Santuário de Nossa Senhora da Peneda, incluindo o património móvel integrado

IPA.00002212
Portugal, Viana do Castelo, Arcos de Valdevez, Gavieira
 
Arquitetura religiosa, barroca e neoclássica. Monte Santo, de influência direta do Santuário do Bom Jesus do Monte (v. IPA.00005694), constituído por largo do pórtico e escadaria, subindo em lanços suaves e em linha reta, ligando várias ermidas de planta centralizada e cobertura piramidal, de cantaria, construídas em épocas distintas, onde se integram os vários passos da Via Sacra, compostos por figuras de vulto, predominantemente de caráter popular, com pórtico dos Evangelistas acedendo a amplo terreiro, onde se erguem os quartéis, e o Escadório das Virtudes, com patamares pontilhados de fontes e estatuária. No topo, surge a igreja neoclássica, de planta retangular, composta por nave, de cinco tramos definidos por pilastras colossais, capela-mor e anexos laterais, com coberturas interiores em falsas abóbadas de berço e bastante iluminada por janelas retilíneas. Fachada principal do tipo fachada harmónica, com corpo central rematado em frontão triangular e de dois registos tripartidos, com duas ordens arquitetónicas distintas, dórica no inferior e jónica no superior. Torres sineiras de vários registos com coberturas em coruchéus bolbosos. Interior com coro-alto, quatro capelas laterais pouco profundas e duas profundas contendo retábulos de talha tardo-barrocos, púlpitos confrontantes neoclássicos com acesso pelo interior da caixa murária e, na capela-mor, retábulo-mor neoclássico, de planta convexa e um eixo. Santuário Mariano influenciado pelo do Bom Jesus, mas numa escala menor e com menor riqueza decorativa e qualidade escultórica, ainda que as estátuas das Virtudes, por exemplo, tenham sido encomendadas ao escultor Francisco Luís Barreiros, em 1860, segundo os modelos apresentados e as dimensões das do Bom Jesus. A disposição em linha reta da igreja e da Via Sacra não é original, visto que, inicialmente, se implantavam dispersas, e a igreja corresponde à segunda do santuário, tendo sido mandada construir a partir de 1835, mais para O. da primitiva, que depois foi transformada em quartéis e, mais tarde, demolida. As atuais capelas da Via Sacra resultam de duas fases construtivas. As mais antigas são referidas pela primeira vez em 1742 e correspondem às dispostas a E. do escadório, com planta quadrangular, portal retilíneo e passos da Paixão de Cristo, desde o passo de Cristo no horto até à Ressurreição de Cristo. As do lado O. datam da década de 1780, são maiores, têm planta hexagonal, linhas exteriores mais ricas, com fachada principal terminada em frontão triangular e vãos abatidos sublinhados por cornijas contracurvas, dispondo-se num ritmo mais espaçado e com passos complementares aos do lado oposto, predominando essencialmente cenas da infância de Cristo. Todas estas capelas tinham a cobertura revestida a telha, para maior impermeabilização, mas que, entretanto, foi removida. No interior os grupos escultóricos apresentam qualidade distinta, existindo figuras muito atarracadas (Entrada em Jerusalém) ou com corpos muito musculados (Adoração dos Pastores). No largo do pórtico, no início da Via Sacra, dispõe-se chafariz com o Anjo Gabriel sobre coluna inscrita, o qual, juntamente com a Virgem que surge na face interior do pórtico, cria uma Anunciação. O escadório que precede a igreja, o de maior riqueza escultórica, possui os muros em silharia fendida, painéis de aparelho "vermiculatum", fontes tipo nicho com elementos simbólicos, as Virtudes Teológicas, urnas e obeliscos piramidais. No topo deste escadório, desenvolve-se a igreja, cuja torre sineira E. só foi concluída no séc. 20 e os anexos da fachada O. nunca foram terminados. No interior, os retábulos laterais foram feitos pelo mesmo entalhador, apresentando estrutura semelhante, ainda que com pequenas nuances dois a dois, possuindo os das capelas profundas baldaquino no remate. Um dos retábulos do Evangelho representa a tradição da aparição de Nossa Senhora da Peneda a um homem de Ponte de Lima.
Número IPA Antigo: PT011601130030
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Religioso  Templo  Santuário  

