Igreja do Corpo Santo de Massarelos

IPA.00009579
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos
 
Arquitectura religiosa, barroca. Igreja de nave única e capela-mor rectangulares. Simetria compositiva da fachada principal, com 3 panos enquadrados por pilastras, com recurso aos frontões interrompidos, volutas e conchas. Pias de água benta, em formas concheadas.
Número IPA Antigo: PT011312070229
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja  

Descrição

Planta longitudinal, composta por nave única, capela-mor rectangular, duas torres sineiras sobrepostas à nave e dois corpos rectangulares alongados adossados para cada lado da nave e capela-mor. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave e capela-mor e de três e quatro águas nos corpos anexos. Torres sineiras com cobertura em coruchéu de granito, rematado por cruz de ferro, tendo conchas a decorar as quatro faces. Fachada principal, a N., integralmente revestida a azulejos azuis e brancos. De três panos, separados por pilastras. Os laterais, correspondentes às torres sineiras, apresentam duas janelas gradeadas com molduras de granito, de recorte curvilíneo, rematada superiormente ao centro por concha. O pano central, de empena triangular, é encimado por cruz com volutas na base, ladeada nos extremos por dois fogaréus. O portal principal, com frontão curvo interrompido está apoiado em duas colunas de capitéis coríntios. Ao eixo, sobre a porta, eleva-se um nicho envidraçado ladeado por colunas e encimado por frontão interrompido, onde se encontra a imagem de São Pedro Gonçalves Telmo. Superiormente um óculo interrompe o entablamento. Na fachada posterior, a S., com embasamento em granito, ressalta elevado o volume cego da capela-mor, onde se lê a data de "1394" e onde se destaca o painel de azulejos alusivo aos Descobrimentos. A ladear, dois corpos mais baixos, com duas janelas rectangulares engradadas de moldura simples, rematando o corpo da esquerda numa platibanda de granito e o da direita num beiral simples. INTERIOR, com paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por lambril de azulejos de padrão azuis e brancos, e tectos abobadados, separados por arcos torais, estucados e decorados com florões ou flores-de-lis. Coro-alto apoiado em arco abatido de cantaria com guarda de madeira, onde do lado do Evangelho se encontra órgão em talha pintada. Na nave, dois púlpitos em talha dourada ladeados por dois retábulos, os do Evangelho dedicados a Nossa Senhora das Dores e ao Sagrado Coração de Jesus, e os do lado da Epístola a São Cosme e a Santo António. Arco triunfal com moldura em cantaria lavrada formando estrutura arquitectónica, ladeado por retábulos barrocos, o do lado do Evangelho dedicado a Nossa Senhora e o da Epístola a São José. Capela-mor com parede testeira inteiramente preenchida pelo retábulo-mor. Na sacristia, com pavimento em lajeado e cobertura em tecto de masseira estucado, grande arcaz em pau santo apoiado em estrado de madeira.

Acessos

Massarelos, Largo do Adro

Protecção

Incluído na Zona Histórica da Cidade do Porto (v. PT011312070086)

Enquadramento

Urbano, flanqueado a O. por edifícios que constituem o Cais e a E. pela Rua do Adro. Desenvolve-se no sentido S.-N., com a fachada posterior integrada na frente ribeirinha da margem direita do Rio Douro. Emergente das construções, ergue-se sobre um rochedo. A fachada principal faz parte do Largo do Adro. Junto à entrada um espaço elevado lajeado e vedado por grade metálica.

Descrição Complementar

AZULEJOS: Na fachada posterior, painel de azulejos figurativos, alegórico aos Descobrimentos, onde se destaca a figura do Infante D. Henrique, diz: "Vi, claramente visto, o lume vivo. Que a marítima gente tem por santo. Lus.V-18". No canto inferior esquerdo está assinado por Mendes da Silva e assinala a sua proveniência: "Fábrica de de Louça das Devezas, Valentes, Irmãos, Lda. Vila Nova de Gaia".

