Igreja Paroquial de Mafra / Igreja de Santo André

IPA.00002340
Portugal, Lisboa, Mafra, Mafra
 
Pequena igreja paroquial rural construída no século 14, provavelmente entre as décadas de 1330 - 1340, apresenta características que a permitem integrar num gótico arcaizante, numa tendência verificada sensivelmente após a morte D. Dinis (1325) de regressar a esquemas planimétricos mais simples. Assim, apresenta, para além de elementos próprios de um românico tardio, como sejam, os portais salientes em alfiz, os muros contrafortados e a cachorrada na beirada, ou a fraca iluminação da sua nave, conseguida a partir de frestas abertas na naves laterais e de rosácea na parede fundeira, um tratamento dos capitéis (embora poucos sejam os de origem) das colunas que suportam as baixas arcadas que separam as suas três naves (não verificáveis a partir do exterior), próprio do gótico, visível na sua decoração fitomórfica. Também góticos são a capela-mor abobadada com abside poligonal e elegante fresta trilobada na parede testeira, e os túmulos armoriados dos donatários de Mafra. Pedro Dias acha-a seguidora de uma linha construtiva evolutiva que remonta à Igreja de São Pedro de Arganil (v. IPA.00002585), do século 13, e desemboca na mais evolucionada Igreja de Santa Maria de Sintra (v. IPA.00006132).
Número IPA Antigo: PT031109090007
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal, resultante da articulação longitudinal e escalonada de dois corpos, um retangular, referente ao corpo da igreja, de três naves, e um segundo, da cabeceira, poligonal com cinco arestas simétricas. Fachadas em alvenaria de pedra calcária aparente, rasgadas por estreitas frestas de iluminação no corpo da igreja e fresta de três lumes na capela-mor. Cobertura diferenciada, telhada a duas águas na nave e a cinco na capela-mor com beirada em cachorrada. Fachada principal, orientada a ocidente, desenvolvida em dois registos com frontispício terminado em empena angular, encimado por cruz em pedra; primeiro registo centralizado por pórtico ogival rasgado em alfiz, com quatro arcos quebrados sobre colunas de capitéis decorados com motivos vegetalistas; encima-o, no segundo registo, uma rosácea. Na fachada lateral direita, a sul, existe um pórtico colateral, também ogival, rasgado em alfiz, com três arcos quebrados sobre colunas com capitéis vegetalistas. A cabeceira é facetada por contrafortes escalonados, rematados por gárgulas zoomórficas, com entablamento assente em modilhões. INTERIOR: acede-se ao interior do imóvel a partir do seu pórtico principal, o templo apresenta três naves, separadas por arcadas baixas, formando quatro tramos de arcos quebrados sobre colunas monolíticas e capitéis com decoração vegetalista. Iluminação uniforme, efetuada através de estreitas frestas nas naves laterais, pela rosácea da parede fundeira e pelas frestas de três gumes da abside. Pavimento ladrilhado e cobertura de madeira. Nas naves laterais encontram-se, à entrada, frente a frente, os túmulos monumentais de D. Diogo Afonso de Sousa (do lado do Evangelho), junto do qual se encontra um púlpito em madeira policroma, e de sua mulher, D. Violante Lopes Pacheco (do lado da Epístola). Arco triunfal quebrado, antecedido por degrau. Capela-mor de dois tramos e abóbada de arestas sobre mísulas decoradas, apresenta trono e altar em pedra. Cornija corre toda a parede testeira; ao centro encontra-se uma elegante fresta trilobada.

Acessos

Rua Pedro Julião. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,936519, long.: -9,337902

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 25 614, DG, 1.ª série, n.º 161 de 15 julho 1935 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 173 de 27 julho 1948

Enquadramento

Periurbano. Situa-se a c. de 1 Km. para sudoeste do Convento de Mafra, atual centro da vila, em zona de transição urbana-rural. Apresenta-se numa posição de destaque na pendente em que se insere, no centro de um átrio espaçoso, confronta com a Quinta da Cerca (IPA.00003117).