Descrição

Monte Santo composto por escadório, onde se implantam as capelas da Via Sacra, várias fontes, cruzeiro, pórtico dos Evangelistas, Escadório das Virtudes e, no topo, o terreiro da Igreja. IGREJA de planta retangular composta por nave e capela-mor, mais estreita e da mesma altura, tendo adossado lateralmente torres sineiras quadrangulares, à fachada lateral esquerda corpo retangular e na oposto um outro, mas que se prolonga por toda a fachada. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja e de uma nos corpos adossados, rematados em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com soco de cantaria, pilastras toscanas nos cunhais, coroadas por urnas, e remates em friso e cornija. Fachada principal virada a S., harmónica, com corpo central ladeado por duas torres. O corpo central, de dois registos separados por friso, tem o inferior dividido em três panos por pilastras dóricas, abrindo-se ao centro o portal, de arco abatido, com chave relevada e moldura encimada por elemento de cantaria e cornija reta. No segundo registo rasgam-se três janelões, o central maior, em arco de volta perfeita, com chave relevada e de onde parte fina grinalda fitomórfica, sobre pilastras, enquadrado por pilastras jónicas, que sustentam frontão semicircular percorrido por denticulado; os laterais têm verga abatida, com dupla moldura, chave relevada e frontão semicircular, com o tímpano de cantaria. Em frente das janelas corre balaustrada de cantaria, formando sacada na central, tendo nos extremos acrotérios almofadados. Este corpo remata em frontão triangular, com o tímpano em cantaria, ornado com brasão nacional, coroado por cruz latina de braços quadrangulares e trevados sobre acrotério. As torres sineiras, sensivelmente recuadas, possuem três registos, separados por duplo friso e cornija, abrindo-se no primeiro janela abatida, de dupla moldura, e no segundo, janela de sacada semelhantes às laterais do pano central, assentes em mísulas e com guarda em balaustrada. O terceiro registo, em cantaria e seccionado por friso, é rasgado, em cada uma das faces, por vão em arco de volta perfeita, de chave relevada, sobre pilastras, formando falsos brincos retos, interligadas por motivo semicircular inferior relevado, e albergando sino. Apresentam remate em balaustrada de cantaria, com acrotérios nos cunhais coroados por urnas, e cobertura em coruchéu bolboso. Fachadas laterais rasgadas por janelas retangulares de moldura simples, correspondendo a quatro na nave e a duas na capela-mor. Na lateral esquerda, abre-se ainda na face posterior da torre, na nave e na capela-mor, portais de verga reta e moldura encimada por frisos e cornija, possuindo a torre e o corpo adossado vários silhares em espera. Na fachada lateral direita, os corpos adossados dividem-se em dois panos por pilastras, cada um deles rasgado por um portal de verga reta, com moldura encimada por espaldar recortado, rematado em cornija, entre janelas jacentes, com molduras formando falsos brincos retos e terminadas em cornija. Fachada posterior terminada em empena, coroada por cruz latina biselada sobre acrotério, e rasgada por duas janelas jacentes, de molduras formando falsos brincos retos. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, de cinco tramos definidos por pilastras colossais, duas delas sobrepostas por consolas com imaginária, pavimento em lajes de cantaria e cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, sobre entablamento bastante desenvolvido. No primeiro tramo desenvolve-se o coro-alto de cantaria, sobre arco abatido assente em consolas, com guarda em ferro, acedido de ambos os lados por portas de verga abatida com fecho relevado. No sub-coro existe guarda-vento de madeira envernizada, definido por pilastras de inspiração dórica, sustentando frontão semicircular, com IHS inscrito no tímpano. De cada lado abrem-se portais de verga abatida com fecho relevado, de acesso ao coro e às torres. Do lado do Evangelho existe pia de água benta de taça lisa, sobre pé facetado, e do lado da Epístola pia de água benta de taça hemisférica gomeada. Nos tramos seguintes surgem arcos de volta perfeita, com chave relevada, sobre pilastras, interligadas às janelas superiores, de verga abatida e com moldura terminada em cornija reta. No segundo tramo, no interior do arco, rasga-se portal de verga abatida, com chave relevada encimada por frontão com sobreporta de perfil curvo, rematada em cornija reta e tendo ao centro motivo relevado com pingentes. Nos tramos seguintes os arcos correspondem a capelas, albergando retábulos de talha policroma e dourada, de planta reta e um eixo, semelhantes dois a dois, sendo as últimas profundas, e fechadas por guarda em ferro. As capelas possuem a seguinte invocação: Visitação, Aparição da Senhora das Neves da Peneda a um homem de Ponte de Lima e Sagrada Família no regresso do Egito, no lado do Evangelho, e Nossa Senhora da Conceição, Santa Ana ensina a Virgem a Ler e Anunciação, no lado da Epístola. As terceiras pilastras são sobrepostas por púlpitos, confrontantes, de talha policroma e dourada, de bacia retangular sobre mísula, guarda plena, com apainelados ornados por cartela com florão, festões e motivos vegetalistas, com friso inferior de óvulos contendo florões e dardos; são acedidos por porta de verga reta, encimada por cornija e baldaquino de talha, com lambrequim de drapeados, rematado em espaldar vazado, com urna central, terminado em cornija contracurva e motivos vegetalistas vazados, e florões laterais. Arco triunfal de volta perfeita, sobre pilastras, sobreposto por sanefão em talha policroma e dourada, ornado com festões e motivos fitomórficos entrelaçados, de boca rendilhada, e tendo no fecho brasão nacional e acantos. Capela-mor rasgada lateralmente por porta de arco abatido, com dupla moldura e chave relevada, encimada por friso e cornija, e por janela igual às da nave, com cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, de três tramos, conferidos por arcos. Sobre supeâneo, dispõe-se o retábulo-mor, em talha pintada de bege, azul e dourado, de planta convexa e um eixo, definido por quatro colunas caneladas, de terço inferior marcado e decorado com festões, assentes em dupla ordem de plintos, os inferiores estriados e os superiores decorados com elementos vegetalistas, e de capitéis coríntios, coroados por urnas sobre acrotérios e plintos paralelepipédicos, estriados. Ao centro, abre-se ampla tribuna, em arco sobre falsas pilastras estriadas, decorado com motivos vegetalistas vazados, interiormente pintado com folhagem e albergando trono; este tem cinco degraus, ornados de festões e elementos fitomórficos, sobreposto por baldaquino, com colunas nos cunhais, de terço inferior estriado, sustentando o entablamento, com cobertura e urnas laterais, e frontalmente rasgado por arco de volta perfeita com drapeados a abrir em boca de cena. A estrutura termina em espaldar recortado, ornado de festões, com chave relevada, rematada em cornija, sobreposta por acantos e volutados. Banco com apainelados decorados com motivos vegetalistas, tendo ao centro sacrário, de talha dourada, tipo baldaquino, rasgado por arco polilobado com flores e folhagem, sobre colunas caneladas, inferiormente com pérolas e de terço inferior ornado de elementos fitomórficos, e de capitéis jónicos; remata em cornija contracurva sobreposta por folhagem e enquadra porta, recuada e decorada com elementos eucarísticos. Altar tipo urna contendo no frontal urna e motivos vegetalistas. O caminho ascensional do ESCADÓRIO inicia-se por escada de 75 degraus e dois lanços, no topo do qual surge plataforma, acedida por pórtico, com arco de volta perfeita, de fecho volutado, assente em pilastras toscanas, ladeado por pilastras, sustentando entablamento dórico e tabela, rematada em cornija contracurva, coroada por cruz latina sobre acrotério, entre pináculos piramidais com bola; o portal é ladeado por amplas aletas. Na face principal da tabela apresenta brasão nacional e, na posterior, nicho, em arco de volta perfeita, sobre pilastras almofadadas, interiormente concheado e albergando imagem pétrea da Virgem. O pórtico dá acesso a terreiro octogonal, delimitado por muro, capeado a cantaria, interiormente percorrido por bailéu, integrando seis capelas, com passos da Via Sacra, e tendo ao centro coluna, sustentando figura do anjo da guarda. As três capelas dispostas a E. possuem planta quadrangular, simples, com cobertura piramidal, de cantaria, coroada por pináculo piramidal com bola assente sobre plinto paralelepipédico. Têm fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras toscanas nos cunhais, coroadas por pináculos piramidais com bola, assente sobre plintos paralelepipédico, e terminadas em friso e cornija, frontalmente encimada por cruz latina de braços quadrangulares, percorridos por sulco, sobre acrotério. Na fachada principal, percorrida por embasamento, abre-se portal, de verga reta e moldura encimada por cornija e lápide com inscrição, delida, criando fresta de arejamento, entaipada. No INTERIOR, com as paredes rebocadas e pintadas de branco e pavimento de cantaria, albergam grupo escultórico alusivo ao Passo da Paixão, representando Cristo no horto, Beijo de Judas e Cristo despojado das Vestes. As três capelas dispostas a O., maiores que as anteriores, possuem planta hexagonal, de massa simples com cobertura piramidal, de cantaria, coroada por cruz latina. Têm fachadas rebocadas e pintadas de branco, com pilastras toscanas nos cunhais, coroadas por fogaréus, assente em plintos paralelepipédicos, e terminadas em vários frisos e cornija. A fachada principal é percorrida por embasamento, termina em frontão triangular, e é rasgada por portal de arco abatido, de dupla moldura, a interior percorrida por frisos e com chave volutada, e a exterior recortada e com pingentes, encimada espaldar sobreposto por cartela inscrita e rematado por cornija contracurva. Nas duas fachadas laterais abrem-se janelas de peitoril, de arco abatido e moldura formando falsos brincos retos e terminada em cornija. No INTERIOR, com as paredes rebocadas e pintadas de branco e pavimento de cantaria, por vezes com estrado, albergam grupo escultórico alusivo ao Passo alusivo à vida de Cristo: Última Ceia, Entrada em Jerusalém e Jesus entre os Doutores. No meio do terreiro, sobre plataforma de planta octogonal, de dois degraus, monumento ao anjo da Guarda, composto por base galbada, decorada por folhas relevadas, com pequena taça cilíndrica, sobreposta por coluna de capitel coríntio, inferiormente com quatro florões, correspondentes a antigas bicas, e tendo na face frontal alta cartela inscrita, lateralmente enrolada. Superiormente surge plinto paralelepipédico, de faces terminadas em empena e decoradas por elementos fitomórficos, sustentando figura do anjo Gabriel, em pé e de vestes esvoaçantes. A partir do terreiro desenvolve-se em linha reta escadório, ao longo da encosta, em lanços sucessivos, de 120 degraus, com cerca de 220 m., delimitado por muro e integrando catorze capelas, dez do lado E. e quatro do lado O., dispostas num ritmo mais espaçado. As do lado E. têm planta quadrangular e estrutura igual às do terreiro, representando, de S. para N.: Cristo atado à coluna, Martírio de Cristo, Ecce Homo, Queda de Cristo, Cristo encontra as mulheres de Jerusalém, Cristo a caminho do calvário, Crucificação, Calvário, Lamentação de Cristo Morto e Ressurreição de Cristo; as capelas do lado O. têm planta hexagonal e estrutura iguais às do terreiro, possuindo no interior grupos escultóricos alusivos a: Apresentação de Jesus no Templo, Adoração dos Reis Magos, Adoração dos Pastores e Nossa Senhora das Dores. No topo da Via Sacra, dispõe-se o PÓRTICO DOS EVANGELISTAS, precedido por escadaria de onze degraus, e composto por murete de cantaria com soco, encimado por balaustrada, rematada em cornija contracurva, ritmada por quatro pilastras, as exteriores toscanas e as interiores coríntias, sobrepostas pelas estátuas pétreas dos Evangelistas, sobre acrotérios: São Marcos, São João, São Lucas e São Mateus, respetivamente da esquerda para a direita. Transposto o pórtico dos Apóstolos e nova escadaria, fica-se no grande terreiro, onde se erguem os vários alojamentos de peregrinos. Em direção a N. desenvolve-se o ESCADÓRIO DAS VIRTUDES, precedido por vários e largos degraus facetados. O escadório desenvolve-se em lanços convergentes e divergentes, os do topo de perfil curvo, sustentados por muros em silharia fendida, encimados por balaustrada de cantaria, integrando nos limites dos patamares e arranque dos lanços dupla ordem de plintos, os inferiores lisos, com volutas estilizadas ou em silharia fendida, sustentando fogaréus e, nos extremos, pirâmides, em silharia fendida, assentes em quatro esferas. No eixo central, surgem rasgadas, em cada um dos muros de sustentação dos quatro patamares, fontes tipo nicho, sobrepostas pelas quatro Virtudes Teológicas: a Fé, seguida da Esperança, Caridade e Glória.

Acessos

Gavieira, EN 202

Protecção

Em vias de classificação

Enquadramento

Rural, isolado, no Parque Nacional da Peneda do Gerês, numa estreita garganta no sopé de um morro alcantilado, a denominada Fraga da Meadinha, em frente de um vale estreito e fértil, e rodeado por mata. Da fraga corre, no inverno, uma cascata, denominada na documentação por Corgo, e cujas águas são conduzidas por túnel sob o terreiro do santuário. A E., e numa cota inferior, desenvolvem-se a povoação, o pequeno cemitério, em socalcos, e corre o rio da Peneda. A igreja implanta-se a 690 m de altitude, numa plataforma adaptada ao declive acentuado do terreno, formando adro, sustentado por muro, com pavimento em terra e, em frente do templo, lajeado a cantaria; o portal axial é precedido por três degraus largos. A partir do terreiro da igreja desenvolve-se pela encosta o escadório, interrompido por um outro terreiro, o principal, poligonal, à volta do qual se erguem vários antigos quartéis, transformados em hotel, estruturas comerciais e outras, as casas da confraria, e, sensivelmente ao centro, cruzeiro e uma pequena fonte de espaldar. Este terreiro possui igualmente muro possante de sustentação, reforçado por contrafortes. As capelas da Via Sacra adaptam-se ao declive do terreno, por vezes acentuado, algumas delas construídas sobre os afloramentos rochosos, desbastados para a construção.

