Igreja Paroquial de Manadas / Igreja de Santa Bárbara

IPA.00008179
Portugal, Ilha de São Jorge (Açores), Velas, Manadas (Santa Bárbara)
 
Igreja paroquial construída no séc. 17 / 18 e reformada ou reconstruída em 1770, sobre uma pré-existente do séc. 15 que, ao que parece, passa a ser aproveitada para sacristia, constituindo o templo mais representativo da ilha de São Jorge. Não seguindo a planimetria mais comum das igrejas paroquias do arquipélago, apresenta planta retangular composta por nave e capela-mor, interiormente com iluminação axial e lateral na nave e bilateral na capela-mor e com coberturas de madeira, tendo adossado vários corpos e torre sineira. As fachadas têm o tradicional contraste entre a cantaria basáltica dos elementos estruturais e os paramentos rebocados e caiados, com socos de cantaria, cunhais firmados por pilastras coroadas por plintos e remates em cornija. A principal termina em frontão triangular e é rasgada por eixo de vãos interligados, formado por portal de verga reta, entre pilastras sustentando alto friso, cornija e pináculos, e janela retilínea, interrompendo a cornija do frontão, sobreposta por nicho, com imagem do orago, e decoração de cantaria com cartela e aletas. As fachadas laterais são rasgadas por janelas retilíneas e porta travessa de verga reta, sendo na esquerda precedida por falso nártex, criado pelo corpo adossado, onde se abrem vãos abatidos. A torre sineira, de aspeto possante, tem dois registos, o inferior cego e o superior, em cantaria, com ventanas de arco peraltado, rematando em friso, cornija e platibanda plena, com cobertura em domo facetado. O interior possui grande riqueza decorativa, tendo na nave coro-alto de madeira, púlpito no lado do Evangelho, de bacia retangular e guarda plena, envolvido por apainelados pintados com drapeados a abrir em boca de cena, dois retábulos laterais e dois colaterais, postos de ângulo, barrocos, em talha pintada e policroma, de corpo reto e um eixo, um com painel pintado e os outros com nichos revestidos de apainelados de talha, dispondo-se entre estes painéis setecentistas pintados, os maiores com cenas da vida de Cristo e os mais pequenos com vários santos. O arco triunfal, de volta perfeita sobre pilastras, é revestido a talha barroca, sendo encimado pelas armas do reino. Na capela-mor as paredes laterais têm silhar de azulejos rococós, que, segundo Santos Simões, são típicos da produção de Lisboa, de cerca de 1780-1790, e representam cenas da vida de Santa Bárbara, figuração agiográfica relativamente rara, mesmo no continente. Constitui a única igreja da ilha com painéis de azulejos. Segundo o mesmo investigador, as cenas apresentam desenho seguro e denotam "trabalho artesanal de bom quilate". Para o painel do Nascimento de Santa Bárbara utilizou-se uma gravura convencional do Nascimento da Virgem, muito vulgar na iconografia azulejar, e para o painel da Santa perante o imperador aproveitou-se uma gravura do ciclo da vida de David, representando David perante Saul, substituindo a figura do rei pela da mártir. Sobre o silhar de azulejos surgem telas setecentistas, de grande qualidade, com representação da Última Ceia e Nascimento de Jesus e os Evangelistas. O retábulo-mor, em talha dourada e policroma, é barroco, de corpo reto e três eixos, mas teve uma reforma posterior conforme denota o largo friso central do remate. O altar-mor expositivo tem pintura naif recente, contrastando com a decoração erudita do templo, albergando imagem de Cristo Morto. As coberturas interiores são barrocas, a da nave em alfarje, com três esteiras, tendo na central representações agiográficas alusivas ao orago da igreja, ao santo patrono da ilha e ao Espírito Santo, a da capela-mor de masseira, com apainelados figurando os Mistérios dos Rosário, e a da sacristia, também em alfarje. Esta última conserva armários embutidos de finais do séc. 17 e uma mesa de finais do séc. 18, com embutidos no tampo, decorado com atributos do orago e as armas de Portugal.
