Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa / Igreja de Nossa Senhora da Conceição Velha

IPA.00006470
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura religiosa, pombalina com fachada de raiz manuelina. Igreja da misericórdia de nave única, com capelas colaterais, coro-alto e capela-mor reactangular. Fachada coroada por frontão triangular. Portal de arco pleno encimado por pequeno conopial contendo duplo-arco mainelado, ladeado por pilastras e encimado por espécie de alfiz, e janelões em arco pleno, ambos os elementos contendo gramática decorativa manuelina reaproveitada e placada, constituída maioritariamente por grutescos. Decoração interior com azulejos e estuques de estilo pombalino, e talha. Os elementos manuelinos concentrados na fachada principal são pontuais e reconstruídos a partir das ruínas da fachada lateral S da Igreja da Misericórdia, destruída pelo terramoto e incêndio que se lhe seguiu, com reaproveitamento de materiais. Aqueles são maioritariamente grutescos (urnas, medalhões, máscaras, cornucópias, animais fantásticos, esfinges, tarjas, pássaros, taças e "putti"), vegetalistas:(acantos, aboboreiras e folhas de carvalho) e zoomórficos (aves, dragões e cães). A capela-mor manifesta um desenho arquitectónico, um sentido de composição e um peculiar modo de preenchimento dos espaços patente em obras de Jerónimo de Ruão, sendo que os capialços das janelas têm tratamento idêntico aos da capela-mor dos Jerónimos e da igreja da Luz.
Número IPA Antigo: PT031106190008
 
Registo visualizado 9172 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja de Confraria / Irmandade  Misericórdia

Descrição

Igreja de planta longitudinal de 2 rectângulos justapostos, composta por nave única e capela-mor a que se adossam sacristia, arrecadações, pátios laterais e corredor. Massa de volumes articulados, horizontalizante. Coberturas diferenciadas com telhados de 2 águas. Frontispício de aparelho "vittatum", virado a S., pilastras nos cunhais e coroamento de frontão triangular com tímpano vazado por óculo elíptico. Portal emoldurado por alfiz, com duplo arco mainelado com nicho inscrito, enquadrado por pilastras salientes facetadas, decoradas com relevos e com esculturas do Anjo da Anunciação e da Virgem em nichos, unidas por arco pleno, com grutescos nas ombreiras; superiormente, platibanda encimada por 2 esferas armilares e cruz da Ordem de Cristo. No tímpano, baixo-relevo figurando Nossa Senhora da Misericórdia. Janelões laterais enquadrados por colunas segmentadas, com grutescos nas ombreiras e nichos com imagens de santos. INTERIOR: Nave única com coro-alto sobre pilares de cantaria, silhar de azulejos marmoreados e estuques na abóbada; Baptistério no lado do Evangelho, 6 capelas colaterais e tribunas. As capelas têm arcos plenos e retábulos de tela envoltos por elementos vegetalistas e frontão contracurvado; a última do lado do Evangelho é mais profunda, figurando na tela a "Última Ceia" e no tecto pintura com Espírito Santo. Teia de madeira separa as capelas da nave. Púlpito de madeira no lado do Evangelho. Tecto em abóbada de berço, figurando "Triunfo de Nossa Senhora da Conceição". Arco triunfal pleno ladeado por 2 nichos com imagens de São Pedro e São Paulo. Capela-mor com paredes marmoreadas ritmadas por pilastras; portas e frestas superiores de capialços almofadados; retábulo de talha dourada; e abóbada de canhão em caixotões com almofadas geométricas. Sacristia de planta rectangular, dando para a rua a N. por estreito corredor e tendo adossado pequeno pátio quadrangular.

Acessos

Rua da Alfândega, entre os n.º 112 e 114

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 213 de 11 setembro 1961 / Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966) e na Zona de Proteção do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa (v. IPA.00003128)

Enquadramento

Urbano, na zona ribeirinha. Flanqueada por edifícios com a mesma altimetria. Implantação com frontispício frente a arruamento, provido de passeio. Insere-se na zona histórica e monumental da Sé (v. PT031106520004 ), Casa dos Bicos (v. PT031106520026 ), Praça do Comércio (v. PT031106190031).

