Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Barcelos / Câmara Municipal de Barcelos

IPA.00021578
Portugal, Braga, Barcelos, União das freguesias de Barcelos, Vila Boa e Vila Frescainha (São Martinho e São Pedro)
 
Arquitectura hospitalar, religiosa e política, gótica, maneirista, barroca, revivalista e do séc. 20. Planta composta por diversos corpos rectangulares, formando duas alas, com antiga igreja ladeada por torres, ao centro. A ala O. é constituída pelo corpo gótico dos primitivos Paços do Concelho, do qual restam as arcadas quebradas, e os corpos do antigo hospital, aumentado sucessivamente deste o séc. 15 até ao 18, possuindo actualmente feições barrocas, com claustro com arcaria plena, no primeiro piso e colunata, no segundo. A antiga igreja da Misericórdia, ao centro do conjunto, apresenta planta longitudinal, com nave única e capela-mor, restando apenas do original maneirista, as paredes laterais. A ala E. construída já no início do séc. 20 procurou criar simetria volumetria no conjunto. A fachada principal foi totalmente remodelada no séc. 19 e 20 ao gosto neobarroco, unindo os diferentes corpos, e procurando criar uma simetria decorativa. Foi amplamente rasgada por vãos iguais, colocando remates ameados com gárgulas de canhão. Nas torres seguiu-se o mesmo jogo decorativo, acrescentando pedras de armas ricamente decoradas por elementos fitomórficos. Ao centro, no lugar da antiga fachada principal da igreja foi construída uma nova fachada procurando a simetria com a ligação às arcadas dos antigos Paços do Concelho através da abertura de dupla arcada quebrada. A solução das arcadas no primeiro piso dos antigos Paços do Concelho é similar à usada nos antigos Paços Municipais de Guimarães e de Viana do Castelo (v. PT010308340014 e PT011609310003). Interiormente, apesar da profunda remodelação no final do séc. 20, que trouxe uma dinâmica na distribuição e comunicação dos espaços, conserva ainda as escadarias neobarrocas. Com as obras de remodelação foram postos a descoberto, na igreja, os vestígios de decoração flamenguista dos arcos, assim como pinturas rococós de concheados e azulejos seiscentistas de padrão e joaninos figurativos com barras de volutas. Apesar da intenção da criação de simetria ao nível de fachadas e atenuação na diferença de corpos, de utilizações diferentes e de épocas distintas, ainda se consegue perceber os corpos, com os respectivos espaços primitivos, em parte graças à restauro efectuado no final do séc. 20. Quando foi construído o auditório, em local anteriormente exterior, conservaram-se as janelas de sacada das fachadas que seriam voltadas a esse espaço.
Número IPA Antigo: PT010302140112
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício, igreja e hospital  Misericórdia

