Castelo do Rosmaninhal

IPA.00035677
Portugal, Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Rosmaninhal
 
Castelo desaparecido, construído provavelmente no séc. 13, pela Ordem do Templo, em local estratégico, para defesa da fronteira leste de Portugal, articulando-se com outros castelos Templários da Beira, tendo sido remodelado no séc. 14 e envolvido, juntamente com a vila, no séc. 17, por fortificação à moderna. Tratando-se de uma região muito instável e parcamente habitada, possivelmente só depois de 1237, após o mestre D. Estêvão de Belmonte efetivamente povoar Rosmaninhal, se deve ter construído o castelo. Este e a cerca urbana deveriam ter planta circular, dada a morfologia do casco urbano e à referência de ter setenta e três varas de redondo, no Tombo de 1678. Em 1505 estava arruinado, possuindo cava ou fosso, e alicerces de parede com um arco. No séc. 17 e 18, o castelo volta a ter importância estratégica, dada a sua proximidade com Espanha e à implantação numa zona de fácil penetração do inimigo, mandando, por isso, o rei construir uma fortificação abaluartada, durante a Guerra da Restauração, envolvendo grande parte do casario, e posteriormente repará-la, aquando da Guerra da Sucessão de Espanha (1704). Nas Memórias Paroquiais de 1758, as muralhas já estavam parcialmente demolidas e faz-se a distinção entre um forte do povo, contíguo a um forte do rei, o que pode ter a ver com a articulação das estruturas da antiga fortificação medieval com a abaluartada. As estruturas fortificadas foram seriamente danificadas ou demolidas durante as invasões francesas, para acabarem por desaparecer com a construção do cemitério no local do castelo e reutilização dos materiais na construção de casas e muros particulares, ou sendo absorvidas pela malha urbana.
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo e cerca urbana    

Descrição

Das estruturas fortificadas não existem vestígios visíveis, por terem sido demolidas, integradas ou absorvidas pelas construções da vila, mas cuja planimetria arredondada determinou a sua morfologia. A toponímica da Rua do Castelo ou Largo da Guarita alude a essas estruturas, tendo existido, segundo a tradição oral, uma porta com vigia junto ao Largo da Guarita.

Acessos

Rosmaninhal, Rua do Castelo. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,729625, long.: -7,084293

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado. Implantava-se numa colina, com cerca de 360 m de altitude, com encostas bastante inclinadas, sobretudo pelo lado sul, e de onde se dominavam vastas planícies, estando atualmente transformado em cemitério. Nas imediações, ergue-se, a sul, a Igreja Paroquial de Rosmaninhal (v. IPA00008955). No Largo da Guarita existe um chafariz, que recebia a água da Fonte das Freiras. A povoação desenvolveu-se a partir do castelo, do alto para o sopé, revelando a sua antiga planimetria arredondada. A freguesia é delimitada a nascente pelo rio Erges, a cerca de 9 km, que faz fronteira com Espanha, e a sul pelo rio Tejo, a cerca de 7 km.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo e cerca urbana