Descrição Complementar

RETÁBULOS LATERAIS DA IGREJA: o primeiro retábulo lateral, em talha pintada a bege, cinzento, marmoreados fingidos a verde e bege, tem planta reta e um eixo, definido por duas colunas de terço inferior estriado e ornado com drapeados, sobre dupla ordem de plintos paralelepipédicos, decorados com folhagem, e de capitéis coríntios, coroadas por urnas com drapeados. Ao centro, abre-se nicho em arco em asa de cesto, com chave relevada, interiormente pintado com firmamento e albergando imaginária. A estrutura remata em espaldar de perfil curvo, decorado com festão e Delta inserido em resplendor, terminado em cornija contracurva, de chave relevada, sobreposta por acantos e festões vazados. Banco decorado com motivos vegetalistas, cartela central e laçarias. Altar tipo urna, contendo no frontal florão central e elementos vegetalistas. O segundo retábulo lateral possui estrutura semelhante, mas o eixo é definido por duas pilastras, inferiormente estriadas e duas colunas iguais, mas pintadas a marmoreados bege. Nas capelas laterais profundas, abrem-se portas de acesso aos púlpitos, de verga reta e moldura simples, e uma outra para os anexos, de arco abatido, com chave relevada e moldura encimada por friso e cornija. Os retábulos são semelhantes aos anteriores, mas no remate integram baldaquino facetado, coroado por elemento fitomórfico, e com lambrequim de drapeados. No sotobanco integram ainda sacrário, coberto por domo, com colunas de terço inferior estriado nos ângulos e porta decorada com custódia. Sacristia com pavimento rebaixado em cantaria, com arcaz encimado por pequeno nicho retilíneo, rematado por espaldar recortado, contendo cartela entre anjos, e com lambrequim com borlas, interiormente pintado com flores e albergando imaginária. Noutra parede, abre-se amplo nicho em arco de volta perfeita, revestido a cantaria e contendo dossel com imaginária. Sobre o arco do PÓRTICO existe cartela inscrita, possuindo inferiormente gotas, mas com inscrição muito delida. A COLUNA DO ANJO no terreiro inferior do santuário tem a seguinte inscrição: "GOVERNANDO A IGREJA CATÓLICA O SANTÍSSIMO PAPA PIO XI NO / ANNO XIII DO SEV FELICISSIMO PONTIFICADO / REINANDO EM PORTUAL / MARIA I PIA / AVGVSTA FIDELISSIMA / NO ANNO X DO SEV IMPÉRIO / REGENDO A IGREJA BRACARENCE / O ARCEBISPO D. GASPAR / PRINCIPIO SINCVEAR MAGNIFICO / NO ANNO XXVIII DO SEV GOVERNO / OS ADMINISTRADORES / DESTE SANTUARIO DEPOIS DE RESTAURAREM AS SUAS RUINAS / IMPETRAREM A GRAÇA PERPETUA DO / JUBILEU SAGRADO / COLOCAREM O AUGUSTÍSSIMO / SACRAMENTO / NO TABERNÁCULO SANTO AMPLIARAM / O ANTIGO TERREIRO E FVNDAREM ESTES / SANTOS E MAGNIFICOS EDIFÍCIOS / PUZERÃO ESTA PEDRA / PARA MONVMENTO ETERNO / ... DO SEV ZELO / TRIUNFO DA RELIGIÃO / E GLÓRIA IMMORTAL DA / SANTÍSSIMA VIRGEM / NA ERA CHRISTAM DE / MDCCLXXXVIII". VIA SACRA: a CAPELA DE CRISTO NO HORTO possui um grupo escultórico composto por Cristo orando, de pé, com a cabeça erguida em direção ao céu e de braços levantados, especialmente o esquerdo, rodeado pelas figuras dos três apóstolos, Pedro, Tiago e João dormindo, sentados e com a cabeça apoiada numa das mãos. Na CAPELA DO BEIJO DE JUDAS, vê-se Judas, segurando uma flor na mão e aproximando-se de Cristo para o beijar, surgindo ainda homens com cordas para o prender. Na CAPELA DE CRISTO DESPOJADO DAS VESTES, vê-se a figura de Cristo, com resplendor, já com o tronco nu e o manto preso à cintura, ladeado por dois homens. A CAPELA DA ÚLTIMA CEIA possui lateralmente a marcação de duas portas fingidas e na parede testeira estrutura retabular, em talha pintada a branco e azul, de planta reta e um eixo, definido por duas pilastras almofadadas de terço inferior estriado, possuindo ao centro painel de perfil contracurvo com amplo resplendor estilizado. Em frente dispõe-se mesa tipo urna, com frontal pintado com açafate, à volta da qual se dispõem Cristo, partindo o pão, e os doze apóstolos; sobre a mesa dispõem-se em pratos vários pães, um jarro, um cálice e um peixe. Na CAPELA DA ENTRADA EM JERUSALÉM, a parede fundeira apresenta uma pintura representando a cidade de Jerusalém e, num plano mais avançado, estrutura de madeira a figurar as portas da cidade, com duplas pilastras almofadadas e de capitéis coríntios, sustentando estrutura arquitetónica vazada e arcos volutados. Em frente surge Cristo, com resplendor, montado num burro, segurando cetro, um outro apóstolo, a pé, e várias outras figuras, numa escala mais pequena, uma delas segurando o lenço de Verónica. Na CAPELA DE JESUS ENTRE OS DOUTORES existe na parede testeira retábulo de talha pintada de branco, azul, vermelho e dourado, de planta reta e um eixo, definido por colunas estriadas, sobre plintos paralelepipédicos, e de capitéis coríntios, sustentando o remate, formando dossel, com lambrequim de drapeados. Ao centro possui nicho, em arco de volta perfeita, de fecho relevado, sobre pilastras, interiormente pintado com firmamento. Ao centro possui a imagem de Cristo Menino, com resplendor e mão direita erguida, sobre plinto, que tem frontalmente a inscrição: "O MENINO DEUS NO / TEMPLO A DISPUTAR / COM OS DOUTORES / DA LEI". Lateralmente surgem vários doutores da lei, sentados em cadeiras ou de pé, segurando livros, e a figura da Virgem. As capelas do lado E. do escadório da Via Sacra, de S. para N. são: a CAPELA DE CRISTO ATADO À COLUNA que alberga a figura de Cristo, com o corpo ferido, resplendor e portando perizonium, preso a uma coluna por corda, que um soldado, à esquerda, segura, enquanto outro, à direita, ergue uma massa. Na CAPELA DO MARTÍRIO DE CRISTO, possivelmente da Cana Verde, Cristo surge sentado, com perizonium e manto vermelho pelas costas, com várias chagas no ventre, joelhos, pulsos cara e testa, ladeado por um soldado que segura uma lança e por um homem que deveria segurar algo na mão direita, entretanto desaparecido. Na CAPELA DO ECCE HOMO, surgem numa tribuna, com guarda em balaústres planos, Cristo segurando a cana verde, com manto nas costas, coroa e resplendor na cabeça, ladeado por dois soldados e por Pilatos apresentando-o e apontado para ele. Na CAPELA DA QUEDA DE CRISTO, este surge com coroa de espinhos e vestindo túnica, prostrado no chão, enquanto Simão de Cirene segura a haste da cruz; atrás, surge soldado segurando uma lança. A CAPELA DO ENCONTRO COM AS MULHERES DE JERUSALÉM tem a figura de Cristo vestindo túnica, e com coroa de espinhos e resplendor, transportando a cruz às costas, ladeado por várias mulheres que, com um lenço, limpam as lágrimas. Na CAPELA DE CRISTO A CAMINHO DO CALVÁRIO surge a figura de Cristo vestindo túnica, com um joelho por terra, segurando a cruz, que um homem de turbante ajuda a levar, sob os olhares de um soldado segurando documento com a inscrição "JUSTIÇA QUE / MANDA FAZER / PONSIO PILATOS / A JESUS DE NAZARÉ / POR MALFEITOR / E AMOTINADOR / DO POVO". Na CAPELA DA CRUCIFICAÇÃO Cristo surge deitado sobre a cruz, de braços abertos, tendo de um lado um homem com um joelho por terra a pregar-lhe as mãos, cujos pregos dão dados por outro, e do outro um homem a atar uma corda à cruz para depois a erguer. Na CAPELA DO CALVÁRIO Cristo surge pregado na cruz na parede testeira, de cabeça inclinada e olhos fechados, encimado por resplendor, ladeado por dois homens, dispostos nas paredes laterais, vestidos e seguros pelos braços; num plano inferior um soldado com uma lança prepara-se para com ela espetar o ventre de Cristo. Na CAPELA DA LAMENTAÇÃO DE CRISTO MORTO surge a figura da Virgem sentada num trono, com manto azul, resplendor, a olhar para cima com olhos chorosos e de mãos abertas e inclinadas para baixo; é ladeada, à esquerda, pela figura de São João, de pé, com resplendor, segurando na mão parte do manto e, à direita, por uma Santa Mulher, com resplendor, ajoelhada, de mãos postas, de rosto inclinado para baixo e a chorar. Num plano inferior surge deitado Cristo morto, com a cabeça numa almofada e coberto por um lençol. Na última capela do lado O., DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO, surge Cristo a ascender do túmulo, num plano bastante elevado da parede testeira, com perizonium e manto pelas costas, de cabeça erguida e encimada por resplendor; no chão, de cada lado das paredes laterais surge um soldado, o da direita de pé e o da esquerda sentado, a olhar para o Cristo e segurando a espada. As capelas do lado O., a partir do largo do pórtico são: a CAPELA DA APRESENTAÇÃO NO TEMPLO que tem retábulo de talha pintada de branco, rosa azul e dourado, de planta convexa e um eixo definido por duas colunas de fuste almofadado e por quatro colunas de terço inferior estriado, sobre plintos paralelepipédicos e de capitéis coríntios, sustentando o remate em arco contracurvo. Ao centro tem nicho, interiormente pintado de azul e sobreposto por resplendor com pomba do Espírito Santo; no banco possui apainelado com açafate e enrolamentos vegetalistas. Possui altar tipo urna com frontal pintado por moldura. Lateralmente dispõem-se a figura de São José, retratado como velho, com manto e capuz, segurando o Menino nos braços, e a Virgem e, do outro lado, a figura do sumo sacerdote e da profetiza. Atrás das figuras dispõem-se no chão dois painéis pintados, o da direita com a representação do Deus Pai. Na CAPELA DOS REIS MAGOS, surgem representadas várias estruturas arquitetónicas e, à direita, num plano elevado e sob alpendre de madeira coberto de colmo, a figura da Virgem, coroada e com manto azul, sentada e segurando no colo o Menino nu, e São José, em pé; em frente dispõem-se três reis magos, com mantos, coroas na cabeça e portando presentes, o mais próximo do Menino ajoelhado; à esquerda, num plano recuado, dispõe-se um dromedário. A CAPELA DA ADORAÇÃO DOS PASTORES apresenta como pano de fundo a representação de uma cidade protegida por altas muralhas, e num plano avançado, uma gruta albergando a figura da Virgem, ajoelhada, com manto e coroa na cabeça, de mãos abertas e olhando para o Menino, nu e deitado numa manjedoura com palhas; atrás surge uma vaca e um burro enquanto um pequeno cão olha de frente para o Menino. À direita surge São José e outras figuras e, à esquerda, vários pastores que se aproximam com presentes (rolas numa cesta e uma ovelha), enquanto um deles se ajoelha próximo do Menino. A última, a CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS DORES, alberga retábulo de talha pintada a marmoreados fingidos, a rosa, verde, branco e azul, de planta convexa e um eixo, definido por duas pilastras exteriores e quatro colunas interiores, de terço inferior marcado e decorado por motivos vegetalistas, sobre plintos paralelepipédicos e de capitéis de inspiração dórica, partindo das colunas motivos fitomórficos. Ao centro possui nicho de perfil curvo, com moldura sobreposta por elementos vegetalistas e interiormente pintado com firmamento e albergando imagem do orago. Na base surge nicho retangular jacente, interiormente pintado com flores. Altar tipo urna com frontal ornado de concheados. ESCADÓRIO DAS VIRTUDES: no patamar inferior, abre-se nicho em arco de volta perfeita, de dupla arquivolta côncava, a exterior lisa e a interior em silharia fendida, albergando cesta com duas rolas que deitavam água para taça, frontalmente decorada por ziguezague, sobre pé galbado. Superiormente, interrompendo a balaustrada, existe acrotério facetado e ladeado de aletas, suportando base e plinto paralelepipédico, ornado de festão, sobre o qual assenta a estátua da Fé, segurando grande cruz, um livro e um cálice. No segundo patamar, em superfície convexa, ladeada de aletas estilizadas, abre-se nicho em arco de volta perfeita sobre pilastras e chave relevada, interiormente com cobertura em abóbada e albergando concha de onde vertia água para taça cilíndrica sobre pé circular. Sobre o nicho surgem várias cartelas, a superior com o monograma "AM", e plinto tronco piramidal, decorado por pérolas, sustentando a figura da Esperança, de mãos postas. No terceiro patamar, ritmado por pilastras e com silhares em aparelho "vermiculatum", abre-se fonte tipo nicho, em arco de volta perfeita, sobre pilastras e com fecho volutado envolvido por motivos vegetalistas; no interior alberga um pelicano, de asas abertas, alimentando os filhos no ninho. Superiormente, sobre amplo acrotério galbado e ornado de pérolas, dispõe-se plinto decorado em cada uma das faces por motivos estrelados e fitomórficos, sustentando a figura da Caridade, à Romana. No quarto patamar, abre-se nicho, em arco de volta perfeita, de duas arquivoltas, a exterior em silharia fendida e a interior lisa, interiormente com cobertura em cúpula e paredes formando afloramento rochoso, albergando a figura de Moisés, sem mãos, sobre superfície rochosa com bica que vertia para tanque de perfil curvo. Superiormente possui duplo plinto, o inferior liso e ângulos recortados, e o superior ornado de folhagem, sustentando a figura da Glória, segurando uma pomba na mão esquerda. No GRANDE TERREIRO, entre a Via Sacra e o Escadório das Virtudes e nas imediações do terreiro da igreja, erguem-se vários quartéis de alojamento dos peregrinos, normalmente de planta retangular e com coberturas de duas ou quatro águas. Apresentam fachadas de dois ou três pisos, em cantaria aparente, rasgados por vãos retilíneos, alguns, com arcos de volta perfeita, no piso térreo. Destaca-se o quartel adossado à esquerda do escadório das Virtudes, com a fachada principal de dois pisos, separados por friso, e de três panos definidos por pilastras, coroadas por urnas, rasgada regularmente por vãos em arco de volta perfeita, correspondendo a portais no piso térreo e a janelas de peitoril com panos de peito em cantaria no segundo. Ao centro do terreiro, ergue-se fonte - cruzeiro, assente em plataforma de planta quadrangular, de três degraus adaptados ao declive; é composto por dupla ordem de pintos paralelepipédicos, o inferior contendo, em cada uma das faces, bica cilíndrica, que verte para pequeno tanque quadrilobado, e o superior ornado por cartelas de motivos vegetalistas; sobre a base, dispõe-se coluna, inferiormente ornada de acantos e de fuste canelado, de caneluras diferentes, coroado por globo gomeado e rematado por cruz biselada, de hastes terminadas em botão. Nas imediações existe, sobre plataforma retangular, pequena fonte de espaldar, com tanque retangular e frontalmente concavo, encimado por espaldar recortado, contendo duas bicas e a data de "1889" inscrita.