Descrição Complementar

Frente a frente, nas naves colaterais, encontram-se os túmulos monumentais de D. Diogo Afonso de Sousa e de sua mulher, D. Violante Lopes Pacheco, ambos em calcário branco, apresentam uma base retangular e são guarnecidos por escudos de armas não timbrados e cobertos por grossos tampos sem lavor. De acordo com a descrição que desta igreja faz Estácio da Veiga em 1879, a capela-mor teria um trono de altar "excelente obra de talha dourada", possivelmente do século 17, sendo as paredes das naves e da capela-mor revestidas a azulejo. Estes elementos já não existiam aquando do restauro do templo efetuado pela DGEMN na década de 1940.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Afeto ao culto, Concordata entre a Santa Sé e a República Portuguesa, 1940, artigo 6.º

Época Construção

Séc. 14 / 16 / 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

1189 - É passado primeiro foral a Mafra, por D. Nicolau, bispo de Silves, que a recebera de D. Sancho I (1154 - 1211), que mostra tratar-se já de uma povoação com alguma dimensão; 1289 - D. Dinis doa a vila de Mafra, com todos os seus direitos, incluindo o padroado da igreja, a João Fernandes de Lima e a sua mulher, Maria Anes, em troca da vila e senhoria de Portel (Chancelaria de D. Dinis, liv. 1, fl. 253 v. e liv. 3, fl. 13 v.); muito embora a documentação refira a existência de uma igreja nesta data, esta não teria ainda por orago Santo André, nem as informações obtidas a partir das escavações arqueológicas efetuadas permitem identificá-la como estando nas origens do atual templo; 1337, 30 julho - o testamento de D. Maria Anes de Aboim, mulher de João Fernandes de Lima, donatária da vila e devota de Santo André, referencia pela primeira vez o imóvel; sendo hoje considerado provável que esta senhora tenha aqui empreendido grandes obras, conferindo-lhe a atual feição, e alterado o seu orago para Santo André; 1344 - nesta data as obras da igreja estariam já terminadas, encontrando-se esta apta a receber o túmulo monumental de D. Diogo Afonso de Souza, herdeiro de Maria Anes de Aboim; 1340 - 1360 - data aproximada da Cruz de Santo André, que pertencia ao espólio da igreja *1; 1473 - padre visitador manda reparar o campanário; 1474 - padre visitador manda fazer dois arcos cobertos sobre o campanário; 1477 - visitador manda arranjar, com pedra e cal, três frestas da capela-mor; 1490 - era administrador da capela de D. Diogo Afonso de Souza, João Fernandes de Sousa; na mesma visitação o padre visitador manda levantar o cruzeiro por forma a ser visível em todo o templo; 1491 - por não ter sido levantado o cruzeiro, manda o padre visitador que se mude o "altar pera diante"; 1493 - chovia na igreja, pelo que o padre visitador manda que se façam obras; assim como que se faça um bom batistério; 1494, 01 junho - o padre visitador dá conta da existência de duas cruzes na igreja, a de Santo André (em prata e cristal) e outra toda de prata, um "tribullo" e uma naveta de prata, dez cálices, cinco dourados e cinco brancos, todos de prata, uma custódia de prata dourada, duas vestimentas de veludo e outras paramentarias; manda igualmente adquirir nova arca para as escrituras, assim como corrigir os dois portais e os sinos da igreja; o que estava corrigido na visitação do ano seguinte; 1495 - o padre visitador manda arranjar o telhado, pois chovia dentro da igreja, assim como arranjar as portas do coro; 1496 - manda fazer nova cruz para a igreja, por a antiga estar quebrada, assim como manda pintar um retábulo de Santo André e outro do crucifixo e elaborar um inventário da prata existente na igreja; 1497 - manda reparar o teto da igreja, por chover dentro dela; manda fechar a porta do coro; sé. 16 - a documentação referencia já a existência de sacristia; 1504, 03 maio - o padre visitador refere que chove dentro da igreja, pelo que manda reparar o telhado; 1505, 13 abril - na visitação deste ano é mandada caiar a igreja, pelo lado do sul; 1510, 15 maio - manda o padre visitador corrigir a cruz grande, assim como o teto, pois chovia na igreja; 1511, 24 maio - o padre visitador manda cobrir a pia de batizar; 1512, 30 abril - novas obras no telhado e cortina para o altar-mor; 1521, 