Utilização Actual

Desaparecido

Propriedade

Afectação

Época Construção

Séc. 13 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1165, 30 novembro - D. Afonso Henriques doa à Ordem do Templo, na pessoa do seu mestre Gualdim Pais, Idanha-a-Velha, povoação romana denominada Egitânea e que fora sede do bispado na época visigótica, e Monsanto, para que as povoassem e defendessem: "Afonso, notável rei do condado Portucalense... Faço uma vasta e fortíssima doação da região de Idanha-a-Velha e de Monsanto com estes limites: seguindo o curso da água do rio Erges e entre o meu reino e o de Leão até entrar no Tejo e da outra parte seguindo o curso do Zêzere que igualmente entra no Tejo..."; a região de Rosmaninhal é pois abrangida nesta doação; 1185 - época aceite por vários autores para a provável construção de um castelo, por D. Sancho I, que para aí destaca uma guarnição militar juntamente com uma colónia, a quem dá privilégios especiais; 1229 - D. Sancho II dá foral a Salvaterra, à qual Rosmaninhal passa a pertencer; D. Sancho II vendo que Idanha-a-Velha continua deserta e abandonada, retira-a da jurisdição da Ordem do Templo e doa-a ao seu chanceler mestre Vicente, bispo eleito da Guarda; 1237 - o 14º mestre da Ordem do Templo, D. Estêvão de Belmonte, vai com os seus freires a Rosmaninhal e, contrariando os foros e costumes de Idanha-a-Velha, a cujo alfoz pertence, povoa-o, dando-lhe autonomia e termo próprio, ficando sob o domínio direto dos Templários; época provável para a construção do castelo de Rosmaninhal; 1244 - o rei faz regressar oficialmente à Ordem do Templo, na pessoa do mestre D. Martim Martins, todos os direitos que tinha sobre Idanha-a-Velha e Salvaterra, cujo concelho engloba o termo de Rosmaninhal; 1307, 12 agosto - o papa Clemente V, pela bula "Regnans in ecclesis triumphans", dirigida a D. Dinis, convida o rei a acompanhar os prelados de Portugal ao Concílio de Viena, onde se procuraria determinar o que fazer da Ordem do Templo e dos seus bens, por causa dos erros e excessos que os seus cavaleiros e comendadores haviam cometido; pouco depois, pelas letras "Deus ultiorum dominus", dirigidas ao arcebispo de Braga e bispo do Porto, nomeia-os como administradores dos bens templários em Portugal; D. Dinis empreende uma série de medidas, internas e externas, para evitar que os bens dos Templários em Portugal integrassem o património da Ordem do Hospital; 1309 - Domingos Martins, procurador do rei, intentou uma ação judicial contra os Templários, representados por seu mestre D. Vasco Fernandes, por a Ordem trazer sonegados as vilas e castelos de Idanha-a-Velha e Salvaterra, com os seus concelhos, termos e senhorios; assim, ordena que seja tirada inquirição sobre o património da Ordem e exige a apresentação de documentos da posse de algumas terras, nomeadamente as de Idanha-a-Velha e Salvaterra do Extremo e respetivos termos; os Templários defendem-se dizendo que tal procedimento nunca fora necessário, mas o rei impõe um prazo de nove meses para cumprirem a determinação, acabando a Ordem por não conseguir demonstrar a posse das terras; o bispo da Guarda D. Vasco Martins de Avelos opõe-se ao mestre e cavaleiros da Ordem do Templo, por causa da jurisdição de Idanha-a-Velha, Salvaterra e Rosmaninhal, apresentando como prova uma doação de D. Sancho II feita ao bispo D. Vicente, seu antecessor, afirmando que aquela não podia ser anulada pelo facto do referido monarca ter sido deposto pouco depois de a ter feito e que os mestres D. Pedro Alvites e D. Martim Martins se tinham introduzido nos seus termos em defraude dos bispos; um dos documentos deste processo refere que D. Pedro Alvares sem consentimento do concelho de Idanha povoara Proença e que D. Estêvão Belmonte povoara Rosmaninhal; 1310, 19 janeiro - sentença a favor do rei pela qual voltam para a coroa as vilas de Idanha-a-Velha e Salvaterra do Extremo e "porque achamos outrosi pera emquiriçom que o Rosmaninham e Segura e Proença eram termos das ditas vilas", fica determinado que também essas povoações pertencem ao rei; 1312, 22 março - extinção da Ordem do Tempo, pela bula "Vox clamantis"; 02 maio - bula "Ad Provirem" concede aos soberanos a posse interina dos bens da Ordem do Templo, até o conselho decidir o que fazer com eles; 1318 - D. Dinis faz doação ao 1.