Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz

IPA.00008072
Portugal, Ilha da Madeira (Madeira), Santa Cruz, Santa Cruz
 
Igreja e hospital de Misericórdia maneirista, de planta rectangular composta, integrando capela sensivelmente a meio, ao gosto manuelino, com fachada em empena, portal em arco quebrado sobrepujado por janela e nicho, e no interior retábulo de finais do séc. 18 e púlpito e tribuna com marmoreados, do séc. 19. Corpos laterais muito remodelados, mas conservando 2 portais encimados por janela de sacada iguais.
Número IPA Antigo: PT062209050012
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício, igreja e hospital  Misericórdia

Descrição

Planta rectangular composta por vários corpos, com espaços ajardinados e murados, orientados no sentido E. - O., e integrando capela mais a E. Volumes articulados horizontais, destacando-se a capela, ligeiramente alteada e colocada transversalmente; coberturas de 4, 3 e 2 águas em telha "marselha" com beiral simples da mesma telha. Fachada principal virada a S. com embasamento pintado a cinza, constituída por 3 corpos, sendo os laterais assimétricos, de 2 pisos com vãos emoldurados a cantaria. O colocado a E. tem no 1º piso, entre janelas de peitoril gradeadas, portal de verga recta sobre pilastras, de bases, astrágalos e capitéis ressalvados, articulados com janela de sacada superior através de entablamento com filete relevado intermédio. O corpo O. é mais largo e tem fenestração irregular. Possui portal e janela de sacada superior, como o anterior, seguido de janela de peitoril, porta, janela de peitoril, janelão de arejamento e uma outra porta, encimados por 3 janelas de varanda à face, colocadas sem coincidência; tapa-sóis de madeira fasquiada pintados a verde escuro e grades simples de ferro com bolachas. Capela de empena aguda, em cantaria, encimada por cruz, com portal de cantaria cinzenta, em arco quebrado de uma arquivolta, com bases e capitéis ressalvados; o lintel superior serve de apoio a janelão em cantaria colorida do Cabo Girão, com tapa-sóis, igualmente com lintel de balanço e também a servir de apoio a um nicho de cantaria, de arco de volta perfeita sobre pilastras com bases e capitéis ressalvados, e lintel de balanço. Capela ladeada por 2 gárgulas em cantaria com forma serpenteada. Campanário de empena aguda no corpo posterior, para O.. No INTERIOR da capela, coro-alto apoiado nas paredes, com balaustrada de madeira pintada com marmoreados; nave lajeada com estrado de madeira colocado lateralmente, embasamento pintado e tecto de madeira pintado a azul, sobre cornija de madeira; no lado do Evangelho, púlpito de madeira pintada a ouro e marmoreado, de face ligeiramente arqueada, com baldaquino com bambinela e encimado por florão de talha dourada. Arco triunfal em volta perfeita sobre pilastras com capitéis, aneletes, bases e estilóbatos, assente em duplo degrau. Na capela-mor, altar assente em 3 degraus, com retábulo de talha dourada, de 4 colunas enquadrando imagens e mísula com baldaquino, camarim coberto com tela encimado por duplo frontão com cartela pintada com a pomba do Espírito Santo no tímpano. No lado do Evangelho porta de acesso à sacristia encimada por tribuna com fasquiado de madeira, com as molduras pintadas em marmoreados, decoração que se repete na janela do lado da Epístola. Tecto em madeira pintada com uma alegoria arquitectónica em trompe de l'oeil.

Acessos

Santa Cruz, Largo da Matriz; Rua Irmã Wilson

Protecção

Categoria: VR - Valor Regional, Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 1560/98, JORAM, 1.ª série, n.º 102 de 02 dezembro 1998

Enquadramento

Urbano, isolado, junto à estrada de empedrado a paralelepípedo, tendo para S. a Igreja Matriz de Santa Cruz (v. PT062209500002) e jardim fronteiro.

Descrição Complementar

Subsistem ainda alguns tectos de madeira em caixotão e um de tradição mudéjar.

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Saúde: hospital de confraria / irmandade

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Mestre entalhador Estêvão Teixeira de Nóbrega (atr.) e pintor Nicolau João Ferreira Duarte ( 1790 ).