07 maio - a visitação deste ano dá conta de obras na capela-mor, aquisição de azulejos e construção de degrau no seu acesso; 1523, 23 junho - manda o padre visitador que, com a verba que fora deixada a Nossa Senhora, se execute um altar daquela evocação; 1524 - na data da visitação chovia na igreja e o teto apodrecia, pelo que o padre visitador manda que a "telhem e a cintem"; 1525 - visitações referem a encomenda de um retábulo, que se deveria mandar pintar, para o altar de Nosso Senhor; 1528 - visitador manda que se acabe de pintar o retábulo e o tragam para a igreja até véspera de Nossa Senhora de Agosto; 1571, julho-agosto - Cristóvão de Távora seria donatário (Corpo Cronológico, Parte II, mç. 208, n.º 32); séc. 17 - por esta data, a capela-mor terá recebido uma grande campanha de obras, sendo decorada a talha dourada, pela mesma ocasião deverão ter sido removidos da capela-mor os túmulos monumentais de D. Diogo Afonso de Sousa e de sua mulher, D. Violante Lopes Pacheco; exteriormente terá recebido uma torre sineira, junto à cabeceira, do lado sul, assim como um outro grande compartimento (confirmado pelas campanhas arqueológicas de 1997 - 1998), provavelmente a "casa" da Irmandade do Santíssimo a que se refere a documentação (do lado da epístola, dividida por um arco); 1717 - início da construção do Convento e Basílica de Mafra (v. IPA.00006381), o que leva a uma definitiva transferência do centro da vila para as suas imediações, a nordeste, o que conduz a uma progressiva perda de importância deste templo; 1739 - data do sino; 1760 - é referenciada a existência de uma casa da Irmandade do Santíssimo; séc. 17 - 18 (fins) - púlpito de madeira, que se encontra hoje junto ao túmulo de Diogo de Sousa; 1834 - após a extinção das ordens religiosas, a sede de paróquia é transferida para a basílica; 1874 - J. Conceição Gomes, arqueólogo visita o templo, considerando "miserável" o estado de abandono em que este se encontrava, com vidros partidos, permitindo a entrada de corujas; não obstante, no artigo que redige para o boletim da Associação de Arquitetos Civis e Arqueólogos Portugueses (tomo I, série 2, 1874) refere o refere o revestinmento a talha dourada da capela-mor, dois bons altares de talha dourada no cruzeiro e o azulejo relevado com florões coloridos destes mesmos altares, assim como da capela-mor (estes de superfície lisa; 1879 - Estácio da Veiga (1828 - 1891) edita as suas "Antiguidades de Mafra", onde descreve a igreja, referindo a existência da torre sineira, de uma sacristia de má construção, junto à parede sul, e, do lado oposto uma outra pequena arrecadação, igualmente de má construção, refere, igualmente, o revestimento azulejar da capela-mor, assim como o trono "excellente obra de talha dourada" nas suas palavras; considera a igreja como sendo de estilo misto, "em que predomina o ogival"; 1881 - no inventário com o registo dos objetos destinados à exposição de arte ornamental, organizada pelo Museu Nacional de Arte Antiga, constam, como oriundos da Igreja de Santo André de Mafra: um frontal de couro estampado bastante deteriorado (emprestado pela junta da paróquia) e uma cruz processional de cristal com ornatos de prata dourada, tendo no cruzamento dos braços dois quadros, um representando Cristo, outro Nossa Senhora (emprestado pelo prior), a já mencionada Cruz de Santo André (PT-MNAA-EAO-001-0002-000001); 1903, 28 outubro - carta dirigira ao presidente da Comissão Executiva do Conselho dos Monumentos Nacionais e assinada por Guilherme Luiz dos Santos Ferreira (vogal do conselho em Mafra), dando notícia de que a Igreja de Santo André se encontrava prestes a iniciar uma grande obra de restauro por 1:500$000 réis, o autor da carta considera o templo anterior à Reconquista; refere que o altar estaria situado no centro da abside, sendo anterior à generalização do uso de retábulos; menciona, igualmente, que a igreja terá sido reconstruída na primeira metade do século 14, passando então o altar para o fundo da abside, e que terá sofrido grandes alterações no séc. 17, datando dessa época o trono e mais obra de talha da capela-mor, bem como a remoção dos túmulos monumentais para a nave; dá igualmente notícia de que a pia batismal