Convento da Graça / Convento de Nossa Senhora da Graça / Igreja Paroquial da Graça / Igreja de Santo André e Santa Marinha

IPA.00005881
Portugal, Lisboa, Lisboa, São Vicente
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e rococó. Convento de Eremitas de Santo Agostinho ou Gracianos, formando planta rectangular irregular, composta pela igreja em cruz latina e dependências conventuais adossadas a N.. Igreja de estrutura maneirista com coro-alto, nave de cinco tramos, para a qual abrem capelas laterais profundas intercomunicantes, sobre as quais aparecem galerias que ligam a tribunas, de transepto saliente e capela-mor profunda, tendo sacristia adossada perpendicularmente; o conjunto foi remodelado no período pombalino, cujas normas de construção são aqui aplicadas, visíveis na estrutura da fachada rematada em frontão contracurvado, rasgada por três portais, o axial mais elevado e de perfil convexo, flanqueado por colunas e encimado por frontão interrompido; nas coberturas em abóbadas de lunetas, abertura e decoração dos vãos internos com o recurso sistemático às janelas e tribunas, bem como na criação de capelas laterais à face, protegidas por guarda de madeira balaustrada que percorre toda a nave; são de talha dourada e policromada, de estrutura rococó, de planta convexa e um eixo com nichos profundos, onde se integram os respectivos oragos. Retábulo-mor segue o esquema comum das igrejas pombalinas, muito simples, ladeado por colunas marmoreadas e com nicho central tendo trono e rematando em frontão interrompido, encimado por anjos. Em cada um dos lados da capela-mor, surge um órgão de tubos com caixa em talha dourada. Sacristia com acesso por porta-frontão influenciada pelo tratado de Vignola, tipologia muito utilizada nestes espaços durante o séc. 17. O CONVENTO desenvolve-se a N., com acesso por portaria e respectiva capela, sobre a qual surge a torre sineira, estruturando-se de forma semelhante aos ditames das ordens que seguiam a regra de Santo Agostinho, com refeitório amplo e antecedido por antecâmaras nos extremos, ambas ligados ao claustro principal e uma deles à cozinha, sobre o qual se desenvolvem os dormitórios em ala comprida com corredor central e celas de ambos os lados. Um segundo claustro, mais pequeno surge a N. do complexo. Fachadas rasgadas por vãos de diferentes perfis, os rectilíneos dominam na zona conventual e em arco abatido na igreja. Os claustros são diferentes, o maior destinado à contemplação, ligava aos espaços mais importantes da Ordem, como a Casa do Capítulo, e o mais pequeno estruturava a zona de serviços e parte dos dormitórios; são ambos quadrados, de dois andares, os inferiores formando módulos serlianos e os superiores, de reforma posterior, com janelas de sacada. No extremo do dormítório e virado para E., o mirante, com cisterna central e revestido a azulejos mostrando santos e reformadores da Ordem, opondo-se à representação dos prazeres terrenos. Todo o convento possui revestimento azulejar maneirista, barroco e rococó, surgindo, ainda, apontamentos de azulejo padrão novecentista. Convento graciano que, após a extinção das ordens religiosas, viu as suas dependências serem ocupadas pelo exército, instituição que adossou várias alas às primitivas construções, de disposição simétrica com vários torreões, sendo todo o conjunto encimado por ameias, emprestando um ar militarizado à construção, segundo um esquema revivalista. Igreja muito larga e alta, mais do que a maioria das suas congéneres pombalinas, o que poderá confirmar algumas descrições anteriores à reconstrução setecentista, referindo que tinha três naves, ladeadas por capelas profundas, estas actualmente truncadas pelos retábulos para adaptação às normas pombalinas, tendo-se perdido a intercomunicação entre elas, excepto na dedicada ao Santíssimo Sacramento, que nos permite verificar a estrutura das capelas primitivas; esta tem uma decoração exuberante de estuques, alusivos à Eucaristia. Mantém algumas capelas particulares quinhentistas e seiscentistas, uma delas o actual baptistério, manuelina, com cobertura em cruzaria de ogivas e com escudo e túmulos dos fundadores, um deles revivalista, bem como as capelas no eixo da capela-mor, com retábulos de embutidos de madrepérola e túmulos de essa, todos tipicamente maneiristas; a primeira possui o antigo lavabo da sacritia, exemplar pouco comum, de posicionamento centralizado e em embutidos de mármore, agora transformado em pia baptismal. Algumas das capelas laterais possuem pavimentos em embutidos de mármore, uma delas com a representação de simbologia mariana, alusiva ao orago da capela, Nossa Senhora da Conceição. O interior da igreja apresenta os elementos estruturais em cantaria, sendo os demais elementos marmoreados fingidos, de excelente qualidade, especialmente as colunas e os plintos do retábulo-mor. A capela-mor possui dois órgãos de tubos, com talha dourada, de decoração pouco exuberante, mas possuindo dois enormes coretos, que preenchem grande parte das paredes laterais do espaço, aparecendo, ainda, um terceiro, oitocentista, de talha em branco, disposto de forma simétrica em redor da janela que ilumina o coro-alto. A decoração do interior é exuberante, eminentemente rococó, destacando-se pela qualidade de talhe e pela gramática decorativa as tribunas do transepto, cujas mísulas imitam o efeito de cascata de concheados. Os claustros têm, no piso inferior, motivos serlianos, remetendo para uma construção maneirista, mas os do mais pequeno são menos fiéis à tratadística, revelando uma interpretação livre dos mesmos e revelando, provavelmente, uma construção posterior. O interior possui um notável mostruário de azulejos de várias épocas, desde o reaproveitamento da ponta de diamante quinhentista, passando pelo grotesco e padronagem do séc. 17, pelo ciclo dos mestres, do 18, sendo possível apreciar exemplares com molduras simples e outros mais tardios, já com as molduras recortadas, até ao pombalino nos claustros e sacristia e às padronagens do séc. 19 nas zonas de construção mais recente. Do conjunto, destaca-se, pela temática, o ciclo da vida de Santo Agostinho nas tribunas e capela do coro, um ciclo mariano na sacristia e, especialmente os do mirante, onde os santos e reformadores da Ordem surgem por oposição aos prazeres terrenos, revelando que o espaço se destinava à contemplação e meditação dos frades. As coberturas da nave e da capela-mor ostentam decoração pintada, a primeira com cartelas e inscrições marianas, destacando-se a da sacritia, pintada em "trompe l'oeil" com marmoreados e grisaille, claramente atribuível à escola de Pedro Alexandrino, pela composição e tratamento das figuras, repercutindo os modelos de Guido Reni, tendo alguns elementos rafaelescos. Na torre sineira, situada sobre a Portaria do convento, e com nítida linguagem joanina, revelando-se sobrevivente ao terramoto de 1755, subsiste sino do séc. 17. Preservam-se algumas sepulturas e lápides funerárias do séc. 16, algumas, contudo, com nítida intervenção revivalista, sobretudo as existentes num arcossólio, no baptistério.
Número IPA Antigo: PT031106160053
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino (casa-mãe)  Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho - Gracianos