Utilização Inicial

Religiosa: santuário

Utilização Actual

Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Viana do Castelo)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

PEDREIROS: António Domingues (1823); António Manuel Gois de Melo (1854-1861); Francisco Gonçalves (1823); Francisco Pires (1860-1865); João Alves (1821); João Lourenço (1807-1809); João Rodrigues (1787-1788, 1793-1794, 1800-07); José Domingos (1801-1802, 1804); José Domingues (1804); José Lata (1787-1788); José Joaquim de Góis (1872-1875); José Luíz Pereira (1803, 1807); José Pereira (1802); José Rodrigues Pereira (1857); Manuel Afonso (1807-1808); Manuel António (1830-1831); Manuel José Lourenço (1801-1802); Pires (1866-1867). CAIADORES: José António (1804-1805); Manuel Álvares (1808-09). CARPINTEIROS: António Esteves (1808); João Francisco (1804); João Luiz Álvares (1804-1805); Manuel Caldas (1808); Manuel Esteves (1808); Manuel José Ferreira (1804); João Vicente Moreira (1823); José Maria de Lima (1860-1865). CARRETEIRO: Bento de Sousa (1802); João Moreira (1802). ENTALHADORES: Álvaro José Pereira (1797, depois); José António Fernandes (1885); José Machado (1828-1833). ESCULTORES: Francisco José (1797, depois, 1813-1814); Francisco Luís Barreiros (1860); João Albertino (1831-1832); João de Araújo Vieira (1896); José Monteiro (1828-1829). MESTRE: António Barbosa (1787-1788). PINTORES: António José da Rocha (1813-1814); Ricardo Joaquim Bandeira (1828-1833). SERRALHEIRO: Sebastião Dias (1804).