Descrição Complementar

Portal rasgado entre 2 pilastras esculturadas e constituído por grande arco de volta inteira sobreposto por conopial diminuto, contendo 2 arcos menores do mesmo perfil, que se intersectam e sustentam num mainel. Subindo de uma base lisa e de um tambor multifacetado com anéis, as pilastras são trifacetadas, decoradas com meios-relevos e estatuária: nas faces externas grutescos (urnas, animais fantásticos, cabeças de anjo, tarjas, cornucópias, medalhões e motivos vegetalistas estilizados); nas faces internas 6 querubins ajoelhados volvidos para a porta; na frente 2 nichos com mísulas e baldaquinos rendilhados contêm o Anjo S. Gabriel, à dir., e Nossa Senhora, à esq. As pilastras são superiormente semi-circulares e estriadas, rematadas por pináculos com esferas armilares e unidas por cimalha festonada, decorada com pequenas folhas de acanto, sobre friso vegetalista com torsal, formando o enquadramento periférico do portal em alfiz. O extradorso do arco principal é ornamentado por decoração fitomórfica onde assentam cogulhos de acanto, elevando-se ao centro pequeno conopial que contém pedra de armas com escudo real, e é rematado por pilarete com florão e cruz da Ordem de Cristo, a cortar a cimalha. O intradorso, de 2 arquivoltas, é esculpido com grutescos que se prolongam nos pés-direitos da arquivolta interna. O duplo-arco é delimitado externamente por colunelos e molduras de secção rectangular e decorado com motivos fitomórficos. O mainel contém nicho com imagem em alto-relevo da Justiça (ou de S. Miguel), que segura uma balança na mão dir. E uma espada na mão esq., e é decorado lateralmente com motivos geométricos. O tímpano tem 2 registos: no 1º dois semi-círculos invertidos com grutescos (urnas, cornucópias e figuras animalescas), tangentes aos arcos da porta e formando ao centro losango curvo com medalhão com busto clássico; perifericamente, nas enjuntas, relevos com grutescos; no 2º registo, semi-circular, encaixa-se grupo escultórico alusivo à Misericórdia ("Mater Omnium") sobre friso saliente, com ressalto central cilíndrico, sobreelevado, com anéis, tendo ao centro Nossa Senhora com o manto aberto, seguro por 2 anjos, sobre as figuras do Papa Alexandre VI, Fr. Miguel Contreiras, um Bispo e um cardeal (à dir.), e a rainha D: Leonor, o rei D. Manuel e 2 prelados (à esq.). Os janelões que ladeiam o portal são em arco pleno decorado com grutescos e encimado por florão. Lateralmente possuem colunelos do tipo candelabro, com segmentos fusiformes atados por cordões e cintas vegetalistas, sobre bases torsas sustidas por mísulas zoomórficas e vegetalistas unidas por friso torso de folhagem. Em cada ombreira um nicho com mísulas