Descrição

Planta composta por diversos corpos rectangulares, alguns bastante alongados, dispostos em trono do quarteirão, formando duas alas. A ala O. formando claustro, integra os primitivos Paços do Concelho e o antigo Hospital do Espírito Santo. A ala E. forma pátio interior ajardinado. Ao centro, a separar as alas encontra-se o corpo da antiga igreja da misericórdia, ladeada por duas torres rectangulares, de planta longitudinal, de nave única com marcação da capela-mor. Volumes articulados de dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo das torres. Coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas e abóbadas de berço metálicas na antiga igreja. Fachadas de dois registos, rebocadas e pintadas de amarelo, excepto as da antiga igreja, voltadas ao claustro e pátio interior, pintadas de rosa, marcadas por elementos de granito, como os cunhais, as molduras dos vãos e as cornijas de remate. Na fachada principal, torres e parte da lateral O. as cornijas de remate são ritmadas por gárgulas de canhão e encimadas por platibanda com merlões chanfrados. Nas torres, voltadas à fachada principal, sobre a platibanda, erguem-se sineiras de ferro. Fachada principal voltada a S. com cinco panos separados por pilastras colossais, correspondendo à ala O., igreja, entre as torres, e ala E.. Toda a fachada é percorrida por embasamento e friso de separação de registos. Primeiro registo, com pano da ala O., em alvenaria de granito, rasgado por arcadas quebradas, fechadas por vidro, panos das torres com porta em arco pleno, pano da igreja com dupla arcada quebrada, também fechada por vidro e pano da ala E. com janelas de peitoril gradeadas. Segundo registo ritmado por janelas de sacada, com guarda de ferro, rematadas por cornijas rectas, à excepção das janelas das torres, com cornija quebrada. Nas torres, acima das janelas surge grande pedra de armas, encimada por cornija elevada em semicírculo e relógio com moldura decorada por volutas, querubim e concha. No pano da igreja, entre as janelas de sacada encontra-se cartela oval com inscrição. Fachada lateral O. de dois panos, o do extremo direito, de pequenas dimensões que limitaria o corpo dos antigos Paços do Concelho, rasgado em ambos os registos por par de janelas de guilhotina. O outro pano, delimitado por pilastra colossal e cunhal com grande pedra de armas real, apresenta, no primeiro registo, três portas, janelas, nicho e lápide com inscrição, e no segundo, janelas de peitoril, de guilhotina e duas janelas de sacada sobre duas das portas do primeiro registo. Fachada lateral E. também com dois panos, o do extremo esquerdo, mais estreito e baixo, com par de janelas de peitoril, no primeiro registo e par de janelas de sacada, no segundo. O outro pano, é subdividido em três por pilastras colossais, possuindo, devido ao declive do terreno, embasamento parcialmente alto com frestas jacentes. São rasgados, no primeiro registo, por janelas de peitoril e porta em arco pleno, ao centro, e no segundo, por janelas de sacada. Panos voltados ao pátio interior rasgados por portas e janelas. Pano correspondente à igreja rasgado por grande arco pleno, com vitral de desenhos geométricos e por alguns vãos entaipados, os do registo superior conservando ainda varandas. Pano da torre com silhares destacados. CLAUSTRO com pano N. e O. percorrido por galerias, com arcaria plena, no primeiro registo e colunata no segundo. Na galeria do pano O. abre-se porta de acesso a vestíbulo que comunica com o exterior, coberto parcialmente por abóbada de berço em granito, vestígios da antiga Capela de Santa Maria. O pano S. é rasgado por portas, no primeiro registo, e janelas de peitoril, no segundo, e o pano E., correspondente ao da antiga igreja, por vãos entaipados, os do segundo registo com varandas e guardas de ferro. INTERIOR com cave, dois pisos nas alas e três nas torres. Apresenta três acessos principais, um em cada uma das torres e outro no centro da ala E.. Os acessos são feitos através de vestíbulos, o da torre O. e da ala E. comunicando com escadarias de granito, de três lanços com dois braços, e guardas de ferro ritmadas por plintos com urnas. O vestíbulo da torre E. dá acesso ao pátio interior. O vestíbulo da torre O. dá acesso ao sub-coro da antiga igreja através de arco quebrado e à antiga sala dos Paços do Concelho, conhecida como "Sala dos Arcos" ou "Sala gótica" iluminada pela arcaria quebrada da fachada principal. As paredes desta sala são em alvenaria de granito, pavimento lajeado e o tecto de madeira, com o travejamento à vista. A ALA O. apresenta no primeiro piso gabinetes de trabalho, com acesso através das galerias do claustro e auditório, no topo N, com duplo pé direito, colunas a suportar o tecto e galeria superior de comunicação com a galeria do claustro. Nas paredes abrem-se janelas de sacada à face, como se fosse uma parede exterior. No segundo piso encontram-se diversos gabinetes da presidência e vereação e a sala da Assembleia Municipal. Os pavimentos são na maioria em madeira e os tectos em estuque ou pladur. Algumas das salas apresentam conversadeiras, voltadas à fachada lateral O.. A comunicação entre pisos é feita pela escadaria ou por elevador que dá acesso ao parque de estacionamento subterrâneo. Possui igualmente um túnel subterrâneo de comunicação com a ALA E., localizando-se o bar nesta zona de cave. Nesta última ala sucedem-se gabinetes de trabalho. Os acessos aos vários pisos, na torre junto a esta ala, são feitos por escadaria de ferro, que conduz ao sótão, onde se situam gabinetes. ANTIGA IGREJA usada como salão nobre, com paredes rebocadas e pintadas de branco, e em granito, possuindo ainda alguns vestígios de azulejos setecentistas monocromos a azul e lambril de mármore, na nave. Coberturas da nave e capela-mor em abóbada de berço metálica com caixotões. Pavimentos em laje de mármore. Coro-alto em betão com guarda de ferro e vidro. Possui lateralmente portas de comunicação com as torres. Subcoro rebaixado, iluminado pela dupla arcada quebrada da fachada principal. Parede do lado do Evangelho com janela de verga recta, com moldura em meia cana, e grande arco pleno, com vitral, e decoração de motivos flamenguistas relevados. Parede do lado da Epistola com vãos idênticos, o do arco, entaipado, ladeado por vãos de verga recta, um que correspondia ao do púlpito, com vestígios de pintura monocroma a azul de escamas, e outro a uma porta. Arco triunfal pleno com vestígios de decoração flamenguista e pinturas policromas de concheados, no intradorso. Colateralmente e a meia altura rasgam-se arcos plenos, bastante irregulares. Capela-mor mais elevada, com acesso por escadas, rasgando-se lateralmente janelas de verga recta, com moldura em meia cana, e nichos com restos de azulejos seiscentistas de padrão policromos a azul e amarelo. Do lado da Epístola, junto ao nicho ainda são visíveis azulejos figurativos setecentistas monocromos a azul. Parede testeira parcialmente oculta por vidro fosco, com grande painel pintado com o foral de D. Manuel, e superiormente fresta.