Número IPA Antigo: PT071904030001
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta retangular composta por nave e capela-mor, tendo adossado à fachada lateral esquerda torre sineira quadrangular e dois anexos, de dimensões distintas, e na oposta sacristia retangular. Volumes articulados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja e de uma nos corpos adossados, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco de cantaria, com cunhais apilastrados, remates em cornija e vãos de molduras biseladas. Fachada principal virada a ocidente, terminada em frontão triangular, coroado por cruz em cantaria, sobre acrotério, e o cunhal direito por pináculo sobre plinto paralelepipédico, ornado com losangos. É rasgada por um eixo de vãos sobrepostos e interligados, formado por portal de verga reta, entre pilastras jónicas que suportam alto friso e cornija, e por janela retangular, que interrompe a cornija inferior do frontão do remate, ambos ladeados por pináculos relevados. Sobre a janela abre-se ainda nicho, em arco de volta perfeita, envidraçado e albergando imagem do orago, encimado por cartela e aletas laterais, em cantaria. No alinhamento da frontaria, dispõe-se à esquerda a torre sineira, de dois registos separados por cornija e alto friso de cantaria, sendo o inferior cego e o superior rasgado, em cada uma das faces, por ventana em arco peraltado, sobre pilastras, a virada a sul mais estreita, albergando três sinos; a estrutura remata em friso, cornija e platibanda plena de cantaria, com plintos paralelepipédicos nos cunhais, ornados por losangos, coroados por pináculos tipo pera, e é coberta por domo, de secção octogonal, sobreposto por pináculo. A torre é circundada por bailéu, capeado a cantaria, tendo ainda na fachada norte pequena janela. Na fachada lateral esquerda abre-se, no corpo estreito, de acesso à torre sineira e ao coro-alto, três janelas em arco de volta perfeita, na central sobre pilastras, com caixilharia de vidrinhos, e vão em arco de volta perfeita, com cobertura em abóbada de berço, protegendo a porta travessa, de verga reta. O anexo adossado, terminado em meia empena, é rasgado, a oriente, por porta de verga reta e janela quadrangular, onde também possui zona saliente, de perfil curvo e com vestígios de modinatura. Na fachada lateral direita abre-se porta travessa, de verga reta, interligada a janela retangular superior; a sacristia, terminada em meia empena, tem, a ocidente, porta de verga reta moldurada, a sul, três janelas diferentes e desalinhadas, uma deles mais recente, e a oriente, porta de verga reta encimada por janela. Na capela-mor abre-se, em ambas as fachadas, janela. A fachada posterior é rasgada por pequena porta com postigo. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento assoalhado e vãos com molduras pintadas a marmoreados fingidos. Coro-alto de madeira, com guarda em balaustrada, acedido pelo lado do Evangelho. No sub-coro, o guarda-vento, é ladeado por pias de água-benta, concheadas, sendo a do lado da Epístola maior. No lado do Evangelho, sob a torre sineira, abre-se o batistério, com pavimento em lajes de cantaria e cobertura em abóbada de berço, albergando pia batismal, de grande dimensão, em cantaria. Nas paredes laterais, junto a cada uma das portas travessas existe pia de água benta, sendo a do lado da Epístola embutida, maior e concheada. No lado do Evangelho, surge púlpito, de bacia retangular, assente em mísula de cantaria, pintada com elementos vegetalistas e marmoreados fingidos, com guarda plena, ornada de motivos vegetalistas relevados enrolados, pintados a escaiolados; é encimado por baldaquino, decorado com motivos drapeados e borlas, coroado por pináculos, subsistindo apenas o esquerdo, e a porta de acesso, de verga reta, é envolvida por apainelado pintado a marmoreados fingidos e drapeados a abrir em boca de cena e lambrequim. Segue-se porta de acesso ao corpo adossado, encimado por painel pintado com Santo Inácio de Loyola, sobreposto por sanefa