vegetalistas e zoomórficas e baldaquinos de concha, com imagem de Santo André e S. Tiago (janela dir.) e S. Bartolomeu e S. Jerónimo (esq.). AZULEJO: Azulejos de composição ornamental formando silhar. Bicromia: azul cobalto e manganês em fundo branco. Motivos ornamentais: molduras imitando cantaria e motivos vegetalistas (flores e folhas). Cercadura imitando friso arquitectónica. Barra com motivos vegetalistas (flores) sobre fundo marmoreado. 9 azulejos de altura. ESTUQUE: Decoração: figurativa e simbólica. Iconografia: vertente mariana retratando o "Triunfo de Nossa Senhora da Conceição". Policromia: azul, dourado e ocre. Medalhão central: anjo com uma lança mata o dragão que se encontra sobre um globo; a Virgem encontra-se sobre um crescente lunar, coroada de estrelas, sendo abençoada por Deus; nuvens e cabeças de anjo preenchem o fundo. A cena central é enquadrada por motivos arquitectónicos e por cabeças de anjo e em redor arcos plenos unidos por friso arquitectónico. O intradorso dos arcos é decorado por florões, e no seu centro abrem-se cartelas com motivos vegetalistas (folhas), sendo a que encima a capela-mor a mais elaborada: possui a inscrição "M" e uma coroa. Entre os arcos surgem representados: um anjo de olhos vendados com balança na mão dir., e espada na mão esq.; a lua; anjos com flores; anjos com trompetas; o sol; a custódia e um anjo segurando o turíbulo na mão dir. Festões com flores em todo o redor. TALHA: Retábulo de planta côncava e estrutura vertical tripartida. Sotobanco: decoração geométrica (rectângulos). Corpos laterais: apresentam decoração vegetalista (plumas, flores e folhas) simples e plana, que se prolonga para o ático. Corpo central: mais recuado, com banco simples decorado apenas por figuras geométricas (rectângulos com os cantos truncados e curvos), e emoldurado por um friso plano decorado por rectângulos e trapézios (na arquivolta). Comporta a tribuna e o trono escalonado em 3 níveis, que não recebe decoração. Ático: formado por arco contracurvado, motivos vegetalistas (grinaldas e folhas) e friso arquitectónico que segue a forma contracurvada do arco*1.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Francisco António Ferreira (o "Cangalhas", séc. 18); Honorato José Correia de Macedo e Sá (séc. 18). ENTALHADOR: Pedro Álvares Pereira (1670). ESCULTOR: José de Almeida (1730-1740). ORGANEIRO: Frei Francisco de Santo António (séc. 17). PINTORES: António Pimenta Rolim (1729); Brás de Oliveira Velho (1729); Félix Rocha: baixo-relevo da abóbada da nave; Bruno José do Vale: tela da "Piedade"; Joaquim Manuel da Rocha: "Última Ceia"; MR Gerard: "Nossa Senhora da Atalaia"; Joana Salitre: "Nossa Senhora da Pureza".