Descrição

Planta rectangular irregular, composta por vários corpos adossados, organizados em torno de dois claustros, com igreja, à qual se adossa, no lado esquerdo, a área conventual, com coincidência entre o exterior e o interior, de volumes escalonados e articulados, com coberturas diferenciadas em telhados a duas águas (nave e dependências conventuais), três (transepto e capela-mor), quatro (nas dependências adossadas ao espaço conventual) e em terraço nos claustros, mirante e no corpo central da ala adossada a E.. IGREJA de planta em cruz latina, composta por nave de cinco tramos, definidos por oito capelas laterais profundas e anexos, transepto saliente, capela-mor, tendo, em eixo, os corpos de duas capelas e os de acesso à tribuna; sacristia desenvolvida perpendicularmente ao lado esquerdo da capela-mor e, no lado direito, as dependências da Irmandade do Senhor dos Passos. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria saliente, circunscritas por cunhais apilastrados e remates em cornija, excepto nas fachadas da igreja e da portaria, também com friso. Fachada principal virada a O., assimétrica e dividida em quatro panos, marcados por pilastras toscanas, encimadas por fragmentos de entablamento; os três centrais possuem portais em arco abatido, o axial proeminente, encimados por janelas com o mesmo perfil, todos com moldura recortada e cornija contracurvada; o portal axial é de perfil convexo, flanqueado por pilastras toscanas, e remate em frontão interrompido sobre medalhão oval, onde surge a representação de Santo Agostinho, e, superiormente, nicho entaipado gradeado e encimado por cornija encurvada, decorada por estrela. O pano do lado direito é rasgado por duas janelas sobrepostas, a superior assente sobre pequena sacada; remate em frontão borromínico sobre os panos centrais, o tímpano tendo óculo elíptico entaipado. A fachada liga-se à nave, no lado direito, através de corpo côncavo, com duas janelas em arco abatido, moldura recortada e pedra de fecho saliente. Fachada lateral esquerda virada a N., parcialmente adossada, mas sendo visíveis sobre as coberturas as fenestrações em arco abatido na nave e capela-mor e em cortina no transepto; no ângulo do transepto com a capela-mor, sineira de volta perfeita. Fachada lateral direita virada a S., dividida em dois registos por friso, rasgados por cinco janelas em arco abatido em cada um deles e, no inferior, sob a janela do extremo direito, porta de arco em cortina; sobre o corpo adossado, é visível o volume da nave, com quatro janelas em arco abatido e capialço; no transepto, duas janelas sobrepostas, em arco abatido, a superior em capialço, tendo moldura exterior em cortina; a capela-mor possui três janelas rectilíneas no primeiro registo e uma em capialço e arco abatido no segundo; os anexos da Irmandade do Senhor dos Passos, têm dois panos divididos por pilastra toscana e dois registos, com seis janelas em cada um deles, jacentes as do inferior, a do extremo esquerdo entaipada, e superiormente em arco abatido. Fachada posterior dividida em cinco panos por pilastras toscanas, os três centrais correspondentes aos corpos adossados, o do meio em ligeiro ressalto, desenvolvendo-se em dois registos; os dois laterais possuem duas janelas rectangulares e o central óculo circular no registo inferior e janela quadrangular no superior; remata em frontão triangular, rasgado por óculo ovalado, sendo visível, sobre este, as pilastras muito salientes e mais elevadas da capela-mor com remate em cornija; no lado direito, o volume dos anexos e do transepto cegos, surgindo, no direito, a sacristia, com duas portas em arco de volta perfeita no primeiro piso, sobre as quais janelas de peitoril com o mesmo perfil, que flanqueiam duas de maiores dimensões. INTERIOR: rebocado e pintado de rosa, tendo coberturas em falsas abóbadas de lunetas em estuque, a da nave pintada, com anjos e cartelas epigrafadas, pavimento em soalho com corredor central e laterais em lajeado, estes mais altos e protegidos por guarda de madeira. Divide-se em cinco tramos, os últimos quatro definidos por pilastras da ordem colossal, de fustes lisos e capitéis coríntios, com quatro capelas de cada lado, definidas por arcos de volta perfeita e pedra de fecho saliente, encimadas por tribunas, assentes em duas mísulas, flanqueadas por pilastras toscanas e orelhas volutadas, rematando em cornija quebrada por elemento de acantos; estas são protegidas por vidraças, sendo as duas primeiras do Evangelho, decoradas com azulejos nas ilhargas e têm acesso por galerias que correm sobre as capelas laterais, a partir da zona conventual. As paredes rematam em friso e cornija muito saliente. O primeiro tramo é ocupado pelo coro-alto em cantaria, assente em arco abatido e dois pilares almofadados, tendo guarda balaustrada e possui um Grande Órgão de tubos. Cobertura do sub-coro em abóbada abatida, dividida em três painéis decorados com florão; guarda-vento de madeira pintada de marmoreados, com apainelados e várias janelas e óculos vazados; em cada um dos lados, portas molduradas e com cornija, de acesso ao baptistério, no lado do Evangelho, e às escadas do coro-alto no oposto, ladeadas por pias de água benta concheadas. As capelas laterais apresentam retábulos à face de talha dourada e policromada, e são dedicadas, as do Evangelho a Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora da Pérsia, Sagrado Coração de Jesus e Santíssimo Sacramento, esta profunda e protegida por grades de bronze dourado; as da Epístola, a São Tomás de Vila Nova, Nossa Senhora de Fátima, Santa Rita de Cássia e Nossa Senhora da Conceição. Púlpitos confrontantes entre as pilastras do último tramo da nave, de perfil semicircular sobre mísula e guarda plena, com acesso por porta de verga recta; é encimado por baldaquino com cobertura em cúpula segmentada, tendo, nos ângulos e topo, elemento fitomórfico. Transepto desenvolvido com coberturas em falsas abóbadas de berço de estuque assentes em pilastras nos braços e, no cruzeiro, cúpula e pendentes, todos com pinturas marmoreadas e em grisaille. Nos topos, surgem capelas à face, compostas por retábulos de talha dourada, em vão de volta perfeita, encimado por duas janelas com moldura recortada, as intermédias com vidro colorido; os retábulos são dedicados a São Bento (Evangelho) e a Nossa Senhora da Soledade (Epístola); ambos são ladeados por nichos envidraçados com imaginária. Nas paredes do lado da nave, portas de acesso às capelas laterais, encimadas por tribuna com mísula muito decorada, surgindo, na Epístola, nicho com imagem de São Bruno. No lado da capela-mor, os retábulos colaterais, dedicados a Nossa Senhora da Piedade, no Evangelho, e Nosso Senhor dos Passos, no oposto, encimados por tribunas semelhantes às da nave. Os ângulos com a capela-mor são em chanfro, tendo as portas de acesso à Sacristia, no Evangelho, e de acesso às dependências da Irmandade do Senhor dos Passos, no oposto. O arco triunfal, de volta perfeita, liga à capela-mor, elevada por degraus, com cobertura em falsa abóbada de lunetas, assente em quatro pilastras de fuste liso e capitéis coríntios, pintada de rosa com molduras de estuque branco, tendo medalhões, o central a representar a "Visão da Santíssima Trindade por Santo Agostinho", e quatro com os Evangelistas; as paredes encontram-se pintadas em marmoreado rosa e são idênticas, tendo, entre as pilastras, em eixo, porta, pintura com moldura dourada e tribuna semelhante às da nave; no centro, surgem os órgãos, inseridos em vão moldurado e enorme tribuna, ladeado por duas telas e, superiormente, tribuna semelhante às da nave, também ladeada por telas; todas estas possuem temática alusiva à vida de Santo Agostinho. O retábulo-mor adapta-se ao topo semicircular da capela-mor, apresentando uma estrutura côncava, de três eixos, divididos por colunas de fuste liso e capitéis coríntios marmoreadas, o central ocupado por tribuna com moldura trilobada, cinzenta, assente em falsas mísulas concheadas, com trono; é encimada por querubim e frontão interrompido com anjos de vulto a segurar as insígnias de Santo Agostinho e, superiormente, a cobertura em abóbada semicircular em cinco caixotões com rosetões e Agnus Dei. Na base do retábulo, quatro portas em arco abatido e molduras em cantaria de liós recortada, com cornija borromínica e espaldar decorado com temática agostinha (chama, mão com martelo, coluna a sustentar um templo e coração inflamado), as laterais de acesso à tribuna do retábulo-mor e as centrais a capelas, uma delas desactivada. A sacristia é antecedida por uma capela de circulação e ante-sacristia, ambas com coberturas em falsas abóbadas de lunetas, pavimento em lajeado de calcário e revestimento em azulejo, padrão na primeira, onde surge um retábulo de talha dourada, e de grotesco na segunda, a qual possui duas capelas com lápides funerárias, e ainda duas revestidas a azulejo, com tampas de sepultura no pavimento. Sacristia com acesso por porta de verga recta, tendo, nos topos relicário e o túmulo de D. Mendo Fóios, ladeado por estípides com capitéis coríntios, assentes em plintos altos, que circunscrevem nicho de moldura recortada com pequeno paralelepípedo, onde assenta um busto e dois leões sobre elementos discóides, sobre os quais surge a arca com faces almofadadas e lavradas, tendo ângulos volutados e remate em cornija, sobrepujadas por grupo escultórico alegórico, em bronze dourado; o espaço é revestido a painéis de azulejo com temática mariana e acede a duas capelas mortuárias e instalações sanitárias. No lado oposto à sacristia, as salas da Irmandade do Senhor dos Passos, uma delas com cobertura em masseira decorada com estuques e pinturas. DEPENDÊNCIAS CONVENTUAIS: Fachada E. composta por vários volumes escalonados, todos ostentando remate em merlões, excepto o que se adossa à sacristia, esta com duas janelas, a inferior em capialço; o volume mais marcante é composto por corpo simétrico com eixo central elevado, tendo porta em arco abatido, ladeado por janelas de verga recta, o central tendo nos ângulos escudos do Batalhão Caçadores 5; flanqueado por duas alas com seis janelas de peitoril com o mesmo perfil, surgindo, no lado esquerdo, vão em arco apontado no segundo piso, e que mostra o pé-direito do primitivo piso inferior; no topo do lado direito, construção octogonal, de dois pisos, o inferior com acesso por enorme arco abatido, tendo, nas duas faces laterais, duas portas de verga recta, e, no superior, janelas de peitoril rectilíneas, excepto a central, em arco abatido e sobre pequena sacada. Sobre esta ala e ligeiramente recuado, volume contínuo, interrompido por torre em ressalto, rasgado por janelas de varandim. Fachada virada a N. com embasamento pintado de verde, composta por dois corpos perpendiculares em L invertido, o N. de quatro pisos, com arco de acesso ao corredor de entrada, várias portas e, em cada um dos três pisos superiores, catorze janelas, as do canto superior direito, rasgadas num corpo em ressalto; na ala virada a E., duas portas e seis janelas no inferior, surgindo, nos dois restantes, oito, as do lado direito geminadas; a face N. desta ala, com embasamento em esbarro, tem, em cada um dos três pisos, três grupos de janelas geminadas. Fachada O. forma um corpo corrido, interrompido por dois ressaltos, um deles mais baixo de um único piso; possui dois e três registos, tendo, no lado esquerdo, três registos definidos por vãos, o inferior com porta de acesso e nos demais janelas, as superiores encimadas por óculo ovalado entaipado e com moldura recortada. O corpo em ressalto tem, também, três andares, composto, a N., por vários vãos rasgados em eixo, as janelas inferiores rectilíneas e a superior em arco abatido com moldura recortada, óculo entaipado e avental; o piso superior é definido por friso de cantaria e pilastras que assentam em falsas mísulas; a S., três janelas em cada piso, as inferiores jacentes, as intermédias rectilíneas e as superiores em arco abatido, estas de moldura recortada; o corpo do lado direito tem, no primeiro terço, três registos, o inferior com portas de várias dimensões, encimadas por pequenas janelas rectangulares e, superiormente, janelas de peitoril com moldura recortada, óculos ovais e avental, apresentando-se em arco abatido; os dois terços do lado direito têm dois pisos, marcados, no inferior, por doze contrafortes, entre alguns deles oito janelas longilíneas em capialço; piso superior com janelas semelhantes ao outro terço, uma delas, parcialmente entaipada e encimada por cornija em ângulo. O extremo direito é ocupado pelo volume da Portaria, de dois registos, divididos por friso e cornija, o inferior cego e o superior com janela rectangular entaipada e relógio. Fachada S. com a portaria, de três panos definidos por duas ordens de pilastras toscanas, as inferiores justapostas a colunas da mesma ordem, e sobrepujadas por pináculos galbados; no inferior, portal central em arco de volta perfeita flanqueado por pilastras toscanas e encimado por frontão interrompido, ladeado por janelas de verga recta com cornija relevada contracurvada; no piso superior, três janelas rectangulares rematadas em cornija, uma em cada pano; remate em platibanda balaustrada com pináculos nos ângulos. Sobre o terraço desta e centralizada, sineira de quatro ventanas de volta perfeita, definidas por molduras recortadas e cornija angular, ladeadas por pilastras e colunas, com remate em friso, cornija, fogaréus e cobertura em cúpula bolbosa, rasgada por óculos ovalados e rematada em pináculo com cruz metálica e catavento. A portaria forma nártex, tendo, nas ilhargas, silhares de azulejo monócromo azul sobre fundo branco, com medalhão central a representar temática agostinha e portal de acesso rematado em frontão interrompido em volutas, com concheado e cartela enrolada com o símbolo dos Agostinhos. INTERIOR: acesso pelo corpo saliente na fachada E., que liga a corredores cobertos em abóbada de berço, que dão para dois pequenos pátios que permitem a distribuição pelos vários corpos e ao claustro pequeno, quadrangular, de dois andares com cinco tramos, os intermédios mais estreitos, divididos por duas ordens de pilastras toscanas, formando, no piso inferior, uma interpretação do motivo serliano, composto por arco abatido e dois vãos rectilíneos, assentes em grossos pilares; superiormente, nas alas S. e E., janelas de sacada em arco abatido com moldura recortada, alteada e fundindo-se com o friso do remate na zona central; cobertura em terraços, para onde abrem as janelas-portas de verga recta, que acedem aos dormitórios e demais dependências conventuais; no centro do terraço, pavimentado a ladrilho, poço; as alas têm coberturas em abóbada de aresta, marcadas por arcos formeiros abatidos, com pavimento em calçada portuguesa e revestidas a silhares de azulejo padrão azul e branco de estampilha. Na face O. do claustro, sala abobadada acede aos pisos superiores. O outro acesso à zona conventual processa-se pela PORTARIA, enorme sala com falsa abóbada de lunetas, rasgada por quatro janelas com conversadeiras em cada um dos lados, e capela no topo N., ladeada por duas portas entaipadas que ligavam à ala inferior dos DORMITÓRIOS em ala, ligando os dois claustros, com corredor central, dando para as celas com tecto plano, rebocadas e pintadas de branco, as exteriores, de grandes dimensões e iluminadas por duas janelas, e as interiores, muito pequenas e apenas com uma janela, intercomunicantes, sendo as portas desencontradas. No topo da ala N. acede-se ao mirante, poligonal, onde surgem painéis de azulejo monócromo, azul sobre fundo branco, representando santos da Ordem, e, nos oito pares de bancos com assentos opostos e na guarda do mirante, painéis mais pequenos. Claustro maior quadrangular, de dois pisos, o inferior de motivos serlianos e o superior com janelas de peitoril com bandeira e remate em frontão triangular, surgindo, entre elas, pilastras toscanas, tendo, no intercolúnio, falso nicho de volta perfeita; remate em platibanda balaustrada com fogaréus sobre as pilastras. REFEITÓRIO encontra-se na ala S., ocupando-a quase na totalidade e com decoração de azulejos. Nos corredores que envolvem o claustro, revestidas a azulejo, surgem, no lado O., ante-sala do coro e capela do mesmo, revestidas a azulejo historiado, com cenas da vida de Cristo e de Santo Agostinho.

