Igreja Paroquial de Parada do Pinhão / Igreja de Nossa Senhora da Conceição

IPA.00011057
Portugal, Vila Real, Sabrosa, Parada de Pinhão
 
Arquitectura religiosa, tardo-barroca. Igreja paroquial de planta longitudinal composta por nave e capela-mor, mais baixa e estreita, interiormente com tectos de madeira, de perfil curvo, e iluminada pelos vãos laterais e axial, tendo torre sineira adossada à fachada lateral esquerda e sacristia à oposta. Fachada principal terminada em empena, com cunhais apilastrados coroados por fogaréus, e rasgada por portal de verga recta encimado por falso frontão contracurvado, com decoração fitomórfica e concheados, e janela de verga abatida. Fachadas laterais terminadas em friso e cornija, rasgadas por janelas rectangulares de capialço e porta travessa, de verga recta, na lateral direita, e integrando torre sineira no alinhamento da frontaria. No interior, apresenta coro-alto sobre colunas, baptistério no lado do Evangelho, quatro confessionários embutidos lateralmente, de verga recta, púlpito no lado Evangelho, e ainda dois retábulos laterais e o retábulo-mor tardo-barrocos e dois retábulos colaterais, postos de ângulo, revivalistas. Tecto da capela-mor pintado com uma Adoração da Custódia revivalista neobarroca. Igreja de construção quinhentista, de que conserva ainda, na capela-mor, silhar inscrito com a data, mas de planimetria essencialmente seiscentista, conforme denota a modinatura das janelas de capialço laterais, e modificada, exterior e interiormente, no final do séc. 18, em tardo-barroco, datando desse período os vãos axiais, o portal de verga recta truncada, moldurado e encimado por friso fitomórfico e concheados, e o portal lateral. Já do séc. 19, é a torre sineira, parcialmente integrada na frontaria e no interior da qual se rasgou o baptistério, coberto por abóbada de berço. Um dos confessionários embutidos possui estrutura de madeira em revivalismo neogótico. As capelas laterais possuem o arco e as pilastras revestidas a talha, com o mesmo tipo de decoração que o próprio retábulo, surgindo o arranque do arco ao mesmo nível do das colunas. Os retábulos colaterais deverão datar de inícios do séc. 19, e são revivalistas neobarrocos, possuindo o ático em espaldar rectangular com estípetes laterais, elemento de maior elegância. O retábulo-mor, tardo-barroco, apresenta já elementos rococós numa interpretação tardia, de inícios do séc. 19, como as meias cartelas e concheados, rendilhado da tribuna e plintos galbados, notando-se uma melhor qualidade de tratamento na zona inferior do que no corpo do retábulo e respectivo ático. A mesa de altar, em madeira entalhada, é revivalista neorococó. Lavabo da sacristia de espaldar e bacia maneirista, mas com remate de cornija contracurvada, integrando reservatório concheado, o qual parece corresponder a uma reforma posterior.
Número IPA Antigo: PT011710050031
 