estaria enterrada num ângulo do cemitério adjacente; das alfaias de culto nada haveria de destacar, à exceção de dois guadamecins de couro dourado, relevado e colorido, que tem servido de frontais de altar e se encontra à guarda da junta de paróquia (exemplares mudejares), e que poderão estar entre os objetos propostos para venda pela junta da paróquia ao governador civil do distrito; 1914 - Vergílo Correia (1888 - 1944) visita o templo que encontra semi-abandonado, dá igualmente conta de uma primeira tentativa de restauro, mas que não chegou a ser concluída; 1935, 25 maio - parecer do Conselho Superior de Obras Públicas prévio à grande remodelação da DGEMN, dá conta de demolições anteriores de elementos dos séculos 17 e 18; visita de reconhecimento do imóvel pela Direção de serviços de Monumentos Nacionais relata um templo sem cobertura e com a nave coberta de vegetação; sem arcos a separar as três naves, mas com as colunas e aduelas in situ, por seu turno a capela-mor artesoada encontra-se ainda em bom estado de conservação; 1936, 19 agosto - estimativa para a primeira fase das obras de recuperação num total de 49500$00; 1940, 24 fevereiro - a DGEMN pede autorização ao ministro das Obras Públicas para dos 40000$00 orçamentados para as obras na igreja, 20000$00 sejam disponibilizados pelo Fundo do Desemprego, sendo os restantes do orçamento da direção geral; 1940, 16 março - ofício da Câmara Municipal de Mafra congratulando a DGEMN pelos trabalhos em Mafra e da escolha do arquiteto [Joaquim] Areal para as supervisionar; 02 abril - autorização da comparticipação do Fundo do Desemprego na obra (portaria publicada no DG II série, n.º 17, 20 janeiro de 1940), devendo a DGEMN comunicar o início da obra com 15 dias de antecedência ao comissariado que gere o fundo para que este possa nomear fiscais; 11 abril - proposta de António Domingues Esteves, construtor civil, para execução da obra pelo montante de 40000$00, compreendendo: reconstrução completa dos arcos de cantaria das naves, compreendendo alicerces, bases, colunas, com aproveitamento de todos os elementos existentes e fabrico dos em falta, execução de paredes de alvenaria hidráulica, aproveitando parte do material existente, escavação e remoção de terras; o arquiteto responsável, Joaquim Areal, considera ser de aceitar a proposta; 15 abril - proposta aceite; 16 abril - o Comissariado do Desemprego nomeia Cezar Mentes Pinto como fiscal da obra, em substituição do desempregado Luiz Botelho de Barros, com salário de 15$00/dia; 07 outubro - Luiz Botelho de Barros substitui Cezar Montes Pinto; 31 dezembro - obras suspensas por se ter esgotado a dotação; 1941, 16 dezembro - por ofício da Direção de Serviços dos Monumentos Nacionais é informado o diretor geral, das obras "de péssimo gosto" executadas por um particular (António Martins) num seu prédio sem qualquer licença da DGEMN; 31 dezembro - informa a autarquia que não embargou as obras decorridas a menos de 50 metros por só ter tido conhecimento das mesmas já concluídas; 1942, 07 janeiro - é parecer da DGEMN intimar o proprietário a proceder à demolição do dito prédio, a CMM não tem poderes para o fazer, pelo propõe a ser a DGEMN a intimar o proprietário 1942, 31 março - por portaria é concedida à DGEMN uma comparticipação de 15000$00 do Fundo de Desemprego para prosseguir com as obras de restauro da igreja, contratações de trabalhadores para a obra têm de ser comunicadas ao comissariado, sob pena de coima ou suspensão indeterminada dos trabalhos; 04 maio - data prevista para o recomeço dos trabalhos; 21 novembro - recomeço das obras; 05 dezembro - dá entrada nova proposta por ajuste particular de António Domingues Esteves, construtor civil, para execução de trabalhos vários por 30000$00 (cantaria apicoada a fino assente com argamassa hidráulica em colunas, capitéis, arcos, cornijas, etc; cobertura do telhado em telha românica nos canais e portuguesa em capas; remoção de entulhos); proposta aceite; 1942, 28 agosto - carta manuscrita do Ministério das Finanças, chefe do Pessoal Menor, para o engenheiro Gomes da Silva, diretor-geral da DGEMN, dando conhecimento de que continua a desaparecer material da igreja, incluindo material das