Acessos

Largo da Graça; Calçada da Graça. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.716787, long.: -9.130954

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 (Túmulo de D. Mendo Foyos, na sacristia da Igreja) / Decreto n.º 5 046, DG, 1.ª série, n.º 268 de 11 dezembro 1918 (Sacristia e capelas intermédias da Igreja) / Decreto n.º 29 604, DG, 1.ª série, n.º 112 de 16 maio 1939 (Convento da Graça de Lisboa, parte não incluída na primeira classificação) *1

Enquadramento

Urbano, implantado em colina e integrado na malha urbana. Delimitado por vias de circulação a N., S. e E. e por encosta de acentuado declive a O., tem a SO., no prolongamento do pequeno adro fronteiro à fachada principal da igreja, o espaço arborizado do Miradouro da Graça e a S. o Jardim Augusto Gil, construído na centúria de oitocentos, conforme a data de 1882 existente no seu acesso, bem como os palácios que pertenceram aos senhores de Trofa e aos Condes de Vale dos Reis, formando a Vila Sousa (v. PT031106160308). Já dentro do perímetro do convento, surge o parque de estacionamento da GNR e várias oficinas da mesma instituição. A ladear a ala do exército, virada a E., o edifício do Jornal do Exército e portão que acede ao pátio e parque de estacionamento interior, por seu turno ladeado, à direita, por vários prédios de arrendamento, cujos quintais confinam com uma das oficinas da GNR.