Acessos

Largo Munícipio, Rua da Misericórdia, Rua Infante D. Henrique

Protecção

Incluído na Zona Especial de Protecção da Igreja Matriz de Barcelos, Ruínas do Paço dos Duques de Bragança, Pelourinho de Barcelos, Solar dos Pinheiros e Ponte de Barcelos (v. PT010302140007, PT010302140002, PT010302140009, PT010302140003 e PT010302130004)

Enquadramento

Urbano, em pleno centro histórico de Barcelos, em terreno desnivelado, inserido em quarteirão, adossado parcialmente na fachada posterior ao Teatro Gil Vicente (v. PT010302140093). Fachada principal voltada a amplo largo com a estátua de D. António Barroso, onde se implanta a Igreja Matriz, as ruínas do Paço dos Duques de Bragança, a Casa de Felgueiras Gayo (v. PT010302140143) e uma casa manuelina (v. PT010302140172). Junto à fachada lateral O. encontra-se jardim, com entrada para parque de estacionamento subterrâneo e o Solar dos Pinheiros. Junto à fachada lateral E. localiza-se a Casa dos Simões Duarte Lyra, e junto à fachada posterior, o Largo do Apoio, onde se situam, um chafariz seiscentista, e as Casas de D. Nuno Álvares Pereira, dos Carmonas, do Alferes Barcelence, e do Atanázio (v. PT01030214076, PT010302140127, PT010302140128, PT010302140129, PT010302140161).

Descrição Complementar

Pátio interior ajardinado com corredor central ladeado por xadrez de gravilha colorida e topiárias, conhecido com "Jardim do Xadrez do Arco-íris"; INSCRIÇÕES: Inscrição gravada em cartela oval, no segundo registo do pano central, da fachada principal; moldura simples com circulo relevado com monograma mariano AM; granito; tipo de letra: capital quadrada; leitura: NO TRICENTENÁRIO DA PADROEIRA DE PORTUGAL O CONCELHO DE BARCELOS CONSAGROU-SE AO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA 1946; inscrição gravada em lápide existente na fachada lateral O.; sem moldura nem decoração; granito; tipo de letra: capital quadrada; leitura: NESTE LOCAL EXISTIU DURANTE 336 ANOS (1500-1836) A CAPELA DO ESPIRITO SANTO E HOSPITAL DO ESPIRITO SANTO DEPOIS HOSPITAL DE DOM MANUEL I E INSTITUÍDA A SANTA E REAL CASA DA MISERICÓRDIA (1500) QUE NO DE 1836 MUDOU PARA O CONVENTO DOS CAPUCHOS, COM IGREJA E CERCA, NO CAMPO DA FEIRA. ESTA PLACA EVOCATIVA FOI DESCERRADA A 19 DE MAIO DO ANO 2000 NAS COMEMORAÇÕES DOS 500 ANOS DA MISERICÓRDIA DE BARCELOS; HERÁLDICA: (torre O.) Escudo assente em cartela decorativa sobrepujado por coroa real, com composição partida das armas Reais e de Barcelos; (torre E.) escudo assente em cartela decorativa com as armas de Barcelos.

