Muralhas de D. Fernando e miradouro / Muralha Fernandina

IPA.00005461
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Arquitectura militar, gótica. Cerca urbana gótica construída na Baixa Idade Média (séc. 14) substituindo a primitiva cerca românica no Morro da Sé (séc. 12) que já mostrava na altura um reduzido perímetro diante da dinâmica expansiva da cidade.
Número IPA Antigo: PT011312080013
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Cerca urbana    

Descrição

Começando a descrição do seu traçado pelo troço que melhor se preserva, da escarpa dos Guindais, sobre o rio, até junto do mosteiro de Santa Clara, tinha logo a seguir o Postigo do Carvalho, mais tarde de Santo António do Penedo e depois Porta do Sol. Seguia pelo local onde se encontra o Governo Civil e o Teatro de S. João, passando depois à R. de Cimo de Vila, onde existia uma Porta do mesmo nome. Continua depois, já na direcção E. / O., pela Calçada de Sta. Teresa e Viela da Madeira, onde se conservam alguns restos encobertos, até ao Postigo, depois Porta, dos Carros. Continuava ao longo do extinto convento dos Lóios, actual edifício das Cardosas, onde estava a Porta de Santo Elói. Seguia pela calçada dos Clérigos e R. da Assunção até à Cordoaria (o actual Campo Mártires da Pátria), onde existia a Porta do Olival, principal saída para Braga e Viana do Castelo. Deste último troço e da porta existem também restos encobertos pelas construções. Descia depois em direcção ao rio, existindo ainda bons troços conservados atrás das casas que tem frente para as R. das Taipas e Dr. Barbosa de Castro. Junto do Lg. das Virtudes existia outra porta com aquele nome. Continua depois, sempre em direcção ao rio, pelas traseiras do Palácio de S. João Novo, junto do qual existia a Porta de N. Sra. da Esperança. Também aqui ainda se preservam bons troços da muralha tal como ao longo das Escadas do Caminho Novo que terminam já junto ao rio. Antes da muralha inflectir para seguir paralelamente ao rio na direcção O. / E., existia o Postigo da Praia, depois transformado em Porta, Nova ou Nobre, e da qual se preservam, no Museu Soares dos Reis, no Porto, duas lápides com o escudo Real. No troço paralelo ao rio existiam numerosos postigos: dos Banhos, do Pereira ou Lingueta, da Alfândega, do Carvão, o único que ainda se preserva, o do Peixe, a Porta da Ribeira, e depois outros quatro postigos, o do Pelourinho, o da Forca, o da Madeira e o da Areia, junto da escarpa dos Guindais por onde subia em direcção a N. Ainda que muito alterada pela abertura de numerosas passagens, ainda se conservam muitos troços da muralha nesta zona ribeirinha, sendo aí conhecida por Muro da Ribeira ou dos Bacalhoeiros.

Acessos

Largo do Actor Dias, Rua Arnaldo Gama, Escadas dos Guindais (lanço do miradouro), Escadas do Caminho Novo, Rua Francisco da Rocha Soares e restos encobertos na Rua da Madeira e Campo dos Mártires da Pátria

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 11 454, DG, 1ª série, n.º 35, de 19 fevereiro 1926

Enquadramento

Urbano. Os troços preservados estão envolvidos por construções urbanas apresentando-se apenas o dos Guindais relativamente isolado, sobre a escarpa do rio.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: cerca

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

IPPAR, DL 106F/92, de 01 Junho

Época Construção

Séc. 14

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1336 - início da construção da cerca nova do Porto sob reinado de Afonso IV; 1348 - data da inscrição que existia sobre o Postigo do Carvão; c. 1376 - conclusão da cerca nova sob o reinado de D. Fernando; 1409 - construção do Postigo dos Carros; 1521 - construção da Porta Nova dos Carros; 1522 - a Porta Nova ou Nobre substituiu o Postigo da Praia; 1529 - foi necessário proceder a reparações urgentes no troço entre a Porta de Santo Elói e a do Olival pois tinham ruído 360 braças de muralha; 1580 - construção do fortim redondo no ângulo junto da Porta Nova ou Nobre; 1764 - o Postigo de Santo Elói foi transformado em Porta; 1768 - o Postigo do Penedo foi transformado na Porta do Sol e reconstruiram-se c. de 45 braças de muralha junto do mosteiro de Santa Clara; 1774 - foi demolida a Porta da Ribeira; 1789 / 1794 - demolição da Porta do Olival; 1792 - demolida a Porta de N. Sra. da Batalha; 1821 - demolido o troço de muralha que fechava o acesso da Pça da Ribeira ao rio; séc. 19, 1ª metade - o troço de muralha paralelo ao rio na frente urbana do Barredo, foi transformado pela abertura de uma série de arcadas de volta inteira separadas por pequenos óculos; 1827 - demolição da Porta dos Carros; 1838 - demolição do Postigo do Peixe ou da Alfândega Velha; 1853 / 1854 - demolição da muralha no troço a O. da Porta do Olival; 1872 - demolição da Porta Nobre ou Porta Nova para dar lugar à R. Nova da Alfândega; 1875 - demolição da Porta do Sol; 1888 - ainda se conservava um dos cubelos da Porta dos Carros.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Granito.