Descrição Complementar

Cobertura da nave dividida em seis tramos pintados, com cartelas centrais, rodeadas por decoração a grisaille com acantos, concheados, sobre fundo rosa; nas cartelas, surgem anjinhos com festões e a segurar as inscrições, do lado da entrada para a capela-mor: "AVE MARIA GRATIA PLENA", "DOMINVS TECVM", "BENEDICTA TV / IN MVLIERIBVS", "BENEDICTVS FRVCTVS" e "VENTRIS TVI JESVS" e, sobre o coro, as insígnias de Santo Agostinho; as lunetas estão pintadas com motivos fitomórficos também em grisaille. Na cúpula do transepto, o emblema dos Agostinhos em grisaille, e nos pendentes, as inscrições, no lado da nave, "TOLLE LECE", e, nos da capela-mor, fogaréu e coluna a sustentar um edifício, símbolos do Santo. ÓRGÃO do coro-alto formado por dois corpos simétricos, de talha em branco, ambos com três castelos e dois nichos centrais, os castelos exteriores encimados por imagens, dois anjos e alegoria à Fé no lado esquerdo e Santa Cecília no direito; os castelos interiores servem de suporte a elemento central contracurvado e com flautados, que envolve o janelão que ilumina o espaço; possui 19 registos. BAPTISTÉRIO composto por dois espaços em L invertido, correspondentes a duas antigas capelas particulares. A instituída por Lopo Soares de Albergaria com acesso por arco de volta perfeita assente em colunelos e capitéis de decoração vegetalista, encimado por pedra de armas com brasão de escudo esquartelado: no I- Albergaria, no II-Freire de Andrade, no III- Alvarenga e no IV- Melo; cobertura em abóbada de ogiva, tendo pedra de fecho com o mesmo brasão, e pavimento de pedra axadrezado. Possui lavabo em cantaria, central, bolboso, de pedras embutidas e duas bicas, bem como altar de mármore, com dois apainelados com motivo central fitomórfico estilizado. A segunda, tem, no topo, dois túmulos em arcossólio rebaixado, flanqueado por colunelos com capitéis fitomórficos, e decorado por cairelado rendilhado rematado por pinhas. O túmulo de Rui Gomes de Alvarenga, o primeiro do lado esquerdo, é decorado, no frontal, com três brasões, esculpidos em relevo intercalados por duas tenazes, a sua divisa figurada, possui inscrição e assenta sobre friso fitomórfico. Descrição heráldica: primeiro brasão: escudo de veiros com três faixas- Alvarenga; segundo: escudo esquartelado no I e IV-Alvarenga; no II e III- Teixeira; terceiro: escudo com cruz de potenteia - Teixeira. O túmulo de D. Melícia de Melo, mulher de Rui Alvarenga, é igualmente decorado com três brasões, também esculpidos em relevo, intercalados por dois compassos, divisa figurada, possui inscrição e assenta sobre friso fitomórfico. Descrição heráldica: primeiro brasão: escudo com dobre-cruz acompanhada de seis besantes com bordadura carregada de dez escudetes de Portugal Antigo - Melo; segundo: escudo partido: no I esquartelado de Alvarenga e Teixeira, no II - Melo; terceiro: escudo com banda abocada por duas cabeças de serpe - Freire de Andrade, tendo na bordadura do escudo gravada a inscrição laudatória: Ave maria gracia plena dominus tecum benedicta tu in mulieribus et benedictus fructus ventris tuy. Sobre os túmulos uma lápide epigrafada. Junto à porta de acesso a arca tumular de Gonçalo Lourenço Gomides, decorada no frontal com três brasões tendo na tampa, de secção triangular, gravado em relevo, um brasão assente sobre uma espada posta em banda. Descrição heráldica: escudo de ponta com cinco gomis tapados - Gomide. Na testeira da arca uma inscrição. Na parede à esquerda da entrada, uma lápide armoriada e epigrafada, oriunda da Sala do Capítulo. INSCRIÇÕES: 1. Inscrição funerária gravada no frontal de um túmulo num campo epigráfico rebaixado. Calcário. Linhas auxiliares demarcadas. Algumas fracturas e mossas. Superficie epigráfica delida em algumas zonas. Dimensões: totais da arca: 164x200x60; campo epigráfico: 13x196. Tipo de letra: gótica minúscula de forma com "J" e "A" góticos maiúsculos e "R" gótico cursivo. Nexos. Leitura modernizada e reconstituída: Aqui Jaz o muito prezado senhor Rui gomes de alvarenga presidente e chanceler-mor do conselho dos muito excelentes principes el Rei dom duarte el Rei dom afonso o quinto filho do muito honrado senhor Gomes martins e vasconcelos chanceler-mor do conselho do muito poderoso rei dom joão o primeiro filho da muito nobre virtuosa senhora catarina teixeira camareira-mor da muito excelente princesa a infante(ifante) dona isabel duquesa de borgonha finou-se em santarém a xxbiij (= 28) de agosto de 1473. 2. Inscrição funerária gravada no frontal de um túmulo num campo epigráfico rebaixado. O último digito da data foi gravado na moldura, denotando"ordinatio" deficiente. Calcário. Algumas fracturas e mossas. Superficie epigráfica delida em algumas zonas. Dimensões: totais da arca: 164x200x60; campo epigráfico: 13x196. Tipo de letra: gótica minúscula de forma com "J" gótico maiúsculo, "S" inicial carolino-gótico e "R"maiúsculo cursivo. Nexos. Leitura modernizada e reconstituída: aqui jaz a muito nobre e muito virtuosa senhora dona melicia de melo mulher do senhor Rui gomes de alvarenga filha dos muito honrados senhores estevão soares de melo e de dona teresa(tareja) de andrade fundador desta capela neta dos muito honrados senhores martim afonso de melo senhor de seia gouveia linhares celorico penamacor e de dom rui freire de andrade que foi mestre de santiago e com ela jaz a condessa dona beatriz(brites) soares sua filha mulher do conde dom pedro de meneses e finou-se xx de outubro era de 1479. 3. Inscrição comemorativa de instituição de capela gravada numa lápide num campo epigráfico, pintado de pez negro, rebaixado e enquadrado por moldura dupla. Calcário. Dimensões:Totais: 96x126x4; campo epigráfico: 62x92; moldura:16,5. Tipo de letra: capital quadrada, com um "E" extravagante. Nexos e inclusões. Leitura modernizada: ESTA CAPELA FEZ LOPO SOARES PARA DONA JOANA DE ALBUQUERQUE SUA MULHER ONDE AMBOS JAZEM ENTERRADOS E PARA TODOS SEUS HERDEIROS PARA A QUAL CAPELA DEIXAM UMA MISSA QUOTIDIANA NESTE MOSTEIRO COM DEZ MIL REIS DE RENDA. 4. Inscrição comemorativa de instituição de capela gravada na testeira de uma arca tumular. Superfície epigráfica com alguma erosão. Calcário. Dimensões: Tipo de letra: gótica minúscula de forma. Leitura modernizada: os frades deste mosteiro hão-de cantar sempre por este gonçalo lourenço e por gil esteves fariseu e sua mulher duas missas cada dia rezadas em esta capela e três oficiadas com três procissões por ano e deu ao mosteiro umas casas e uma tenda em esta cidade e um casal em casainhos e outro na louriceira e os frades hão-de dar certo foro por pascoa a gonçalo lourenço e a seus herdeiros segundo se contem em escritura do morgado de vila verde e em um livro que está na sacristia deste mosteiro. 5. Inscrição latina indicativa da construção de um carneiro feito para sepultar D. Pedro de Noronha, 4º conde de Vila Verde e 3º Marquês de Angeja, gravada numa lápide num campo epigráfico delimitado por moldura simples filetada, preenchida com betume negro, encimada por pedra de armas relevada. Calcário. Dimensões: Tipo de letra: capital quadrada. Leitura: PETRO IOSEPHO DE NORONHA ANTONII FILIO PETRI NEPOTI ALTERIVS ANTONII ABNEPOTI PER EOSOVE HEROES ADVOBVS REGIBVS HENRICO CASTELLAE ET FERDINANDO PORTVGALLIAE VIRILEM ORIGINEM TRAHENTI VILLAE VIRIDIS COMITI IV ANGEGIAE MARCHIONI III IOSEPHE I ACVBICVLO MARIAE I ACVBIGVLO ET ASECRETIORE CONSISTORIO PETRO ETIAM III MARIAE PATRVO ET CONIVGI OB SINGVLAREM IN PRINCIPES FIDEM EXIMIAM RERVM PRVDENTIAM CONSILIORVM SAGACITATEM ET SANCTITATEM ACCEPTISSIMO MAXIMO QVE IN HONORE HABITO AERARII VICE SACRA INSPECTORI GENERALI REI NAVALIS OPERVMQVE PVBLICORVM SVMMO PRAEFECTO MAGISTRO MILITVM A CONSILIIS REI BELLICAE REGIARVM CLASSIVM IMPERATORI ARCIS BETHLEMICAE GVBERNATORI SACRARVM MILITIARVM CHRISTI DOMINI ET DIVI IACOBI COMMENDATORI VIRO DENIQVE VT POLITICIS ET MILITARIBVS DISCIPLINIS OMNIBVS EGREGIE INSTRVCTO ITA OMNIA FERE QVAE PRIMA MORTALES DVCVNT HONORIS ORNAMENTA ADSECVTO IOSEPHVS FILIORVM OVIDEM NATV SECVNDVS SED CAELIBE PRAEMORTVO ANTONIO MAIORE FRATRE PATERNORVM TITVLORVM EFFECTVS HERES AC PROPTEREA VILLAE VIRIDIS COMES VI ANGEGIAE MARCHIO IV MARIAE I ET IPSE A CVBICVLO PARENTI AMANTISSIMO AC DESIDER ATISSIMO HOC MONVMENTVM PONI CVRAVIT OBIIT OLISIPONE V EIDVS MARTIAS ANNO MDCCLXXXVIII ETATIS LXXII VERTENTE. RETÁBULOS LATERAIS da nave são semelhantes, de talha dourada e policromada, de planta côncava e três eixos divididos por colunas coríntias com o terço inferior marcado, e por pilastras exteriores, tendo tribuna central em arco polilobado com plinto de dois degraus sustentando o orago, surgindo, nos eixos laterais, a formar as ilhargas, duas mísulas protegidos por baldaquino; remate em arquitrave, frontão interrompido sobre a zona central e cobertura semicircular sobre os laterais acompanhando o perfil do arco que cinrcunscreve a capela; no tímpano, símbolo alusivo ao orago da mesma. Existem, contudo, algumas diferenças: o dedicado a Nossa Senhora de Fátima possui tribuna mais profunda, com o fundo pintado de branco e ilhargas apaineladas de azul com filetes dourados e decoração geométrica e fitomórfica, tendo a cobertura pintada de azul a imitar o firmamento com estrelas douradas e rosetão; sobre a imagem, baldaquino com resplendor. A capela de Nossa Senhora da Conceição com pavimento em embutidos de mármore, formando dois painéis com acantos, volutas e, no centro, sol e lua, surgindo um elemento de grotesco com "putti" a sustentar açafates e acantos. Retábulo de Santa Rita de Cássia tem, no intradorso, cobertura com apainelados de talha dourada, com anjos segurando vários símbolos, um com cruz, palma e dois painéis pintados nas ilhargas, tendo, sobre estes, três andares de relevos dourados; pavimento de embutidos de mármore. A Capela do Santíssimo está protegida por grades de duas folhas, com decoração vazada nos extremos e balaústres; superiormente, possui decoração vazada com encanastrados, acantos, enrolamentos e, na zona central, Agnus Dei rodeado por resplendor. Tem cobertura em falsa abóbada de berço em estuque, com fundo rosa, verde e azul, e, relevados a branco, elementos fitomórficos, anjos a segurar grinaldas de flores e resplendor de estrelas, surgindo, na reserva central, enorme custódia a dourado, ladeada pela Fénix e pelicano a alimentar os filhos. Paredes laterais com lambril de cantaria almofadada e zona superior pintada com fundo verde, tendo a dourado, festões, acantos e, sobre as portas de verga recta com moldura recortada e cornija encurvada, símbolos cristológicos, no lado da Epístola, uma águia. Pavimento de embutidos de calcário e brecha da Arrábida, formando geométricos e motivos florais, tendo, junto às portas, guardas laterais em cantaria. Possui retábulo de planta côncava, de um eixo, ladeado por colunas de fuste liso e capitéis coríntios, e por painéis com elementos fitomórficos e rosetas; tribuna encurvada com imagem de Santo Agostinho, tendo superiormente frontão interrompido e tímpano adaptado à estrutura da cobertura, possuindo baldaquino com resplendor e lambrequins. Sobre o altar paralelepipédico, ladeado por portas de acesso à tribuna, o sacrário. Numa dependência confinante, lápide sepulcral de Diogo Paiva de Andrade, filho do tesoureiro-mor de D. João III, proveniente da antiga Capela de São Nicolau de Tolentino. No TRANSEPTO, no lado do Evangelho, vão polilobado com interior pintado de azul e cobertura estrelada, com maquineta dourada, também com fundo azul, tendo três imagens de roca, Senhora da Consolação, Santo Agostinho e Santa Mónica; no lado oposto, nicho envidraçado com a imagem de Nossa Senhora da Eucaristia e, na ilharga direita, nicho com a imagem de São Bruno. Retábulos dos topos do transepto são semelhantes, dedicados a São Bento (Evangelho) e Nossa Senhora da Soledade (Epístola), de talha dourada de planta convexa e um eixo, com nicho central circunscrito por colunas coríntias e pilastras com o fuste decorado com elementos fitomórficos, rematando em frontão interrompido, tendo cartela no tímpano; altar paralelepipédico com pinturas marmoreadas formando três painéis fingidos. Nos panos das paredes para o lado da nave, tribunas de perfil ondulado, com guarda de decoração vazada, assente em mísula com concheados, volutas e acantos, sobre fundo concheado em efeito de cascata. Os retábulos colaterais são semelhantes, o de Nossa Senhora da Piedade de planta convexa e um eixo com colunas coríntias, definindo tribuna encurvada, com apainelados no interior, decorados por medalhões em relevo com motivos fitomórficos e cobertura pintada com a representação da Santíssima Trindade; remate em frontão interrompido, encimado por anjos de vulto pintados de branco a imitar pedra, com espaldar curvo possuindo medalhão com a representação da Virgem com o Menino e cornija com decoração fitomórfica; altar paralelepipédico, envidraçado com imagem de Cristo morto. O do lado da Epístola, de estrutura semelhante, é mais profundo, com cobertura pintada a representar atributos do martírio de Cristo, que também surgem representados nas ilhargas, em relevo; no espaldar, a imagem de Deus Pai; altar em forma de quatro colunas, ladeado por volutas que apoiam banqueta de madeira. Os ÓRGÃOS da capela-mor estão inseridos em vãos de volta perfeita e são gémeos, com três castelos e dois nichos divididos por pilastras, os primeiros com gelosias rendilhadas em cortina e os segundos em harpa; os castelos rematam em elementos vazados de decoração fitomórfica; as consolas, divididas em painéis de decoração marmoreada, assentam em coreto amplo com três mísulas tripartidas, divididas por nervuras volutadas e decoração de acantos. No pavimento, junto ao altar-mor, a tampa de sepultura epigrafada de D. António Botado, irmão de Mendo Foios Pereira. 21. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura enquadrada por tiras de calcário rosa e preto, que fazem de moldura. Calcário. Dimensões: totais: 239,5x155; campo epigráfico: 187x84,5. Tipo de letra: capital quadrada com "q" minúsculo. Leitura modernizada: AQUI JAZ DOM FREI ANTÓNIO BOTADO BISPO DE HIPONA FILHO DESTA RELIGIÃO E SEU INSIGNE BENFEITOR. FALECEU EM 27 DE JUNHO DE 1715. Numa capela contígua, que serve hoje de arrecadação, enconrtram-se três arcas tumulares e duas lápides epigrafadas inscritas na parede. 22. Inscrição comemorativa de instituição de capela e do gravada numa lápide. Calcário. Sulcos das letras preenchidos com betume negro. Fracturada no topo inferior esquerdo.Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: ESTA CAPELA MANDOU FAZER AIRES MARTINS ESCRIVÃO DA PURIDADE DE EL REI DOM DINIS E MARIA ESTEVES SUA MULHER ELA E SEU FILHO ESTÃO AQUI ENTERRADOS E ELE CAMINHOU DE JERUSALÉM TEM MISSA QUOTIDIANA E DOIS RESPONSOS CADA DIA CANTADOS SOBRE AS SEPULTURAS TEM 4 MERCEEIRAS E 5 BENEFICIADOS E O PRIORADO SE HÁ-DE DAR POR FORÇA A UM DOS BENEFICIADOS DESTA IGREJA COMO O FEZ RESOLVER O DOUTOR AMBRÓSIO CARDOSO PROTONOTÁRIO APOSTÓLICO PRIOR DESTA IGREJA NA SACRA ROTA EM PRIMEIRO DE FEVEREIRO 1602 DIANTE O CARDEAL SERAFINO SANDO DECANO. ORNOU-SE DE AZULEJO NA ERA DE 1615 SENDO PRIOR O MESMO DOUTOR CARDOSO. 23. Inscrição comemorativa da instituição de capela gravada numa lápide fracturada no flanco direito. Calcário. Tipo de letra: gótica minúscula, inicial capitular e maiúscula. Na base do retábulo-mor, duas portas, a da esquerda de acesso a capela rectangular e cobertura em abóbada de aresta, com os panos almofadados, de rosa, branco e cinzento, com pedra de fecho com enorme rosetão, a que se acede por escadas descendentes, tendo nas ilhargas, inseridos em arcos de volta perfeita em cantaria lavrada, assentes em pilastras, dois monumentos fúnebres, adossados às paredes laterais, lavrados em calcários rosa, branco e cinzento, são encimados por cruz sobre supedâneo bolboso com volutas e inscrições. 19. Inscrição funerária gravada no frontal de um monumento fúnebre, num campo epigráfico enquadrado por moldura com ressaltos circulares ao meio de cada lado. Calcário. Sulcos preenchidos com betume negro. Dimensões: ossário: 87x227; campo epigráfico: 25x96,5; moldura: 13. Tipo de letra: capital quadrada. Nexos. Leitura modernizada: SEPULTURA DE SEUS FILHOS DIOGO DAS PÓVAS E DONA MARIA DE MENESES. 