Quinta do Espie / Palácio dos Duques de Palmela / Casa da Família Palmela / Casal da Duquesa
| IPA.00016803 |
| Portugal, Lisboa, Lisboa, Lumiar |
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| Arquitectura residencial, setecentista. Quinta de recreio de planta rectangular irregular, composta por casa apalaçada rectilínea, algumas dependências de carácter rural e jardim. O edifício evolui em dois e três pisos, adaptando-se ao declive do terreno, de grande volumetria, rasgado, uniformemente por vãos rectilíneos ou em arcos abatidos, todos com molduras simples de cantaria e caixilharias de guilhotina. Fachadas flanqueadas por cunhais apilastrados e rematadas por cornija e beirada simples. A fachada posterior, que abre para o jardim, é mais exuberante, com portal de aparato, marcado por pilastras e colunas. Interior com vestíbulos que acede às várias dependências intercomunicantes, o mesmo sucedendo no piso superior, com pavimentos e tectos de madeira, com as paredes marcadas por silhares de azulejo de produção monocroma, azul sobre fundo branco, joanina, com padronagens, excepto no jardim onde surge temática mitológica. No interior possui janelas protegidas por portadas e algumas ostentando conversadeiras. Neste, surge um tanque central, conversadeiras, pérgula de madeira de casa de fresco rectangular, com o tecto revestido a embrechados. |
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| Número IPA Antigo: PT031106180798 |
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| Registo visualizado 2240 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto arquitetónico Edifício e estrutura Residencial unifamiliar Quinta Palacete
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Descrição
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| Casa de planta rectangular, composta por edifício de planta rectangular, com os ângulos anteriores cortados em ângulo recto, à qual foram adossadas outras construções no jardim, que se desenvolve na fachada posterior. O edifício evolui em dois e três pisos, acompanhando o declive do terreno, de volumetria paralelepipédica escalonada com disposição horizontal, de coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas, onde se rasgam mansardas. Fachadas rebocadas e pintadas de rosa, percorridas por embasamento de cantaria, escalonado, adaptando-se ao terreno, flanqueadas por cunhais de cantaria e rematadas em cornija e beirada simples, tendo todos os vãos emoldurados a cantaria de calcário. Fachada principal, virada a O., evoluindo em três registos definidos por friso de cantaria, tendo, ao centro, duas portas cocheiras em arco abatido, na do lado direito a funcionar um estabelecimento comercial (florista); no piso inferior, surgem, ainda sete respiradouros jacentes, protegidos por grades. Nos pisos superiores, treze janelas em arco abatido, com caixilharias de guilhotina, protegidas por portadas interiores em madeira almofadada, destacando-se no piso intermédio apenas uma janela com portada exterior, de madeira pintada de verde. Os extremos são marcados por portais semelhantes, de verga recta, com moldura de cantaria, flanqueado por pilastras de silharia fendida, formando falso rústico, rematado por entablamento e frontão triangular, ambos seccionados por elementos lanceolados; o portal do lado esquerdo encontra-se protegido por porta de duas folhas de madeira, pintadas de verde, tendo, junto ao acesso, dois frades de cantaria, estando o oposto parcialmente entaipado e protegido por uma porta de madeira pintada de verde. Sobre a cobertura, duas mansardas com cobertura de canhão e janela rectilínea. As fachadas laterais são semelhantes, de três e dois pisos, definidos por frisos de cantaria, rasgadas no piso inferior por porta de verga recta e por uma janela rectilínea, e, nos superiores, por duas janelas em arco abatido, com caxilharias de guilhotina. A fachada lateral esquerda, virada a N., encontra-se prolongada por muro que liga a um anexo construído no jardim, de dois pisos, o inferior com amplo portal de verga recta e portada de madeira pintada de verde e janela de peitoril com caixilharia de madeira de duas folhas e vidro simples; o piso superior possui duas janelas de peitoril com caixilharias de guilhotina e, sobre o portal, fresta rectilínea. No espaço que abre para esse pátio, o corpo forma uma reentrância, marcada por escadaria de cantaria, com soco lateral, encimado por guarda de ferro forjado e oito balaústres bojudos; no topo da escada, abre-se arco em asa de cesto e moldura de cantaria, criando um pequeno alpendre à porta de verga recta de acesso ao interior; sobre o arco, janela em arco abatido com caixilharia de guilhotina, surgindo, na face E., duas janelas semelhantes ao nível do piso superior. Para o pátio que aqui se forma, abre o anexo, com duas portas de verga recta no piso inferior e uma janela de peitoril rectilínea e de guilhotina no superior. Fachada posterior tem, no piso térreo, ao centro, três portadas, a central de maiores dimensões, definidas por quatro pilastras e duas colunas toscanas, ensaiando o modelo de uma falsa serliana; estas sustentam sacada com bacia de cantaria e guarda de ferraria ornamental, para onde abrem duas janelas em arco abatido, com caixilharias de madeira e vidros simples, encimadas