Cronologia

1220, 5 agosto - aparecimento de Nossa Senhora das Neves na Peneda e início da sua veneração *1; séc. 16, 2ª metade - o culto a Nossa Senhora das Neves recebe grande incremento na Peneda, talvez devido à defragação de grandes epidemias, ali existindo uma capela e, possivelmente, um ermitão *2; 1657 - referência à ermida de Nossa Senhora da Peneda, numa alta penha entre a Gavieira e Castro, onde se retirava São Telmo para dali ir pregar nas redondezas; 1706 - data no arco do túnel do corgo ou águas que descem de Chã do Monte; feitura do muro de suporte do terreiro, reforçado por três contrafortes; 1736 - já tem capelão privativo; 1740 - início da construção de alojamentos para os peregrinos; 1742 - breve com privilégios litúrgicos para os sábados e oitavários de Nossa Senhora; primeira referência à existência de várias capelas; 1752 - 1755 - manda-se construir quatro quartéis para pergrinos; conclusão de três capelas e colocação de portas de castanho e grades de ferro em sete capelas; colocação de figuras nas capelas (nomeadamente as de Cristo, uma Cruz, uma de Cristo na prisão, uma de Cristo pregado na cruz, quatro fariseus, mais dez fariseus e mais dois fariseus pequenos, a capa para uma imagem do Senhor, uma de Judas, um Pilatos e uma Verónica); feitura de banquetas para as figuras, anteriormente assentes no chão; 1778 - quebra de um penedo e feitura de calçadas na Portela do Lagarto (2$000); Inventário do Santuário *3; obra das capelas da Via Sacra pelo pedreiro João Rodrigues e outros pedreiros (2.346$000) e outras, nomeadamente o muro grande, onde se gasta grandes somas; 1780, década cerca - construção da casa do consistório; construção do muro novo, de suporte do terreiro a N. da casa do capelão; alteamento do muro para expansão do terreiro; arranque de pedras do terreiro; risco do pórtico e capelas da Via Sacra (6$400); quebra de penedos para criar espaço para as capelas dos Passos, mencionando-se a 7ª; "desentulho da capela primeira nova do terreiro do título da Senhora das Dores"; referência à penúltima e 13ª capela e aos pedreiros que fazem os degraus do muro no sítio próximo à última capela; assento do zimbório das capelas; provisão do sacrário, com escritura de consignação de 30$000 anuais, para a sua despesa; compra de uma lapa a António da Costa, para "acomodação dos romeiros" (3$000); colocação de cruzes no alto do miradouro; vinda de pedreiro "para delinear a mudança do novo terreiro, e dar ideia para quartilhar o grande penedo dos Infeitos que nele existe"; faz-se chapa para imprimir estampas da Senhora e imprimem-se as primeiras; colocação de relógio de sol no santuário; provisão da Rainha para fazer feira pública no distrito do santuário em benefício dele e dos moradores do Soajo; 1783 - decide-se construir um caminho novo por baixo da Via Sacra até ao moinho, desviando o trânsito de animais, gente a cavalo e carros; 1784 - arborização do santuário; 1785 - descoberta de três fontes para as capelas; 1787 - data inscrita na coluna do anjo no largo do pórtico, chafariz com quatro penas de água, executada pelo pedreiro João Rodrigues *4; 1787 - 1788 - esculpe-se na Peneda a imagem da Virgem para a face posterior do pórtico, por um mestre de Requião, Vila Nova de Famalicão, que trabalhou 42 dias com a féria de $700; fecho do arco triunfal por grades de ferro, feitas em Braga; 1793 - 1794 - por ordem do visitador, enterram-se as imagens antigas da Via Sacra, trabalha nas capelas pequenas o pedreiro João Rodrigues (1.144$550); 1795 - Tombo da fregesia do Soajo descreve o Santuário, cuja igreja tem Irmandade com estatutos, administrada por vários oficiais *5; 1797, depois - risco da planta da avenida abaixo do pórtico (6$400); feitura do retábulo da capela da Senhora das Dores pelo entalhador Álvaro José Pereira, de Braga (120$000, mais 2$400 de ir à Peneda tomar as medidas e 1$200 de gorgeta para si e oficiais por a obra ficar muito boa); feitura da imagem de Nossa Senhora das Dores pelo escultor Francisco José de Paredes, em Braga (40$000), incluindo pintura, espadas, diadema e caixão para a sua condução; transporte da imagem de Braga aos Arcos (3$000) e dali à Peneda (7$200); feitura e colocação das grades no fojo do pórtico por um ferreiro de Coura; 1800, primeiros anos - continuação dos trabalhos no terreiro, pagando-se 154$085 ao pedreiro João Rodrigues; 1801 - 1802 - terraplanagens na capela das Dores pelo pedreiro Manuel José Lourenço, de Parada do Monte (31$860); compra de Breviário Romano (1$600); 1803 - vinda do pedreiro José Luíz Pereira, de Águas Santas, para examinar o zimbório da capela das Dores e impermeabilizá-la; 1804 - ajuste das ferragens das 13 capelas da Via Sacra, em Braga, pelo carpinteiro João Francisco, de São Paio dos Arcos; o mesmo faz o risco das portas para as capelas, que são feitas pelo carpinteiro Manuel José Ferreira, de Besteiros (65$000); as ferragens são feitas em Braga pelo serralheiro Sebastião Dias; continuação das obras da Via Sacra pelo pedreiro João Rodrigues (280$000), que também faz a casa do forno (12$300) e recebe da obra do muro de alicerce e desaterro atrás da capela das Dores (83$047); compra da lapa junto ao penedo das pingas a Manuel Afonso e sua mulher do lugar da Peneda (19$200); feitura do muro da horta e passal do capelão pelo pedreiro José Domingues, da Peneda (32$400); 1804 - 1805 - compra de ferro para a segunda capela ao pé do pórtico principal; alvará e aforamento dos recintos do santuário; 1807 - construção do novo consistório com projeto do pedreiro José Luís Pereira, de Águas Santas, e a casa do tesoureiro (24$000); julho - vinda do pedreiro João Rodrigues para fazer o plano e apontamentos do novo consistório (3$200); a obra faz-se sob orientação de João Rodrigues e João Lourenço, de Coura, com seus oficiais (271$155 - de julho a agosto); 1807 - 1808 - durante o inverno o pedreiro Manuel Afonso, de Parada do Monte, companheiros e oficiais quebram o penedo dentro do novo consistório e desentulham-no (19$520); ali trabalham os carpinteiros António Esteves e filho de António Gregório, Manuel Esteves e Manuel Caldas (5$100); 1808 - 1809 - continuação das obras dos quartéis e da construção das capelas, pagando-se ao mestre Alho para continuar a sua capela (48$000); vêm do Porto "modelos" ou desenhos para as imagens de uma capela (21$700); despesa com esculturas (80$000), sua condução (7$200) e pintura (38$400); 1810 - 1811 - feitura de novos estatutos; compra de terra abaixo do pórtico a Francisco Martins para alinhar os muros; 1813 - 1814 - feitura de imagens para duas capelas pelo escultor Francisco José, de Paredes (160$000) e sua pintura por António José da Rocha, de Braga (65$000); 1814 - 1815 - feitura de quatro imagens do Senhor, a de Pilatos e quatro judeus para as quatro capelas, por Francisco José de Paredes (187$000), seu transporte (12$480) e pintura por António José da Rocha (72$400); breve de indulgências; 1819 - continuação da construção das capelas; feitura de cinco figuras (90$000); 5 abril - arovação dos estatutos por D. João VI; 1820 - aquisição de duas imagens do Senhor, dois apóstolos e quatro judeus e pagamento de 72$000 à conta de seis apóstolos da capela da Ceia; 1821, cerca - obras na capela da Ceia; pintura de 20 imagens, porta da mesma capela (que custou 6$560), treze capelas, pórtico, consistório, imagens da igreja e bancos (152$200); feitura de quatro modelos para os quatro Evangelistas (10$200), de três Evangelistas em pedra (90$000), de um outro Evangelista e a figura de Moisés, também em pedra (30$000 cada) e o resto das figuras da capela da Ceia (seis apóstolos de madeira, um servente, um cão e um gato - 52$320); despesa com a imagem e duas figuras de pau do passo da Ressurreição (56$000), com o pintor de pintar o passo da Ceia e da Ressurreição e o resto do novo consistório (56$000); obra do muro, fonte e obeliscos pelo pedreiro João Alves (194$200); 1822 - encanamento da água que vai para a fonte do terreiro, a Fonte do Escudo (24$890); 1823 - arrematação da obra dos quartéis novos ao descer da Meadinha, pelo pedreiro António Domingues (398$000) e seu acréscimo (28$800) posterior, da sua varanda, pelo pedreiro Francisco Gonçalves (118$000), e respetiva obra da carpintaria por João Vicente Moreira (187$500); 1824 - 1825 - primeira referência à romaria do Espírito Santo; construção de um paredão por cima do novo quartel (125$000); adjudicção com o escultor de