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Política e administrativa: câmara municipal

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 14 / 15 / 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Manuel Cabral Teles (coordenador), Susana Milhazes Madureira, João Albergaria Oliveira, Diana Bizarro, Sérgio Moreira, Joaquim Flores e Miguel Gonçalves Dias (2003). ARQUITECTO PAISAGISTA: Agostinho Pizarro. EMPRESA: Eusébio e Filhos, S.A. (2003). ENGENHEIROS: Fernando Noites, e Silva Costa (projecto de estabilidade - 2003); Manuel Costa Simões (projecto de Instalações e Equipamentos Eléctricos - 2003); Isabel Sarmento (projecto de Instalações Mecânicas - 2003). PINTOR: Eduardo Nery (2003).

Cronologia

Séc. 14 - Construção do Hospital *1 e Capela de Santa Maria, como apoio para os peregrinos de Santiago de Compostela; o hospital era de administração municipal, embora fosse gerido pela confraria de Santa Maria; possuía um único piso com quatro compartimentos e dois alpendres, um na Rua de Santa Maria, onde existia um oratório, no nicho da fachada lateral O., e outro virado ao quintal, provavelmente funcionando como entrada; 1356, 7 Março - testamento de Vicente Miguéis, de Barcelinhos, legando os seus bens à gafaria, no lugar da Ordem, e ao Hospital de Santa Maria; séc. 15, último quartel - edificação do edifício dos Paços do Concelho a S. da Capela de Santa Maria e da Torre da Vila *2; 1496 - extinção da sinagoga de Barcelos, situada no local da capela-mor da futura igreja da Misericórdia; 1498, Janeiro, Fevereiro - D. Manuel I em carta dirigida a D. Diogo Borges, juiz e Contador dos resíduos, capelas, hospitais, gafarias e confrarias de Entre Douro e Minho, ordena que procedesse à organização do tombo *3 dos dois hospitais de Barcelos (gafaria e Hospital de Santa Maria); os hospitais eram administrados por juízes e regedores de Barcelos; o rei ordena ainda que se procurasse na "arca do concelho" os estatutos e os documentos da fundação dos hospitais, o que não foi possível pois já haviam sido destruídos num incêndio que havia acontecido nos Paços do Concelho há alguns anos; 1518, Abril, Maio - instituição da Misericórdia com sede na Capela de Santa Maria, sendo o seu primeiro provedor o Dr. Pedro Nogueira, capitão do terço de serviço de D. Fernando I, 9º Conde de Barcelos; o hospital passa a ser gerido pela Misericórdia; o hospital passa também a ser conhecido como "Hospital D. Manuel" ou "Hospital da Misericórdia"; 1520, 12 Maio - carta de D. Manuel I, passada em Évora ordenando que os bens do hospital e da antiga gafaria da Fonte de Baixo passassem para a Misericórdia; 1561 - os administradores da Misericórdia foram declarados isentos do pagamento da contribuição dos 10 réis de Ceuta; 1591 - por alvará do duque D. Teodósio II os administradores foram isentos de todos os cargos do concelho; Filipe I concede privilégios à Misericórdia; 1604 - Filipe II ordena que os provedores da comarca de Barcelos não tenham nenhuma ingerência nas contas da Misericórdia; séc. 16, final - devido às reduzidas dimensões da Capela de Santa Maria a Irmandade da Misericórdia decide edificar uma igreja a S. dos Paços do Concelho; 1593, 22 Janeiro - lançamento da primeira pedra para a construção da igreja da Misericórdia, "sendo provedor António da Costa Homem, benzeu a pedra e cantou missa o D. Prior Manuel Valeijo e pregou o padre João de Lucena, da Companhia de Jesus"; as obras foram a expensas dos Duques de Bragança; 1596 - as obras terminam; séc. 17, meados - D. João IV concede a "singular prerrogativa" de todas as dívidas da Misericórdia serem cobradas executivamente, tal como as dívidas da Casa Real; 1713 / 1716 - o edifício do hospital sofre uma remodelação e é ampliado para N.; a sacristia é demolida para construção do claustro e construído um novo corpo a E. da igreja para substituir a Casa do Despacho, passando a sacristia para aquele corpo; D. João V autoriza que se cobrasse o "real de água" para custear