Mosteiro de Santo André / Escola de Artesanato

IPA.00034746
Portugal, Ilha de São Miguel (Açores), Vila Franca do Campo, Vila Franca do Campo (São Miguel)
 
Arquitetura religiosa, seiscentista e setecentista. Mosteiro feminino, de Clarissas, composto por igreja e zona regral adossada, atualmente muito reduzida. Igreja de planta retangular, composta por naves e capela-mor, com acesso lateral, tendo coberturas em falsas abóbadas de berço, em caixotões. Para a nave abrem-se os coros, e possui um púlpito e dois retábulos colaterais de talha do séc. 19 ou 20. A capela-mor possui as paredes revestidas a azulejos de composição figurativa alusiva ao orago, integrados na produção lisboeta de cerca de 1735 - 1745, e retábulo-mor de talha dourada barroca. Da zona regral subsistem alguns corpos e o mirante, avançado, de três registos, rasgados regularmente por vãos retilíneos, os dos pisos superiores com molduras terminadas em cornija.
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  

Descrição

Planta poligonal irregular, composta pela igreja, de eixo longitudinal interno e entrada lateral, composta por duas naves e capela-mor, e parte da zona regral, composta por vários corpos articulados, nomeadamente torre sineira e mirante a O.. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas, três e quatro águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco ou em cantaria aparente, percorridas por soco de cantaria, com panos e cunhais definidos por pilastras toscanas, as da frontaria coroadas por pináculos piramidais com bola sobre plintos paralelepipédicos, e remates em friso e cornija. Fachada principal virada a S.. IGREJA com fachada principal de quatro panos definidos por pilastras, o da direita cego e os intermédios estreitos e rasgados por uma janela de arco apontado com pano de peito de cantaria; o pano central, em cantaria, sensivelmente avançado e terminado em empena coroada por cruz de Malta sobre acrotério, é rasgado por portal inserido em gablete, de arco apontado e duas arquivoltas, a interior côncava; o portal propriamente dito tem verga reta e lateralmente duas colunas encimadas por arco trilobado, com escudo no falso tímpano. A capela-mor é rasgada lateral e posteriormente por janela de arco apontado sem moldura, terminando a fachada posterior em empena reta. A fachada N. da nave e capela-mor é marcada por vários contrafortes. Entre a capela-mor e a fachada principal existe corpo poligonal, mais baixo, em cantaria aparente, com acesso exterior na fachada posterior, precedida de escada. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, naves separadas por arcos de volta perfeita, sobre pilares facetados, revestidos a talha policroma com elementos dourados. Nave central com cobertura em falsa abóbada de berço, formando caixotões, decorados. Coro-alto apresentando três arcos de volta perfeita sobre pilares quadrangulares, igualmente revestidos a talha, e com guarda em balaústres. Possui púlpito e dois retábulos colaterais, dispostos de ângulo, de talha pintada a branco, rosa, verde e elementos dourados, de planta reta e um eixo, definido por duas colunas decoradas com elementos fitomórficos, sobre plintos paralelepipédicos, e de capitéis de inspiração coríntia sustentando entablamento, com querubim num friso, e espaldar recortado com motivo circular central. Ao centro possui apainelado retilíneo com moldura contendo um segundo apainelado circular, de moldura ornada de querubins, com resplendor dourado, enquadrando imaginária, a do lado do Evangelho sobre mísula e o da Epístola sobre sacrário; este tem nos ângulos quarteirões e colunas sobrepostas por querubins, remate em entablamento coroado por pináculos, e porta ornada com Cristo Redentor. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras igualmente revestidas a talha policroma com elementos dourados e brancos relevados. Capela-mor com as paredes laterais revestidas a azulejos (34 azulejos), azuis e brancos, de composição figurativa, representando passos da vida de Santo André, e cobertura em falsa abóbada de berço, formando caixotões, que são pintados e têm molduras de talha dourada. Retábulo-mor em talha dourada, de planta côncava e três eixos definidos por colunas torsas, ornadas de pâmpanos e anjos, sustentando o remate, em frontão semicircular, decorado com elementos vegetalistas, arquitetónicos, anjos atlantes e cartela central. Ao centro abre-se tribuna, em arco de volta perfeita, com boca rendilhada, e interiormente contendo elementos vegetalistas, concheados, resplendor de talha e imagem do orago. Nos eixos laterais surgem nichos com baldaquino com lambrequim e drapeados a abrir em boca de cena, seguros por anjos, com imaginária sobre mísulas. Na sacristia existe arcaz em pau-santo. ZONA REGRAL: a O. da igreja, desenvolvem-se dois panos, o da direita de dois pisos, cada um rasgado por janela retilínea, o do segundo piso com pano de peito em cantaria e moldura terminada em cornija, e rematado em cornija e platibanda plena capeada a cantaria, com dois côncavos. O da esquerda, correspondente à torre sineira, apresenta quatro registos, o inferior rasgado por porta de verga reta, o segundo por janela com pano de peito em cantaria e moldura terminada em cornija reta, o terceiro cego e o quarto rasgado por sineira em arco de volta perfeita sobre pilastras; é rematada em platibanda vazada e coberta por coruchéu piramidal truncado, coroado por pináculo tipo pera. À esquerda, dispõe-se o mirante, avançado do antigo corpo da igreja e dos coros, rematado por merlões decorativos, de três pisos separados por friso e cornija boleada, e rasgada por três ou dois eixos de vãos, na fachada principal e lateral esquerda respetivamente, correspondendo no piso térreo a portais ou janelas jacentes de moldura simples e nos superiores a janelas de peitoril com moldura rematada em cornija reta e com portadas de madeira, pintadas de verde. No pano virado a O. rasga-se no primeiro piso óculo quadrangular contendo molduras circulares de cantaria.