obras, as formas dos arcos, e partido um artístico colunelo de uma das janelas da abside; 1943, 23 dezembro - nova interrupção das obras por falta de verba; 1943, fevereiro - obra prossegue; maio - conceção do subsídio de 15000$00 do Fundo do Desemprego, no entanto a DGEMN não tem respeitado a observância da portaria no que concerne ao fornecimento de informação sobre os operários; nova proposta de ajuste particular ao mesmo empreiteiro, até à quantia de 30000$00 para pavimento em tijolo prensado assente em espinha com argamassa hidráulica, paredes mistas de alvenaria, cintas em betão armado em frechas, cobertura em telha, remoção de entulhos; proposta aceite; 15 julho - obras paradas por falta de verba; 13 dezembro - nova proposta aceite, também por 30000$00; 1944, 11 janeiro - nova comparticipação do Fundo do Desemprego; 1944, 25 janeiro - obras em fase de conclusão; novo subsídio e nova proposta por ajuste diteto; 1944, 31 maio - proposta de ajuste particular ao carpinteiro José de Sousa Camarinha, para trabalhos vários por 9811$50; 03 junho - adjudicada; 03 julho - ofício da Câmara Municipal de Mafra propondo a inauguração do templo pós-obras para 22 de outubro, dia da sagração da basílica, do nascimento de D. João V e feriado municipal (PT DGEMN:DSID-001/011-1556/3); 16 novembro - proposta de ajuste particular a António Domingues Esteves até 30000$00 por serviços vários (construção e assentamento de um altar em cantaria com supedâneo, de uma cruz em cantaria para a empena da fachada principal, caiação em branco a duas de mão e remoção de entulhos); adjudicada a 21 novembro; José de Sousa Camarinha assina contrato para reparação do telhado até 3500$00; 1945, 19 maio - memória descritiva da zona de proteção da igreja, sendo que a área interdita a construção abrange um pouco mais do que o adro e uma esplanada municipal à data existente a sul da igreja; 26 maio - envio por parte da DGEMN à Junta Nacional de Educação da planta com a proposta da zona a estabelecer como sendo de proteção da igreja; 05 julho - parecer favorável emitido pela Direção Geral do Ensino Superior e das Belas Artes; 17 julho - envio da proposta para parecer do Conselho Superior de Obras Públicas; 27 agosto - o Conselho Superior de Obras Públicas aprova por unanimidade a proposta apresentada; 1946, 20 novembro - ofício da câmara dá conta da conclusão da obra, faltando colocar-se um campanário (que se encontra no museu do Palácio Nacional), assim como de gradeamento no terreiro arvoredo (que a autarquia se propõe efetuar); 1949, 15 fevereiro - é autorizada a transferência de duas pias de água benta que haviam sido transferidas para a basílica após esta ter assumido a sede paroquial em meados do 19, para os nembos da entrada principal; 1949, 28 maio - ofício da Câmara Municipal solicitando a conclusão das obras (campanário, vedação do adro com cancela de ferro do lado sul do templo e colocação de uma lápide sepulcral com epitáfio, no adro); 1949, 13 junho - o campanário previsto no boletim deverá ser executado nas obras de 1950; 1950, 3 junho - solicitação por parte da Direção de Serviços de Melhoramentos Urbanos (DGSU) de autorização para rebaixamento do muro de vedação existente entre a cerca do centro de assistência social e a igreja (ficando com a altura máxima de 1,80 m. a 2,00 m. do lado da igreja), o que é autorizado pela DGEMN; 27 julho - indicação para colocação do portão no adro; 1953, 04 setembro - vitral da fresta da sacristia partido, assim como em duas janelas do altar-mor e naves ("por pedradas"), prevendo-se o seu arranjo em 500$00, incluídos no plano de obras corrente desta igreja; 23 novembro - para além dos vitrais prevê-se a reparação de telhados, caiações (interiores e exteriores), pinturas, etc., no valor de 2500$00; 31 dezembro - comunicação da autorização para adjudicação da obra de "Reparação dos vitrais e caiações exteriores na Igreja de Santo André de Mafra" ao empreiteiro António da Costa Saraiva, pelo montante de 5910$00; 1954, 22 fevereiro - o presidente da Comissão Municipal de Turismo solicita junto da DGEMN obras de reparação da igreja que se encontra em "mui precário estado de conservação"; 16 setembro - em resposta ao despacho