as obras; D. João V e futuramente D. José concedem a terça parte da contribuição do ceitil para as obras; 1729 - D. João V ordena que seja sempre o Ouvidor de Barcelos, o juiz para os casos da Misericórdia e que esta pudesse ter um escrivão privativo, escolhido entre os dez da comarca; 1836 - a Misericórdia abandona o edifício e muda-se para o extinto Convento de São Francisco (v. PT 010302140070), por influência do Visconde de Leiria, José de Vasconcelos Bandeira e Lemos; 1846 - o edifício da Misericórdia passa a pertencer à Câmara Municipal; 1849- por iniciativa do Presidente da Câmara, Dr. Augusto Monteiro é demolida parte da igreja da Misericórdia para ampliação dos Paços do Concelho, sendo apenas aproveitadas as paredes laterais; venda em hasta pública das tampas de sepultura e elementos arquitectónicos; reconstrução da torre O..; 1851 - demolição da capela lateral O., para construir a escadaria e abertura de novos vãos para obter uma composição simétrica; 1867 - segundo o Abade do Louro a "igreja havia sido de bastante grandeza com sua capela-mor, na qual se venerava o Santíssimo Sacramento e Santa Gertrudes Magna com sua irmandade, instituída por José de Almeida Bezerra, da Casa do Pereiró; tinha dois altares colaterais, o do lado do Evangelho do Ecce Homo e o do lado da Epístola de Nossa Senhora da Conceição e abaixo deste altares, duas capelas, uma do Morgado de Vila Cova, instituída por António Mariz e sua mulher Beatriz de Andrade, em testamento de 11 de Maio de 1575, da qual foi administrador Sebastião Luís de Faria Machado, Senhor da Quinta da Begoeira, e outra que era do Morgado da Agrela, instituída por Manuel de Faria, o velho morgado da Agrela"; os Paços do Concelho são descritos da seguinte forma "consta de mais de dois pavimentos, um no rés-do-chão e outro com treze janelas na frente virada à Colegiada; logo na entrada, no pavimento inferior e do lado esquerdo, existe o alojamento da administração do concelho e num vasto salão e do lado direito o da repartição da Fazenda; no pavimento superior existem o Tribunal de Justiça, o salão de sessão da Câmara e o arquivo; o edifício do antigo hospital interiormente comunica com o Tribunal de Justiça, tendo entrada privativa por aquela porta da Rua da Misericórdia; e serve de alojamento à estação telegráfica, quartel e aula nocturna para artistas"; séc. 19, final / séc. 20 início - encontram-se instalados no edifício, para além da Câmara, o quartel da polícia e o tribunal; 1900 - por iniciativa do Presidente da Câmara, Dr. Vieira Ramos, são feitas profundas obras no edifício, construindo-se a torre e ala E., até à antiga rua da Judiaria; 1910 - Encontrava-se entaipada a dupla arcada da igreja; 1946 - colocação de lápide na fachada principal alusiva à consagração do concelho de Barcelos ao Imaculado Coração de Maria, por ocasião do tricentenário da padroeira de Portugal; anos 80 - o tribunal é transferido para o novo Palácio da Justiça; 1996 / 2003 - recuperação total do edifício, incluindo a recuperação do espaço da antiga igreja, anteriormente ocupada por gabinetes, segundo projecto dos Arquitectos Manuel Cabral Teles (coordenador), Susana Madureira, João Albergaria Oliveira, Diana Bizarro, Joaquim Flores Sérgio Moreira e Miguel Gonçalves Dias; 1998 - construção do parque de estacionamento subterrâneo e do auditório; 2003 - colocação de vitral com motivos geométricos da autoria de Eduardo Nery, no arco da antiga igreja da Misericórdia, do lado da Epístola; 31 Agosto - inauguração do edifício.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura, embasamento, cornijas de remate, merlões, molduras dos vãos, escadarias, arcaria e colunata do claustro e elementos decorativos, em granito; lambril e pavimento da antiga igreja, em mármore; portas, janelas e pavimentos, em madeira; estruturas em betão; cobertura da antiga igreja, em cobre; sineiras e guardas das sacadas, em ferro; arco lateral da igreja com vitral; coberturas em telha de aba e canudo.