de talha. Confrontante, tem no lado da Epístola painel com São Francisco de Borja em oração, também encimado por sanefa de talha. Tem dois altares laterais, em talha dourada e policroma, de corpo reto e um eixo, dedicados às Almas (Evangelho) e a Nossa Senhora do Carmo (Epístola), e dois retábulos colaterais, também em talha dourada e policroma, de corpo reto e um eixo, postos de ângulo, dedicados a Nossa Senhora da Conceição (Evangelho) e ao Senhor Jesus dos Aflitos (Epístola). A nave possui marcação de presbitério, de planta em U invertido, delimitado por teia em balaustrada, encimada por um confessionário móvel de cada lado. Nas paredes laterais, no espaço livre entre o coro-alto, o púlpito e os retábulos, existem, num plano superior, amplos painéis pintados, sobre madeira, com representação de cenas da vida de Cristo. Arco triunfal, de volta perfeita sobre pilastras, revestido a talha dourada e policroma, decorada com acantos pintados e cartelas douradas envolvidas por volutados e concheados, tendo no fecho o escudo com as armas de Portugal entre dois anjos tenentes, e a inscrição "IHS". O arco tem teia de madeira a dividir o espaço. A cobertura da nave é em alfarje, com três esteiras, integrando, na esteira central, três painéis de talha policroma com representações de São Jorge, do Espírito Santo e de Santa Bárbara respetivamente. A capela-mor tem nas paredes laterais silhar de azulejos, com seis painéis, pintados a azul e branco, representando cenas da vida de Santa Bárbara, envolvidos por decoração concheada, policroma, sobre alto rodapé, também policromo. O silhar é encimado por painéis pintados, sobre tela, os dois maiores representando a Última Ceia (Evangelho) e o Nascimento de Jesus (Epístola), e os Evangelistas, ladeando as janelas laterais, todos com molduras de talha dourada, ornadas de acantos e encimadas por cartela com querubins pintados e volutados e concheados. Sobre supedâneo, com frontal revestido a azulejos policromos e acesso central, dispõe-se o retábulo-mor, de corpo reto e três eixos, definidos por quatro colunas torsas, ornadas de pâmpanos e aves, sobre mísulas, que se prolongam no remate da estrutura, em duas arquivoltas, unidas no sentido do raio, tendo a meio largo friso de acantos. No eixo central abre-se tribuna, em arco de volta perfeita, de boca rendilhada, interiormente revestido a apainelados de talha dourada, com cobertura em falsa abóbada de berço e albergando trono expositivo. Nos eixos laterais surgem nichos à face com mísulas sustentando imaginária. Sotobanco com painel de talha contendo grande ave relevada e banco com apainelados de acantos. Altar expositivo, paralelepipédico, com frontal pintado a marmoreados fingidos formando quatro grandes florões, moldurados, e interiormente pintado com flores e albergando imagem de Cristo morto. Sobre a banqueta dispõe-se o sacrário, facetado, em talha dourada, decorado de acantos. A capela-mor tem cobertura de madeira, em masseira, formando doze caixotões pintados, sobre madeira, com representação dos Mistérios do Rosário. Na parede do lado do Evangelho, abre-se porta de ligação a uma zona de arrumos, onde se desenvolve escada escada para o corpo estreito de acesso ao púlpito, ao coro-alto e à torre sineira. Junto à entrada para os dois últimos espaços existe pia de água benta embutida. Na parede do lado da Epístola da capela-mor, uma porta de arco deprimido dá acesso à sacristia, também ladeada por pia de água benta. A sacristia tem, na parede nascente, arcaz em madeira e, à direita, inserido em arco, de volta perfeita, sobre pilastras, pintado a marmoreados fingidos, lavabo de cantaria; este tem espaldar decorado por bica carranca, envolvida por motivos vegetalistas, encimado pelo reservatório e com bacia frontal sobre mísula. Tem ainda dois armários embutidos, um deles com moldura e portas pintadas a marmoreados fingidos, e dois cadeirais de confraria. O teto é de masseira em alfarje, decorado ao centro com as armas de Portugal e coroa.

