Capela da Senhora do Viso / Santuário de Nossa Senhora do Viso / Miradouro da Senhora do Viso

IPA.00006720
Portugal, Vila Real, Santa Marta de Penaguião, Fontes
 
Santuário com capela quinhentista, maneirista e rococó, de planta retangular composta por nave e capela-mor, mais estreita, interiormente com iluminação axial e unilateral e tetos de madeira, tendo adossada sacristia. Fachada principal terminada em empena e rasgada com portal em arco biselado e janela de topos curvos. Fachadas com cunhais apilastrados, coroados por pináculos, e terminadas em cornija, sendo a lateral esquerda rasgada por janela e porta travessa também em arco. No interior possui revestimento em azulejos de padrão geométrico seiscentista, tetos com caixotões pintados, dois retábulos colaterais de talha maneirista e retábulo-mor rococó.
Número IPA Antigo: PT011711030018
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta retangular composta por nave e capela-mor, mais estreita e atualmente mais alta, com sacristia retangular e campanário adossados à fachada lateral direita. Disposição horizontal das massas formando três volumes escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na capela e de uma na sacristia, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, terminadas em friso e cornija, ou apenas cornija, na nave, e com cunhais da fachada principal e da posterior sublinhados por pilastras toscanas, coroadas por pináculos diferenciados, sobre plintos paralelepipédicos, tendo as pilastras posteriores a base e a cornija molduradas. Fachada principal virada a O., terminada em empena, coroada por cruz latina de secção circular com braços rematados em botão, sobre acrotério; é rasgada por portal em arco de volta perfeita biselado, sobre pilastras esculturadas, formando falsos colunelos, e por janela de topos curvos, moldurada e gradeada. Na fachada lateral esquerda abre-se, na nave, porta travessa, em arco de volta perfeita biselado, sobre os pés-direitos, e uma janela retangular de capialço, e, na capela-mor, uma janela do mesmo tipo, mas mais larga. Na fachada lateral direita abre-se portal de acesso ao coro-alto, lateralmente moldurado, acedido por escada de um lanço com patamar; junto à escada adossa-se campanário, em betão, pintado de branco, de corpo retangular, sobrelevado e mais largo no topo, coroado por dupla cornija, rasgado por vão retilíneo e albergando sino; tem acesso por escada de dois lanços, no mesmo material, com guardas metálicas pintadas de cinzento, e patamar intermédio assente em pilar retangular. A sacristia, termina em meia empena e é rasgada por ampla janela retangular, gradeada, virada a O.. Fachada posterior da capela-mor cega e terminada em empena, coroada por cruz latina de secção circular com braços rematados em botão, sobre acrotério. INTERIOR com pavimento em tijoleira, a nave de paredes rebocadas e pintadas de branco, parcialmente revestidas a azulejos de padrão policromo, formando tapete, e teto em masseira, de talha dourada e pintada a em marmoreados fingidos, formando caixotões, com cartelas circulares contendo motivos geométricos, assente em friso e cornija de talha, com mísulas equidistantes. Coro-alto de betão, pintado de branco, com guarda em falsos balaústres planos, de madeira envernizada. No sub-coro, o portal é ladeado por duas pias de água benta hemisféricas e, do lado da Epístola, existe confessionário móvel de madeira. Do mesmo lado, surge a meio da nave púlpito, em talha policroma a bege, azul e dourado, de bacia sobre mísula entalhada e guarda plena, formando apainelados decorados com cartela central e motivos fitomórficos; é acedido por escada igualmente em talha pintada de bege, com guarda em falsos balaústres planos, e encimado por sanefa. Retábulos colaterais em talha dourada sobre fundo branco, de planta reta e um eixo. Arco triunfal de volta perfeita almofadado, assente em pilastras toscanas, igualmente almofadadas, fechado por grade metálica, prateada. Capela-mor com as paredes rebocadas e pintadas de branco e faixa cinzenta, e teto de madeira de perfil curvo, pintado com cartelas enquadrando imagem central da Virgem coroada com o Menino ao colo, assente em friso e cornija de talha marmoreada e com tirantes metálicos. Sobre o supedâneo de dois degraus de granito, surge o retábulo-mor de talha pintada a marmoreados fingidos a bege, verde e rosa, de planta reta e três eixos, definidos por quatro colunas, ornadas com larga espira fitomórfica, sobre mísulas e com capitéis coríntios; ao centro abre-se tribuna, de perfil curvo e alteada, com boca recortada, interiormente com cobertura em falsa abóbada de berço, formando caixotões, fundo pintado com glória de anjos e albergando trono expositivo, de cinco degraus galbados; nos eixos laterais surgem painéis pintados de azul, delimitados por moldura recortada, sobrepostos por mísula com imaginária, encimada por falso baldaquino; remate em espaldar, adaptado ao perfil da cobertura, decorado com coração inflamado sobre resplendor, fragmentos de cornija e concheados. Altar tipo urna, com frontal decorado por festão de pérolas. Sacrário tipo templete, ornado de concheados e com custódia na porta. Na parede do lado da Epístola, abre-se porta de verga reta para a sacristia, que tem pavimento em tijoleira, paredes e teto rebocados e pintado de branco. FONTE integrada no muro de suporte da plataforma superior do adro, em alvenaria de xisto, com almofada de cantaria de granito contendo duas bicas em florão, vertendo para tanque retangular frontal, em granito; num plano superior, e aproveitando desnível do muro do patamar, existe nicho, em arco de volta perfeita, sobre pilastras almofadadas, coroado por pináculo sobre acrotério, o qual tem afixado estrutura em ferro para sustentação de lâmpada; interiormente tem cobertura em abóbada de berço e alberga imagem de pedra.