º Grão Mestre da Ordem de Cristo, Frei Gil Martins, "(...) na Beyra, Eydanha a Velha e Eydanha a Nova e Segura e Salvaterra e Porença e o Rosmarinha"; 1319, 14 março - bula "Ad ea ex quibus" de João XXII institui a Ordem de Cavalaria de Jesus Cristo, ou a Ordem de Cristo, para quem passam todos os bens e pertenças da Ordem do Templo: "outorgamos e doamos e ajuntamos e encorporamos e anexamos para todo o sempre, à dita Ordem de Jesus Cristo (...), Castelo Branco, Longroiva, Tomar, Almourol e todos os outros castelos, fortalezas e todos os outros bens, móveis e de raiz"; 20 novembro - documento do primeiro mestre da Ordem de Cristo, Frei Gil Martins, regista as doações feitas por D. Dinis nas quais se inclui, na região da Beira, Idanha-a-Velha, Idanha-a-Nova, Segura, Salvaterra, Proença e Rosmaninhal, "as quaes vilas e logares el avia vençudos per sentença da ordem que foy do Templo e que tragia a ssa mão e a saa posse"; 1321, 11 junho - divisão em 38 comendas da Ordem de Cristo dos antigos bens pertencentes aos Templários; 1357 - 1367 - a crise demográfica ocorrida durante o reinado de D. Pedro I, provocada por cataclismos naturais e epidemias, torna Rosmaninhal uma terra quase deserta; 1367 - 1383 - D. Fernando concede privilégios a todos os moradores que vivem dentro das muralhas da povoação, com isenção de prestarem serviço militar fora das mesmas ou de estarem sujeitos a pedidos; 1383 - 1385 - durante a crise política, Rosmaninhal toma partido pelo mestre de Avis; 1385 - 1433 - no início do seu reinado, D. João I manda reconstruir o castelo; 1496 - Rosmaninhal tem apenas 70 moradores; 1505, 05 novembro - data da visitação e elaboração do Tombo dos bens da comenda de Rosmaninhal, da Ordem de Cristo, estando o castelo já destruído, visto referir-se que junto da Igreja Paroquial, contra o levante, "huu chaao teso que tem huua caua arredor e alicerces de parede com huu arco ajnda leuantado honde dizem que jaa em outro tempo foy fecto huu castello da dicta Villa"; 1510, 01 junho - D. Manuel concede foral a povoação e a honra de usar nas armas da vila a esfera armilar; 1580 - aquando da crise Sucessória, Rosmaninhal apoia D. António, Prior do Crato, que é derrotado pelos espanhóis; 1640 - Rosmaninhal tem 500 vizinhos; durante a Guerra da Restauração, D. João IV manda construir uma fortaleza abaluartada, que passa a envolver grande parte do casario; 1678, 04 novembro - por ordem de D. Pedro II inicia-se o processo de verificação, marcação e registo das terras pertencentes à comenda de Nossa Senhora da Conceição do Rosmaninhal; é então comendador o marquês da Fronteira, D. João Mascarenhas; nesta data ainda existe muralha, visto referir-se uma terra ao longo da muralha; 10 novembro - no termo da medição das fazendas pertencentes ao comendador do Rosmaninhal consta "(...) achou-se pelo Tombo velho, a declaração dos louvados, pertencer a esta comenda um outeiro que parte com o adro da Igreja Matriz desta dita Vila que algum templo estivera valado, e tinha de redondo setenta e três varas, o qual hoje se acha ocupado com um Castelo e fortaleza a que tudo se fizera no tempo das guerras para a defesa desta Vila, e dentro neles estão cinco moradas de casas que serve hoje uma de armazém adonde estão os apetrechos da guerra e as outras estão devolutas as quais casas e fortaleza disseram e declararam, os louvados, mandara sua alteza fazer à sua custa com ajuda dos vereadores, e por ele juiz achar estarem feitas na terra da comenda mandou se lançasse esta declaração neste tempo para todo o tempo constar da verdade e se darem a quem pertencem"; 1693, 06 fevereiro - atendendo ao estado decadente em que se encontram ainda as vilas de Salvaterra, Rosmaninhal, Segura e Penha Garcia, devido