Acessos

Manadas (Santa Bárbara), Largo da Igreja; Caminho de Baixo

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 37 728, DG, 1.ª série, n.º 04 de 05 janeiro 1950

Enquadramento

Urbano, isolado, na costa sul da ilha, na periferia do principal núcleo residencial da povoação. Implanta-se nas imediações do Porto das Manadas, num adro sobrelevado relativamente ao arruamento, adaptado ao declive do terreno, com planta irregular, delimitado por muro e acedido frontalmente por escada formada por dois ou três degraus, de cantaria, intercalados por vários patamares, em calhau rolado; no topo da escada, o muro do adro possui plintos paralelepipédicos sustentando pináculos piramidais com losangos. O adro tem pavimento arrelvado com faixa axial de cantaria, com dois acessos secundários na fachada lateral norte, onde o muro da guarda integra pequenas estelas contendo cruzes relevadas, formando uma Via-Sacra.

Descrição Complementar

A verga do portal axial tem a data de "1770" inscrita e a platibanda da torre sineira, virada a norte, a de "1736". No coro-alto existe órgão positivo de armário, servindo atualmente de armário, pintado a marmoreados fingidos, com portas decoradas de acantos e friso superior de folhas e pequenos motivos quadrilobados vazados; o teclado é ladeado por sete botões de registo. Os painéis pintados da nave representam cenas da vida de Cristo: A Entrada de Cristo em Jerusalém e o Lava-pés, no lado do Evangelho, e, A Fuga para o Egito, Santa Ana e a Virgem e São Joaquim, no lado da Epístola, surgindo entre eles frisos de acantos. Os retábulos laterais e colaterais, em talha dourada e policroma, apresentam corpo reto e um eixo, formado por amplo nicho, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, revestidas a talha decorada com acantos, tendo cartela no fecho. Interiormente, os nichos possuem painéis de talha ou, como no lateral do Evangelho, painel pintado alusivo às Almas. O retábulo colateral do Evangelho tem pelicano relevado e sacrário com anjos e outras figuras e o da Epístola possui apainelados com as figuras da Virgem e de São João aos pés da cruz com Crucificado. O silhar de azulejos da capela-mor (com 15 azulejos de altura) representa cenas da vida de Santa Bárbara, sendo cada um dos painéis identificados por inscrição inserida em cartela inferior. Assim, do lado do Evangelho, surge a representação do Nascimento de Santa Bárbara (com a inscrição "NASIMEN / TO DE STª / BARBARA"), Santa Bárbara junto à torre onde esteve presa ("STª BARBA / RA MAN / DANDOA O PAIIME / TER NATORE") e a Apresentação de Santa Bárbara ao imperador Dioclesiano ("STª BAR / BAR ALE- / UADA. APREZENSA / DO EMPARADOR DEO / CLISIANNO"); no lado do Evangelho figura Santa Bárbara levada ao suplício ("STª BAR / BARA LEUAN- / DOA PARA O SO / PLISIO"), Degolação de Santa Bárbara ("STª BAR- / BARA DE / GOLADA POR SEU / PAI"), e Santa Bárbara empunhando um ramo de lírios e uma custódia, não tendo inscrição identificativa.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra - Arciprestado São Jorge (Ilha de São Jorge)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 15 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ORGANEIRO: Joaquim António Peres Fontanes.