Acessos

EM. 1240 a partir de Fontes, em direção a Paradela do Monte; passado o entroncamento para Vinhós, percorrer 250 m e desviar à direita pela via que vence a encosta e conduz à capela

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado, na zona de montanha entre a Região Demarcada do Douro e a Serra do Marão. Situa-se na vertente oriental, a meia-encosta, de uma elevação de contornos suaves, coberta por vegetação rasteira e castanheiros, ocupando uma plataforma cortada na encosta, com muros de suporte em xisto, dos lado O. e N., de pavimento betuminoso com pendente para E. e S.. Flanqueando a entrada do adro erguem-se dois coretos em ferro, sobre soco de betão, pintado de branco, e um edifício com instalações sanitárias. Na vertente superior, nas traseiras da capela, desenvolve-se uma zona de lazer, recentemente tratada, com muros de suporte em xisto, escadas e rampas, formando patamares escalonados com mesas e bancos, sendo o acesso feito por dupla escadaria enquadrando uma fonte. A NO. da capela existe amplo parque de estacionamento automóvel e, a E., junto a um dos coretos, estrutura de betão com cobertura metálica, protegendo altar da missa campal.

Descrição Complementar

O azulejo que reveste parte das paredes da nave é de módulo 6x6/8 (P-17-01065), de padrão policromo, de contorno roxo, com três centros alternados criando uma malha de entrelaçados. Um dos centros é formado por um motivo quadrilobado amarelo de rebordo laranja, com os lóbulos rematados por enrolamentos opostos entre si. Esta forma define uma reserva de fundo azul circunscrevendo florão recortado branco, a que se sobrepõem nervuras amarelas dispostas em cruz e núcleo em quadrado sobre o vértice azul e amarelo. O centro amarelo é enlaçado pelos elementos do outro centro, brancos com rebordos amarelos, que se unem formando palmetas com nervura amarela, dispostas na diagonal. Outro centro é constituído por novo motivo quadrílobado, com dois lóbulos abertos e dois bifurcados. Os primeiros são os que se enlaçam no centro amarelo. Os segundos, definindo uma reserva de fundo azul, são entrecruzados por motivos vegetalistas amarelos, e apresentam no interior quatro palmetas brancas com núcleo lanceolado laranja, que convergem para um florão quadrangular amarelo com nervuras brancas. O último centro é formado por um florão recortado branco que é sobreposto por um motivo estrelado em aspa amarelo e por uma cruz, também em amarelo, com núcleo em quadrado sobre o vértice de bordos a azul e branco e motivo floral amarelo e branco, sobre fundo azul. Em repetição o padrão permite a observação de três ritmos: vertical, horizontal e diagonal. Retábulos colaterais de planta reta e um eixo, definido por duas colunas torsas, ornadas de pâmpanos e aves, sobre plintos paralelepipédicos, decorados por motivos vegetalistas, e de capitéis coríntios, enquadrando painéis pintados; o do lado do Evangelho representa a imagem de Santa Luzia e a do lado oposto uma Virgem Mártir; sobre o entablamento com friso de querubins e elementos vegetalistas, desenvolve-se o ático, em espaldar recortado, ornado de motivos fitomórficos e volutados; banco com apainelados de acantos. Junto à coluna interna, o retábulo possui ainda orelhas recortadas. Altar paralelepipédico, revestido a madeira, tendo no frontal motivos geométricos relevados num friso central.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 (conjectural) / 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 16 - provável construção da capela; séc. 17 - feitura dos retábulos laterais e revestimento das paredes da nave a azulejos de padrão; séc. 18 - feitura do retábulo-mor; 1716 - segundo Frei Agostinho de Santa Maria, o "templo da Senhora, sobre ser grande e espaçoso, é muito perfeito, não só quanto à arquitectura, mas quanto ao ornato: está todo azulejado e o tecto apainelado com muito ricas pinturas dos mistérios da Senhora"; 1758, 14 março - segundo Frei António Paulo Mendes de Sousa, nas Memórias Paroquiais da freguesia, a capela