Cronologia

1498 - instituição da Confraria da Misericórdia por iniciativa de D. Leonor e Frei Miguel Contreiras, aprovada por D. Manuel e confirmada pelo Papa Alexandre VI, sediada numa capela do claustro da Sé de Lisboa; 1502 - após ter doado a Ermida do Restelo à Ordem de São Jerónimo, D. Manuel dá em troca à Ordem de Cristo a Casa da Judiaria Grande, uma sinagoga situada no lugar de Vila Nova (entre as actuais Rua Dos Fanqueiros e da Madalena), feita de novo e consagrada a Nossa Senhora da Conceição, designando-se por igreja da Conceição dos Freires e posteriormente por Conceição Velha (por oposição à Igreja da Conceição Nova, construída na Rua Nova dos Ferros); a actual igreja da Conceição Velha era primitivamente a Igreja da Misericórdia *2; 1516 - D. Manuel faz publicar o compromisso da Santa Irmandade da Misericórdia que, segundo autores coevos, era em pedraria com abóbada polinervada decorada com bocetes contendo emblemática sacra e régia, apoiada em colunas de mármore lavradas, que a dividiam em 3 naves, e meias-colunas embebidas na caixa-murária; a capela-mor localizava-se a E, no eixo portal principal, conforme plantas e gravuras anteriores ao terramoto; na fachada a S rasgava-se um portal flanqueado por pilastras esculpidas e 3 janelas (1 à esquerda e 2 à direita), a cornija era encimada por platibanda rendilhada e, de cada lado, adossava-se uma torre, sendo a de O a da "Escrivaninha", segundo é visível na "gravura de Leyden"; junto da igreja erguia-se a Casa da Misericórdia, provida de hospital, recolhimento de orfãos, cartório, casa do despacho, oficinas e pátios; 1533 - carta de D. João III autorizando a construção de um tabuleiro que o Provedor e irmãos da Misericórdia queriam fazer defronte da porta principal, com consentimento da Câmara; 1534, 25 Março - conclusão da campanha de obras manuelina e instalação da Confraria da Misericórdia, segundo inscrição do portal N, hoje no Museu do Carmo; 1551 - segundo Cristóvão Rodrigues de Oliveira, a igreja tem um vigário e sete capelães, com a obrigação de batizar todos os escravos provenientes da Guiné, pelo que recebem 150 cruzados, pagos pela Casa da Índia; tem um tesoureiro e um pregador com 60 cruzados de ordenado; a igreja tem muita prata e rica paramentaria; tem as capelas de Nossa Senhora dos Remédios com administrador e capelão com 30 cruzados, a de Nossa Senhora da Piedade com capelães que recebem 12 cruzados, a de Santa Ana, com um capelão com o ordenado de 30 cruzados; as missas rezadas pelos defuntos rendem 25 cruzados; na igreja estão sediadas as confrarias de Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora da Luz, São João Baptista, Nossa Senhora da Atalaia e Santa Ana, que rendem de esmolas 240 cruzados; o vigário e capelão têm aposento no pátio da igreja, dado pelo rei; 1568 - D. Sebastião cria, com o aval do Cardeal Infante, a paróquia de Nossa Senhora da Conceição; 1576 - instituição do modelo das bandeiras dos portais das misericórdias: ao centro Nossa Senhora, à direita o Papa, um Cardeal e um Bispo, um religiosos da SS Trindade e o instituidor, à esquerda o Rei, a Rainha e 2 companheiros do instituidor, conforme figurado no tímpano, que datará desta época; 1594 - entaipamento do portal principal por adossamento do recolhimento dos orfãos; D. Simôa Godinho manda construir uma capela do lado do Evangelho, doando os seus bens à Misericórdia; 1598 - abertura de pequena porta a N; 1626 - uma descrição de Lisboa refere que nas escadas do portal S. havia um mercado de flores e ervas aromáticas; aberta outra porta a N., de arco duplo, com imagem de Nossa Senhora do Pópulo no mainel; 1650 - uma planta de Lisboa, de João Nunes Tinoco, mostra um estreito adro defronte da fachada S; séc. 17, 2ª metade - execução do órgão por Fr. Francisco de Santo António; 1670, Agosto - encomenda do retábulo para a igreja, pelo Provedor da Misericórdia, o Marquês de Marialva, ao entalhador Pedro Álvares Pereira, utilizando colunas torsas, provavelmente as primeiras que se executaram em Lisboa; 1684 - começa a funcionar outro recolhimento de orfãos do lado E; 1721 - Fr. Agostinho de Santa Maria descreve a porta S. com duplo-vão de arco "ao antigo", sobre o qual, debaixo