Palácio da Palma
| IPA.00023037 |
| Portugal, Setúbal, Alcácer do Sal, União das freguesias de Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo e Santiago) e Santa Susana |
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| Palacete. | |
| Número IPA Antigo: PT041501010056 |
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| Registo visualizado 969 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa Palacete
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Descrição
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| Planta longitudinal, irregular, com articulação de vários corpos e capela integrada.
Casa principal da Herdade da Palma, também conhecida como o Palácio da Palma, edifício construído ou reconstruído a partir de planta de Carlos Chambers Ramos (1987-1969) datada de 1929 (mas com selo fiscal no verso datado e assinado pelo autor em 1933). Planta longitudinal, que se desenvolve em três pisos no edifício principal e em dois pisos nos dois edifícios adjacentes. O volume mais destacado, representando a zona nobre de habitação, foi erigido sobre estrutura pré-existente onde se salienta um pórtico em pedra com seis arcos abatidos, ou asa de cesto. Esta estrutura reflete, provavelmente, as funções agrícolas e/ou comerciais da propriedade, zona ou de criação ou cuidado dos animais empregues nos transportes . Uma ribeira próxima, afluente do Sado, e a passagem de uma ligação da mala-posta por esta região, dão indicação desta aldeia de Alcácer do Sal enquanto local propício como nó de comércio dos produtos desta zona fértil. Em 1920 é construída a estação ferroviária de Monte Novo da Palma, a 5 km.
O pórtico pode ser uma reminiscência da Quinta associada ao que é referido em documentação antiga como o Palácio Velho da Palma, integrando o Morgado de Alcácer do Sal, instituído cerca de 1500 e mais tarde Condado. Condes de Palma, família Mascarenhas.
Não foi encontrado à data memória descritiva ou nota de encomenda mas a avaliação do desenho de Carlos Ramos para a planta deste edifício pode supor que se tenha tratado de adaptação de conjunto de edifícios relacionados com a atividade anterior de Quinta, às necessidades novas para habitação da família, os descendentes mantêm atualmente a propriedade. Um brasão da família cobre o portão de acesso no centro do desenho.
Uma das três maiores propriedades agrícolas no país na segunda metade do século XX, 15 mil hectares, foi nacionalizada após 1975 e ocupada pelo Estado para instalação dos Serviços Florestais. Com a reversão da Reforma Agrária e nacionalizações terá regressado à posse dos anteriores proprietários, Posser de Andrade, que hoje exploram turisticamente o edifício e a propriedade.
O arquiteto aproveita o pórtico não só para lhe sobrepor no piso superior um alpendre suportado por pequenas colunas alinhadas no seguimento do ponto de ligação entre os arcos do piso térreo, mas também lhe dá continuidade através de um muro no lado esquerdo do alçado principal deste primeiro edifício, muro que encerra um grande pátio quadrangular e termina na fachada lateral do terceiro edifício cuja entrada principal se faz pelo pátio bem como a da fachada principal do segundo edifício, que fecha o pátio na zona posterior fazendo também de ligação entre o primeiro e terceiro
edifícios. O edifício recuado relaciona, ao nível do segundo piso na fachada principal, cinco vãos curvos em volta perfeita num jogo rítmico moderno com a forma e métrica da arcaria no edifício principal à direita. Este desenho, conjugado com pormenores como a abertura de vãos simétricos ao nível do primeiro piso e piso térreo no terceiro edifício, vãos de sacada com varanda no primeiro piso; a escolha nas coberturas por telhados a quatro águas a rematar de forma quadrangular, no extremo esquerdo do primeiro e terceiro edifícios (os que confinam com o pano exterior principal), o resto da cobertura em duas águas que se desenvolve longitudinalmente; um telhado isolado em coruchéu como cobertura em miniatura de um lance pequeno e discreto de escadas exteriores que dão acesso à zona do alpendre na fachada principal, este pequeno telhado em coruchéu sobreleva-se em relação ao telhado do alpendre encontrando-se, contudo, no mesmo alinhamento; o desenho das chaminés, mais altas e em bico para dar continuidade aos limites do edifício principal ou, mais pequenas, impondo ritmo e unidade ao conjunto dos três volumes, é um desenho com características que podemos encontrar em experiências de uma das facetas do primeiro modernismo no país. O compromisso com valores tradicionais ou entendidos dessa forma (antes do Inquérito à Arquitetura Popular Portuguesa), a planta de Carlos Ramos é anterior também à publicação de Casas Portuguesas de Raul Lino, sendo ambos arquitetos da mesma geração.
