Igreja Paroquial de Reguengos de Monsaraz / Igreja de Santo António

IPA.00008906
Portugal, Évora, Reguengos de Monsaraz, Reguengos de Monsaraz
 
Arquitectura religiosa, eclética, revivalista neogótica. Igreja paroquial neogótica de planta em cruz latina, com forte influência da arquitectura religiosa do Gothic Revival, apresentando a torre sineira a meio da frontaria, formando fachada-torre. A sugestão de um sistema de contrafortagem pelos gigantes e arcos botantes que ritmam o corpo das naves, e a torre que impera na frontaria, bem como a gramática decorativa de carácter neogótico, fazem desta igreja um dos poucos exemplares de arquitectura verdadeiramente neogótica em Portugal. A falta de meios financeiros determinou a utilização de materiais de construção pobres como o tijolo e o recurso à pintura de fingidos a simular a pedra ou mármore.
Número IPA Antigo: PT040711040034
 
Registo visualizado 1878 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal em cruz latina, composta pela cabeceira com três capelas, transepto saliente, corpo com três naves. Volumes articulados na horizontal, marcada pela articulação dos volumes da cabeceira e corpo das naves, conjugada com a verticalidade da torre que compõe a fachada. Cobertura diferenciada em telhado de duas águas na capela-mor, braços do transepto e nave central; telhado de uma água nas capelas e naves colaterais; a torre termina em coruchéu, com varandim na base da agulha. Fachada orientada, dividida em três panos: pano central composto por torre octogonal, com dois torreões adossados no alçado posterior, também de secção octogonal, ritmada por contrafortes com embasamento saliente e dividida em quatro registos, abrindo-se no 1º portal axial ladeado por outros dois iguais; panos laterais, com um só registo, rasgados por uma porta idêntica às anteriores; no 2º óculos vasados; no 3º vãos de janela, encimados por óculos alternados com relógios; no 4º ventanas com sinos. Fachadas laterais com o corpo das naves escalonado, ritmado por contrafortes e arcos botantes; ao nível das naves colaterais, surge uma janela no primeiro tramo e uma porta no quarto; ao nível da nave central, rasgam-se simetricamente vãos de janela entre os arcos botantes; braços do transepto salientes, limitados por contrafortes, rasgados, ao nível superior, por janelões; no alçado O., abre-se uma porta em cada. Capelas da cabeceira contrafortadas e rasgadas por vãos de janela: dois nos alçados N. e S. das respectivas capelas colaterais e um em cada no alçado E.; na capela-mor, no alçado E., abre-se um janelão encimado por um óculo. Vãos de porta e janela, frestas e ventanas em arco quebrado, com moldura de secção circular, dupla nas três portas da torre, com base e capitéis lisos, estilizados, de feição arredondada; óculos redondos na torre e quadrilobados no alçado E. da cabeceira e nos alçados N. e S., nos braços do transepto. Os contrafortes sobem até ao fim do segundo registo, diminuindo em espessura, e terminam, já no terceiro registo, em pináculos sobre pequenos frontões triangulares. Molduras de vãos de janelas secundários em argamassa pintada fingindo pedra e contrafortes pintados a cinza com estereotomia a preto simulando granito. INTERIOR: nártex poligonal, com óculos a encimar as portas. Nos espaços de entrada das naves colaterais surgem capelas, sendo a que se situa a N. relativa ao Senhor dos Passos, e portas de acesso às escadas em caracol, para o coro-alto e torre; os pisos da torre reflectem o esquema exterior: o 1º, correspondendo aos 2º e 3º registos exteriores, com tecto em traves de madeira com os interstícios pintados a escaiola a imitar o mármore, onde se encontra o relógio; o 2º, relativo aos sinos, com escada de acesso ao coruchéu, em ferro forjado, ao centro. Naves de 4 tramos divididas por pilares cruciformes e formeiros em arco quebrado, elevando-se a central acima das laterais, e clerestório; coro-alto ocupando o 1º tramo da nave central, tendo ao centro órgão de talha dourada; portas de acesso ao exterior no terceiro tramo das naves. Tectos em abóbada de berço quebrado contínua da nave central à capela-mor, braços do transepto e capelas colaterais; em abóbada de cruzaria de ogivas nas naves colaterais e capelas junto à entrada; abóbada de nervuras no nártex. Tramos das capelas colaterais adornados com escultura sobre mísulas embebidas na parede, respectivamente, a partir de O.: no alçado N. São Sebastião e esquife com Santa Terezinha do Menino Jesus, Nossa Senhora da Conceição, e Nossa Senhora do Carmo; no alçado S. altar de talha pintada com Santa Bárbara, seguido da imagem do Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora de Fátima. Braços do transepto divididos em dois registos: arco quebrado embebido na parede albergando um altar, ladeado por duas pequenas portas, e tribuna com janelão e óculo; no braço N. do transepto, altar de talha policromada com Santo António e esquife com o Senhor Morto; no braço S. altar de talha policromada, com presépio. Capela-mor de planta rectangular, com paredão a ocultar o janelão. Capelas colaterais de planta rectangular, encimadas por tribunas. Cartório no alçado N. e sacristia no alçado S., a ladear a capela-mor, ambas de planta rectangular, com vãos de janela nos alçados exteriores e de porta nos interiores, com acesso directo para a capela-mor e para os corredores que acompanham os braços do transepto, dando para o exterior, nos quais se encontram as escadas, de laço oposto, para as tribunas das capelas colaterais. Na sacristia lavatório simples, em pedra mármore, encastoado em caixa de madeira, embebido na parede N.. Casa de banho inserida no corredor do alçado N. Cobertura em abóbada de aresta no cartório e na sacristia, e abobadilha nos corredores e escadas para as tribunas.