aos prejuízos causados com as invasões castelhanas, D. Pedro II determina a diminuição do lançamento da eira em 70$000, cabendo a Penha Garcia 10$000 e a cada uma das outras vilas 20$000; 1704 - no âmbito da Guerra da Sucessão de Espanha, D. Pedro II manda reparar a fortificação e guarnecê-la com peças de artilharia; 1708 - segundo o P. António Carvalho da Costa, a vila de Rosmaninhal "està a hum tezo: foy antigamente acastellada, & hoje está fortificada por huma parte com o rio Tejo, & pela outra com o rio Elga, que aqui faz sua fóz no mesmo Tejo. No demais toda ella he cercada de espessura, que a faz muy defensável (...); tem na época 200 vizinhos; 1755, 01 novembro - não padece ruína no terramoto; 1758 - segundo o vigário Diogo Vaz Magro nas Memórias Paroquiais, Rosmaninhal pertence ao bispado da Guarda, comarca de Castelo Branco, domínio do rei, tendo grão-mestre da Ordem de Cristo, juiz ordinário e câmara; tem 214 fogos, 282 varões de ambos os sacramentos e 283 fêmeas, e de confissão somente 82 varões e 69 fêmeas; a paróquia está no cimo da vila e outeiro dentro de "um forte do povo, contíguo a um forte del Rey"; a "Vila foi murada por El Rei na Guerra de Setecentos e Quatro, como também ja o tinha sido na do Levantamento, não é propriamente Praça que esteja guarnecida mas sim tem um forte de El Rei com suas pessas que no tempo da guerra costumam guarnecer os Reis com gente militar e os muros estão em muita parte demolidos e os quartéis de El Rei e forte"; 1776, 07 março - por consentimento da regente do reino, a rainha D. Maria Vitória, uma delegação da Ordem de Cristo visita Rosmaninhal, a fim de inventariar os bens e rendimentos da comenda; 1798 - temendo uma invasão por terra por parte dos franceses, a Coroa ordena uma leva de recrutas na província da Beira Baixa, nas cidades e vilas, nomeadamente Rosmaninhal; 1807, 19 novembro - as tropas francesas de vanguarda, comandadas por Junot, entram em Portugal pelo caminho de Rosmaninhal, sendo a fortificação destruída; 1832 - extinção do concelho de Rosmaninhal, passando a freguesia a integrar o concelho de Salvaterra; 1834, 08 outubro - uma representação de Rosmaninhal apresenta na Câmara dos Deputados a sua contestação contra a extinção do concelho e reivindica o direito a ser concelho, o que não é atendido pelas Cortes; 1836 - extinção do concelho de Rosmaninhal e sua anexação ao de Salvaterra do Extremo; 1837 - extinção das comendas, passando os seus bens para os Próprios Nacionais; 1845 - construção do cemitério no local onde se erguia o castelo de Rosmaninhal; 1855, 24 outubro - com a extinção do concelho de Salvaterra do Extremo, Rosmaninhal passa a integrar o concelho de Idanha-a-Nova.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

«Castelo de Rosmaninhal». In (http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/index.php?sid=sitios.resultados&subsid=56947), [consultado em 20 setembro 2016]; «Castelo de Rosmaninhal». In Fortalezas.org (http://fortalezas.org/index.php?ct=fortaleza&id_fortaleza=1954), [consultado em 20 setembro 2016]; COSTA, P. António Carvalho - Corografia Portugueza. 2.ª edição. Braga: Typographia de Domingos Gonçalves Gouveia, 1868, tomo II; FERNANDES, Maria Cristina Ribeiro de Sousa - A Ordem do Templo em Portugal (das origens à extinção). Dissertação de Doutoramento apresentada na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Porto: texto policopiado, 2009; GONÇALVES, Iria (organização) - Tombos da Ordem de Cristo. Comendas da Beira Interior Sul. Lisboa: Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa, 2009, vol. 5; PINHEIRINHO, José António dos Santos - Rosmaninhal Passado e presente (Da antiga vila raiana da Beira Baixa). S.l.: Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, 2001.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

DGLAB/TT: Memórias Paroquiais, vol. 32, n.º 163, fl. 983-988

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Paula Noé 2016

Actualização

 
 
 
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