A Leprosaria Nacional Rovisco Pais, em Cantanhede, da autoria de Carlos Ramos e Bissaya Barreto (1939-1940) é uma construção aparentada com o Palácio da Palma. Noutra forma semelhante pode ser considerado o plano para a moradia no Restelo (R. D.Francisco de Almeida nº9), prémio municipal de arquitetura em 1946, facto que não a impediu de ter sofrido adulterações significativas.
Carlos Ramos, apesar deste tipo de desenhos, mais conservadores a que não deixará de voltar ao longo da sua carreira, também participa, só ou acompanhado, em projetos associados aos segundos e terceiros modernismos.
O conjunto que constituí o Palácio da Palma na atualidade parece corresponder em grande medida ao desenho de Carlos Ramos de 1929, tudo indicando que terá sido obra concretizada. Perdeu alguns elementos que configuravam unidade e harmonia ao conjunto dos três edifícios, nomeadamente o muro que fechava o pátio entre eles, com portão e brasão sobrepujado, tendo consequências também na leitura do lance de escadas que dão acesso ao alpendre. Também a modificação do desenho dos vãos para janelas simples no terceiro edifício, o acrescento de três pequenos vãos para entrada de luz no segundo piso do edifício principal e a eliminação das quatro águas no remate esquerdo da sua cobertura. |
Acessos
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| N5 - Herdade de Palma, Moita do Gato, Palma, R. Nova 90, 7580- 325; 38°28'49.19"N, - 8°35'44.49"W |
Protecção
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Enquadramento
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| Rural, isolado. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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| Residencial: casa |
Utilização Actual
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| Comercial e turística: casa de turismo de habitação |
Propriedade
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| Privada |
Afectação
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| Sem afectação |
Época Construção
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| Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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| ARQUITECTO: Carlos Ramos |
Cronologia
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| Séc. 13 - tornou-se conhecido quando aqui funcionava uma 'Capelania' da Ordem de Santiago; séc. 15 / 16 - D.Pedro de Mascarenhas (14??-1555), Vice-Rei da India, esteve na herdade quando "apadrinhou S. Francisco Xavier que rezou missa na então capela do Palácio (agora sala de jantar) e, contam os antigos, abençoou as águas da fonte Árabe então rebaptizada com o seu nome e que ainda agora abastece toda a aldeia de Palma; 1875, c. de - a casa foi "re-amanhada" pelo lado S.Romão da família, pela mão de José Maria dos Santos, que casou com a quartavó, então viúva, não resultando qualquer descendência dessa união; El-Rei D.Carlos foi hóspede frequente, em programas de caça ou/e altas cavalarias; 1920 - inauguração da estação ferroviária de Monte Novo da Palma; 1929 - desenho e planta de Carlos Ramos para Palácio da Palma; 1933 - data do selo postal nas mesmas plantas; 1959 - Secretaria de Estado da Agricultura encarrega a JCI (Junta de Colonização Interna) de estudar solução para o aldeamento de palhotas junto à estação. O aldeamento formou-se em 1953 quando da extensão das obras de rega do Vale do Sado. Nessa altura parte do terreno estava em propriedade particular, em 1959 por via de trocas encontra-se na maioria em domínio público marítimo; 1959 - do relatório (elaborado pelo Eng.º. Agrónomo Francisco Manuel Carvalho Rodrigues e o Arq. Vasco Rodrigues Pereira Alexandrino Lobo Soares) resultou que para a construção de habitação permanente com terreno arável suficiente, para um grupo de 37 pessoas cujas palhotas se encontravam na Herdade da Palma seria necessário adquirir 50 ha de terreno aos seus proprietários, a família Posser de Andrade, representada pela firma Barreiros&Companhia (Irmãos). A firma negou-se a vender alegando que retiraria produtividade a uma herdade com o total de 5mil ha (hoje com 15 mil), a mesma firma detinha na mesma altura no resto do país cerca de 30 mil ha de propriedade agrícola; o