Registo visualizado 1175 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal, composta por nave e capela-mor, com sacristia, rectangular, adossada a S. e torre, quadrangular, e anexos, rectangulares, adossados a N.. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja e de uma na sacristia e anexos. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, terminadas em friso e cornija e com fogaréus assentes em plintos paralelepipédicos coroando os cunhais da igreja. Fachada principal orientada a O., marcada por cunhais apilastrados, de fuste almofadado e de duplo capitel, e terminada em empena sobreposta por beiral, rematada por cruz latina florenciada sobre plinto paralelepipédico; é rasgada por portal de verga recta e cantos cortados, com dupla moldura, em caveto e bocel, sobrepujada por friso fitomórfico e volutas, duas conchas centrais, encimado por frontão contracurvado alteado, e janela de verga e peitoril convexos. No alinhamento da fachada e parcialmente integrada, surge a torre sineira, com três registos divididos por cornija, com cunhais apilastrados, os do primeiro registo igualmente de fuste almofadado, encimados por pináculos e terminada em coruchéu de granito rematado por esfera; no registo intermédio, dispõem-se relógios circulares, e no superior, quatro ventanas em arco de volta perfeita, albergando sino. Fachadas laterais com a cornija sobrepujada por beiral, tendo a virada a N. escada em granito de um lanço adossada, de acesso à torre, com arranque marcado por pilar encimado por óvulo; no anexo abre-se porta de verga recta;na fachada S. rasgam-se porta de verga abatida, na nave, ladeada por janelas rectangulares de capialço, e na sacristia e capela-mor, janelas rectangulares. Fachadas posteriores da nave e capela-mor terminadas em empenas coroadas por cruzes florenciadas, abrindo-se porta de verga recta e fresta na sacristia e janela rectangular no anexo. INTERIOR de nave única, com paredes rebocadas e pintadas em branco, percorridas por silhar de azulejo monocromo azul sobre fundo branco, formando padrão, pavimento em soalho envernizado e tecto, de madeira pintada com motivos em flor-de-liz e medalhão central representando Nossa Senhora da Conceição, de perfil em arco abatido apoiado sobre cornija de cantaria. Coro-alto, sobre mísulas e duas colunas dóricas, em granito, com guarda em balaústres planos de madeira; no sub-coro, do lado do Evangelho, e rasgada no corpo da torre sineira, encontra-se o baptistério, com arco em volta perfeita, interiormente coberto de abóbada de berço e com silhar de azulejos policromos. Lateralmente dispõem-se quatro confessionários embutidos, de verga recta, o primeiro da Epístola com estrutura de madeira polilobada, existindo ainda do lado do Evangelho púlpito, de bacia rectangular sobre mísula volutada, com guarda em balaustrada de madeira acedido por porta de verga recta. Na zona do presbitério, surgem duas capelas, com arco de volta perfeita contendo retábulos semelhantes, de talha policroma, dedicados a Nossa Senhora das Dores (Evangelho) e a Nossa Senhora de Fátima (Epístola), e, ladeando o arco triunfal de volta perfeita, dois retábulos colaterais, postos de ângulo, de talha policroma, dedicados a Nossa Senhora do Rosário (Evangelho) e ao Sagrado Coração de Jesus (Epístola). Capela-mor com pavimento em granito, supedêneo de um degrau de perfil curvo e tecto em madeira, pintado com várias molduras enquadrando um cartela central representando uma Adoração da Custódia, com perfil em arco abatido, assente sobre cornija pintada a marmoreado. Retábulo-mor, em talha dourada, de planta recta e três eixos, definidos por quatro colunas, as exteriores de fuste torso com espira fitomórfica e terço inferior decorado com laçarias, e as interiores de fuste decorado com elementos fitomórficos, cartelas e laçarias, igualmente de terço inferior marcado e decorado com cartelas, assentes em plintos galbados sobre estípetes, ornados de concheados e motivos vegetalistas, e de capitéis coríntios; ao centro, abre-se tribuna de arco em volta perfeita, assente em pilastras, ambos ornados de concheados e elementos vegetalistas, interiormente pintado com glória de querubins, albergando trono expositivo de quatro degraus recortados e coberta com abóbada de berço formando caixotões com florões; nos eixos laterais surgem nichos, de perfil curvo, encimados por baldaquinos com concheados, e interiormente pintado e albergando imaginária; ático em apainelado, decorado com fragmentos de frontão, volutas, concheados e elementos fitomórficos, tendo, ao centro, sanefa com lambrequins recortados, e espaldar recortado terminado em cornija coroada por concheados; banco de apainelados de acantos, integrando sacrário tipo templete, tendo na porta resplendor e coração inflamado, e no soto-banco, entre as estípetes, portas de acesso à tribuna. Altar paralelepipédico, com frontal pintado a imitar brocado, marcando sanefa. Sacristia com pavimento em mosaico e tecto de masseira, tendo na parede O. nicho de verga abatida e lavabo, em granito, com espaldar rectangular com bica em forma de mascarão, flanqueado por pilastras e aletas, suportando cornija contracurvada onde se abre abóbada concheada, coroada por pinha, e com bacia rectangular de ângulos facetados.