de um grande arco, a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia; 1729 - pintura do tecto da capela-mor por Brás de Oliveira Velho e António Pimenta Rolim (f. 1751); 1730-1740 - feitura da imagem de Nossa Senhora da Conceição por José de Almeida; 1755, 01 novembro - o terramoto destruiu parcialmente a igreja, caindo parte da abóbada do cruzeiro e um campanário sobre a porta lateral; o incêndio que deflagrou posteriormente arruinou o recolhimento e a igreja, exceptuando a capela do SS. Sacramento (antiga capela de D. Simôa) e o retábulo da capela do Santo Cristo dos Padecentes; a igreja da Conceição dos Freires também se arruinou, não sendo viável a sua reconstrução em virtude do novo plano da cidade; 1768 - por carta de D. José, a Irmandade da Misericórdia instalou-se na Igreja de São Roque, então vaga na consequência da expulsão dos Jesuítas; 1770 - a igreja é reconstruída com outra orientação e outro risco, reaproveitando-se materiais e algumas estruturas, conforme projecto de Francisco António Ferreira e Honorato José Correia; a capela do SS. Sacramento foi transformada em capela-mor e o que subsistia do portal S em portal principal, passando a igreja a orientar-se segundo um eixo N.-S.; os freires da Ordem de Cristo transferem-se para a igreja reconstruída, trazendo consigo o orago de Nossa Senhora da Conceição e a denominação de Conceição Velha; séc. 18, finais - o conjunto pétreo do tímpano esteve protegido por um vidro e iluminado; 1818 - 1880 - o relevo da Misericórdia foi retirado e substituído por vidraça gradeada, figurando numa capela em altar próprio após ter sido pintado e dourado; 1834 - extinção das Ordens Religiosas, ficando a igreja desabitada e ao abandono; 1837 - a igreja esteve na eminência de ser vendida a um particular e destruída para dar lugar a edifícios; 1880 - a Irmandade de Leigos que geria a igreja fez obras, repondo o grupo escultórico do tímpano, limpo da tinta que o cobria; 1936 a 1940 - o vigário e a Irmandade da Santa Cruz dos Passos informam que a igreja e anexos carecem de obras, pois há infiltrações de águas pluviais que estão a arruinar as coberturas, cantarias, estuques e soalhos, slicitando à DGEMN as reparações necessárias; 1946 - 1947 - a Irmandade chama a atenção para o estdo em que se encontra o portal e o guarda-vento, a necessitar de obras de beneficiação, assim como a sacristia, que tem as paredes salitradas e a esboroarem-se em virtude da capilaridade do terreno e de canalizações defeituosas; as 2 janelas que dão para o trono estão a desfazer-se, o estuque da abóbada está a cair e a clarabóia do coro está degradada; 1948 - as águas da chuva invadiram a igreja e um cano roto na Sacristia fez apodrecer o soalho; 1952 - rRealizado inventário das imagens da igreja: existem cerca de 40 imagens de madeira e pedra localizadas em nichos e altares no sub-coro, nave, capela-mor e dependências anexas; 1953 - infiltrações de humidade com degradação dos pavimentos e cantaria da capela-mor; 1959 - o prior denuncia o estado de degradação da sacristia, do corredor de acesso à Rua dos Bacalhoeiros e do soalho da capela-mor; 1969 - necessária vistoria técnica por chover em diversos locais; 1975 - o imóvel é proposto para ser objecto de estudo por parte do L.N.E.C. e do I.J.F. na área de tratamento de pedras deterioradas; 1978 - o painel da fachada está parcialmente destruídos, devendo ser restaurado pelo I.J.F.; 1998, 8 Abril - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2006, 22 agosto - parecer da DRCLisboa para definição de Zona Especial de Proteção conjunta do castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa, Baixa Pombalina e imóveis classificados na sua área envolvente; 2011, 10 outubro - o Conselho Nacional de Cultura propõe o arquivamento de definição de Zona Especial de Proteção; 18 outubro - Despacho do diretor do IGESPAR a concordar com o parecer e a pedir novas definições de Zona Especial de Proteção.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Caixas murárias e cantarias de alvenaria de pedra de calcário de lioz; revestimentos interiores de mármore, azulejos, estuques e talha; pavimento de madeira e tijoleira; cobertura exterior de telha.