relatório seguiu para o Ministro das Obras Públicas pedindo que se procedesse por outros meios legais para a tomada da propriedade; a JCI terá sido responsável pela construção de um povoamento presente hoje junto à estação ferroviária desativada e não nos terrenos da Herdade da Palma, que devia necessitar e utilizar esta mão-de-obra sazonal mas não estaria disposta a ceder terreno para construção de habitação para a mesma; no sítio do aldeamento de palhotas dentro da Herdade da Palma encontra-se hoje um conjunto de cerca de 15 casas de habitação em torno de um pátio, em volta do qual se identificam edifícios de apoio às atividades agrícolas; 1975 - nacionalização da propriedade; 1987 - pedido de compra à Sociedade Agrícola da Palma de três edifícios para instalação dos Serviços da Direção Geral das Florestas, no mesmo pedido refere-se existirem mais duas moradias na propriedade, pertencendo a um antigo feitor e funcionário da mesma Direção Geral das Florestas, refere-se ainda que a propriedade do solo de toda a herdade é do Estado e com a proposta de compra impede-se a propriedade privada de imóveis parcelando o usufruto total por parte do Estado. |
Dados Técnicos
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Materiais
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Bibliografia
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| BILOU, Francisco, “Miguel de Arruda e a capela das 11 mil virgens em Alcácer do Sal. Para uma valorização documental e interpretativa da obra e do seu autor”, Academia.edu, s.d.; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e CASTRO, Sandra, As freguesias dos Distritos de Lisboa e Setúbal nas Memórias Paroquiais de 1758, Braga, 2016 pp.593-594 e p. 95; CARDOSO, Luís,, C.O., ?-1762, Diccionario geografico, ou noticia historica de todas as cidades, villas, lugares, e aldeas, rios, ribeiras, e serras dos Reynos de Portugal, e Algarve, com todas as cousas raras, que nelles se encontraõ, assim antigas, como modernas / que escreve, e offerece ao muito alto... Rey D. João V nosso senhor o P. Luiz Cardoso, da Congregaçaõ do Oratorio de Lisboa.... - Lisboa : na Regia Officina Sylviana, e da Academia Real,, 1747-1751. - 2 t. em 2 vol. ; 2º (30 cm), 1º vol. pp-127-141 (BN online: ); COUTINHO, Bárbara, Carlos Ramos, Comunicador e Professor - Contributo para a Afirmação e Divulgação do Moderno, in Arquitetura Moderna Portuguesa 1920-1070, IPPAR, 2004, pp.48-57.; FERNANDES, José Manuel, Carlos Ramos - Arquiteturas do século XX em Portugal, INCM/ISC, 2014; IAPXX, Inquérito à Arquitetura do Século XX em Portugal, Editor João Afonso, Ordem dos Arquitetos, 2005, p.97; GUERREIRO, Filipa, Colónias Agrícolas Portuguesas construídas pela Junto de Colonização Interna entre 1936 e 1960. A casa, o assentamento, o território, 2015, FAUP. Tese Doutoramento. p. 544; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol.6, Lisboa, Livraria Editora de Matos Moreira e Companhia, 1875, pp. 428-429; "Relatório das atividades da JCI em 1959. JCI, Lisboa, 1960. p.32 (RODRIGUES, Francisco M. de Carvalho. Da instalação conveniente do aldeamento irregular de Monte Novo de Palma. Lisboa, JCI, 1959; http://www.palmapalace.com/pt/main.htm; http://estilosdeda.rtp.pt/rtp/palacio-velho-de-palma-ter-1.html [consulta em 30-06-2011]; https://arquivo.cdi-maceiraliz.pt/index.php/herdade-da-palma-2 [consultado em 10.05.2022]; https://osaldahistoria.blogs.sapo.pt/meloas-de-palma-inspiraram-poetas-13531 [consultado em 10.05.2022] |
Documentação Gráfica
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| Fundação Calouste Gulbenkian: Espólio Carlos Ramos, CR5 e CR6.
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Documentação Fotográfica
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Documentação Administrativa
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| DGPC: DGEMN:DSE.0033/6; DGADR:16030; IPPC:DGEMN:DSPI, 170C |
Intervenção Realizada
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Observações
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| EM ESTUDO. |
Autor e Data
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| Josina Almeida, março de 2023 |
Actualização
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