Acessos

Largo da Igreja. Gauss: M=245.4; P=485.4; Fl. 103

Protecção

Em estudo

Enquadramento

Rural, isolado, em meia-encosta. A povoação situa-se num encosta suave, de pendente E. / O., descendo em direcção ao rio Pinhão. A igreja ergue-se no principal largo da povoação, implantando-se sobre uma plataforma artificial, definida pelo muro do adro que a rodeia a O., S. e E.; o acesso ao adro, pavimentado a cubo e lajes de granito, faz-se por portão axial, enquadrado por pilares quadrangulares terminados em pirâmide e coroadas por óvulo, e por portão posterior de características semelhantes. À volta da igreja dispõem-se várias cruzes, de cantaria, da Via Sacra.

Descrição Complementar

Capelas laterais em arco de volta perfeita assente em pilastras toscanas, sobre plintos, revestidas a talha policroma, a marmoreados fingidos rosa e bege, pontuados de elementos fitomórficos dourados, integrando retábulo de planta recta e um eixo, definido por duas colunas de terço inferior marcado, e capitel coríntio, suportando o ático em espaldar de lanços, terminado em volutas laterais e cornija central com acantos, sobreposto por resplendor com coração inflamado; ao centro, abre-se nicho de perfil curvo, ladeado por várias molduras, e frisos, interiormente pintado de azul e com cercadura a enquadrar a imaginária que alberga sobre mísula; banco com motivo vegetalista. Altar tipo urna, igualmente pintado a marmoreados fingidos, com frontal decorado com elementos vegetalistas. Retábulos colaterais de estrutura semelhante entre si, pintados a marmoreados fingidos bege, azul, rosa e dourado, de planta recta e um eixo, definido quatro pilastras, de fuste sobreposto por mísula com imaginária, tendo as exteriores friso vertical fitomórfico, e duas colunas intermédias, de fuste com o terço inferior marcado e decorado por elementos vegetalistas, todas de capitel de inspiração coríntia e assentes em plintos paralelepipédicos; ao centro, abre-se nicho, de perfil curvo sublinhado por friso dourado, interiormente pintado de azul e com cercadura enquadrando a imaginária; ático em espaldar rectangular, definido por estípetes coroadas de volutas, decorado por motivos fitomórficos e terminado em empena de cornija coroada por elementos vegetalistas enrolados. Altar tipo urna, igualmente pintado a marmoreados fingidos e de frontal ornado de cartela central e motivos fitomórficos.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIRO: Francisco Martins (1794). PEDREIRO: António Felgueiras (1793).