por bandeiras. Este elemento encontra-se flanqueado por janelas de peitoril, em arco abatido, surgindo, no extremo esquerdo, sacada ampla, assente em três mísulas escalonadas, com guarda metálica e para onde abrem duas janelas rectilíneas. INTERIOR tem, no piso térreo, o espaço dos antigos estábulos, onde hoje funciona estabelecimento comercial, surgindo, no piso superior, um vestíbulo que liga a várias salas intercomunicantes, através de portas de verga recta, todas com tectos e pavimentos em madeira, possuindo as paredes rebocadas e pintadas de branco, com silhares de azulejo de monocromia, azul sobre fundo branco, com figuras avulsas (aves, flores, embarcações), envolvidas por friso de azulejo de padrão 2x2, tendo janelas com conversadeiras. Numa das dependências, a figura avulsa é substituída por albarradas, envolvidas por barras de acantos enrolados, tudo em monocromia azul sobre fundo branco. Ainda neste piso, a cozinha primitiva com paredes rebocadas e pintadas de branco, com silhares de azulejo de figura avulsa, surgindo, em alguns locais, vestígios de reaproveitamento de azulejo figurativo, possuindo pia em cantaria de calcário e enorme chaminé com moldura em cantaria. Neste piso, destaca-se a sala de acesso ao jardim, com tecto pintado de bege e colunas de madeira pintadas, a ladear a porta. O piso superior tem acesso por estreitas escadas com silhares de azulejo de figura avulsa, com várias dependências algo deterioradas, onde se destaca um amplo salão com paredes rebocadas e pintadas de branco, com silhares de azulejo de monocromia, azul sobre fundo branco, formando uma ampla padronagem de açafates, flanqueados por naginas aladas, cujas asas se unem por festões e concha central, possuindo friso de acantos enrolados; tem tecto de madeira em gamela, formando apainelados ornados por motivos vegetalistas e chaminé em cantaria, de perfil rectilíneo. Neste piso, surgem, ainda, quarto muito simples, com rodapé esponjado e friso de palmetas estilizadas, em posição intercalada, e uma cozinha, de feitura mais recente. Uma porta em arco abatido e moldura de cantaria, rematado por empena truncada e ornada por almofadado, dá acesso ao JARDIM, situado a E., de planta irregular, de perfil curvilíneo, com a vegetação pouco cuidada, misturada com vegetação espontânea, tendo os muros ornados por silhares de azulejaria historiada, em monocromia, azul sobre fundo branco, com cenas mitológicas, integrando, num dos lados, uma pérgula em madeira. Ao centro, um relógio de Sol e um chafariz centralizado. No extremo E., uma casa de fresco em cantaria de granito aparente, de planta rectangular e coberturaa duas águas, possuindo a fachada principal rasgada por arco de volta perfeita assente em pilastras, tudo almofadado, ladeado por duas colunas toscanas que sustentam entablamento e o remate em frontão, flanqueados por aletas. O interior tem as paredes em cantaria de calcário, em alvenaria irregular, imitando uma formação espontânea, a que se adossam bailéus em cantaria, com cobertura em falsa abóbada de berço, revestida a embrechados de seixos e conchas; no topo, possui nicho em arco de volta perfeita, assente em pilastras, com apontamentos fitomórficos, onde se insere uma taça gomada, assente em plinto galbado, sobre a qual surge uma figura antropomórfica acéfala, executada em mármore. |
Acessos
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| Largo de São João Baptista, n.º 1 - 4 |
Protecção
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| Incluído na classificação do Paço do Lumiar (v. IPA.00021768) |
Enquadramento
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| Urbano, isolado, inserido no Núcleo Antigo do Lumiar, implantado em meia-encosta, com fachada principal aberta para um amplo largo, pavimentado a alcatrão, que conduz à Igreja de São João Baptista (v. PT031106180408). A fachada lateral esquerda abre para uma via estreita, pavimentada a alcatrão, virada para o Parque do Monteiro-Mor (v. PT031106180381), onde se localizam o Museu Nacional do Traje e da Moda (v. PT031106180381) e o Museu Nacional do Teatro (v. PT031106180107). Nas proximidades, assinalam-se a presença de edificações com interesse cultural, decorativo ou arquitectónico, como o Chafariz do Boneco / Fonte de São João Baptista (v. PT031106180757), os Edifícios na Travessa do Coutinho (v. PT031106181219 e PT1106181220) e dois Edifícios Setecentista (v. PT031106180995 e v. PT031106180996). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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| Residencial: quinta |
Utilização Actual
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| Residencial: quinta / Comercial: loja |
Propriedade
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| Privada: pessoa singular |
Afectação
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| Sem afectação |
Época Construção
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| Séc. 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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| EMPREITEIRO: João Baptista Cruzeiro (1895). |
Cronologia
