Falcoaria do Paço Real de Salvaterra de Magos

IPA.00007942
Portugal, Santarém, Salvaterra de Magos, União das freguesias de Salvaterra de Magos e Foros de Salvaterra
 
Falcoaria seiscentista, de planta centralizada e simétrica, com pátio interior quadrangular comunicante com pombal de planta circular; Planta e fachadas de axialidade acentuada, com marcação do eixo de simetria desde a fachada principal ao pombal; Pombal de cobertura em cúpula e paredes vazadas por nichos quadrangulares. Com fortes influências das falcoarias holandesas setecentistas, particularmente as da Vila de Valkenswaard.*4.
Número IPA Antigo: PT031415040005
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Criação e exploração animal  Falcoaria    

Descrição

Planta centralizada, composta, regular e simétrica. O edifício da Falcoaria compreende um conjunto de oito corpos de plantas quadrangulares e rectangulares regulares, dispostos alternadamente em torno de um pátio quadrangular, um pombal de planta circular localizado fora do pátio, a NO., e um pátio secundário fechado por muro com pequena construção, a SO. do conjunto principal. Os corpos são térreos, exceptuando os dois que definem o eixo principal do conjunto, no sentido SE.- NO., de dois pisos, com portas centralizadas e fachadas simétricas estabelecendo entre ambos uma ligação axial, o primeiro correspondente à fachada principal, o segundo outrora comunicante com o pombal através de uma galeria abobadada. Cobertura em cúpula no pombal e coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas em alguns dos restantes corpos, encontrando-se as de outros já em completa ruína. Fachadas de pano único, rasgadas por janelas e portas rectangulares de verga recta e em arco abatido, com molduras lisas de cantaria, encontrando-se alguns dos vãos entaipados; Fachada do corpo NO. virada ao pátio, com acesso principal ao nível do segundo piso, através de escadaria de dois lanços rectos e convergentes, rasgada inferiormente por túnel que daria acesso à galeria do pombal; Corpo NE. recuado em relação ao exterior, formando pequeno pátio de planta rectangular alongada, fechado por muro alto. POMBAL constituído por um torreão circular de 8 metros de altura, com cobertura em cúpula, aberta por quatro lunetas para entrada e saída das pombas; muros exteriores contrafortados; INTERIOR com 5,30 m de diâmetro e paredes vazadas por 305 nichos quadrangulares para as aves, munidos de poiais e formando sete registos; dois tirantes de ferro, cruzados, ao nível do tambor.

Acessos

Avenida José Luís de Brito Seabra, n.º 17. WGS84 (graus decimais) lat.: 39.027847, long.: -8.798497

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 39 175, DG, 1.ª série, n.º 77 de 17 abril 1953 *1

Enquadramento

Urbano, no limite O. da vila de Salvaterra de Magos, próximo de um curso de água artificial, conhecido por "vala" ou "sangria" *1, localizado a N.. Tem adossadas algumas construções e anexos. Nas proximidades, a O., localizam-se o Celeiro da Vala Real (v. PT031415040002) e a Fonte do Arneiro (v. PT031415040022).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Criação e exploração animal: falcoaria

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: Municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Miguel de Arruda (orientação das obras de reedificarão do Paço, ordenadas pelo Infante D. Luís); Custódio Vieira (direcção da obra do Paço, em meados do séc. 18); João Frederico Ludovice e Carlos Mardel (reconstrução pós-terramoto); Petronio Mazoni (construção do novo picadeiro junto do Paço); Gabinete Espaço Cidade, Arquitecto Coordenador João Pedro Vieira (Projecto de recuperação dos edifícios da Falcoaria).