da direção da DGEMN exarado sobre o ofício da autarquia, a DSMN informa não dispor da verba necessária para proceder à reparação da igreja (vitrais, pintura de portas e caiações internas) no valor de 4000$00, para o que recebe um reforço orçamental; 22 dezembro - empreitada referente a "diversos trabalhos de pintura e caiação" adjudicada a António Ferreira de Almeida por 8000$00; 1956, 13 novembro - necessidade de reparação urgente da cobertura por danos provocados pela Comissão de Festas a Santo André (para iluminação da fachada); é solicitada autorização ao pároco para que seja chamada a comissão de festas a recuperar o telhado (substituição de telhas); 19 dezembro - informando que o telhado já se encontra reparado, o pároco da Basílica de Mafra solicita à DGEMN a colocação de redes para proteção dos vitrais do templo, pois encontrando-se o templo num extremo da vila está sujeito a vandalismo; 1957, 28 fevereiro - solução que é repudiada por prejudicar o aspeto do imóvel, sendo aconselhado um aumento de policiamento; 1960, 14 março - pequena notícia publicada no Diário Ilustrado dá conta do abandono a que o templo está votado, abrindo ao culto apenas uma vez por ano, e solicita à DGEMN que tome providências uma vez que se trata de um Monumento Nacional; 15 abril - a DSMN informa que a igreja precisa apenas de conserto dos vitrais (sujeitos a vandalismo por falta de policiamento), encontrando-se em condições de abertura ao culto; por ordem ministerial é solicitada à CMM um aumento do policiamento local; 23 abril - reparação de um muro; 1965, 26 dezembro - carta manuscrita assinada por "uma mafrense", enviada ao engenheiro Pereira da Silva, DGEMN, dando conta do estado de abandono da igreja: vidros (incluindo rosácea) partidos, erva sobre o telhado facilitando a infiltração de águas das chuvas, portas a necessitar de pinturas; 1967, 26 fevereiro - confirmação da situação por parte de DSMN, obras previstas em 20000$00, para as quais será necessário reforço orçamental; 27 julho - autorização para reforço orçamental; após realização de processo concursal, é proposta a adjudicação a Cândido Patuleia por 25000$00; 1972, 25 novembro - nova carta de um particular dá conta das mesmas necessidades de intervenção; agora estimada em 52000$00; segunda carta em 1974 dá conta da mesma questão; 1974, setembro - a abertura no telhado permitiu um assalto, o arranjo das coberturas é estimado em 75000$00, adjudicada a António Paulo Costa da Luz por 69900$00; 1978, setembro - obras para abastecimento de eletricidade pelo montante de 20255$00, concurso para a remodelação da instalação elétrica; 1980, 19 agosto - carta manuscrita, assinada por Mário Lopes Santan, dá conta do mau estado de conservação em que se encontra a Igreja de Santo André (cobertura a necessitar de remoção da vegetação, portas e janelas a necessitar de pintura, muro do terreiro a necessitar de reparação), critica feita à obra recente de eletricidade que muito prejudica o templo; novembro - obras gerais de beneficiação, por 59000$00 (substituição integral da cobertura); 1982, maio - aquando da preparação da visita do papa João Paulo II ao nosso país é mostrado interesse em incluir no percurso a Igreja de Santo André, em Mafra, onde o Papa João XXI terá sido ordenado prior de Mafra pelo rei D. Afonso III, para o que se tornaria necessário proceder a obras de conservação (estimadas em 300000$00); a visita a Mafra não se concretizou; 1997-1998 - escavações arqueológicas efetuadas pela Câmara Municipal de Mafra confirmam a origem trecentista do templo, bem como de várias estruturas anexas, entretanto demolidas (batistério quatrocentista, compartimentos laterais anexos à nave da igreja, junto à cabeceira, do lado sul, foi identificado um grande compartimento, provavelmente a "casa" da Irmandade do Santíssimo, também junto à cabeceira, do lado da epístola, encontrava-se edificada uma torre sineira dos séculos 16-17 demolida durante o restauro da DGEMN nos anos 1940); durante as escavações encontraram-se igualmente os vestígios de uma necrópole utilizada entre o período medieval e o século 19.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma (cabeceira) e paredes autoportantes (nave)