Cronologia

1485 - construção da primitiva igreja de Santa Bárbara, correspondendo possivelmente à atual sacristia; 1499 - data do primeiro enterramento na igreja, o de uma criança de 6 anos, cuja lápide existe atualmente junto à porta travessa; 1559 - data dos primeiros registos da freguesia de Santa Bárbara de Manadas, que na altura abrange uma área maior, incluindo as atuais localidades da Urzelina, Terreiros e Fajã das Almas; 1568, 30 junho - Carta Régia de D. Sebastião estabelecendo a nova côngrua para o pároco da igreja de Manadas, uma das seis paróquias então existente na ilha, o qual passa a receber 20$000 anuais; 1610 - data da imagem do Cristo, existente na Capela do Senhor dos Aflitos; 1680, 06 junho - obra de carpintaria na sacristia pelo entalhador Manuel Fernandes, de Angra, por 47$000; adjudicação do feitio dos armários para a sacristia, pelo entalhador Manuel Teixeira, do Faial, por 22$000; 1731, 01 fevereiro - obra do retábulo-mor pelo entalhador Brás da Silva; 1736 - data inscrita na platibanda da torre sineira; 1751, 15 abril - visitação de Jorge da Silveira Souto Mayor, beneficiado e confirmado da Igreja Paroquial de Vila do Topo, o qual estipula que "... as lâmpadas dos altares de Nossa Senhora da Conceição e do Senhor Jesus estejam de agora em diante acesas e no Arco da capela-mor sejam colocadas grades bem feitas para que ninguém aí entre sem que seja necessário"; 1752, 03 janeiro - douramento a branco do coro da capela-mor pelo pintor dourador Joaquim José da Silva, por 500$000; 1757, 09 julho - antes do terramoto que ocorre por esta data, procede-se à colocação dos painéis pintados da igreja; 1770 - data inscrita na verga do portal, assinalando a reconstrução da igreja, aproveitando o primitivo templo para sacristia; 1780 - data dos estatutos da Confraria de Nossa Senhora de Rosário; 1780 - 1790 - data provável apontada por Santos Simões para a feitura e colocação dos painéis de azulejos da capela-mor; 1792, 23 julho - o visitador Cónego Serpa determina que se alarguem as duas frestas da capela-mor, de modo a permitir maior entrada de luz; 1793 - data inscrita no retábulo colateral do Evangelho; execução de um órgão por Joaquim António Peres Fontanes; 1798, 28 setembro - em visitação, o vigário da Matriz de Velas, António Machado Pereira, determina que "seja reformada a lâmpada da capela-mor obra muito antiga mas com prata bastante para que se faça mais peso ajuntando-lhe as 6 libras e 7 oitavas que pesam as moedas de prata que ficam na arca de três chaves"; 1799 - execução de uma mesa, em embutidos de madeira, com atributos de Santa Bárbara; 1810 - data de uma das imagens de Santa Bárbara; 1825, 21 abril - colocação dos dois confessionários sobre a teia do presbitério, por ordem do vigário da paróquia de Santo Amaro, Amaro Pereira de Lemos; 1851 - construção do órgão, pelo organeiro lisboeta Sebastião Gomes de Lemos; séc. 19, finais - feitura da guarda balaustrada do coro-alto, pelos marceneiros Manuel da Cunha Leite e Mariano da Silva Brasil, de Borba, natural da freguesia de Manadas; 1964, fevereiro - durante as três semanas em que ocorre uma crise sísmica, a imagem do Senhor Jesus dos Aflitos é levada em procissão, pelo padre Francisco da Terra Faria, pelas ruas da freguesia; como os tremores de terra pararam sem ter havido erupção vulcânica, o povo, em reconhecimento da misericórdia divina, coloca na imagem pregos e uma coroa de espinhos em prata e na cruz manda fazer decorações do mesmo material; 1980, 01 janeiro - terramoto provoca a queda de algumas pedras na capela-mor, danificando a pintura do Nascimento de Jesus e o lampadário de prata; durante as obras de restauro realizadas posteriormente, pôs-se a descoberto na capela-mor, sob os painéis pintados, um teto mais antigo, de alfarge, tendo ao centro dois painéis entalhados com representação dos atributos de Santa Bárbara: a torre e os raios que fulminaram o pai e as palmas;1982 - visita de artífices da Fundação Ricardo do Espírito Santo, chefiados pelo entalhador Manuel Abrantes Nunes, com vista ao restauro da decoração em madeira; 1984 - feitura e colocação do atual altar, executado por artífices da Fundação Ricardo do Espírito Santo, de Lisboa; 2016, final - encerramento da igreja para execução de obras.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra, rebocada e pintada; reforços em betão armado; soco, cunhais, frisos, cornijas, molduras dos vãos, pináculos, elementos decorativos exteriores, pias de água benta e outros elementos em cantaria de basalto aparente; molduras dos vãos interiores e bacia do púlpito em cantaria de basalto pintado; portas de madeira pintada de "sangue de boi"; caixilharias em madeira; vidros simples; pavimento em soalho de madeira e lajes de cantaria da região; retábulos, sanefas, guarda e baldaquino do púlpito em talha dourada e policroma; teias e guarda do coro-alto em madeira; silhar em azulejos azuis e brancos e policromos; painéis pintados sobre madeira e tela; teto da nave em cedro-do-mato; cobertura e beirada em telha de meia-cana industrial.