Cronologia

1383 - Assinatura do contrato de casamento da infanta D. Beatriz com D. João I de Castela, realizada no Paço Real de Salvaterra de Magos; Séc. 16, primeira metade - Reedificação do Paço por ordem do Infante D. Luís, Duque de Beja, para quem transita o senhorio da Vila de Salvaterra; 1514 - Fundação da Capela pelo Infante D. Luís; Séc. 16 - Por ordem do Cardeal D. Henrique, o senhorio de Salvaterra, herdado por D. António Prior do Crato, é integrado com todas as suas propriedades na casa real; Séc. 16, finais - Filipe II atribui um orçamento anual de 80 mil reis para ampliação e conservação do Paço; 1689, 15 de Dezembro - Manuel do Couto é nomeado Mestre de Obras do Paço; 1690 - Ampliação e renovação do Paço por ordem de D. Pedro I, ficando a existir um palácio "novo" e um palácio "velho" interligados; Séc. 18, Inícios - Retomada em Portugal a actividade da Altanaria, com instalações próprias em Salvaterra de Magos; 1734 / 1747 - Obra do Paço é dirigida por Custódio Vieira; 1745, 24 de Junho - Chegam a Lisboa falcões com destino a Salvaterra, oferecidos ao Rei pelo Grão-Mestre da Ordem de Malta; 1747 - Carlos Mardel sucede a Custódio Vieira na direcção da obra do Paço; 1752 - Fixam-se em Salvaterra 10 falcoeiros holandeses oriundos de Valkenswaard, onde existia uma importante escola de Altanaria; 1780 - A Falcoaria de Salvaterra tem cerca de 30 falcões e é constituída por três repartições, com mestres e oficiais, quase todos de origem holandesa e dependentes do Monteiro-Mor; 1754, 9 de Outubro - Chegam a Salvaterra 60 falcões, presente do Rei da Dinamarca; Séc. 18, meados - Ampliação e remodelação dos edifícios do Paço e construção de uma casa da Ópera por ordem de D. José; 1755 - O Paço é gravemente danificado pelo terramoto, sendo nos anos seguintes, objecto de profundas obras de restauro e reconstrução, que incluíram a casa da Ópera e a Falcoaria; Séc. 18, segunda metade - São numerosas as deslocações da família real a Salvaterra; 1775 - Construção de um novo picadeiro, junto do Paço; 1788, 29 de Janeiro - Casamento do Duque de Lafões com D. Henriqueta de Menezes, filha do Marquês de Marialva, realizado na Capela Real de Salvaterra, tendo sido padrinhos a rainha D. Maria I e o príncipe D. José; Séc. 18, finais - Mantém-se a conservação periódica do Paço, mas as estadias da família real vão sendo progressivamente mais raras; 1815 - O almoxarife do Paço faz insistentes pedidos de obras; 1817 - Incêndio provoca graves danos no Paço, salvando-se apenas a Capela, a Falcoaria e a casa da Ópera e duas das nove chaminés das cozinhas; 1818, 28 de Setembro - Outro incêndio provoca mais danos no Paço, já bastante arruinado; 1818 - O Mestre Falcoeiro Henrique Weymans, dá notícia do abandono e degradação das instalações da Falcoaria, pedindo insistentemente a sua recuperação; 1821, 8 de Fevereiro - Cortes Gerais extraordinárias decretam a abolição das Coutadas, extinguindo todos os empregos e ofícios relativos à sua administração e guarda; 1821, 31 de Março - A Regência do Reino determina a extinção de todos os ofícios, incumbências e ordenados das pessoas empregadas na Falcoaria Real, cujas casas se encontravam em muito mau estado; 1833, 30 de Janeiro - O almoxarife do paço participa ao Conde de Basto a necessidade de reparações em parte da Falcoaria, nas coberturas da Ópera que se achavam em ruínas, na galeria das damas a nas cozinhas, das quais restavam apenas duas chaminés; 1835, Abril - O governo é autorizado a vender bens de raiz nacionais, procedendo-se ao inventário de todos os objectos pertencentes à Real Falcoaria; 1849, 10 de Setembro - A rainha D. Maria II autoriza a cedência ao Estado de todos os prédios da Coroa, dependentes do Almoxarifado de Salvaterra, incluindo o que restava do Paço, Capela, cavalariças, pombais e Falcoaria, que se encontravam já bastante arruinados; 1858 - Tremor de terra agrava o estado de ruína do Paço; 1862 - Exceptuando a Capela, a ruínas do Paço são arrematadas em hasta pública e parte das suas paredes demolidas, aproveitando-se a pedra para as ruas e estradas do concelho; os proprietários particulares das construções que ainda restavam vão modificando a sua traça primitiva, com remodelações, substituições de telhados e construção de anexos; 2002 - Projecto de recuperação dos edifícios da Falcoaria, da autoria do gabinete Espaço Cidade, sob coordenação do Arquitecto João Pedro Vieira.*3; 2003, Maio - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2009, 19 Setembro - inauguração da nova Falcoaria após obras profundas de reabilitação.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Paredes em alvenaria de pedra ordinária e tijolo maciço; reboco de cal e areia; paredes interiores em tabique; guarnições dos vãos em cantaria de calcário; portão de ferro da fachada principal; estrutura do telhado, portas e janelas em madeira; pavimentos em mosaico e tijoleira; cobertura em telha marselha e de canudo.