Bibliografia

PEREIRA, Domingos Joaquim, Abade de Louro, Memória histórica da vila de Barcelos, Barcelinhos e Vila Nova de Famalicão, Viana do Castelo, 1867; FONSECA, Teotónio da, O concelho de aquém e além Cávado, Barcelos, 1987; FERREIRA, Maria da Conceição Falcão, Barcelos terra de Condes, Barcelos, 1982, separata da revista Barcelos, 1991 / 1992; ROCHA, Manuel Inácio Fernandes da, Barcelos nos Caminhos de Santiago, in Barcelos Revista, Câmara Municipal de Barcelos, Barcelos, 1993, p. 123; GOMES, Paulino, SILVA, João Belmiro Pinto da, MAIA, Armando, Barcelos: princesa do Cávado, Paços de Ferreira, 1998; MADUREIRA, Maria Susana Milhazes G. L., Os Edifícios da Câmara de Barcelos, Passado, Presente, Futuro, in Barcelos terra condal: congresso: actas, Câmara Municipal de Barcelos, Barcelos, 1998; TRIGUEIROS, António Júlio Limpo, FREITAS, Eugénio de Andreia da Cunha e, LACERDA, Maria da Conceição Cardoso Pereira de, Barcelos histórico, monumental e artístico, Braga, 1998; Barcelos - Visita guiada aos Paços do Concelho assinala jornadas do património, in Diário do Minho, 22 Setembro 2004.

Documentação Gráfica

CMB: Gabinete do centro histórico

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID, arquivo pessoal de Eduardo Nery

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

CMB: 1849 - São feitas profundas obras de remodelação, demolindo parte da igreja, incluindo a fachada principal e reconstruindo a torre O.; apeamento da primitiva pedra de armas de Barcelos, existente na torre *4; os arcos dos Paços do Concelho são entaipados; 1851 - construção da escadaria anexa à torre O., demolindo para tal uma das capelas laterais; abertura de vãos na fachada principal e lateral O.; 1900 - são feitas obras no edifício; construção da torre E; 1996 / 1997 / 1998 / 1999 / 2000 / 2001 / 2002 / 2003 - recuperação total e ampliação do edifício, nomeadamente colocação de novo telhado, pavimentos, tectos, portas, janelas, rebocos, pinturas de paramentos e limpeza de cantarias; reconstrução de divisões interiores; construção de um auditório e parque de estacionamento subterrâneo com capacidade para 100 lugares; recuperação da igreja, nomeadamente demolição de gabinetes, desentaipamento de vãos, colocação de elementos arquitectónicos, azulejos e pinturas à vista, que anteriormente estavam tapados por reboco, colocação de cobertura metálica.

Observações

*1 - O hospital tanto era conhecido como de "Santa Maria", "São João de Deus" ou do "Espírito Santo"; *2 - os Paços do Concelho possuíam originalmente no primeiro piso uma espaço público, hoje em dia é a chamada "Sala dos Arcos" ou "Sala gótica" e no segundo piso a Sala do Alcaide, das Audiências; o acesso ao piso superior era feito por uma escada exterior localizada entre este e o hospital; a primitiva torre localiza-se no local da actual torre O. e era usada como celeiro; *3 - O tombo de 1498 refere que o hospital ocupava quase todo o lado E. da Rua de Santa Maria (actual Rua da Misericórdia), confrontando a N. com casas de Martinho Pires, residente em Braga, pelo S. com os Paços do Concelho e a E. com a judiaria; a parte ocupada pelos doentes constava de quatro grandes salas ou enfermarias, duas no lado N. e duas no lado S. e nas traseiras ficava o oratório do Espírito Santo, seguindo-se o quintal que media doze varas de comprido por seis de largo; *4 - a primitiva pedra de armas da torre O. foi achada em 1900 no meio do entulho e colocada no Paço dos Duques, em 1920, onde hoje ainda se encontra.

Autor e Data

Joaquim Gonçalves 2006

Actualização

 
 
 
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