Acessos

Praça. da Liberdade. VWGS84 (graus decimais) lat: 38.424028 long: -7.534293.

Protecção

Em vias de classificação

Enquadramento

Urbano, isolado, destacado na praça principal da vila, marcando o seu limite a E.; ergue-se sobre pódium de embasamento proeminente, com 2 níveis de altura, sendo o relativo à fachada um pouco mais baixo, ritmado por pináculos e adornado de grade em ferro forjado; acesso por escadaria axial no frontespício e por aberturas nos alçados N. e S. junto às portas laterais.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Évora)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: António José Dias da Silva. CONSTRUTOR: José Maria Ramos Ribeiro

Cronologia

1887, 27 Outubro - colocação da primeira pedra para a construção da igreja, projectada pelo Arquitecto António José Dias da Silva; 1901 - a obra encontrava-se em fase de conclusão; 1912 - sagração da igreja; 1940 - 1961 - por decisão do Padre Luís Martins Gama, a capela-mor recebeu um pavimento marmóreo preto e branco; 1964 - entrada em vigor da Constituição sobre a Sagrada Liturgia e início da campanha de remodelação da igreja, sob a direcção do Padre Luís Perdigão; 1965, até - remoção das platibandas rendilhadas que coroavam todo o edifício; 1965 - elevação do tecto das capelas colaterais da cabeceira, com o consequente desaparecimento dos vãos que iluminavam a igreja, substituídos então por varandins; 1971, até - remoção do altar-mor, em madeira; 1971 - 1972 - construção de uma parede no lugar do altar-mor, de modo a cortar a entrada de luz através do janelão, e sobre ela, o crucifixo; entaipamento das tribunas que davam para a capela-mor e do óculo quadrilobado situado no vértice do arco do alçado E. da capela-mor; caiação de branco; o baptistério é mudado da pequena capela junto à entrada principal da igreja, no alçado N., para a capela colateral do lado do Evangelho; remoção de alguns dos altares das naves laterais, substituindo-se por imagens assentes sobre pequenas mísulas embebidas na parede; 2015, 10 de setembro - publicado no DR, 2.ª série, n.º 117, o Anúncio n.º 212/2015 relativo à abertura do procedimento de classificação do imóvel; 2018, 21 março - parecer da SPAA do Concelho Nacional de Cultura a propor o arquivamento do procedimento de classificação, por o móvel não apresentar um valor cultural de âmbito nacional; 16 maio - Despacho de concordância da diretora-geral da DGPC, com o consequente arquivamento do procedimento de classificação; 30 julho - publicação da determinação do arquivamento do procedimento de classificação da Igreja de Santo António, Paroquial de Reguengos de Monsaraz, em Anúncio n.º 130/2018, DR, 2.ª série, n.º 146/2018; 08 agosto - publicação do arquivamento do procedimento de classificação da Igreja de Santo António, Paroquial de Reguengos de Monsaraz, em Anúncio n.º 138/2018, DR 2.ª série, n.º 152/2018.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante, travada pela cabeceira a E. e torre e torreões da fachada a O., com sistema de contrafortagem sugerido pelos contrafortes e arcos botantes no corpo da nave.