20. Inscrição gravada no frontal dum monumento fúnebre num campo epigráfico enquadrado por moldura com ressaltos circulares ao meio de cada lado. Calcário. Sulcos preenchidos com betume negro. Dimensões: ossário: 87x227; campo epigráfico: 25x96,5; moldura: 13. Tipo de letra: capital quadrada.Leitura modernizada: SEPULTURA DE LUÍS DAS PÓVAS E DE SUA MULHER DONA ANTÓNIA DE MENESES; no topo, retábulo de madeira e madrepérola embutida, de planta recta e três eixos, o central com painel flanqueado por colunas toscanas, contendo o Crucificado e os laterais com dois nichos semicirculares e com falso concheado em embutidos de madrepérola no remate, contendo imaginária; ático em frontão circular com o tímpano rasgado por óculo, também circular; banqueta em embutidos de pedra, formando acantos; sobre o retábulo, um escudo bipartido e coroa aberta, inserto em moldura circular. CAPELA intermédia de acesso à sacristia revestido de painel de azulejo monócromo com barra de elementos fitomórficos em manganês e elementos de azulejo em ponta de diamante; estruturas em embutidos de mármore, que se repetem na moldura de uma tampa sepulcral no pavimento; sobre a porta, uma lápide epigrafada. 8. Inscrição funerária e comemorativa de instituição gravada numa lápide embutida numa moldura, cujo flanco direito se encontra danificado, com os lados prolongados e decorados por circulos de mármore preto. Calcário rosa e branco. Sulcos preenchidos com betume negro, algum já a cair. Dimensões: não se obtiveram devido à altura a que se encontram. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: AO PÉ DO ALTAR DESTA CAPELA DA BEM-AVENTURADA SANTA ANA ESTÃO OS OSSOS DE DONA ANA DE ALMEIDA QUE A INSTITUIU E DOTOU E TAMBÉM OS DE SEU MARIDO FRANCISCO DE ANDRADA QUE ELA MANDOU AQUI TRASLADAR FALECEU A XXVII DO MÊS DE AGOSTO DE MDXCIX XXIX DIAS DEPOIS DE SEU MARIDO SUAS ALMAS ESTEJAM EM GLÓRIA AMEN. No lado direito, um monumento fúnebre com inscrição e retábulo inserido em arco de volta perfeita com fundos marmoreados; é de planta convexa e três eixos divididos por quarteirões, tendo, no central nicho com o Crucificado e, nos laterais, mísulas e baldaquino com drapeados; remate em entablamento e espaldar curvo, frontão interrompido e cornija. ANTE-SACRISTIA revestida com azulejo polícromo, de grotesco, tendo, no pavimento, várias lápides tumulares; confrontantes, dois vãos rectilíneos, o do lado esquerdo com as ilhargas em almofadado de calcários de diferentes cores, tendo ambos duas lápides funerárias, ambas envoltas por azulejo de grotesco; o do lado direito decorado com cartela, ferronerie, faces com drapeados, acantos e vasos com flores, tudo rodeado por friso de grega, o qual também surge a envolver a lápide funerária, com chapéu de bispo e brasão bipartido. Inscrição: TÚMULO DE DOM JERÓNIMO FERNANDO BISPO DO FUNCHAL MAIS DE 30 ANOS QUARTO NETO D'EL REI DOM DUARTE DE PORTUGAL PELO SERENÍSSIMO INFANTE DOM FERNANDO SEU FILHO FALECEU A DOIS DE MAIO DE SEISCENTOS E CINQUENTA ANOS; o do lado esquerdo é semelhante e tem a inscrição: "AQUI JAS DOM PEDRO PUEROS BISPO ELEITO DE MIRANDA AIO E MESTRE DO PRÍNCIPE DOM TEODÓSIO FALECEU A 14 DE MARÇO DE 1649". Seguem-se duas capelas laterais em vão de arco de volta perfeita, surgindo, nas ilhargas, painéis de azulejo polícromo, com as Virtudes, identificadas por legenda em latim (Fé, Esperança, Justiça e Misericórdia); na zona inferior, azulejo padrão 2x2, rodeado por friso azul e branco, e barra com ramadas de acantos. A do lado direito possui altar revestido a azulejo, com pano bipartido, onde surgem motivos fitomórficos e várias aves esvoaçantes, com sebastos e sanefa de padrão; o do lado esquerdo possui altar com pano tripartido com azulejo de padronagem de 5x5, dividido por friso a imitar dourado, com sanefa do mesmo motivo e franja. SACRISTIA com porta de verga recta, flanqueada por duas colunas de fuste torso de mármore rosa, com capitéis coríntios de calcário branco, sobre plintos de embutidos marmóreos, encimado por frontão interrompido de lanços, com pedras embutidas rosa e preto, formando motivos geométricos, no friso, que surge sobre um outro com querubim e festões; sobre o frontão, dois anjos de vulto com o cabelo e asas douradas a ladear a pedra de armas do instituidor de capela, D. Mendo de Fóios; o conjunto é envolvido por azulejo polícromo, formando um tímpano de decoração fitomórfica e, a ladear o pórtico, dois painéis com figuras alegóricas (Magnificência e Liberalidade) a azul e branco sobre plintos polícromos, em pedra torta, com cartelas centrais rodeadas por concheados. A sacristia possui tecto com sanca curva, em estuque pintado em trompe l'oeil, com balaustrada, reserva central oval a representar a "Assunção da Virgem", transportada por anjos e recebida pela Santíssima Trindade, tendo, em cada lado, dois medalhões redondos a grisaille com o coração inflamado e mitra, símbolos dos Agostinhos, rodeada por várias figuras insertas em medalhões e com fundo sépia percorrido por vários frisos e acantos, entre os quais o fundador e o irmão Frei António Botado. Possui azulejo formando silhar, com painéis historiados monócromos, azuis sobre fundos brancos, rodeados por molduras polícromas, com rodapé em pedra torta amarelo, encimado por quadraturas, com zonas laterais em ressalto, formando plinto para sustentar as pilastras laterais firmadas por vasos com flores, que ligam por festões ao remate central, do mesmo teor; na base, pequena reserva, que irrompe pelo painel, contracurvada, tendo símbolos marianos. Surgem as cenas: "Adoração dos Magos, com estrela na cartela; "Adoração dos Pastores" e poço; "Visitação" e torre de David; "Anunciação" e espelho; "Casamento da Virgem" e lua; "Apresentação da Virgem no templo", com espelho; "Nascimento da Virgem" e sol. No lado esquerdo, túmulo de D. Mendo Fóios, e, no oposto, retábulo-relicário de planta côncava, com altar de embutidos de pedra calcária, composto por dois painéis com reserva central a representar símbolos do martírio de Cristo: coroa de espinhos, lança, esponja do vinagre, martelo, turquês, cravos, envoltos por concheado e acantos; a banqueta possui friso de acantos do mesmo material; o nicho, envolvido por moldura cinzenta contracurvado, é ladeado por estípides com o fuste decorado por motivos fitomórficos dourados, capitéis coríntios e remate em friso, frontão interrompido e espaldar com motivos fitomórficos e cornija borromínica; sobre o frontão, dois anjos com palmas. A sacristia liga às duas capelas mortuárias, a primeira com pavimento de cantaria, onde surge uma inscrição "AQUI JAZ AGOSTINHO PRETO FALCÃO, FILHO DE SIMÃO GONÇALVES PRETO CHANCELER MOR QUE FOI DE QUATRO REIS DESTE REINO 1663"; revestido de azulejo padrão de grilhagem, envolto com barra de acantos, tudo polícromo, formando silhar, com rodapé de pedra torta e fundo marmoreado azul, tendo no lado direito, lápide funerária com brasão esquartelado, elmo e paquife e a inscrição: "ESTA CAPELA É DO DOUTOR SIMÃO GONÇALVES PRETO CHANCELER MOR QUE FOI DE TRÊS REIS DE PORTUGAL E DO SEU CONSELHO". A segunda capela tem cobertura de estuque com o fundo em grilhagem e com pequenas flores e reserva polilobada pintada de cinza, rosa e branco, com anjos, palmas e elementos fitomórficos e reservas centrais com elementos fitomórficos e concheados. A sacristia liga através de uma porta às actuais instalações sanitárias, com azulejo formando silhar, de padrão polícromo e barra de ramada de acantos, rebocadas e pintadas de branco e pavimento de calcários de várias cores; aqui, são visíveis vestígios de uma arcada e escadas que ligariam ao piso superior; possui lápide sepulcral com a inscrição: "CAPELA DE LOPO DUARTE XIMENES E JOANA DA VEIGA SUA MULHER E HERDEIROS MANDOU- A FAZER O PADRE NICOLAU DA VEIGA XIMENES SEU FILHO EM CUMPRIMENTO DOS TESTAMENTOS DOS DITOS SEUS PAIS CUJOS OSSOS PARA AQUI FEZ TRESLADAR COM OS DE MANUEL FERNANDES E JOANA NUNES XIMENES SEUS AVÓS EM ESTE CONVENTO OBRIGAÇÃO DE MANDAR DIZER NELA MISSA QUOTIDIANA POR SUAS ALMAS E OFÍCIO DE NOVE LIÇÕES NO OITAVÁRIO DOS SANTOS PORQUE DEU D' ESMOLA 3O MIL REIS DE JURO A QUE ESTÁ OBRIGADO ESTE CONVENTO E ASSIM 1O MIL REIS MAIS DE JURO PARA A FÁBRICA E AZEITE DA LÂMPADA QUE SEMPRE NELA HÁ-DE ARDER FEZ-SE ESCRITURA NAS NOTAS DE VASCO DE SAMPAIO A 15 DE JANEIRO DE 1627 ANOS". No lado oposto, a capela-mor é ladeada pelas dependências da Irmandade do Senhor dos Passos, cuja sala de sessões tem, nos apainelados do tecto, elementos de estuque dourado e pinturas, a central com a "Adoração do Crucificado", rodeado por medalhões com anjos a segurar vários instrumentos da paixão; as paredes possuem silhares de azulejo com reservas centrais a azul e branco, rodeadas por molduras policromas, constituídas por motivos fitomórficos e concheados, surgindo, superiormente, telas a representar "Tentação de Jesus", "Jesus na montanha", "Jesus sobre o pináculo do templo", "Anjos alimentam o Mestre", "Jesus cura o cego", "Jesus e a Samaritana", "Jeus cura o paralítico". DEPENDÊNCIAS: no topo N. da PORTARIA, o altar da primitiva capela, com vão de volta perfeita circunscrito por pilastras toscanas encimadas por consolas e frontão interrompido, com o intradorso apainelado e pintado a imitar embutidos de mármore, ladeado por duas portas de verga recta, actualmente entaipadas, encimadas por apainelado rectangular, tendo pavimento em lajes de calcário de várias tonalidades, formando flores estilizadas, dispostas de forma concêntrica; lateralmente, quatro janelas com conversadeiras, encimadas por cartela recortada e com volutas. Na face O. do claustro pequeno, sala abobadada acede aos pisos superiores dos dormitórios e ao terceiro piso por escadas com guarda metálica, mantendo, ainda da construção primitiva, plintos em cantaria encimados por bola. Na ala O., sala redimensionada, dividida por paredes que não atingem as coberturas planas; no piso superior, a antiga enfermaria militar, tendo as paredes revestidas a azulejo amarelo e zona de refeições, com instalações sanitárias, cozinha e bar com cobertura em apainelados de madeira e enorme espelho, todas com pavimento em tijoleira. Ala N. com azulejo padrão camélia azul e branco, acedendo a salas intercomunicantes no lado direito; no quarto piso, grande sala na ala E.. Esta tem, no segundo piso, azulejo padrão policromado com barra azul cobalto e rodapé de pedra torta, com cobertura em abóbada de aresta, assente em falsas mísulas no lado interno. Dá para dependências, algumas com azulejo de figura avulsa, do séc. 19. MIRANTE tem, a ladear as portas de acesso, santos, o do lado direito identificado por medalhão com a inscrição "O V. D. Fr. / Aleyxo de / Menezes / Primás das / esPanhas" e o esquerdo com a inscrição "S. Thoma / s De villa / Noua"; envolvidos por acantos, concheados e encanastrados; no centro, duas figuras e medalhões com as inscrições: "o V. Fr. Luis / de Montoya / Reformador / desta Provª", e "o V. Fr. Fran.co / de Villa Fran.ca / Reformador / desta Prouª", a ladear fonte a jorrar água abundante e o emblema dos Agostinhos; nos bancos surgem: figura com cão, figura com gaita de foles e cenas a representar um duelo, encontro de amantes, um leão a atacar uma pessoa, esgrima, caçada ao javali, tiro ao arco, baloiço, jogos com bola. O REFEITÓRIO com cobertura em falsa abóbada de lunetas, tem acesso por ante-salas nos topos, separadas da principal por duas arcadas geminadas, assentes em pilares, iluminado por cinco janelas com conversadeiras, surgindo, no oposto, duas portas de verga recta, que ligam à Portaria, de molduras duplas, e rematados por frontão de lanços, uma delas entaipada; é revestido com painéis de diferentes dimensões, de azulejo historiado monócromo azul sobre fundo branco, formando silhar, com vestígios de ter possuído moldura recortada e contando vários episódios de Evangelização, dos frades gracianos: Pedro da Graça, Diogo de Santa Ana, Nicolau de Melo, Guilherme de Santo Agostinho, Aleixo de Penafirme, António de Elvas, Inocêncio de Barcelos, Álvaro de Lisboa, Atanásio de Arronches, João Estaço, João da Cruz, Manuel da Nazaré, Gaspar de Libos, António da Natividade, Luís de Orta, Dona Gativanda, rainha do Gorgistão e os arcebispos de Braga, Agostinho de Castro e Aleixo de Meneses; são divididos por elementos arquitectónicos, nomeadamente pilastras, intercalados com painéis de enchimento com cenas da vida quotidiana. Pavimento em ladrilho cerâmico monócromo, excepto nos topos, que mantêm o primitivo em calcário de várias tonalidades, formando geométricos. No topo do lado da Portaria, vão na parede com ilhargas em calcário almofadado e decorado com geométricos, tendo, no oposto, medalhão com a inscrição: " ESTA CAPELA É DE JORGE FERNANDES DE AZEVEDO E DE SUA MULHER JOANA DE PINA PALHA E NELA ESTÃO SEPULTADOS SEUS OSSOS E DE SEU PAI MÃE IRMÃS E DE SEU FILHO GONÇALO DE AZEVEDO PALHA OS QUAIS SE TRESLADARAM EM 20 DE FEVEREIRO DE 1691". O corpo ameado do séc. 19 tem, interiormente, três pisos com gabinetes formados por divisórias de madeira, prolongando-se em L, pela ala N. do Claustro Grande. Corredores estreitos acedem a dependências com tectos planos de estuque, com lambril pintado de amarelo e superiormente de branco e pavimento de ladrilho castanho. Claustro grande com cobertura em aresta e arcos formeiros de volta perfeita que, interiormente, assentam em mísulas. Ante sala dos dormitórios revestida a azulejo historiado, com moldura recortada superiormente, com pilastras galbadas, encimadas por vasos de flores, com passos da Paixão: "Flagelação de Cristo", "Prisão de Cristo", "Senhor da Cana Verde", "Queda de Cristo", pilastras com anjinhos nos ângulos, no topo, da sala, vão de volta perfeita, com pilastras dispostas de forma convexa, encimado por pequenas pilastras galbadas e cornija, tudo de cantaria e cartela recortada no fecho, dizendo "VIVA / JESUS". Dois painéis de enchimento com inscrições nos azulejos contendo uma oração: "Adorovos Filho de Deus vivo / dulcissimo IESVS que quizestes / ser cravado em a Chrus e intole / ravelmente affligido e que com / duros cravos fossem atravessadas vo / ssas mãos e pes, e padecer por espaço / de tres horas cruelissimas dores e ser atormentado, com huma terrivel sede e que / vos dessem a beber fel e vinagre e final / mente morrer esgotado todo o vosso / preciozo sangue. Assim me remistes o / amavell IESUS Lembraivos Senhor / vos pesso de vossa piedade e cari / dade tende mizericordia de mim / concedeme graça e amor vosso. / Amen". Ala do claustro grande que liga o refeitório ao coro, com cobertura em abóbada de lunetas, que, na parede interior, assentam em falsas mísulas, pavimento de cantaria; é rasgada por janelas de verga recta e está revestida por silhares de azulejo padrão azul e branco, de 2x2, com acantos e segunda padronagem e barras de elementos geométricos; no topo, para o lado do coro, nicho quadrangular com cruz. ANTE-CORO rebocado e pintado de branco, com azulejos azul e branco, formando painéis com molduras fitomórficas, que se estendem pelos ângulos, com Santo Agostinho a escrever e Santo Agostinho aparece ao Duque de Mântua; a ladear a porta para a capela do coro, dois nichos de volta perfeita com esculturas de frades da ordem e cornija, com moldura recortada; Santo Agostinho apresenta a regra aos ermitas; sobre a porta, cartela enrolada com um leão a segurar uma cruz sobre glória de nuvens. CAPELA do CORO estabelecida no corredor que circula das tribunas da igreja, ligando o coro à tribuna do transepto, com dois nichos de volta perfeita, contendo duas urnas pequenas, provavelmente ossários, e dois grandes painéis semelhantes aos anteriores, tendo na barra acantos e anjos e, no azulejo historiado: Santo Agostinho a meditar sobre o mistério da Trindade, morte do santo; enterro do Santo; nas ilhargas das tribunas, revestimento em azulejo a representar quatro santos da Ordem: santo com duas águias, santo em leitura; santo com bordão e duas ovelhas; santo com bordão; entre as duas tribunas, a representação de Santo Agostinho a lavar os pés a Cristo. Escadas de acesso da sacristia ao piso superior com azulejo formando silhar com padrão de acantos azul e branco de 2x2 e barra com acantos enrolados e contas, surgindo, nos patamares, nichos de volta perfeira assentes em duplas pilastras, as exteriores a sustentar frontões borromínicos assentes em pequenas mísulas com pingentes. Cobertura em abóbada de aresta. No primeiro patamar, tampa com a inscrição "Sepultura de diogo garcia mercador nesta cidade que deus aja"