Acessos

Ilha de São Miguel; Largo Bento de Góis

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, adossado, no limite NE. do centro histórico e Núcleo urbano da Vila de Franca do Campo (v. IPA.00027988), inserido num quarteirão de planta irregular, circundado por ruas e possuindo frontalmente praça com estátua do missionário Bento de Góis. Adapta-se ao declive do terreno, possuindo adossado lateralmente alto muro vedando as construções existentes em parte da antiga cerca, subsistente na fachada posterior. Na frontaria, a igreja é precedida por escadaria, com colunas de arranque, ladeada por canteiros ajardinados sobrelevados à via, e, à esquerda, o mirante e corpos entre este e a igreja, é vedado por muro alto, com portal de verga reta.

Descrição Complementar

A nave S. é revestida a azulejos policromos (33 azulejos de altura), formando tapete, de dois registos, separados por cercadura, surgindo no registo inferior (de 12 azulejos) o padrão de massaroca (de 2 x 2/1), (P 10), e no superior (de 20 azulejos) o padrão P 33 (de modelo 4 x 4/4). Na nave N., a parede do lado do Evangelho apresenta tapete policromo (de 30 azulejos), constituído por dois padrões: o inferior de massaroca (de 2 x 2/1), e o superior, com o padrão P 37, separados por barra policroma (B 3).

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Educativa: escola de ensino especial

Propriedade

Privada: misericórdia

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

DOURADOR: Amaro de Freitas (1697-1699). ENTALHADOR: João da Fonseca (1687); Manuel Fernandes (1688, 1703). LADRILHADOR: José de Paiva (1687). PINTOR: Frei Manuel de Santa Maria (1699).

Cronologia

1567 - fundação da igreja sobre as ruínas da primitiva igreja matriz de São Miguel Arcanjo; 1650 - 1660 - época provável para a feitura dos azulejos da nave N.; 1670 - 1670 - data apontada por Santos Simões para a feitura dos azulejos de padrão do segundo registo da nave S.; 1686 - encomenda para Lisboa de ouro e azulejos para o mosteiro, importando em 300$000; 1687, maio - chega a Vila Franca do Campo os azulejos; setembro - colocação dos azulejos na igreja (possivelmente apenas os da nave S. e os do antigo coro), por José de Paiva, que por assentar 4000 azulejos a 4$500 o milheiro, se paga 18$000; feitura do retábulo e camarim da igreja pelo entalhador João da Fonseca; 1688 - trabalha no mosteiro o entalhador Manuel Fernandes, recebendo 60$000; 1697 - 1699 - trabalha no mosteiro Amaro de Freitas, decorando a igreja em conjunto com outros artistas flamengos; 1699 - pintura de um painel para a capela-mor por Frei Manuel de Santa Maria; séc. 17, finais - o entalhador João da Fonseca trabalha no mosteiro; 1703 - douramento do camarim, sacrário e retábulo da igreja, decoração da capela-mor e das grades do coro e estofamento de alguns santos pelo entalhador Manuel Fernandes; séc. 18 - reforma decorativa da igreja; 1828 - feitura do órgão em Lisboa; 1832 - extinção das ordens religiosas; 1861 - aquisição do mosteiro pelo morgado Nuno Gonçalves Botelho; posteriormente procede-se à destruição parcial do mosteiro; 1885 - alteração da denominação do largo frontal do mosteiro de Largo de Santo André para Largo Bento de Góis; séc. 19 - colocação de azulejos estampilhados com frisos azuis, na parede fundeira da igreja, onde estavam as grades do coro; séc. 20, inícios - o parlatório alberga durante alguns anos o Instituto Vilafranquense, estabelecimento de ensino secundário; 1901 - ajardinamento e iluminação da praça em frente do mosteiro; 1907, 11 abril - inauguração da estátua de Bento de Góis no largo em frente do mosteiro, executada pelo escultor Simões de Almeida, assinalando o tricentenário da morte do missionário; 1940, década - reconstrução da fachada da igreja, procurando evocar a primitiva igreja de São Miguel; 1962 - substituição da estátua do largo fronteiro ao mosteiro por uma outra, comemorando o quarto centenário do seu nascimento; 1963 - a igreja pertence ao Visconde de Botelho.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura rebocada e pintada de branco; soco, frisos, cornijas, molduras dos vãos, pináculos e cruz em cantaria de basalto; portas e caixilharia de madeira; retábulos de talha policroma e dourada; coberturas interiores com caixotões pintados e molduras douradas; cobertura de telha.

Bibliografia

FERNANDES, José Manuel - História Ilustrada da Arquitectura dos Açores. Angra do Heroísmo: Instituto Açoreano de Cultura, 2008; MARTINS, Rui de Sousa - Vila Franca do Campo. Ponta Delgada: Éter, 1996; ROSA, Teresa Maria Rodrigues da Fonseca - O Convento de São Gonçalo em Angra do Heroísmo. Contributos para o Estudo da Arte Religiosa Açoriana. s.n., 1998, Dissertação de Tese de Mestrado em História da Arte apresentada à Universidade Lusíada; SIMÕES, J. M. dos Santos - Azulejaria Portuguesa nos Açores e na Madeira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1963; "Convento de Santo André" (http://www.acorianooriental.pt/noticias/ver/174201), [consultado em 24-07-2013].

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

EM ESTUDO.

Autor e Data

Paula Noé 2013

Actualização

 
 
 
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