Cronologia

1505, 12 Dez. - disposições testamentárias de Diogo Vaz, escudeiro do infante D. Henrique, para a fundação de um "hospital dos pobres" sob administração da Confraria de Jesus; 1506, finais - instalação do hospital instituído por Diogo Vaz numa casa da R. do Calhau doada para o efeito; 1526, 2 Fev. - instalação do hospital numa casa cedida pelo fidalgo João de Freitas, "sobradada, com seu quintal e poço", dado a anterior ser térrea e mal situada; 1529, 26 Mar. - cedência por aforamento a Afonso Gonçalves da anterior casa do hospital, cedendo estes um chão junto da igreja para construção do novo hospital; 1530, Dez. - obras para instalação do novo hospital junto da igreja; 1531 - instalação do hospital em edifício próprio, com cirurgião e uma ama que tratava "com toda a caridade os enfermos"; 1542, 12 Jun. - sentença camarária contra Pedro Lopes de Vasconcelos que desviara as águas do hospital; 1562, 7 Nov. - falecimento do mercador André Gonçalves, "homem baço", sendo enterrado na cova "que estava debaixo do púlpito" da Matriz, onde repousavam os seus antigos senhores, deixando ao hospital todos os seus bens à Confraria de Jesus para se fazer a capela do hospital, "a qual terá um portão fora para o campo e o portal será de arco da maneira que é o portal da capela de João de Morais, que está na dita igreja do Salvador"; 1663, 23 Jan. - alvará régio da mercê de 8$000 réis de esmola pelo tempo de 10 anos, a findar em 1672; 1672, 12 Mar. / 1682, 3 Mar. - alvarás régios de prorrogação da mercê dos 8$000 réis, até 1691; 1695, 4 Set. - prorrogação dos 8$000 réis por mais 10 anos a findar em 31 de Dez. de 1701 e da mercê anual de 2 arrobas de açúcar pelos ditos 10 anos; 1717, 16 Nov. - mandato do Conselho da Fazenda de prorrogação dos 8$000 réis e das 2 arrobas de açúcar; 1742, 9 Jan. - mandato do Conselho da Fazenda de prorrogação dos 8$000 réis e das 2 arrobas de açúcar; 1750, 26 Set. - mercê de 250$000 réis, "por uma vez somente" para a obra da nova enfermaria das mulheres; 1759 - reparações no edifício a expensas da caridade pública; 1760, 25 Ago. - mandato do Conselho da Fazenda de prorrogação dos 8$000 réis e das 2 arrobas de açúcar até 1780; 1786 - reparações no edifício a expensas da caridade pública, data em que deve ter sido levantado o actual altar da capela, com talha atribuível à oficina de mestre Estêvão Teixeira de Nóbrega; 1790 - data da tela da "Visitação" assinada por Nicolau João Ferreira; 1799, 28 Ago. - primeira representação planimétrica da vila de Santa Cruz e apontamento da Misericórdia; 1860 - representações da Misericórdia nos trabalhos militares de António Pedro de Azevedo; 1889 - aprovação dos novos estatutos da Misericórdia pelo Governo Civil do Funchal; 1892 - reparações no edifício a expensas da caridade pública, da madre Mary Jane Wilson e das irmãs hospitaleiras franciscanas de Nossa Senhora das Vitórias, que reabrem a antiga farmácia do hospital; 1908 - reparação do edifício a expensas do Estado; 1911 - supressão das irmãos hospitaleiras franciscanas e passagem do hospital da Misericórdia para a administração de uma mesa eleita entre os irmãos da Confraria de Santa Isabel; 1913 - reparação da capela do hospital orçada em 400 mil réis.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Cantaria rígida e mole regional aparente e pintada, alvenaria de cantaria regional rebocada, madeira ( carvalho e outras ), vidro, ferro, talha dourada, pintura sobre tela, amarrações mistas, telha "marselha" e empedrado em paralelepípedo.

Bibliografia

SILVA, Padre Fernando Augusto da, Elucidário Madeirense, 3 vols., Funchal, 1945; FERREIRA, padre Manuel Juvenal Pita, Notas para a História da freguesia de Santa Cruz, DADHM, nºs 8 do vol. 2, 1951 a 21 do 4, 1956; PIO, Manuel Ferreira, Santa Cruz da Ilha da Madeira, 1967; CARITA, Rui, A Misericórdia de Santa Cruz, Jornal da Madeira, 21 Abr. e 20 Out. 1985; LIZARDO, João, A Arte da Renascença na Madeira, Atlântico, nº 12, 1987, pp. 269 e 272; CARITA, Rui, História da Madeira, 1º vol. Funchal, 1989, pp. 273 a 276; idem, Arquitectura Militar da Madeira, séculos XV a XVII, tese de doutoramento, 2º vol., 1993 (policopiado); TRUEVA, José Manuel de Sainz, Viagens na Madeira Romântica, catálogo de exposição, Funchal Dez. 1988; CARITA, Rui, A capela de Nossa Senhora dos Remédios em Santa Cruz da Ilha da Madeira, 1990; FREITAS, Lourenço, Hospital e Capela da Misericórdia de Santa Cruz, Origens, Revista cultural, Santa Cruz, nº 0, Junho 1999, p. 33 - 36.

Documentação Gráfica

1799, 28 Ago. - "Plano da Villa de Santa Cruz...", pelo major Inácio Joaquim de Castro, Centro de Estudos de Cartografia Antiga, Lisboa; 1820 - "Planta da Costa desde o Caniço the a Villa da Sta. Cruz..." de Paulo Dias de Almeida, Arquivo Histórico-Militar de Lisboa; 1841 - "Reconhecimento Militar da Ilha da Madeira" de António Pedro de Azevedo, GEAEM; 1845 - "Plano de reconstrução das muralhas das ribeiras da .... Villa de Sta. Cruz...", pelo major José Júlio Guerra; 1860 - "Reconhecimento militar da Ilha da Madeira" e "Planta da Villa de Sta. Cruz ...." de António Pedro de Azevedo, colecção particular, Funchal e GEAEM

Documentação Fotográfica

Museu Vicentes Photographos; antiga Junta Geral; DRAC, Funchal

Documentação Administrativa

ARM; CMSc.; A. Mis. S. Cruz, Antiga Junta Geral; DRAC, Funchal

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Rui Carita 1999

Actualização

 
 
 
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