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Político-administrativa: organismo público da administração central

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Fábrica da Igreja, auto de cessão de 20 Novembro 1978

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Caetano Tomás de Sousa (1770); Custódio Vieira (séc. 18); João Nunes Tinoco (1667-1668); Manuel Caetano de Sousa (1770, 1772); Manuel da Costa Negreiros (atr., séc. 18); Mateus Vicente de Oliveira (séc. 18). CARPINTEIROS: João Lobato (1630). ENTALHADORES: António Ramos (1632); Estêvão Rodrigues (1765-1772); Félix Vicente de Almeida (1765-1772); Francisco Gomes (1717); José Faria (séc. 18); Pedro Álvares Pereira (1668). ESCULTORES: Albano da Silva França (1922); Francisco de Borja Gomes (1827); José da Silva França (1922); Matias Rodrigues de Carvalho (séc. 18). ORGANEIRO: Augusto Joaquim Claro (1907). PEDREIROS: Diogo Vaz (1630); Jacinto Simões (1668). PINTORES: André Gonçalves (c. 1730); Elói Ferreira do Amaral (1903); Francisco José da Rocha (1765-1772); Francisco Vieira de Matos (1736); Giulio Cesar Temine (c. 1720); Jerónimo da Silva (c. 1730); Jerónimo Gomes (séc. 18); João Vaz (1903); José do Avelar Rebelo (1642); Manuel de Sousa (1713-1714); Pedro Alexandrino de Carvalho (1765-1785); Pereira Júnior (atr., 1903). PINTORES DE AZULEJOS: Francisco Jorge da Costa (séc. 18); Manuel da Costa (1765-1772); Manuel Pinheiro (1636); Valentim de Almeida (atr., séc. 18). PINTORES-DOURADORES: Tomé da Costa (1632); Vicente Ribeiro Alves (1769-1797); Vicente Rodrigues (1765-1772). SERRALHEIRO: Lourenço Baptista (1765-1772).