Lavradas da imagem do Senhor, dois apóstolos e cinco rapazes para a capela da Entrada em Jerusalém (96$000); encanamento da água para a fonte de Moisés; chegam de Braga as imagens dos doutores e de Arcos as do Menino Deus, São José e Nossa Senhora (132$000), sua pintura (33$600) e encomenda das cadeiras em Arcos; colocação da estátua de Moisés no escadório em frente da igreja; 1828 - 1829 - obras na capela da Apresentação: feitura do retábulo pelo entalhador José Machado, dos Arcos (105$600) e das imagens de Nossa Senhora, São José, sacerdote, Simião, Profetiza e Menino pelo escultor José Monteiro, de Braga (120$000); pintura das imagens e capela e noutras pelo pintor Ricardo Bandeira (141$500); carreto do sino novo (9$600); 1829, 14 dezembro - acórdão para ultimar a quinta capela nova, nela colocando o passo da Adoração dos Reis, e mandar fazer uma dúzia de mesas para os quartéis; 1829 - 1830 - conclusão da capela da Apresentação; obras na capela dos Reis Magos: feitura de três dromedários, da estrela e fingir a cidade pelo entalhador José Machado (67$200), das imagens de Nossa Senhora, São José, Menino três Reis e dois criados pelo mesmo mestre (144$000), respetivos turíbulos, coroas, resplendores, lanças e açucena (7$900) e pintura das imagens e ornatos da capela pelo pintor Ricardo Bandeira (82$400); 1830 - 1831 - feitura de muro de proteção acima da capela dos Reis, pelo pedreiro Manuel António, de Parada, entalhamento do dossel da capela da Ceia, feitura de pratos, cálice e mais ornatos e pintura destes e dos apóstolos; feitura de um sino novo (187$150); 1831 - 1832 - feitura das imagens de Nossa Senhora, São José, Menino, três pastores, nuvem com anjos e serafins para a capela do Nascimento, pelo escultor João Albertino, de Braga (148$000); 1832 - 1833 - vinda das imagens da capela do Nascimento (16$130), feitura de uma imagem de pastora a José Machado, nos Arcos (13$000), e pintura do recheio dessa capela, por Joaquim Bandeira, dos Arcos (79$600); Peneda passa a Santuário Real; 1835, 10 setembro - acórdão determina que, estando todas as capelas acabadas e re-edificadas, as sobras dos rendimentos sejam aplicadas na construção de um novo templo, correspondente à majestade das capelas, sendo o abade do Soajo, Manuel Félix Silvério Cerqueira Lima, o seu grande impulcionador; 1836 - 1837 - aquisição de mais figuras para as capelas (86$400, mais 8$000 do transporte) e sua pintura (28$800); 1838, 4 setembro - Mesa decide que as sobras dos rendimentos se apliquem na continuação da nova igreja e não se comece outra obra *6; 1839 - 1840 - obras da igreja nova (1.607$985); 1840 - 1841 - obras da igreja nova (1.409$815); 1849 - 1850 - madeiramento da igreja; 1850 - 1851 - roubo de 300$620 no santuário; ajuste do estucar do teto da igreja (72$000); 1851 - 1852 - risco novo para o retábulo-mor (7$200); despesa em cal para o santuário (96$000); 1852, cerca - venda de uma lâmpada de prata arruinada (81$600); acabamento da torre por um pedreiro (350$000); 1852 - 1853 - despesa com caiadores (50$780) e pintores (22$960), com carpinteiros de madeirarem a sacristia e corredores da igreja nova (20$000); 1854 - lajeamento da igreja, supedâneo e corredores (308$210), e pagamento ao entalhador José Joaquim Machado por conta da obra da tribuna e altar-mor, que arrematou por 836$000; compra de casas contíguas ao santuário (92$405); manda-se construir o escadório do grande terreiro para a igreja nova; 1855 - forro de duas capelas laterais da igreja nova (28$140), incluindo uma claraboia; ajuste de quatro altares laterais com o entalhador José António Fernandes (220$000), mais dois laterais (160$000); encanamento de água potável para o chafariz do pórtico (77$800); feitura da planta para a escada principal (4$800); 1855 - 1856 - Mesa passa a ter que apresentar ao Governador Civil orçamentos prévios das obras; a memória descritiva e circunstanciada do santuário descreve-o e faz o ponto de situação da construção da igreja *7; orçamento de 5.5689$720 para a continuação da igreja nova, construção da escada principal de acesso e novos quartéis para os romeiros se recolherem depois de benzido o templo; além destas, o relatório refere outras obras necessárias: a torre E., os corredores ou sacristias a O., um oratório na sacristia (de que só se abriu o arcosólio); despesa com caiadores na igreja nova e quartéis (156$340) e vias de acesso (120$250); chegam de Lisboa 3000 estampas; compra da imagem de Nossa Senhora da Conceição (45$600), pintura (16$800) e sua condução desde o Porto (5$900); 1856, 16 agosto - ajuste do escadório do terreiro para a nova igreja ao pedreiro António Manuel Góis de Melo, de Lanhesas (3.200$000) *8; 1856 - 1857 - compra de diversas imagens: o grupo de Santa Ana, Nossa Senhora e São Joaquim (62$600), o da Anunciação (43$200), o da Visitação (42$000), o da Aparição da Senhora da Peneda ao criminoso de Ponte de Lima (38$000), e o da Sagrada Família (72$000); 1857 - colocação das imagens e castiçais nos altares da nova igreja, 6 em cada capela e 2 em cada altar lateral; branqueia-se os altares; colocação de oratório com peanha para a imagem da Senhora no altar-mor (16$080); feitura das grades do coro-alto (66$260); caiação exterior da igreja; paga-se 1.800$000 ao empreiteiro do escadório e 144$295 da obra dos altares laterais e púlpitos; 21 agosto - licença para se benzer a igreja; 7 setembro - festa da inauguração da nova igreja, o "Mosteiro", e transladação da imagem da Senhora do antigo templo (357$995); 28 setembro - vistoria à obra do escadório, considera-o conforme no essencial *9; 1859 - feitura dos modelos das estátuas da Fé, Esperança, Caridade e Glória por João Albertino, do Porto (12$000), dos caixões e arranjos dos modelos e seu carreto (2$040); 1860, 7 setembro - escritura com o escultor Francisco Luís Barreiros, de Barbeita, para fazer as quatro estátuas das Virtudes para o escadório, segundo os modelos apresentados e com as dimensões das do Bom Jesus do Monte (120$000 cada uma, mais 28$800 da sua condução); 1860 - 1861 - construção do quartel do Anjo, por cima da capela das Dores, pelo pedreiro Francisco Pires e carpinteiro José Maria de Lima; este trabalha ainda nas pirâmides e obeliscos; 1861 - Mesa delibera aprovar e ultimar as contas com o mestre António Manuel Góis de Melo *10; 1862, 18 dezembro - decide-se mandar demolir a antiga igreja, profanada (adaptada a quartéis), porque o local ocupado é "absolutamente indispensável" ao pouco terreno para acolher os milhares de romeiros; re-edificar o quartel que ameaça ruir, com dois andares, em simetria como o ultimamente feito; e fazer uma nova casa da mesa, paralela ao escadório, nele se aproveitando os materiais do mosteiro velho, podendo a antiga ficar para hospedaria, para alugar aos romeiros abastados; 1864 - 1865 - quebra de penedos para construção da nova casa da Mesa (403$380); na sua edificação trabalham o pedreiro Francisco Pires e o carpinteiro José Maria de Lima; 1868 - 1869 - continuação da casa da Mesa, ali trabalhando José Maria de Lima (980$000); 1872 - 1873 - o pedreiro José Joaquim de Góis trabalha nos novos quartéis (1.000$000) e barracão para as cavalgaduras dos romeiros (180$000); 1873 - 1875 - o pedreiro José Joaquim de Góis recebe mais 2.470$000 pela obra dos quartéis novos; 1889 - data da fonte de espaldar no terreiro grande; 1896, setembro - entrega da cruz de prata com 1,06 m, concebida pelo escultor João de Araújo Vieira; séc. 20 - constução da torre E.; 1927 - passa a capelania anexa ao pároco; 1927 - 1936 - desaparecimento da primitiva imagem, em pedra, então na sacristia; 1950 - destruição do quartel sobre o rio pelas águas da barragem de Chã do Monte; 2021, 27 outubro - publicação da abertura do procedimento de classificação do Santuário de Nossa Senhora da Peneda, incluindo o património móvel integrado, em Anúncio n.º 250/2021, DR, 2.ª série, n.º 209.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e caiada; soco, muretes, frisos, cornijas, pináculos, fogaréus, cruzes, sacadas, balaustras, cobertura das capelas, estátuas, escadório, pias de água benta, pia batismal, bacia do púlpito e outros em cantaria de granito; retábulos e guarda do púlpito em talha policroma e dourada; grupos escultóricos das capelas em madeira pintada; pavimentos de cantaria, coberturas de estuque ou cantaria; portas de madeira ou em ferro nas capelas pequenas da Via Sacra; grades em ferro cobertura de telha.