Materiais

Estrutura de cantaria calcária e alvenaria rebocada. Cobertura de telha.

Bibliografia

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Documentação Gráfica

DGPC/SIPA: DGEMN/DSID, DGEMN/DRML; Arquivo Histórico e Biblioteca do MOPTC: D0007A (desenho do retábulo de Nossa Senhora das Dores); CMM: AHMM

Documentação Fotográfica

DGPC/SIPA: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

DGLAB/ANTT: Chancelaria de D. Dinis, liv. 1, fl. 253 v. e liv. 3, fl. 13 v; Corpo Cronológico, Parte II, mç. 208, n.º 32; Colegiada de Santo André de Mafra, caixa 3389; DGPC/SIPA: DGEMN/DSID; DGEMN:DSARH-010/135-007; DGEMN:DSARH-010/135-008; DGEMN:DSARH-010/135-009; DGEMN:DSARH-010/135-010; DGEMN:DSARH-010/135-011; DGEMN:DSARH - 010/135-012.

Intervenção Realizada

DGEMN: 1940 - 1944: obras de restauro: demolição do embasamento da torre e edifícios anexos; apeamento dos contrafortes sobrepostos às fachadas laterais; assentamento das colunas da nave; reintegração do pórtico principal; cintagem encoberta das paredes; reconstrução da parte superior das empenas de cantaria e telhado; alteração do arco ogival sobre colunelos da capela-mor para sacristia, para arco conopial sobre pés-direitos, etc; 1953: recuperação de vitrais; 1967: obras de conservação e limpeza geral dos telhados; fornecimento de vitrais; 1974: obras urgentes de conservação; 1978: beneficiação do ramal de alimentação elétrica; 1979: reparação de instalação elétrica, da iluminação e tomadas; 1980: obras de beneficiação, limpeza e reparação; 2000 /2001: renovação da cobertura com colocação de subtelha; caiação do interior; tratamento do teto.

Observações

segundo reza a tradição, a igreja está ligada ao nome de Pedro Hispano, pois aqui teria sido pároco o futuro papa João XXI. *1 cruz processional em prata dourada, repuxada e cinzelada, apresentando no cruzamento dos dois braços, em cristal de Veneza, dois quadros, um representando Cristo, outro Nossa Senhora, contém ainda os escudos dos Sousas de Arronches e dos Pachecos. Sofreu modificações no séc. 18.

Autor e Data

Paula Tereno 2017

Actualização

 
 
 
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