Cronologia

1147 - construção de um convento no Monte de São Gens; 1271 - inicia-se a construção do convento, com instalações para 50 monges, no sítio de Almofala, doado pela Câmara; obras patrocinadas por D. Afonso III; 1243 - D. Susana doa aos eremitas um monte para a construção do novo convento; o local revela-se impróprio, decidindo-se nova mudança; 1291 - os Eremitas de Santo Agostinho vêm para o então chamado Convento de Santo Agostinho para onde se transporta perpetuamente a Cabeça da Ordem Provincial; 1305, 3 março - por disposição do Geral da Ordem dos Agostinianos, Frei Francisco do Monte Rubiano, e em cumprimento de voto feito em Roma, o convento de Santo Agostinho de Lisboa é consagrado à Senhora da Graça; 1362, 14 agosto - segundo a lenda, a Imagem do orago teria aparecido em Cascais, no dia da vigília da Assunção de Nossa Senhora, presa na rede de pescadores que, cumprindo a indicação de um recém nascido que milagrosamente falara, a teriam vindo entregar ao convento no dia seguinte; 1375 - construção da muralha fernandina, que envolve o convento, excepto a S.; 1385, 14 agosto - segundo a lenda, a imagem do orago teria anunciado a vitória dos exércitos de D. João I na Batalha de Aljubarrota a quem orava diante do seu altar, tendo por isso o Cabido Eclesiástico e o Senado da Câmara feito voto de vir todos os anos, em procissão, à igreja, costume apenas interrompido entre 1580 e 1640; 1472, 1 junho - instituem capela no convento, Rui Gomes de Alvarenga chanceler-mor do conselho dos reis D. Duarte e D. Afonso V, e sua mulher D. Melícia de Melo, pais de Lopo Soares de Albergaria, vice-rei da Índia; 1506, 24 março - testamento de Afonso de Albuquerque, instituindo capela na igreja do convento da Graça, onde se encontravam sepultados seu pai e seu bisavô; 1530, 16 julho - legalização da cedência da capela (usualmente chamada de São Fulgêncio e hoje adaptada a baptistério) mandada edificar na antiga sacristia por Lopo Soares de Albergaria, para si e seus herdeiros, e onde já se encontrava sepultada sua mulher, D. Joana de Albuquerque; 1537 - fundação da Capela de São Marçal por João Carreira de Almada, fazendo-se sepultar em frente à mesma; 1544 - alvará de D. João III, doando ao convento vários terrenos exteriores à muralha da cerca Fernandina; 1547, 1 agosto - carta de Pedro Fernandes sobre as obras do convento; 1551 - o convento é descrito por Cristóvão Rodrigues de Oliveira como tendo 70 frades, com 13 capelas, umas de instituição particular e as do orago, Santa Ana, São Marçal (com irmandades), Espírito Santo, da Assunção e Santa Mónica; tinha de renda 2.500 cruzados; 1556 - 1565 - demolição e reedificação da igreja com três naves, por iniciativa do Vigário - Geral Frei Luís de Montoya, restando apenas do antigo edifício, o actual baptistério e a parede contígua, em cujo vão se encontram actualmente os túmulos de Rui Gomes de Alvarenga e sua mulher; 1566, 18 maio - sepultamento dos restos mortais de Afonso de Albuquerque na capela-mor; 1586 - instituição da Irmandade de Vera Cruz e Passos de Cristo, por Luís Álvares de Andrade, paroquiano de São Nicolau e pintor régio; 1587 - realiza-se pela primeira vez a Procissão dos Passos da Graça, na Quaresma; séc. 16, finais - existe no claustro grande, a Capela de Vera Cruz e Passos de Cristo, depois denominada do Senhor Jesus dos Passos da Graça; 1599 - morre D. Ana de Almeida e o esposo, os quais haviam fundado a Capela de Santa Ana, para sua sepultura; 1610, 16 outubro - sepultamento dos restos mortais de André Furtado de Mendonça, 37º governador da Índia; 1611 - data gravada no bordo inferior externo do sino da abertura S. da torre sineira; 1616, 22 março - o rei lega 100$000 para a execução do sacrário; 1620 - 1621 - é provedor da Irmandade de Santa Cruz e Passos, Luís das Póvoas, Provedor e Feitor Mor das Alfândegas do Reino; 1623 - perante a necessidade da Irmandade dos Passos ter uma casa do despacho, os frades doam uma fronteira à Capela de São Fulgêncio; 1627, 15 janeiro - instituição de uma capela na sacristia por Nicolau da Veiga Ximenes para os seus pais, segundo disposição testamentária dos mesmos, Lupo Duarte Ximenes e Joana da Veiga; 1630 - a Irmandade já tem casa do despacho no claustro, à saída do refeitório, sendo as obras dos mestres pedreiro Diogo Vaz e carpinteiro João Lobato; 1632 - execução do retábulo do Senhor dos Passos por António Ramos e dourado por Tomé da Costa; 1635 - túmulo de Afonso de Albuquerque é retirado da capela-mor; 1636, 27 abril - execução dos azulejos para a Capela do Senhor dos Passos, pintados por Manuel Pinheiro, por 17$500; 1642 - existem, no claustro, as capelas de Jesus, Piedade e São João Baptista; José de Avelar Rebelo pinta os painéis da tribuna do retábulo do Senhor dos Passos, por 18$000; 1645 - colocação da imagem da Senhora da Pérsia na Capela de Santa Ana; 1649, 14 março - sepultado na ante-sacristia D. Pedro Pueros, bispo de Miranda; 1650, 2 maio - morre o bispo do Funchal, Jerónimo Fernando, sepultado na ante-sacristia; 1663 - morte de Agostinho Preto Falcão, sepultado na sacristia; 1667, 9 abril - a confraria de São Marçal doa a sua capela à Irmandade dos Passos, desde que esta mantivesse um nicho com a imagem do primitivo orago; 1667 - 1670 - a imagem do Senhor dos Passos da Graça foi deslocada do claustro grande para uma capela no cruzeiro, por João Nunes Tinoco; 1668 - começa a obra na Capela dos Passos no transepto, contratando-se o pedreiro Jacinto Simões (315$000) e o entalhador Pedro Álvares (150$000); 1673 - 1674 - construção de um Passo da Procissão dos Passos da Graça na Rua do Benformoso; 1674, 21 maio - petição à Câmara solicitando autorização para construir uma Casa para a Irmandade do Senhor dos Passos fora das muralhas, uma vez que esta fora derrubada para a construção de uma capela; 10 junho - ampliação da casa do despacho da Irmandade dos Passos, terminada em 1675; 1674 - 1675 - obras de ampliação na zona conventual; 1689, outubro - contra a vontade dos frades, o Conde de Vila Verde manda sepultar um dos seus filhos na Casa do Capítulo; 1691, 20 fevereiro - trasladação das ossadas de Jorge Francisco de Azevedo e da esposa, Joana de Pina Palha, para a respetiva capela; 1698 - 1702 - construção de um Passo da Procissão dos Senhor dos Passos da Graça, na Mouraria; séc. 18, inícios - D. Mendo Fóios Pereira, secretário de estado de D. Pedro II, e seu irmão D. Frei António Botado, Bispo de Hipona, patrocinam as obras da actual sacristia; D. Mendo institui capela na sacristia e santuário das relíquias, que adquire aos Agostinhos para seu jazigo, ficando com o seu padroado; D. Mendo doa à Irmandade do Senhor dos Passos a administração da sua capela; execução dos azulejos do refeitório, atribuídos a Valentim de Almeida; 1700 - demolição dos postigos de Santo Agostinho e do Caracol da Graça; 1707, 4 setembro - morre D. Mendo Foios, sendo sepultado no jazigo que o seu irmão, D. Frei António Botado tinha por trás do altar-mor da igreja, sendo depois trasladado para a sacristia, onde se encontra; 1707 - 1708 - é provedor da Irmandade dos Passos, D. Frei António Botado; 1708 - 1709 - execução da casa de despacho da Irmandade dos Passos junto à nova capela; 1710 - testamento de Matias Rodrigues de Carvalho (entalhador) referindo parte do pagamento da obra na sacristia; 1713 - 1714 - o pintor Manuel de Sousa executa uma tela para a casa de despacho da Irmandade dos Passos; 1714, 20 dezembro - testamento de D. Frei António Botado, legando a administração da sua capela à Irmandade dos Passos; 1715, 27 junho - morre D. Frei António Botado, deixando cinco padrões de juros reais à Irmandade dos Passos; 1717 - Francisco Gomes executa o arco da Capela Nossa Senhora Conceição; 1720, cerca - Giulio Cesar Temine trabalha na Graça, executando, provavelmente, a "Anunciação" da sacristia; 1730, cerca - Jerónimo da Silva, em colaboração com André Gonçalves, executa retratos de bispos e clérigos para a Casa do Capítulo (retirados em 1834); 1736 - Francisco Vieira de Matos pinta um Santo Agostinho para o Convento (está no MNAA); 1738 - data gravada no bordo inferior externo do sino da abertura E. da torre sineira; séc. 18, 2º quartel - campanha de obras em parte do convento e da igreja por Custódio Vieira e Mateus Vicente de Oliveira, incluindo a construção da atual torre sineira, atribuída a Manuel da Costa Negreiros; 1755, 1 novembro - o terramoto provoca a derrocada parcial da igreja, arruinando a capela-mor, o teto do cruzeiro, as capelas do transepto, o teto da nave, o santuário das relíquias e a parede a que ele se encostava na sacristia, e parte da parede da fachada; escapam à derrocada duas salas abobadadas, a capela mandada fazer por Luís das Póvoas por trás do altar-mor, para sua sepultura e de sua mulher, D. Antónia de Meneses, a torre sineira e parte da fachada do mosteiro confinante com o largo da igreja; fica arruinado o Passo da Procissão localizado na Mouraria; a imagem do Senhor dos Passos é deslocada para a sua antiga capela no claustro grande, que também escapara à derrocada, sendo, posteriormente, improvisada uma nova capela na Casa do Despacho, com tribuna executada por José Faria (500$000) e pintada por Jerónimo Gomes (475$000); desaparecimento dos três órgãos da igreja; 1756, setembro - a imagem do Senhor dos Passos é transferida para a Casa do Despacho da Irmandade; 1763, 13 abril - Manuel Aranha Pita e sua mulher, Teresa de Jesus, instituem capela na igreja, ficando a sua administração entregue à Irmandade dos Passos; 1770 - a igreja encontra-se em reconstrução, sendo as obras dirigidas por Caetano Tomás de Sousa e Manuel Caetano de Sousa, importando num total de 79:552$405; 1765 - 1772 - construção da atual capela do Senhor dos Passos, com talha de Estêvão Rodrigues, pinturas e dourados de Vicente Rodrigues, lampadário pelo serralheiro Lourenço Baptista (348$347); execução dos azulejos da sala das sessões por Manuel da Costa (157$472) sendo as telas pintadas por Francisco José da Rocha (250$000); andor do Senhor desenhado por Manuel Caetano de Sousa e executado por Félix Vicente de Almeida; 1765 - 1785 - reconstrução da capela-mor; pintura das coberturas da capela-mor e da sacritia, por Pedro Alexandrino de Carvalho; 1773 - entaipada a Capela do Senhor Morto; 1776 - a sacristia ainda se encontra em reconstrução e são apeadas algumas lápides que aí se encontram; 1777 - interrupção temporária das obras de reconstrução, por falta de recursos; séc. 18, último quartel - pintura do teto da sacristia; execução dos azulejos da sacristia por Francisco Jorge da Costa; 1780 - construção de um novo Passo da Procissão na Mouraria, na esquina das Escadinhas da Saúde; data num dos órgãos da capela-mor; 1782 - construção de um Passo da Procissão no Rossio, no prédio Cadaval; 1787 - 1788 - datas gravadas no bordo inferior externo dos sinos N. e O. da torre sineira; pintura dos quadros da Casa do Despacho da Irmandade; 1788, 12 março - sepultamento de D. Pedro, Marquês de Angeja, na Casa do Capítulo; 1795 - demolição do Passo da Procissão da Rua do Benformoso e construção do Passo do Terreirinho na Calçada de Santo André; 1806 - instituição da Irmandade de São Nicolau de Tolentino pelo Regimento de Infantaria 16, onde é hoje a Capela do Santíssimo; 1817, 3 novembro - a Irmandade dos Passos deixa de ser titular dos cindo padrões de juros reais a ela legados por D. Frei António Botado; 1827 - execução da imagem de Nossa Senhora da Soledade por Francisco de Borja Gomes, pela quantia de 36$000; 1829 - D. Miguel torna-se provedor perpétuo da Irmandade do Senhor dos Passos, que passa a ser denominada Real; 1834 - extinção das ordens religiosas; a igreja, a sacristia e a casa do capítulo são entregues à Irmandade do Senhor dos Passos e o Regimento de Infantaria 10 é instalado em parte da zona conventual; 1835 - a igreja fica paroquial das freguesias de Santo André e Santa Marinha, transitando daquelas muitas imagens, incluindo a da Senhora da Vida; adaptação da antiga capela de São Fulgêncio a baptistério; 1836 - 1837 - demolição do Passo da Procissão localizado no Largo de São Roque; 1839 - demolição do Passo da Procissão do Rossio, por ordem da Câmara Municipal; 1841 - 1843 - construção de um novo Passo da Procissão no Rossio, pela Câmara Municipal; 1842 - construção das duas torres ameadas da fachada E. da antiga zona conventual; a casa dos Almadas deixa de responsabilizar-se pela administração da capela e jazigo de Lopo Soares, que mantinha desde o tempo de seu neto, D. Antão Soares de Almada; 1843, agosto - destruição da Capela do Senhor dos Passos no claustro, por ordem do Coronel Anselmo de Noronha Torresão; séc. 19, meados - instalação do Regimento de Infantaria 5 na zona conventual; 1896 - obras na Igreja; transferência da imagem do Senhor dos Passos para a Sacristia antiga, que se encontrava a servir de igreja; 1899 - são interrompidas as obras da igreja; séc. 19, finais - a antiga Casa do Capítulo fica na posse do quartel; 1900, outubro - demolições na antiga zona conventual põem a descoberto o túmulo dos Gomides, oculto sob um arco do claustro grande, no local correspondente à antiga casa do capítulo, onde jazia Gonçalo Lourenço, bisavô de Afonso de Albuquerque; deslocação da arca tumular dos Gomides para o baptistério; 1903 - recomeçam as obras da Igreja; execução das pinturas do teto da nave da igreja por João Vaz e Elói Ferreira do Amaral, sendo o cruzeiro atribuível a Pereira Júnior; repintura a capela-mor; 1905, 18 julho - reabertura oficial da Igreja ao público; 1907 - demolição do Passo da Procissão da Mouraria; 2 fevereiro - inauguração do órgão do coro-alto, executado pelo organeiro de Braga Augusto Joaquim Claro; 1908 - deixa de realizar-se a Procissão do Passos, durante a qual se transportava a imagem da Igreja da Graça para a de São Roque, na tarde de Quinta Feira Santa, voltando no dia seguinte e visitando no percurso os cinco Passos localizados na rua; 1910 - regimentos de Infantaria 5 e 16 ocupam a zona conventual; 1913 - 1917 - violação dos túmulos de Luís das Póvoas e de sua mulher; 1917 - telhado da igreja fica bastante danificado em consequência de escaramuça e fogo cruzado entre o Regimento de Infantaria 5, instalado na Graça e o Regimento de Infantaria 33, instalado no Castelo de São Jorge; 1918 - instalação esporádica dos Regimentos de Infantaria 32 e 30 na antiga zona conventual; 1919 - instalação de um esquadrão da GNR na antiga zona conventual; 1925 - encontra-se bastante deteriorada a pintura do teto da sacristia, devido a infiltrações de águas pluviais; 1928 - instalação do Batalhão de Caçadores 7, na antiga zona conventual; séc. 20, 2.º quartel - três das alas do claustro grande encontram-se envidraçadas; a antiga zona conventual encontra-se ocupada pelo Batalhão de Caçadores 7, por uma companhia de adidos e duas de reformados; 1937 - apeamento de azulejos do século 17 de uma das alas do claustro grande, ocupada pelo Batalhão de Caçadores 7, sendo aplicados no interior da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, nas Caldas Rainha; 1938 - a igreja e a sacristia encontram-se em muito mau estado, o claustro grande encontra-se em ruínas, com a arcada quase toda entaipada e com uma cavalariça instalada na ala N.; 1939 - uma das capelas no eixo da capela-mor, tem três arcas tumulares lisas do séc. 14, vindas da antiga paroquial de Santo André, duas da mulher e do filho de Aires Martins, vice-chanceler de D. Dinis, a outra tem provavelmente a ossada do instituidor da capela de Nossa Senhora da Vida, padre Martinho Domingues, que foi beneficiado na igreja de Santo André; 1941, 15 fevereiro - temporal provoca grandes estragos na igreja; 1955 - duas companhias do exército estão instaladas no claustro grande, cuja arcada se encontra entaipada; 1956 - derrocada de algumas pedras da torre sineira; 1969, fevereiro - sismo causa danos na igreja; 1961 - Comissão de Lisboa das Festas do 6º Centenário de São Gonçalo de Lagos, solicita a autorização da Junta Nacional de Educação para colocação de uma lápide de glorificação a São Gonçalo, na fachada da igreja; 1973 - o claustro grande, o refeitório e a portaria do antigo convento estão afetos ao Exército; 1974 - é retirado e desaparece um dos painéis de azulejo do refeitório; 1984 - construção dos anexos na ala O. das dependências conventuais; 1987, 12 novembro - auto de cessão afetando parte conventual ao Ministério da Defesa Nacional; 2003, fevereiro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2015, 02 outubro - integra a lista de imóveis classificados como MN e em avançado estado de degradação disponibilizados para rentabilização no âmbito do Programa REVIVE (lista anexa ao Despacho n.º 11427/2015, publicado no DR, 2.ª série, n.º 200, de 13 outubro) pelas suas características arquitetónicas, patrimoniais, históricas e culturais; 2019, 13 fevereiro - é publicado o despacho conjunto das secretarias de Estado do Tesouro e da Defesa Nacional, desafetando do domínio público militar o imóvel, que, no entanto, se mantem no domínio público do Estado por força da sua classificação e autorizando a sua rentabilização, através do regime de concessão, no âmbito do Programa REVIVE, para efeitos de reconstrução, reabilitação, manutenção, requalificação e outras obras e, subsequentemente, para exploração de empreendimentos turísticos ou estabelecimento de alojamento local (Despacho n.º 1598/2019, publicado no DR, 2.ª série, n.º 13); 2022 - concessão por 50 anos ao grupo hoteleiro Sana.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Alvenaria rebocada, cantaria de calcário, mármore, azulejos, estuques, madeiras, pinturas; cobertura de telha; ladrilho cerâmico.