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| Séc. 18 - construção da casa da quinta, propriedade dos Duques de Palmela para estada de veraneio; colocação dos azulejos do jardim que revestem os lambris e conversadeiras; realização de uma pintura a óleo sobre tela na sobreporta de uma das salas do piso superior do Palácio do Monteiro-Mor com a representação da quinta, da Igreja de São João Baptista e respectivo cruzeiro e do Palácio do Monteiro-Mor; 1895 - um levantamento das quintas da Rua do Lumiar e arredores mencionou a Quinta do Espie, como ficando no fim da Rua do Alqueidão; João Baptista Cruzeiro, construtor civil, declarou assumir a responsabilidade da obra que o Duque de Palmela pretendia realizar na sua propriedade; séc. 19, inícios - a propriedade foi arrendada ao pai de João Gonçalo da Costa de Sousa Macedo; séc. 20 - as vacarias do piso térreo serviam de depósito à UCAL; 1917 - o então Duque de Palmela, Luís Coutinho Borges de Medeiros, solicitou autorização à edilidade de Lisboa para proceder a obras de alteração do edifício, com a construção de uma arrecadação no piso superior e respectiva trapeira com 1mx1.80m para dar luz e ventilação, com respectiva pavimentação, estabelecimento de uma ligação a uma escada pré-existente e arranjo do telhado na parte onde assentava a trapeira; 1936 - D. Helena Maria de Sousa e Holstein, Marquesa do Faial, autorizou a Sociedade Comercial Urbana Limitada a proceder às obras que fossem necessárias na parte urbana do edifício; construção de vários anexos; 1937 - referência a D. Bernardo da Costa Mesquitella e a António Dart da Costa como moradores da quinta, ocupando o 1º andar do edifício; 1942 - Domingos de Sousa Holstein Beck solicitou uma licença de andaime com 38 m. para um piso de forma a executar as obras; 1956 - Maria José de Sousa Holstein Beck procedeu à execução de duas casas de banho no piso superior; 1969 - Isabel Juliana de Sousa e Holstein Beck Campilho, proprietária da quinta, solicitou a prorrogação pelo mínimo de um ano para a realização de obras de beneficiação, visto a anterior proprietária ter falecido e existirem os problemas inerentes a uma sucessão e o imóvel ter sofrido várias obras de restauro nos últimos anos não havendo a necessidade de imediata reparação; séc. 20 - a Marquesa de Tancos deixou a propriedade à sobrinha Isabel Campilho; 1994 - a quinta foi abrangida pelo Plano Director Municipal, ref. 18.16; 1996 - realização do "Plano de Pormenor de Salvaguarda" do Paço do Lumiar; despacho do Ministro da Cultura determinando a classificação do Conjunto do Paço do Lumiar; o Gabinete da Divisão dos Núcleos Dispersos, Direcção Municipal de Reabilitação Urbana, chamou a atenção para os problemas mais urgentes quanto à reabilitação do espaço público e que se prendiam, em grande parte, com a circulação viária de atravessamento e tráfego de pesados junto à Quinta do Espie e Igreja de São João Baptista; 1997 - classificação do Conjunto do Paço do Lumiar; 2003 - a propriedade sofreu vários assaltos, tendo sido num deles que se verificou o roubo da cabeça da estátua que se encontra no interior da casa de fresco. |
Dados Técnicos
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| Paredes autoportantes. |
Materiais
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| Edifício em alvenaria rebocada e pintada; embasamento, cunhais, cornija, modinaturas, chaminé, pia da cozinha, escadas, balaústres, tanque do jardim e casa de fresco em cantaria de calcário; escultura em mármore; janelas com caixilharias de madeira e vidro simples; pavimentos, portadas, tectos em madeira; guardas em ferro forjado e fundido; silhares de azulejo tradicional; cobertura exterior em telha; casa de fresco com embrechados de seixos e conchas. |
Bibliografia
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| VELOSO, Eduardo O. Pereira Queirós, Roteiro das Ruas de Lisboa e Concelho de Loures, 7ª ed., Lisboa, 1895; OLLERO, Rodrigo (coord. de), Plano de Pormenor de Salvaguarda. Paço do Lumiar, Gabinete Técnico de Carnide - Luz / Paço do Lumiar, Lisboa, 1996; INÁCIO, Carlos A. Revez, Paço do Lumiar. Apontamentos de História, Lisboa, 1998; LA, www.lisboa-abandonada.net, 1 de Outubro de 2002; AAVV, Monografia do Lumiar, Junta de Freguesia do Lumiar, Lisboa, 2003; IPPAR, www.ippar.pt, 21 Abril 2004. |
Documentação Gráfica
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| IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo de Obras (n.º 39070, Proc. n.º 33178 de 2/7/1956) |
Documentação Fotográfica
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| IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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| IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo de Obras (n.º 39070 de 27/2/1917, 29/11/1933, 16/1/1934, Proc. n.º 4784 de 28/3/1936, fl. 2, Proc. n.º 23703 de 17/7/1942, Proc. n.º 33178 de 2/7/1956 e Proc. n.º 36922 de 11/1/1969) |
Intervenção Realizada
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| PROPRIETÁRIO: 1933 - substituição das telhas por chapas de zinco e reparações interiores; 1934 - limpeza e reparações interiores e exteriores, pintura do exterior em cinzento excepto cantarias e reparações dos canos de esgoto. |
Observações
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Autor e Data
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| Sara Andrade 2004 |
Actualização
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