Bibliografia

NUNES, Manuel Carlos, Guia turístico de Salvaterra de Magos, s.d.; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém, Vol. 3, Lisboa, 1949; CÂNCIO, Francisco, Curiosidades Históricas de Salvaterra de Magos, Vida Ribatejana, Março - Abril, 1952; PEREIRA, Camacho (org.), Salvaterra de Magos, Cruz Quebrada, 1953; ESTEVAM, José, Anais de Salvaterra de Magos - Dados Históricos desde o séc. XIV, Lisboa, 1959; CORREIA, Joaquim M. Silva, Algumas notícias da Real Falcoaria de Salvaterra de Magos, Caça e tiro ao voo, Ano 1, nº 2, 1964; BRITO, Manuel Carlos de, A Opera de Corte em Portugal no séc. XVIII , Colóquio Artes, nº 76, Março, 1988; IDEM, Opera in Portugal in the Eighteenth Century, Cambridge, 1989; CORREIA, Joaquim M. Silva e GUEDES, Natália Brito Correia, O Paço Real de Salvaterra de Magos - a Corte, a Ópera, a Falcoaria, Lisboa, 1989; IDEM, Falcoaria Real, (catálogo da exposição realizada no Museu Nacional dos Coches), Lisboa, 1990; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74283 [consultado em 28 dezembro 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; CM Salvaterra de Magos

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Intervenção Realizada

CMSM: 2009 - obras de reabilitação.

Observações

*1 - Classificação conjunta com a Capela (v. PT031415040001). *1 - Canal artificial com capacidade para cerca de 60 embarcações e munido de porto de rio, correndo a N. da vila de Salvaterra de Magos, que permitia o transporte directo do Tejo para o antigo Paço Real e para a Falcoaria. Através deste canal chegava, vinda de Lisboa em escaleres ou bergantins, a família real e a corte; *2 Embora fisicamente separadas, a Capela e a Falcoaria do antigo Paço real faziam outrora parte de um núcleo comum, compreendendo um vasto conjunto de edifícios e espaços descobertos, incluindo, entre outros, hortas, jardins, aposentos da família real, comitiva e serviçais, Casa da Ópera, Residência do Almoxarife, cozinhas, cocheiras, cavalariças e anexos agrícolas. Para além da Capela, das Casas da Falcoaria e de alguns elementos dispersos, restam apenas duas chaminés das antigas cozinhas, hoje integradas em propriedade privada; *3 O projecto de recuperação da Falcoaria prevê a reconstrução dos edifícios no seu traçado original e com materiais idênticos aos originais, a reactivação do pombal, a criação de um espaço museológico dedicado à caça de Altanaria, de um restaurante de caça, e de espaços destinados à criação de falcões e à realização de demonstrações com estes animais, recriando as antigas caçadas que se realizavam em Salvaterra de Magos ; *4 Sendo possuidora de coutadas e grandes áreas de mata em Salvaterra de Magos, as estadias da família real naquela vila tiveram como principal motivo a caça, sobretudo a Altanaria. Grande parte dos falcões eram capturados na Islândia e oferecidos pelo rei da Dinamarca ao rei português, sendo transportados para Amsterdão, daí para Lisboa e depois para Salvaterra, por falcoeiros holandeses de Valkenswaard.

Autor e Data

Rosário Gordalina 1992 / 1993

Actualização

Mónica Figueiredo 2003
 
 
 
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