Materiais

Alvenaria de tijolo rebocada e caiada; granito em molduras de vãos de porta e janelas, degraus, embasamento exterior da igreja e muro que delimita o adro; mármore nos pavimentos, no revestimento do primeiro registo das paredes da capela-mor e da parede do altar da capela colateral S., rodapé das capelas da cabeceira, pia baptismal e mesas de altar; madeira no pavimento do transepto e naves, portas e guarda-ventos, balaustradas junto à zona de altar, varandins do transepto, escadas para as tribunas, mobiliário, altares e estruturas no interior da torre sineira, no último andar; cimento no paredão da capela-mor; cerâmica no pavimento do adro, espaços acima das capelas colaterais e tribunas, segundo piso da torre, ladrilhos brancos e pretos nos patamares intermédios de acesso às tribunas e primeiro piso da torre; ferro nas grades do adro e varandins exteriores, escadas da torre, sinos e caixilharias dos vitrais e janelas; xisto no pavimento exterior, na continuidade dos contrafortes, no segundo piso da torre e escamas que revestem o telhado; vitrais.

Bibliografia

Construção Moderna, Ano 2, nº 33, Lisboa, Junho de 1901; PEREIRA, Esteves, e RODRIGUES, Guilherme, Portugal. Dicionário Histórico (...), vol. 4, Lisboa, 1904; PERDIGÃO, Pe. Luís, A nossa Capela-mor, Palavra, Reguengos de Monsaraz, Igreja Paroquial, 11 de Junho de 1967; IDEM, As obras da Igreja, Palavra, Ano 5, nº 51 a 69, Reguengos de Monsaraz, Igreja Paroquial, Agosto de 1971 a Fevereiro de 1973; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, Vol. 9, Tomo 1, Lisboa, 1978; FRANÇA, José Augusto, A Arte em Portugal no século XIX, vol.2, Lisboa, 1981; ANACLETO, Maria Regina Dias Baptista Teixeira, Neoclassicismo e Romantismo in História da Arte em Portugal, vol. 10, Lisboa, 1986; PERDIGÃO, Pe. Luís, Há 100 Anos!, Palavra, Ano 21, nº 224, Reguengos de Monsaraz, Igreja Paroquial, 13 de Julho de 1987; ANACLETO, Maria Regina Dias Baptista Teixeira, Arquitectura Neomedieval Portuguesa. 1780-1924, vol. 2, ( texto policopiado - Dissertação de Doutoramento em História da Arte, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra), Coimbra, 1992; COSTA, Marisa e PAGARÃ, Ana, A igreja matriz de Reguengos de Monsaraz: um exemplo de arquitectura neogótica em Portugal, ( texto policopiado, trabalho apresentado na cadeira de História da Arte Contemporânea, na Faculdade de Letras de Lisboa ), Lisboa, 1993; http://arqpapel.fa.utl.pt/jumpbox/node/74?proj=Igreja+de+Reguengos+de+Monsaraz, 8 Setembro 2011.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMRM; Fábrica da Igreja Paroquial

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMRM; Fábrica da Igreja Paroquial

Intervenção Realizada

1992 - caiação da igreja. Realizaram-se, ao longo dos anos, obras de manutenção geral, inerentes à utilização funcional da igreja, como pintura e limpeza.

Observações

O edifício construído não correspondeu fielmente ao projecto inicial, o que se deve a dois factores: a ausência de acompanhamento da construção da igreja por parte do arquitecto e a escassez de recursos económicos; assim, o projecto da torre foi adulterado com a edificação de dois pequenos torreões poligonais, adossados no seu alçado anterior, e o coruchéu viu-se reduzido a c. de metade da sua altura, bem como adornado por um varandim não projectado pelo arquitecto; estas modificações resultaram na alteração da proporção e volumetria do projecto inicial e, consequentemente, na castração da harmonia prevista para o edificado. O revestimento original dos paramentos interiores, a escaiola a imitar o mármore e que se encontra hoje oculto pela cal branca, subsiste visível no tecto do primeiro andar da torre. A igreja possui um considerável espólio de mobiliário joanino e de ourivesaria.

Autor e Data

Paula Amendoeira 1999

Actualização

 
 
 
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