Bibliografia

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Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DRMLisboa; AHMOP

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DRMLisboa; LNEC: Proc. 54/1/7244

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRMLisboa; CMLisboa: Arquivo histórico (Livro de Reis, vol. 7, doc. 84, p. 87 (fl. 121 do original))

Intervenção Realizada

DGEMN: 1938 - reparação do algeroz e levantamento do passeio fronteiro à igreja; 1942 - Reparação de degraus e vedações dos altares, levantamento do pavimento de madeira e lagedo e assentamento de tijoleira com faixa de lagedo, lavagem da cantaria da fachada, reparação de rebocos e tomada de juntas; 1947 - picagem, emboço, reboco, guarnição, estuque e pintura de vãos de janelas na Sacristia, reparação de tectos moldurados, caixilharias e guarda-vento; alterações de canalizações; limpeza e beneficiação do portal; 1949 - assentamento de faixa de lagedo de cantaria na nave e substituição do soalho, reparação de cano na Sacristia, reparação geral de telhados com limpeza e substituição de telhas; 1953 - reparação dos telhados e limpeza de algerozes, arranjo e afinação do órgão a ser deslocado para a Igreja de Freixo de Espada-à-Cinta; 1954 - reparação dos telhados, consolidação e pintura do tecto da capela do Senhor dos Passos, reparação de paredes e tectos no corredor de acesso à Rua dos Bacalhoeiros; 1955 - pintura de portas, reparação geral de rebocos interiores e exteriores e do pavimento de madeira da Sacristia; 1956/1957 - reparação de telhados; 1959 - substituição do pavimento de madeira da capela-mor por pavimento de cantaria, picagem, reboco e guarnições nas paredes do corredor e vestíbulo da sacristia, pintura a óleo de portas, caixilhos e tectos, arranjo e limpeza do arcaz, pintura de paredes com tinta de água e isoladora; 1964 - arranjo da instalação eléctrica no subcoro; 1966 - picagem de paredes, revisão de rebocos no pátio interior, reparação e conservação da porta principal; 1968 - restauro da porta de madeira exterior; vistoria da instalação eléctrica por risco de incêndio; instalação de extintores; limpeza da fachada com água e escova de pêlo macio para remover o pó, produtos provenientes da poluição e detritos de pombos, aplicando no final silicone; 1969 - renovação parcial da instalação eléctrica, reparação das coberturas, picagem de rebocos aluídos e novo emboço, reboco e caiação, consolidação de paredes fendidas e pedras de cantaria com refechamento de juntas, instalação de som; 1970 - reparação da claraboia e da instalação eléctrica com colocação de projectores, reconstrução de estruturas e forros de madeira e dos estuques dos tectos, construção de massame hidráulico e de betonilha em pavimento, pintura de paredes e tectos com tinta de água; 1979 - levantamento e reassentamento dos telhados do cartório, altar e capelas laterais para reparação das estruturas, demolição e reconstrução do vigamento e do pavimento da capela lateral, substituição e assentamento de algerozes e abas de zinco, reparação e limpeza dos telhados; reconstrução de tectos em placas de estafe na capela lateral e na passagem junto ao cartório, reparação da claraboia da escada de acesso ao coro e da gaiuta do telhado da capela lateral; 1980 / 1981 / 1982 - reparação da estrutura e dos telhados da capela-mor e da escada do coro com telha de canudo e lusa, substituição das abas de zinco dos beirados e do pavimento de tijoleira; L.N.E.C.: 1980 - realizado estudo da pedra do ponto de vista da degradação, película enegrecida, físico, químico e petrográfico; 1983 - conservação e limpeza da fachada: limpeza geral das cantarias utilizando o método de pulverização com água, removendo-se a sujidade amolecida com escovas e brochas macias; DGEMN: 1984 - demolição e reconstrução do guarda-fogo com rebocos e caiação, picagem de rebocos da fachada e novo reboco com argamassa hidrofuga e caiação, reparação e substituição do pavimento do coro, reconstrução do tecto de estuque, pintura de janelas e grades, envernizamento das portas, substitução de vidros, alegrar fendas e betumar juntas da fachada, meter tacos em toda a frontaria de pedra e substituir pedras partidas, retirar e substituir os gatos de ferro da cimalha e guarda-fogo; 1986 - reparação de telhados, limpeza de caleiras e algerozes; 1997 - novos rebocos, caiação e reparação de caixilharias e gradeamentos nas fachadas do saguão lateral direito.

Observações

*1 - a simplicidade deste retábulo deve-se possivelmente ao facto de ter sido inicialmente uma capela lateral da anterior igreja, transformada em capela-mor após o terramoto. O vocabulário decorativo parece antecipar o estilo barroco, o que pode avançar a sua datação para uma época posterior à instituição da capela. *2 - quase todos os autores confundem esta com a Igreja da Conceição, para onde foram transferidos os freires da Ordem de Cristo quando os Jerónimos foram para Belém. *3 - as telas estão em mau estado de conservação, sendo numa delas impossível identificar com segurança a temática.

Autor e Data

Paula Noé 1990 / Lina Marques 2001 / Susana Rodrigues 2003

Actualização

 
 
 
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