de Nossa Senhora do Viso, é ornada pelo produto das terras que a ela estavam anexas por vínculo do Frei André Pinto, comendador da Ordem de Malta, sendo então comendador Frei António Bernardes da Silva, frei conventual e professo na ordem de São João Baptista da Sagrada da Ordem de Malta; nela está exposta a imagem de Nossa Senhora do Viso; fazem romarias à capela a freguesia de Moura Morta, também da Ordem de Malta, no dia da segunda oitava da Ressurreição, as freguesias de Santo Adrião de Sever, a de Santo André de Medim de Sanhoanne, a de São Pedro de Loureiro, a de São Miguel de Fontelas, todas do Bispado do Porto, no dia de São João Baptista, e a freguesia de Santa Maria de Sedielos, na primeira segunda-feira do mês de junho, como também no dia 10 de agosto o dia de São Lourenço; no dia 22 de julho visitam a capela os paroquianos de São Sebastião de Fornelos; séc. 18, 2ª metade - feitura da cobertura da nave, com caixotões pintados por motivos vegetalistas, concheados, querubins e figuras híbridas, e da capela-mor, em falsa abóbada de berço, pintada; 1961 - nesta data, toda a capela estava em mau estado; a fachada lateral esquerda tem adossado, entre as janelas, pequeno corpo retangular, e, no lado oposto, abre-se porta de acesso ao coro-alto, moldurada, precedida por escada de pedra com patamar, e, na sacristia, ampla janela retangular, também moldurada; em frente, adossado a uns casebres em mau estado, ergue-se um campanário de corpo retangular, com inscrição, vão curvo albergando sino, e termina em cornija reta; os cunhais da fachada principal são em alvenaria rebocada, pintados, e rematados superiormente com motivo tipo lágrima; no interior, toda a parede fundeira é revestida a azulejos, o coro-alto é de madeira, as coberturas são ainda da 2ª metade do séc. 18, ainda que a da capela-mor esteja em muito mau estado, o arco triunfal é pintado a marmoreados fingidos e o retábulo-mor ainda conserva o remate original; 1999, 4 setembro - inauguração oficial do arranjo urbanístico do santuário, com a presença do presidente da Câmara, o Prof. Francisco Ribeiro.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra, rebocada e pintada; pilastras, frisos, cornijas, molduras dos vãos, supedâneo e pias de água benta em cantaria de granito; pavimento em tijoleira; revestimento em azulejos policromos; sineira e coro-alto de betão; púlpito, retábulos e tetos em talha policroma e dourada; grade de ferro no arco triunfal; cobertura de telha de aba-e-canudo; muros de sustentação da plataforma superior em alvenaria de xisto.

Bibliografia

AZEVEDO, Correia de - Património Artístico da Região Duriense. Vila do Conde: 1972, p. 55; ALMEIDA, José António Ferreira de (coord.) - Tesouros Artísticos de Portugal. Lisboa: 1976, p. 273; CAPELA, José Viriato, BORRALHEIRO, Rogério, MATOS, Henrique, As Freguesias do Distrito de Vila Real nas Memórias Paroquiais de 1758. Memórias, História e Património. Braga: José Viriato Capela, 2006; GIL, Júlio, CALVET, Nuno - Nª Senhora de Portugal. Santuários Marianos. Lisboa: Intermezzo, 2003; SANTA MARIA, Agostinho de - Santuário Mariano e História das Imagens Milagrosas de Nossa Senhora. Lisboa: Officina de Antonio Pedrozo Galrao, 1720, vol. 5; AZ - Sistema de Referência & Indexação de Azulejo, (http://redeazulejo.fl.ul.pt/pesquisa-az/padrao.aspx?id=339), [consultado em 06-06-2013].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Comissão Fabriqueira: 1961, depois - pintura do teto da nave e dos retábulos colaterais; 1989, cerca - reparação do telhado, douramento do retábulo-mor e recuperação das pilastras e molduras dos vãos das janelas; 1999 - arranjo urbanístico do santuário.

Observações

*1 - No primeiro domingo do mês realiza-se uma feira que ocupa a vertente S. da elevação, entre a capela e a estrada. *2 - Segundo a tradição, a capela teria sido a primeira igreja paroquial da freguesia.

Autor e Data

Ricardo Teixeira 1999

Actualização

Paula Figueiredo 2001
 
 
 
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