Bibliografia

ARAÚJO, Ilídio - Arte Paisagística e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa: Direcção Geral dos Serviços de Urbanização, 1962, vol. 1; COSTA, Salvador - Santuários do Norte de Portugal. Porto: Turisrul - Edições e Comunicação, Ldª, 2000; GIL, Júlio, CALVET, Nuno - Nª Senhora de Portugal. Santuários Marianos. Lisboa: Intermezzo, 2003; OLIVEIRA, Eduardo Pires - Arte religiosa e artistas em Braga e região (1870 - 1920). Braga: 1999; PINTOR, P.e M. A. Bernardo - Santuário da Senhora da Peneda. Uma jóia do Alto Minho. Braga: Tipografia da Empresa do Diário do Minho, 1976.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DREMN, SIPA; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas; Proprietário

Documentação Administrativa

Arquivo da Confraria de Nossa Senhora da Peneda

Intervenção Realizada

1743 - obras na igreja, onde se gastam mais de 384 alqueires de cal; compra de 29 moios de telha para as obras novas (2$200); 1780, década cerca - beneficiação dos caminhos de acesso ao santuário, com a construção de 640 braças de calçada, quase toda no caminho de Tibo, Adrão, Bordença e Bicos e para os lados da Bouça dos Homens e "desmoitadas" duas léguas de caminhos; obras na ponte vizinha ao santuário de passagem para Galiza, existente sobre o regato que vem do Lagarto (49$000); reforma do encanamento da água do regato por baixo do terreiro (da Fonte do Escudo); 1793 - 1794 - aplanação da estrada da Via Sacra e limpeza do adro da igreja; 1797, depois - reparação da cruz que encima o grande pórtico; 1802 - grandes obras de reparação depois do temporal de junho, denominado de dilúvio: vinda de pedreiro de Coura para fazer os apontamentos de todas as obras reedificadas neste ano (12$800); pagamento ao pedreiro João Rodrigues à conta da obra da Via Sacra (300$000), para o entulho e desentulho de vários poços e caverna abertos no terreiro e rua da Via Sacra (10$280); despesas com as férias da retificação no muro sob a primeira capela da Via Sacra, do terreiro para baixo, e fazer o desaguadoiro da estribaria da casa dos oficiais e pólvora para o corte de alguns penedos dispostos no emboque do canal do rio do terreiro (11$635); das férias dos oficiais pedreiros que trabalham no quartel edificado sobre o rio do terreiro, arco e escadas da sua entrada, que se arruinaram (115$560); da obra do escadório do fojo da entrada do terreiro misto à capela das Dores e corrimão do muro (72$600); das férias dos oficiais que trabalham nos pés direitos que sustentam as padieiras que cobrem o rio junto do quartel, desentupir o rio dos grandes penedos que tapavam o "boqueirão" e reedificar de calçada algumas brechas (51$000); de capear de padieiras o canal do rio no sítio da caverna feita pelo dilúvio (6$195); das férias dos oficiais que trabalham na ponte nova (a Pontilhota) e calçada que se fez na estrada que vem de Tibo para o santuário, vizinha com o passal do padre capelão (120$000); das férias dos oficiais pedreiros que trabalham na calçada do rio misto ao arco que se acha a sustentar o muro do terreiro para maior segurança, desde o quintal do padre capelão (15$000); adjudicação da obra da caverna grande do terreiro ao carreteiro João Moreira, da Mourisca (147$600), onde foram deitadas 1640 carros de terra; com Bento de Sousa, de Parada do Monte, de deitar 400 carros de pedra atrás da capela-mor para o arco e cano do terreiro (5$300), pagando-se $700 por 10 carros de terra que se deitam em alguns buracos do terreiro; com o pedreiro José Pereira, de 986 palmos de pedra desbastada e carreto para os degraus da obra do fojo e capiamento do corrimão (59$160); de Manuel José Lourenço colocar entulho na caverna sob o revelim misto com o muro que confronta com a porta da capela das Dores, de onde brotou água na tempestade (6$400); com o pedreiro José Domingos, da Peneda, acrescentar a parede do sucalco sob o corrimão que serve de sapata à terra da primeira capela, junto do terreiro, e acrescentar a que está feita no mesmo sítio e que se havia arruinado; com o mesmo de tapar as cavernas no plano da capela imediata abaixo das Dores (1$440); com a obra do quartel sobre o rio, tendo Francisco Martins, da Peneda, deitado 33 carros de pedra e fornecido 7 moios, de 200 telhas cada um, e Bento de Sousa, de Parada, deitado 53 carros de pedra no arco e cano do terreiro que se fez de novo; 1804 - conserto de troços da calçada que vai para a Meadinha pelo pedreiro José Domingos, da Peneda; remoção da madeira e telha dos alpendres do terreiro; obras na capela das Dores (100$000) e feitura do muro atrás da mesma; 1804 - 1805 - trabalhos na capela das Dores, outras da Via Sacra e na capela-mor da igreja pelo caiador José António, de Paderne, e seus oficiais; reconstrução do moinho do santuário pelo carpinteiro João Luiz Álvares, de Estorãos, e pedreiro João Rodrigues, de Infesta de Coura, sendo a mó deitada pelo pedreiro João Lourenço, de Coura; pagamento a João Moreira de 69 braças de calçada no sítio por cima do lugar da Pereira até ao da Mourisca (23$185) e a ele e seus oficiais que trabalham de enxada no mesmo caminho acima da calçada até à Fonte dos Galegos (3$000); manda-se aparar a ramagem que circunda os caminhos; nos anos seguintes procede-se à continuação da obra do muro misto à estrada que via do pórtico para o santuário misto com a casa do ermitão, pelo pedreiro Manuel Lourenço, de Parada do Monte (32$000); feitura de socalcos e sapatas nas capelas 8, 9 e 10 da Via Sacra e de cano de expedição das águas por baixo da rua que vai para a porta do ermitão, pelo mesmo pedreiro (9$800); obras nas capelas, pagando-se aos pedreiros João Rodrigues e António José Barbosa 250$000; pagamento a João António Rodrigues por 12 arráteis de pólvora para quebrar os penedos na lapa do boqueirão do rio que passa sob a casa dos oficiais (4$800); 1808 - 1809 - colocação de telha na capela das Dores, pelo caiador Manuel Álvares, de Afife; feitura do muro abaixo do pórtico, do lado O., desde o rio até ao escadório, pelo pedreiro João lourenço; 1810 - 1811 - estrangeiros prateiam as lâmpadas, turíbulo e naveta, e limpam os castiçais da banqueta, em latão, para substituir os que os franceses levaram; 1813 - feitura de algumas obras em quartéis e capelas; 1813 - 1814 - compra de telha para a varanda dos quartéis dos vendeiros e duas capelas (174$910); contunuação do muro abaixo do pórtico (103$560); 1814 - 1815 - colocação de telha em quatro capelas e reforma do quartel grande do rio e consistório (104$235), pagando-se 39$560 aos carpinteiros e 164$780 aos caiadores; retoque da Senhora das Dores e das portas das quatro capelas pelo pintor António José da Rocha; feitura de seis postigos para três capelas (3$600); conclusão do paredão na entrada abaixo do pórtico e lajeamento das capelas (420$250); 1820 - trabalhos abaixo do pórtico; reparte-se e forra-se a sala do consistório; 1823 - conserto dos quartéis do Berço (3$600) *11; 1824 - 1825 - retoque da pintura de todas as imagens da Via Sacra (27$600) e ajuste da pintura da Senhora das Dores (39$000); colocação de telha nas capelas de Entrada em Jerusalém e a dos Doutores; feitura das portas das capelas de Jerusalém e dos Doutores por João Vicente; 1835 / 1836 / 1837 - feitura de algumas obras de acabamentos e reparações; 1837 - 1838 - obra em dois quartéis no terreiro do Freixo (131$240); 1852 - várias reparações nas capelas; 1854 - reparações na igreja velha, capela da Senhora das Dores e em diversos quartéis; 1855 - trabalhos de reparação em várias capelas; "desenxurradouro" da igreja nova (28$925); 1857 - reparações na igreja velha; 1866 - 1867 - encanamento do ribeiro que vem da fraga pelo pedreiro Pires (395$000) e do encanamento da água da Meadinha com direção ao terreiro da nova igreja (390$000); 1870 - 1871 - obras de carpintaria nos quartéis que arderam (150$000).