Bibliografia

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Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DRML, DGEMN/DREL, DGEMN/DREL/DRC, DGEMN/DREL/DEM

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DRML

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRML; DGARQ/TT: Corpo Cronológico (Parte I, maço 79, doc. 58)

Intervenção Realizada

Irmandade do Senhor dos Passos: 1769 - 1797 - restauro do dourado e pintura da tribuna do retábulo por Vicente Ribeiro Alves; 1845 - novo restauro da tribuna; 1917 - reparação do tecto e do soalho da casa do despacho da Irmandade; 1922 - restauro da imagem do Senhor dos Passos pelos portuenses José da Silva França e Albano da Silva França; DGEMN: 1932 / 1953 - obras gerais de conservação e restauro, apeamento dos azulejos da antiga Casa do Capítulo, obras de conservação e restauro na capela de Luís das Póvoas, reparação das coberturas, reparação de rebocos e paramentos de cantaria, substituição da instalação eléctrica e fornecimento de bancos destinados ao culto na igreja; 1942 - demolição de paredes de alvenaria junto à torre sineira; 1954 / 1955 - diversos trabalhos na igreja,reparação da instalação eléctrica e fornecimento de bancos destinados ao culto; 1956 - consolidação da cornija da torre; 1957 - consolidação dos elementos de cantaria da torre sineira; 1958 - reparação da fachada da empena sobre a sala da confraria; 1959 / 1960 - trabalhos de reparação na fachada O.; 1964 - colocação de caixilho numa janela da capela-mor; DGEMN: 1961 - Obras de beneficiação de uma parte da fachada e outras obras, pela Delegação nas Obras de Edifícios de Cadeias, das Guardas Republicana e Fiscal e das Alfândegas; 1969 - diversas obras de conservação em virtude dos danos causados pelo sismo; 1971 / 1972 - obras para recuperação de espaços não utilizados e restauro da fachada N. na zona da sacristia, incluindo demolição de uma construção que a ela se encontrava adossada ; 1973 - obras de conservação; 1974 - obras de conservação na fachada S.; 1975 - obras de conservação e restauro na igreja e no claustro grande, incluindo impermeabilização do terraço do claustro; 1976 - diversas obras de conservação, incluindo restauro dos paramentos da ante-sacristia e demolição das paredes que entaipavam os arcos da ala S. do claustro grande e as janelas e portas do antigo refeitório e capela anexa; 1979 - obras de conservação e restauro na sacristia, incluindo limpeza das cantarias e da moldura e vidros do relicário; obras de sondagem no maciço de alvenaria que separa o logradouro do Quartel da Graça, da antiga zona conventual a E., junto à porta de acesso à sacristia, por se presumir tratar-se de um troço da muralha fernandina; 1980 - diversas obras de beneficiação, incluindo reparações em paramentos e tectos e beneficiação da instalação eléctrica; 1982 - obras de recuperação; 1983 - reparação dos algerozes da igreja; 1987 - reparação de coberturas; 1989 - limpeza de paredes interiores e reparações diversas; 1992 - obras de conservação da instalação eléctrica e reparação de coberturas; 1993 - obras de conservação da instalação eléctrica e reparações várias, incluindo trabalhos de carpintaria e reparação dos tubos de queda; 1994 - reparação e revisão de coberturas e do janelão esquerdo da capela-mor; restauro do quadro "Anunciação" da sacritia pela ARTERESTAURO; 1996 - reparação das coberturas da zona pertencente à Irmandade do Senhor dos Passos, reparação dos pavimentos dos terraços do claustro e reboco de fachadas; 1997 / 1998 / 1999 - impermeabilização e pavimentação a tijoleira dos terraços N. e S., limpeza, reboco e caiação das cornijas das fachadas N., E. e parte da fachada S., restauro do tecto da sala da Irmandade do Senhor dos Passos; 1998 / 1999 - recuperação de paredes e pavimentos; 1999 - reboco e caiação da fachada S.; 1999 / 2000 - trabalhos de beneficiação; 2000 - trabalhos de recuperação na ante-câmara da portaria incluindo colocação de gradeamento e reparação do guarda-vento e das portas principais da Igreja; 2001 - reparação das coberturas, consolidação e limpeza dos tectos da nave, do transepto e da capela-mor, relatório diagonóstico / pré caderno de encargos para a recuperação das cantarias da fachada principal e do campanário; 2002 - restauro dos tectos da capela-mor e transeptos; consolidação pontual do tecto da nave; realização de um diagnóstico do estado de conservação para intervenção nos elementos pétreos da fachada principal e campanário; 2005 - restauro e conservação da fachada principal (antiga portaria) e do Campanário; tratamento de cantarias e respectiva desinfestação; reparação dos elementos metálicos das fachadas; remodelação dos terraços, com a sua impermeabilização; remodelação do sistema de drenagem das águas pluviais; montagem de um sistema electrostático anti-pombo; recuperação dos elementos metálicos do catavento e cruz; tratamento dos cabeções dos sinos.

Observações

*1 - o Decreto n.º 40 684, DG, 1.ª série, n.º 146, de 13 julho 1956 esclarece que a parte do Convento da Graça classificado em 1939 é apenas a não abrangida pela classificação de 1910; 2006, 22 agosto - proposta da DRLisboa para definição de uma Zona Especial de Proteção Conjunta do Castelo de São Jorge e restos das cercas de Lisboa, Baixa Pombalina e imóveis classificados na sua área envolvente, com parecer de aequivamento do Conselho Nacional de Cultura, de 10 outubro 2011.

Autor e Data

Paula Noé 1990 / Albertina Belo 1993 / Mónica e Paula Figueiredo 2003

Actualização

Júlio Grilo 2006
 
 
 
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