Utilização Inicial

Religiosa: igreja

Utilização Actual

Religiosa: igreja

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1394 - Ocorre o milagre que deu origem no mesmo ano à construção da Ermida do Corpo Santo, sendo seus fundadores António do Espírito Santo Silva e Inácio de Sousa; 1616 - auto de Fundação da Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos; 1640, após - ampliação da Ermida; 1643 - ordenada ao Juíz da Confraria a construção do Castelo do Queijo (v. PT011312090019); 1723 - o Padre António Rodrigues Cardoso é condenado pelo Tribunal Eclesiástico a nunca mais se intrometer na administrção e solenidades da Confraria; 1741 - a confraria dispunha de uma frota comercial constituída por seis naus; 1776 - início da construção da actual Igreja do Corpo Santo; 1788, 4 Março / 1797, 19 Setembro - são sepultados na Igreja os afogados, e as vítimas de desastres com as honras dos Irmãos da Confraria; 1797 - a rainha D. Maria I faz a promessa de oferecer o seu manto real à imagem de Nossa Senhora da Conceição; 1804 - diversas obras de reparações na Capela; o priorado da Cedofeita e a Confraria do Santíssimo Sacramento, são condenados por D. João VI, nas custas dos processos e no reconhecimento das Isenções e Privilégios da Confraria; o Padre José de Sousa e Silva foi condenado pelo Supremo Tribunal da Relação Eclesiástica Metropolitana de Braga a três anos de degredo para o Bispado de Aveiro, pelas violências cometidas; 1807 - a Capela fica vedada ao culto, após o arrombamento da Capela à mão armada pelo extinto Priorado de Cedofeita; 1815 - obras de reparações na Capela; 1828 - começa a ser construída a R. da Restauração; 1862 - a Igreja da Boa Viagem (paroquial de Massarelos) ameaça ruína pelo que a Igreja de Corpo Santo serviu de igreja matriz até 1924; 1870 - demolição de má fé da Capela do Corpo Santo, alegando o seu estado de ruína; 1874 - os moradores oferecem à Câmara dinheiro para expropriação de casas e quintais no espaço fronteiro á fachada principal para construção do Largo do Adro; 1924, a partir de - por desentendimento passou a ser a Igreja de Santíssimo Sacramento, na R. Guerra Junqueiro, a paroquial de Massarelos, funcionando provisóriamente na R. da Piedade, na chamada Capela de Moínhos; 2005 - oferta da imagem de São Telmo pelo bispo de Tui; 2018, 19 julho - assinatura do contrato de financiamento para as obras de conservação e restauro da igreja, entre o secretário de Estado da Administração Local, Carlos Miguel, o vide-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDR-N), Ricardo Magalhães, e pelo juiz provedor da Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos, José Carlos Gonçalves; as obras, com projeto do arquiteto César Machado Moreira, da FZZO Arquitetura, incidirão a nível das coberturas, fachadas, caixilharias e vedação, estão orçadas em cerca de 100 mil euros e serão comparticipados em 50% pelo Estado.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes exteriores de alvenaria de granito rebocadas pelo lado interior e exterior; paredes exteriores da fachada principal revestidas a azulejo; cobertura em estrutura de madeira revestida a telha de barro tipo marselha; tectos estucados; revestimento de pavimentos em soalho de madeira; revestimento de pavimentos a lajeado de granito (sacristia); caixilharias em madeira pintada; grades em ferro pintado.

Bibliografia

LANHOSO, Adriano Coutinho, A Confraria das Almas do Corpo Santo , de Massarelos, in O Tripeiro, V Série, Ano XIII, nº9, Janeiro, 1958; LOBO, D. Manuel do Pillar, Memórias paroquiais na divisão administrativa do Porto, em 1758, através do "Dicionário geográfico de Portugal", Maçarellos, Descripção/ do lugar de Maçarellos / em Abril de 1758, in O Tripeiro, VI Série, Ano IV, nº10, Outubro, 1964; PACHECO, Helder, O Porto, Lisboa, 1984; PEIXOTO, Isabel - «Igreja de Massarelos vai ter museu». In Jornal de Notícias. 26 junho 2016, p. 37; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1988; Guia de Portugal, IV, I, Coimbra, 1994; A Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos, Edição da C. das Almas do Corpo Santo de Massarelos, Porto, 1994 QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal: Cidade do Porto, Lisboa, 1995.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Confraria: Séc. 20, anos 40 / 50 - Revestimento da fachada posterior com painel de azulejos; 1998 - pintura exterior; 2016 - obras de restauro e conservação do património móvel, destacando-se nomeadamente a da imagem de Nossa Senhora da Conceição, a de Santo António, a das Santas Mães com o Menino, a imagem em cortiça do Senhor dos Passos, e várias telas; desenvolvimento de projeto para criação de museu na sacristia da igreja, com apoio de técnicos do Museu da Misericórdia.

Observações

A fundação desta capela deveu-se ao milagre ocorrido quando o Galeão São Pedro, que navegava de Londres para o Porto, com vinte e sete homens de tripulação, o capitão António do Espírito Santo Silva e o gajeiro Inácio de Sousa. Após um temporal e ter estado à deriva durante três dias oraram a São Pedro Gonçalves tendo de imediato terminado a tempestade. Depois de darem à costa em Tuy, junto do túmulo do Corpo Santo, prometeram construir uma ermida em seu louvor. O terreno foi doado pelo capitão. Massarelos, freguesia ribeirinha foi terra de marinheiros e pescadores. Assim os elementos pertencentes à Confraria eram capitães, pilotos, mestres e contramestres, marinheiros, marinheiros, pescadores, carpinteiros de machado e calafates locais. Foram irmãos desta confraria: o Infante D. Henrique, D. Luís de Athayde Fidalgo (Conde de Athouguia) e D. Lopo de Almeida (futuro criador do Hospital da Misericórdia do Porto). A Casa do Corpo Santo, ou Confraria das Almas tornou-se uma instituição de grande poder económico, pelo que segundo Helder Pacheco: "colaborou em movimentos políticos, exerceu funções bancárias e comerciais, manteve a assistência e uma escola de marinheiros, assegurou a defesa da costa" (construção do Castelo do Queijo). A vocação humanitária da Confraria das Almas fez com que estivesse ligada às origens das seguintes instituições: Bombeiros Voluntários, Socorros a Náufragos e Cruz Vermelha. Foi sepultada nesta Igreja uma freira do Convento da Madre de Deus de Monchique. A Confraria das Almas do Corpo Santo tinha uma caixa de esmolas para ajuda das viúvas e orfãos. Esta Confraria possuía na sua frota duas embarcações, vulgarmente designadas por bergantis.

Autor e Data

Isabel Sereno 1999

Actualização

 
 
 
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