da Penha. No interior de propriedade agrícola, rodeada de campos de cultivo, integra diversos edifícios de apoio à exploração, nomeadamente casas rústicas, armazéns, lagares, sequeiro e eira, azenha e cortes de gado. O acesso à quinta faz-se por uma alameda, delimitada por sebe de buxo. Fronteiro à casa um amplo terreiro, empedrado, possui à direita do portal principal em arco abatido, encimado por óculo octogonal, aberto em muro rematado por cornija recortada, com catavento ao centro, uma fonte de espaldar e à esquerda um cruzeiro *1, assente sobre plinto prismático, com as faces levemente côncavas, coluna de secção circular, sobrepujada por cruz latina de secção rectangular, com os remates das hastes trilobados, ostentando na face central a imagem de Cristo Crucificado de pés sobrepostos. O portal comunica, à direita, com jardim formal, murado e cerrado por portão de ferro.

Descrição Complementar

Fonte da entrada da propriedade de espaldar recortado, enquadrado por volutas e decorado ao centro por losango, com remate em urna. Bica carranca em forma de cabeça de leão que jorra a água para um tanque rectangular. O Jardim formal organizado em canteiros debruados por buxo, rodeando, o primeiro um tanque de pedra, hexagonal, envolvido por um circulo de buxo e tendo ao centro um chafariz constituído por uma coluna sobre base prismática, rematada por uma flor, e o segundo uma "casa de fresco", circular, tendo no interior mesa de pedra e bancos.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: Pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 (conjectural) / 17 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1097 - Refere-se, pela primeira vez, a "villa Margariti, subtus Montis Latitu, territorio Bracarense, inter bis alveis Ave et Avizella, discurrente rivulo Selio" que havia sido concedida pela condessa Mumadona; 1387 - a Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, empraza a Pero Nandim o casal de Margaride no qual morou Pero Velho; 1389 - renovação do prazo em favor de Fernão Peres, clérigo; 1421 - carta de doação de D. Afonso, filho d'El Rei D. João, conde de Barcelos, da Quinta de Margaride "que é termo de Guimarães" a João Estevão de Ponte, seu criado, filho de Estevão Rodrigues, morador em Ponte de Lima. Nas confrontações refere-se o Mosteiro da Costa, uma herdade do rei denominada Pessegueiro, o casal de Ponços e a pedra do Pousadouro, na estrada de São Romão que vai para a vila de Guimarães; 1421 - referência a D. Beringeira Dias Freitas, senhora do casal de Margaride e de casas da Rua dos Mercadores de Guimarães, deixadas em testamento por seu tio Álvaro Gonçalves, casada com João Estevão da Ponte; 1465 - referência a Gabriel Gonçalves de Freitas, morador no Porto, Almoxarife da Alfândega, sucedeu no Morgado da honra de Gominhães a seu pai, João Estevão da Ponte; 1507 - Pedro Álvares de Almeida, fidalgo de geração, institui o Morgado dos Almeidas com capela na Igreja de São Francisco de Guimarães. No tombo do Morgado, que abarcava as propriedades da Quinta de Margaride, é referida "uma casa torre, telhada, com três portas de arco"; 1588 - renovação do prazo de Margaride à família Gonçalves; 1680 - Jerónimo Couto e Maria Gonçalves doaram e nomearam o prazo, por escritura, a sua filha Maria Gonçalves para casar com Domingos Enes; 1697 - referência à casa de Margaride "casa mui alevantada com varanda rústica de 7 janelas viradas a Norte e defronte dela um paul"; 1870 - o 2º Conde de Margaride, Henrique Cardoso de Macedo e Meneses, escolheu a Casa de Margaride para residência, tendo aí realizado grandes reformas, entre as quais o acrescento do corpo NO.. O desaparecimento da torre terá acontecido durante a realização destas obras; 1989 , 2 fevereiro - proposta de classificação do proprietário; 1991, 6 junho - Despacho de classificação pelo Presidente do IPPC; 2012, 21 fevereiro - proposta da DRCNorte a propor a classificação como MIP; 2012, 11 setembro - publicação do projeto de decisão de classificação do edifício como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção em Anúncio n.º 13403/2012, DR, 2.ª série, n.º 177.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura do edifício, elementos decorativos e escadarias, de granito; portas, janelas, pavimentos e tectos, de madeira; revestimento da cozinha e casas de banho, em azulejo; pavimento da cozinha, em cimento; pavimento do corredor, em tijoleira; grades das janelas e sacadas, em ferro; cobertura exterior, de telha.

Bibliografia

VASCONCELOS, J. Leite de, Opusculos, vol. 3, Coimbra, 1931, pp. 221-225; MORAES, Maria Adelaide Pereira de, Guimarães, Terras de Santa Maria, Guimarães, 1978, pp. 120-121.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 1960 - Deslocamento de uma porta em ogiva do primeiro piso para uma das salas do segundo piso do extremo SE.;1974 - substituição das coberturas exteriores.

Observações

*1 - DOF: Casa e parte da Quinta de Margaride. *2 - Este cruzeiro erguia-se, originalmente, junto ao Convento do Anjo, em Guimarães. Derrubado e abandonado no local, foi salvo da ruína pelos senhores da casa, que o colocaram à entrada do portal principal da sua quinta; *2 - a parte superior do arco está entaipada, sendo visível, ao nível da varanda, o fecho da ogiva; *3 - entre um compartimento de arrumos e a adega, no limite da parte mais antiga da casa à qual se adossou o corpo NE., oitocentista, existe uma porta de recorte quinhentista; *4 - uma das salas, quadrangular, situada no extremo SE. da casa onde se supõe se desenvolveria o segundo piso da torre que existiria, foi enobrecida com uma bonita porta em ogiva, com chanfro, deslocada do primeiro piso.

Autor e Data

António Dinis 1999

Actualização

 
 
 
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