Bibliografia

DGEMN, Boletim nº 5, Lisboa, 1936; vários artigos da Douro Litoral, 2ª Série, VI, Porto, 1946; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; COUTINHO, Bernardo Xavier, Arquitectura Militar e Religiosa, História da Cidade do Porto, Porto, 1962, vol. I, p. 443 - 464; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 1º e 2º vol., Lisboa, 1962; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1962, 1º Vol., Lisboa, 1963; LIMA, A. C. P. S. e GOMES, P. J. A. D., Intervenção arqueológica na Cadeia da Relação e Convento de S. Bento da Vitória (relatório do S. R. A. Z. N. - I.P.P.C.), Porto, 1991; Porto a Património Mundial, Porto, 1993, p. 114 - 115; Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Inventário, Lisboa, 1993, vol. II, Distrito do Porto, p. 71.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN / DREMN

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DREMN

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN / DREMN

Intervenção Realizada

DGEMN: 1936 - trabalhos de recuperação dos restos da muralha na zona dos Guindais e no jardim do Tribunal de S. João Novo; 1959 - obras de consolidação e defesa da escarpa; obras de conservação e consolidação do troço das escadas do caminho novo; 1960 - prosseguimento dos trabalhos de consolidação da rocha entre a Torre poente e o pano derruído sobre a escarpa dos Guindais; prosseguimento das obras de limpeza e consolidação da escarpa dos Guindais; 1961 - obras de consolidação da torre S. e arranjo do recinto exterior sobre a escarpa dos Guindais, continuação dos trabalhos de consolidação da rocha e recalçamento da base do troço N. da muralha existente sobre a escarpa dos Guindais, reconstrução da base das paredes do troço da muralha derruída sobre a escarpa dos Guindais, prosseguimento dos trabalhos de consolidação da rocha e restauro da muralha derruída sobre a escarpa dos Guindais; 1962 - prosseguimento des trabalhos de reconstrução da muralha ruída sobre a escarpa dos Guindais, conclusão dos trabalhos de recalçamento exterior do troço N. da muralha em desaprumo sobre a escarpa dos Guindais, escoramento e recalçamento exterior do troço N. da muralha em desaprumo sobre a escarpa dos Guindais; 1963 - conclusão do troço da muralha ruída, trabalhos de limpeza e arranjo dos terrenos junto da muralha em restauro sobre a escarpa dos Guindais; 1976 - consolidação e limpeza do troço da muralha junto das Escadas do Caminho Novo; 1977 - consolidação do cunhal e parede na Escada do Caminho Novo; manutenção; 1982 - beneficiação das muralhas; 1984 - beneficiação de alguns troços das muralhas; 1985 - beneficiação e valorização dos paramentos das muralhas; 1986 - beneficiação e valorização das muralhas; 1987 - limpeza, beneficiação e valorização dos paramentos amuralhados; 1988 - conservação e manutenção; trabalhos imprevistos; 1989 / 1990 - sondagem arqueológica, realizada pelo S.R.A.Z.N. - I.P.P.C., na placa ajardinada diante da fachada NO do edifício da Cadeia da Relação, no Campo dos Mártires da Pátria, permitindo reconhecer, através de uma prospecção geofísica, a existência de vestígios significativos da muralha, nomeadamente dois troços da cerca e um cubelo adossado, que se encontram enterrados sob depósitos de demolição do séc. 19 a mais de 2 m de profundidade; 1994 - a Câmara Municipal do Porto, através do Projecto CRUARB, abriu concurso público para obra de recuperação, transformação em hotel e sua exploração, do conjunto de parcelas que envolvem o único postigo da muralha que se conserva, o Postigo do Carvão, à Pça da Ribeira.

Observações

A muralha fernandina unia as cumeadas da Batalha e do Monte da Vitória, ajustando-se o resto do traçado ao terreno para completar o circuito. Tinha um perímetro de quase 2.500 m e media c. de 10 m de altura. Guarnecida por parapeitos interiores e exteriores, estes últimos com grossos merlões, era ainda reforçada por numerosas torres quadradadas (30, segundo João de Barros que as descreve no séc. 16) de possante cantaria, vazadas umas, maciças outras, cuja altura variava entre 14 e 21 m. A largura dos muros, pelo menos nos troços que ainda se conservam junto ao mosteiro de Santa Clara, era de 2,5 m.

Autor e Data

Isabel Sereno / Paulo Dordio 1994

Actualização

 
 
 
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