Observações

*1 - Segundo Frei Agostinho de Santa Maria, no Santuário Mariano, no concelho do Soajo, entre o lugar de São Salvador da Gavieira e o de Castro, fica uma montanha altíssima de penedos muito grandes, à vista soltos e mal arrumados, tendo entre eles três que entre si formam uma lapa, e tendo em cima deles outro atravessado, de tamanha grandeza que é visto à distância de uma légua. Nesse sítio apareceu a milagrosa imagem da Senhora da Peneda ou das Neves, a 5 de agosto de 1220, mais ou menos, tempo em que se pode chegar àquele sítio, devido às neves que o cobrem a maior parte do ano. Quando entre as penedias uma pastora pastoreava algumas cabras, apareceu-lhe a Senhora, ao que dizem em forma de uma pomba branca voando ao seu redor, e manda-a dizer aos habitantes do seu lugar da Gavieira para ali lhe edificarem uma ermida. A pastora contou aos seus pais o pedido, mas esses não lhe dão crédito. Noutro dia, voltando a pastorinha com as suas cabras àquelas paragens, volta a aparecer-lhe a mesma Senhora numa lapa, e diz-lhe: "filha, já que não querem dar crédito ao que eu mando, vai ao lugar de Rouças (da mesma freguesia de Gavieira), onde está uma mulher entrevada há dezoito anos, e diz aos moradores do lugar que a tragam à minha presença para que ela cobre perfeita saúde". Assim fez a pastorinha e quando a mulher, chamada Domingas Gregório, chega à presença da imagem sagrada, logo ficou livre de todos os achaques que padecia, louvando a Virgem pelo benefício recebido. Frei Agostinho diz que a imagem é tão pequenina, não passando de um palmo de altura, que não foi obra dos homens, mas formada pelos anjos para acudir a remediar aos pecadores. Refere ainda que todos os que presenciaram o milagre de Domingas Gregório ficaram entusiasmados e trataram de construir a capela. Como porém o sítio da lapa onde apareceu a imagem era difícil para a construção, resolvem construí-la mais abaixo. Contudo, a imagem voltava sempre ao lugar primitivo, decidindo-se assim construir ali a ermida. O Pe. Carvalho da Costa, na Corografia Portuguesa, alude a uma tradição diferente. Segundo ele, entre ásperas serras, ao pé de uma altíssima e precipitada penha, foi achada há muitos anos, numa lapa, Nossa Senhora da Peneda, por um criminoso, natural de Ponte de Lima. Este, acoçado da justiça, passava miseravelmente a vida entre aqueles solitários bosques, servindo-lhes de companhia as feras, mas recorrendo a Deus com suas penitências de grande arrependimento, a Senhora consente que ele fosse o primeiro a vê-la depois de tantos anos estar ocula. A imagem, com o corpo tendo menos de um palmo, é de cor morena e tem o Menino Jesus no braço, sendo imagem milagrosa e de grande romagem todos os anos desde 5 de agosto até o dia de São Lourenço (10 agosto). Independentemente das tradições da aparição da Virgem na Peneda, o culto de Nossa Senhora das Neves foi oficializado na comarca de Valença pela Constituição Sinodal, de 1472, e o foral de D. Manuel ao Soajo, de 7 de outubro de 1514, confirma que os moradores daquela vila apascentavam os seus gados na branda da Peneda. Em 1775 já ali haveria uma pequena povoação, visto proceder-se a uma busca às casas dos moradores, para averiguar se tinham furtado tabuados do santuário. *2 - O Tombo de Castro Laboreiro, datado de 1565, regista os limites do santuário desde o "Lagarto pelo rio do Ermitão [possível alusão ao regato que passa jnto ao santuário], ao Ermitão e Porto Baraço", designação dada ao local que fica no fundo dos últimos muros do santuário, abaixo do grande pórtico, podendo a palavra Ermitão referir-se ao ermita que ali vivia para zelar pela capela. *3 - Este Inventário é, contudo, incompleto, pois não enumera as capelas ou os quartéis, quer os privados dos mesários e capelão, quer os dos romeiros. *4 - A coluna do anjo não ficou, contudo, concluído nesta data. De facto, durante o ano económico de 1787 e 1788 existem pagamentos ao pedreiro José Lata, de Parada do Monte, do carreto da pianha do anjo Gabriel; ao mestre que fez o anjo de 31 dias de jornal (20$460); aos mestres António Barbosa e João Rodrigues e respetivos oficiais de ajudarem a levantar o anjo (recebendo cada mestre 3$240); de pregos para segurar o mastro e escada para levantar o anjo (1$440); com papel para escrever a inscrição da coluna ($320); etc. A 11 setembro de 1788 paga-se 50$000 a João Rodrigues à conta da obra do chafariz da coluna do anjo. *5 - Segundo o Tombo da freguesia do Soajo, de 1795, a igreja tem por dentro, desde a porta principal até ao altar-mor, o comprimento de 20 varas de cinco palmos (22 metros), e de largura sete varas de dois palmos (8 metros e alguns centímetros). Pelo exterior tem de comprido 22 varas e três palmos, pela testa por detrás da capela-mor, da parte do nascente, oito varas e meia, e na frontaria, da parte poente, onze varas e três palmos, onde se inclui uma torre, que está unida à mesma frontaria, com seu sino. Tem três altares de talha dourada; no altar-mor tem colocada a imagem de Nossa Senhora das Neves da Peneda, no altar do Evangelho as de Nossa Senhora do Rosário e São Joaquim e Santa Ana e no da Epístola a imagem do Senhor Crucificado. Tem coro de madeira pintado, tal como o púlpito, e uma admirável porta férrea que divide a capela-mor, sendo esta e todo o corpo da igreja de abóbadas de cantaria pintada, que, "tudo com boa proporção, fazem um magnífico templo ornado com cortinas de seda, muitos e vários ornamentos preciosos com que se celebra o culto divino majestosamente". Tem muitos e bons quartéis, para acomodação do imenso povo que concorre todo o ano, especialmente nos meses de agosto e setembro. Para o santuário entra-se por uma soberba portaria de cantaria lavrada, com excelente risco e secção, seguindo-se logo um padrão que há-de servir de chafariz, onde existe a seguinte inscrição: "Governando a Igreja Católica o Santissimo Papa Pio VI no ano XIII do seu felicíssimo pontificado, reinando em Portugal Maria I, pia, augusta, fidelíssima, no ano X do seu Império, regendo a Igreja Bracarense o arcebispo Dom Gaspar, príncipe, singular, magnífico, no ano XXVIII do seu governo, os administradores deste santuário, depois de restaurarem suas ruínas, impetrarem a graça do jubileu sagrado, colocaram o Santíssimo Sacramento no tabernáculo santo, ampliaram o antigo terreiro, fundaram estes santos e magníficos edifícios, puseram esta pedra para monumento eterno do seu zelo, triunfo da religião e glória imortal da Santíssima Virgem na era de Cristo de MDCCLXXXVIII". Continuam a subir para o terreiro de uma e outra parte importantes passos de cantaria e abóbada lavradas, as quais se acham incompletas, ignorando-se o seu destino. *6 - A obra da igreja nova passa a correr por conta das ofertas extras com destino a tal empreendimento, sendo o dinheiro adiantado pelos mesários. Contudo, a 25 de maio de 1842, José Jerónimo Vilaça, administrador do Concelho de Arcos de Valdevez e do Soajo, manda incluir tudo nas contas do santuário, o que obrigou à sua reorganização. *7 - Segundo a Memória descritiva apresentada em 1855 - 1856, era tradição de, há quase setecentos anos, ali ter aparecido a Mãe de Deus, com o Menino no braço, sobre uma fraga, a um criminoso de Ponte de Lima. E sendo divulgada essa feliz aparição, apareceram em grande número os povos a venerar a Virgem e a oferecer-lhe muitas e generosas esmolas, levando a que se erigisse uma confraria à Mãe Santíssima, com o título de Confraria de Nossa Senhora da Peneda, tendo na época grande número de Irmãos, provenientes do Distrito e da Província da Galiza. Com o produto das esmolas, desde logo se começa as obras do santuário, fazendo-se uma igreja de abóbada com o respetivo altar-mor e com dois altares colaterais no corpo; fazem-se muitas capelas que representam o nascimento, paixão e morte de Cristo e vários quartéis, para recolher gratuitamente os romeiros que anualmente concorrem ao santuário, desde fins de julho até meio de setembro. Os mesários que serviam no ano de 1837 empreenderam a construção de um novo templo, para poente e a pouca distância do velho, mas em sítio mais elevado e com a frontaria virada a S., onde se acham colocadas as capelas, que todas lhe ficam em linha reta. A Mesa dirigiu-se por escrito aos párocos de muitas freguesias pedindo-lhes que exortassem os fiéis a concorrer com as suas esmolas para esse fim, o que produziu óptimo resultado, pois o rendimento de tal receita, puramente eventual, tem feito e continua a fazer face às avultadas despesas da obra da igreja nova. Assim, o novo templo acha-se concluído de paredes em todo o corpo da igreja, capela-mor, sacristias ou corredores pela parte nascente, e tudo já está coberto de telha e estucado, estando também concluída a torre O., lajeada a capela-mor e sobradado o coro. Está também lajeado todo o corpo da igreja e sacristia, corredores e supedâneos dos altares que se acham construídos. Também se acham forradas as duas capelas colaterais e feita uma clarabóia na nova igreja. Fez-se um novo quartel para os romeiros, abaixo da capela de Nossa Senhora das Dores, e uma fonte de água potável no chafariz do pórtico. E está-se a fazer a tribuna do altar-mor e os seis altares laterais, para cujas obras já se despendeu 391$340. *8 - O contrato refere que c Pelo contrato, percebe-se também que a velha casa da Mesa estava no espaço do escadório, sendo reservada a sua pedra, e pensava-se já na construção da atual, visto referir que se devem deixar "as adentações para as Casas da Mesa". *9 - A obra do escadório foi vistoriada pelo administrador do concelho, António Pereira de Sá Sotomaior, pelo fiscal das obras do santuário, mesários e pelo pedreiro José Rodrigues Pereira, de Viana, que o acharam conforme no essencial. Contudo, verificaram"algumas toleráveis faltas, algumas das quais procedidas de irregularidades da mesma planta e risco notadas" pelo mestre de Viana. Assim, a obra é aprovada no geral, excepto o "paredão junto e do lado do templo velho por se achar desaprumado em duas polgadas". Em 1859, a 20 de junho, tendo-se verificado que os mestres fugiram da obra do escadório, por os pagamentos estarem atrasados, a Mesa delibera, de acordo com o pedreiro Góis de Melo, pagar diretamente aos empregados ao fim de cada semana. *10 - Os peritos dizem que, tendo examinado a obra do escadório do Real santuário da Peneda, confrontando-a com o risco e escritura do contrato, entendiam que a obra se podia dar por acabada e aprovada, embora nela faltassem algumas pirâmides que julgam e entendem à face da escritura do contrato não serem da obrigação do mestre, bem como algumas pequenas diferenças que se encontram na mesma obra, atribuídas à imperfeição da planta. *11 - No sítio designado Berço, o santuário tinha para agasalho dos romeiros um quartel antigo que estava arruinado e agora se pretendia reparar. Contudo, Francisco Martins fizera uma tapada no baldio, cercada por muro, ficando no seu interior aquele prédio, impedindo assim a passagem dos materiais para a reparação, a passagem dos romeiros, etc., provocando um litígio entre ele e o santuário. No mesmo local do Berço, existira antigamente uma capela antiga da Via Sacra, antes delas serem dispostas em linha reta pela encosta, a qual foi demolida e a sua sua pedra dada ao pedreiro António José para a obra da torre sineira. *12 - No santuário havia o costume de se simular o funeral das pessoas que tinham alcançado a cura de graves doenças, amortalhando-se os devotos. Muitos romeiros eram levados em caixões como se fossem defuntos. O trajeto fazia-se desde o pórtico até à igreja e, alguns iam também até ao cemitério. Algumas pessoas iam mesmo num caixão fechado, mas a maior parte ia num caixão aberto e alguns limitavam-se a ir a pé atrás do caixão. Por vezes, acompanhava o cortejo uma banda de música. Havia quem assistisse dentro do caixão, em geral aberto, à missa de promessa, e até havia quem mandava cantar ofícios aos defuntos. Mais recentemente, os romeiros fazem o seguinte percurso na Via Sacra: começam na Capela de Nossa Senhora das Dores, descem o escadório percorrendo as capelas por esse mesmo lado, dão a volta no largo do pórtico e depois sobem o escadório pelas capelas dispostas a E..

Autor e Data

Paula Noé 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja)

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