Cronologia

Séc. 12 / 13 - Parada de Pinhão foi Honra, com justiça própria, até D. Dinis a ter dado por termo a Vila Real, quando da criação da vila; 1256, agosto - darta de aforamento concedida por D. Afonso III a Marcos Miguel e sua mulher Aldonza Ega, herdeiros da vila e de todo o seu termo; os senhores da Casa da Anta, a quem pertencia a Honra queixaram-se ao rei Afonso IV tendo este confirmado a doação aos senhores da casa de Vila Real; 1384 - na sequência de Vila Real ter dado voz por Castela, Vasco Pires de São Paio, fundador da Casa de Vila Flor, conquista Parada de Pinhão aos castelhanos e a Honra de Parada de Pinhão, novamente constituída, passa a pertencer à Casa de Vila Flor, onde permaneceu até ao séc. 18; 1561 - data na inscrição da capela-mor, assinalando a provável construção inicial; 1574 - a igreja de Santa Maria de Parada de Riba Pinhão pertence ao padroado real e integra o território da Diocese de Lamego; 1620 - instituição da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, pelos religiosos do Convento de São Domingos de Vila Real, no altar colateral do Evangelho, ainda hoje dedicado a Nossa Senhora do Rosário; séc. 18 - reconstrução da igreja; 1706 - a Honra pertencia a Francisco Sampayo Mello e Castro, senhor de Vila Flor, tinha 100 vizinhos e a igreja, então com a invocação apenas de Santa Maria, era Vigairaria anexa à Vigairaria de São Lourenço de Ribapinhão; 1721 - a igreja de Parada de Pinhão, então com a invocação de Nossa Senhora da Conceição, mantinha-se anexa à Igreja de São Lourenço de Ribapinhão que pertencia ao padroado da Mitra, cujo vigário apresentava o padre de Parada; a freguesia tinha 85 moradores e o Juiz cível era designado pela Casa de Vila Flor, mas para as causas crime e lançamento da sisa pertencia ao termo de Vila Real; a igreja tinha cinco confrarias: a do Santíssimo Sacramento, de Santo Nome de Jesus, de São Sebastião, das Almas e de Nossa Senhora da Conceição, sustentadas pelos seus fregueses e cada uma com festa em dia próprio para o que elegiam os respectivos mordomos; existia ainda a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário no altar colateral do Evangelho, com festa anual; Gonçallo de Moraes instituiu uma capela com missas no referido altar de Nossa Senhora do Rosário, mandando celebrar missa todos os sábados e em dia de Santo António e de Nossa Senhora da Conceição e oferecendo um lampadário em prata de "notavel grandeza e pezo, feito ao antigo"; eram administradores os seus descendentes; administrava a capela o Pe. António Xavier de Almeida; 1793 - escritura de ajuste da feitura da obra da capela-mor e sacristia da igreja, que fez o mestre pedreiro António Felgueiras, do Lugar de Pegarinhos, com o reverendo Francisco Teixeira Coelho abade de Folhadela e vigário geral das vagantes na vila de Vila Real e comarcas, pelo preço de 80$000 rs; 1794 - escritura de ajuste da obra de carpintaria da sacristia e forro da sala e quartos da residência paroquial que fez o mestre carpinteiro Francisco Martins, do Lugar da Barrela, termo de Alfarela; 1796 - Columbano Ribeiro de Castro declarava que a Honra de Parada de Pinhão tinha o mesmo foral de Vila Flor, sendo seu donatário o conde de Sampaio e senhor de Vila Flor; tinha Casa da Câmara e pertencia à comarca de Vila Real, arcebispado de Braga e provedoria de Lamego; tinha 407 almas na povoação e 513 no conjunto da Honra; a igreja, era vigararia de apresentação do reitor de São Lourenço de Ribapinhão com um rendimento de 70$000; 1834 - integração no concelho de Vilar de Maçada, comarca de Alijó; 1853, 31 Dezembro - transferência da freguesia para o concelho de Alijó; 1855, 24 Outubro - transferência da freguesia para o concelho de Sabrosa.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Pavimentos, cunhais, cornijas, coruchéu, molduras dos vãos, bacia e mísula do púlpito, baptistério, colunas e mísulas do coro, lavabo, muro do adro e outros elementos em cantaria de granito; balaustrada do coro-alto e púlpito, portas e pavimento da nave em madeira; tectos em madeira pintados; retábulos em talha policroma e dourada; cobertura em telha de aba e canudo.

Bibliografia

ALVES, Natália Marinho Ferreira, ALVES, Joaquim J. B. Ferreira, Subsídios para um dicionário de artistas e artífices que trabalharam em Trás-os-Montes nos séculos XVII - XVIII, Sep. da Revista de História, vol. V, Porto, 1984, pp. 5 - 31; COSTA, António Carvalho da, Corografia Portuguesa, Lisboa, 1706; MENDES, José Maria Amado, Trás-os-Montes nos finais do séc. XVIII, Coimbra, 1981; SILVA, Isabel (coordenação), Dicionário Enciclopédico das Freguesias, vol. 3, Matosinhos, 1997; SERRÃO, Joaquim Veríssimo - Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal - 1574. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian Centro Cultural Português, 1971; SOUSA, Fernando de e GONÇALVES, Silva, Memórias de Vila Real, Vila Real, 1987.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IPPAR: DRP, Procº 97/3-29(3)

Intervenção Realizada

C.F.: 2001 / 2002 - renovação de coberturas, colocação de soalho, repinte dos retábulos, pinturas nos tectos.

Observações

*1 - O topónimo da freguesia, Parada, associado à presença do orago Santiago, da freguesia vizinha de Torre de Pinhão, indicia a presença de uma via importante eventualmente utilizada pelos peregrinos de Santiago de Compostela.

Autor e Data

Miguel Rodrigues 2004

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login