Bibliografia

AA.VV - Igreja de Santa Bárbara - Manadas. Mandas: s.n., 1986; AA.VV - S. Jorge - Guia do Património Cultural. S.l.: Atlantic View - Actividades Turísticas, Ldª, 2003; AVELLAR, José Cândido da Silveira - Ilha de S. Jorge, apontamentos para a sua história. Horta: Typ. Minerva Insulana, 1902; DIAS, Pedro - Arte de Portugal no Mundo - Açores. Lisboa: Público - Comunicação Social S.A., 2008; «Igreja de Santa Bárbara». In Inventário do Património Imóvel dos Açores. (), [consultado em 30 junho 2016]; FERNANDES, José Manuel - História Ilustrada da Arquitectura dos Açores. Angra do Heroísmo: Instituto Açoreano de Cultura, 2008; MONTEREY, Guido de - Graciosa e São Jorge, duas ilhas no centro do Arquipélago. Porto: edição do autor, 1981; «O Órgão da Igreja de Santa Bárbara (Manadas) - Ilha de São Jorge». In Órgãos dos Açores (), [consultado em 30 junho 2016]; ROSA, Teresa Maria Rodrigues da Fonseca - O Convento de São Gonçalo em Angra do Heroísmo. Contributos para o Estudo da Arte Religiosa Açoriana. Dissertação de Tese de Mestrado em História da Arte apresentada na Universidade Lusíada, 1998; SIMÕES, J. M. dos Santos - Azulejaria Portuguesa nos Açores e na Madeira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1963; TEIXEIRA, Odília - «À descoberta da Igreja de Santa Bárbara das Manadas». In Açoriano Oriental. p. 18, 11 dezembro 2016; VALENÇA, Manuel - A Arte Organística em Portugal. Braga: 1990, vol. II.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1980, depois - restauro do templo após o terramoto, nomeadamente do retábulo-mor e do órgão, por técnicos da Fundação Ricardo do Espírito Santo; por ordem do então Presidente da Junta de Freguesia, Amaro Ferreira da Silva, o lampadário de prata da capela-mor é enviado ao continente para ser restaurado; 2001 / 2002 - restauro das telas pintadas com a Última Ceia, São Miguel e as Almas e do Nascimento de Jesus, esta por Emanuel Félix Lopes da Silva, poeta açoriano e técnico do Centro de Restauro de Arte do Museu de Angra do Heroísmo; 2016 / 2017 - obras de restauro da igreja.

Observações

*1 - Segundo a tradição, a primitiva igreja, tal como a atual, foram construídas com pedras arrancadas nas rochas de uma pedreira que se encontra a alguma distância e daí trazidas pelo Caminho da Pedreira, Caminho da Ermida e Caminho da Igreja até à beira-mar.

Autor e Data

Ana Nascimento (no âmbito da parceria DGPC / Diocese de Angra) / Paula Noé 2016

Actualização

 
 
 
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