Edifício da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898

IPA.00007920
Portugal, Setúbal, Alcochete, Alcochete
 
Casa abastada renascentista, seiscentista, barroca e oitocentista. A espessura das paredes no andar térreo, com c. de 70 c., atestam a antiguidade do imóvel. Do séc. 16 parecem subsistir alguns elementos como as diferentes colunas no interior e o portão que abre para a Rua do Comendador. Possui uma varanda do séc. 18 sobre o portão da fachada S., e um arco de abóbada no interior, da mesma época; a fachada principal adquiriu com a reforma oitocentista uma feição neo-classicizante. Um dos maiores edifícios da vila, só encontrando rival no Asilo Barão de Samora Correia (v. PT031502010027) e no Antigo Solar dos Soydos (v. PT031502010026), testemunhando a importância e grandeza do antigo solar. A sociedade foi no tempo uma escola artística que dominaria a vida cultural da vila durante vários anos. As estátuas em cerâmica da platibanda com paralelos das existentes na Casa dos Bustos (v. PT031502010016).
Número IPA Antigo: PT031502010021
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Casa abastada  

Descrição

Planta simples rectangular. Massa disposta na horizontal com cobertura diferenciada em telhados de duas águas e terraço. Fachada principal voltada a O., de dois pisos e dois panos; primeiro piso do pano S. rasgado por portas e janelas de vergas rectas com molduras de pedra, dispostas segundo o esquema AA - B - AA - B (1); as vergas das portas são decoradas por composições em massa, de folhagens e concheados tendo ao centro composição de frutos pintada a cor amarela e negro; embasamento em placas de pedra; superiormente abrem-se, no eixo dos vãos inferiores, janelas de sacada unidas por varandim corrido, com gradeamento em ferro forjado; remate em cornija moldurada e platibanda de balaústres de cerâmica entre pilaretes, coroados por pinhas e vasos de cerâmica branca e dois deles por estátuas em cerâmica da República e de Mercúrio. Pano N. rasgado inferiormente por conjuntos de porta e janela de vergas rectas, com molduras em pedra, enquadrando portão central, de verga curva, com acesso por dois degraus em pedra; as janelas são gradeadas; embasamento igual ao do pano S.; no 2º piso rasgam-se quatro janelas quadrangulares, iguais às inferiores mas sem grades; remate em cornija moldurada e platibanda cega ritmada por pilaretes, com molduras pintadas a verde, coroados alternadamente por vasos de cerâmica branca. Fachada S. de dois pisos e 2 panos; o 1º pano é rasgado por conjunto porta janela, iguais aos do 1º piso do pano S. da fachada principal, e por portão de verga arquitravada sobre pilares de capitéis moldurados e acesso por degrau em pedra; ao nível superior, duas janelas de sacada e varandim continuado da fachada principal; no eixo do portão inferior janela de sacada com varandim individual; remate em frontão triangular rasgado ao centro por janela de sacada; no 2º pano rasga-se porta rectangular e sobre ela janela de sacada idêntica à sua colateral; remate em cornija e platibanda cega. Nas duas fachadas os embasamentos, cornijas, molduras de remate, portadas de vãos, grades e ferragens são pintados a cor verde escuro. INTERIOR: primeiro piso completamente descaracterizado, de paredes e tectos caiados, com compartimentação de tabiques adaptada à função actual de unidade de fisioterapia. No 2º piso subsistem alguns elementos do primitivo solar, como várias colunas e um arco de abóbada.

Acessos

Largo António Dias Santos Jorge (antigo Largo Miguel Bombarda), n.º 13 a 20; Rua Nossa Senhora da Vida, n.º 2; Rua Comendador Estevão de Oliveira, n.º 27 a 31

Protecção

Incluído na Zona Especial de Proteção da Igreja de São João Baptista (v. IPA.00004093), da Capela de Nossa Senhora da Vida (v. IPA.00004080) e da Igreja da Misericórdia de Alcochete (v. IPA.00003455)

Enquadramento

Urbano, no centro histórico da vila, perto do edifício dos Paços do Concelho (v. PT031502010025), em largo aprazível (localizado entre o Lg. da Igreja Matriz e o Lg. da Misericórdia), calcetado, enquadrado por típico casario alcocheteano. Adossado a N. e E. a outros edíficios.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Cultural e recreativa: associação cultural e recreativa / Serviços: consultório

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 15 (conjectural) 16 / 17 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 15 - Vasco Gil Moniz, filho de Gil Anes escrivão da puridade do condestável, casa-se com D. Leonor de Lusignan, filha de Febo de Lusignan (filho bastardo de João II, rei de Chipre), dando origem ao ramo dos Monizes Lusignano; D. Leonor de Lusignan viera de Aragão enquanto dama de D. Isabel mulher do Infante D. Pedro; Séc. 15 / 16 - construção do Solar dos Monizes de Lusignano; Séc. 18 - o proprietário do Solar é Nuno Álvares Pereira Pato Moniz (1781 - 1826), poeta e grande amigo de Bocage; Séc. 19 - existiam em Alcochete duas sociedades musicais de que faziam parte elementos das famílias dos Cebola, Nunes e Grilo; 1802 - fundação da primeira "Philarmonia" de Alcochete; Séc. 19, meados - elementos destas famílias constituem o 1º grupo musical da vila chamado "Sociedade de Recreio"; 1895, 25 de Setembro - extinto o Concelho de Alcochete que é anexo ao de Aldeia Galega; 1898, 13 de Janeiro - Decreto de restauração do concelho de Alcochete com as freguesias de Alcochete e Samouco; quinze dias dantes da restauração do Concelho a Sociedade passa a chamar-se "Sociedade de Recreio 15 de Janeiro"; data provavelmente deste tempo a reconstrução do edifício, tendo-se demolido em grande parte o antigo Solar (destruída a escada de pedra que dava ingresso ao amplo salão e entaipadas as colunas da entrada); antes de passar para a posse da Sociedade o último proprietário fora Carlos Augusto Nunes; um dos sócios mais ilustres da Sociedade era o pianista João Baptista Nunes Júnior autor do Hino da Restauração do Concelho; 1913, Janeiro - é confirmada a existência da sociedade musical e baptizada com o nome actual; tinha inscritos então c. de 600 sócios; 1986, 13 novembro - Decreto Regulamentar nº 64/86, criando a Área Crítica de Recuperação e Reconversão Urbanística do aglomerado das Barrocas, onde se inser o imóvel; 1994, 6 de Março - inauguradas as novas instalações da sede musical, anexas a N..

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria rebocada e caiada, cantaria, cerâmica, louça vidrada, massa, telha, madeira., vidro.

Bibliografia

Questões de actualidade. O Extincto Concelho de Alcochete e os seus antigos munícipes, Aldeia Galega, 1897; COSTA, Cor. Eduardo Avelino Ramos da, O Concelho de Alcochete, 1902 (2ª edição, Alcochete, 1988); PEREIRA, Esteves e RODRIGUES, Guilherme, Dicionario Historico, chorografico, heraldico, biographico, bibliographico, numismático e artístico, Vol. 1, Lisboa, 1904; COSTA, Américo, Dicionário Chorografico de Portugal Continental e Insular, Vol. 1, Porto, 1929; CUNHA, Francisco Leite da, Subsídios para a História de Alcochete, A Voz de Alcochete, Novembro de 1948; A voz de Alcochete, n.º 43, Anno 4, janeiro de 1952; CRUZ, João Luís da, Concelhos Ribeirinhos da Margem Sul do Tejo, Estremadura - Boletim da Junta de Província, n.º 38 - 40, Lisboa, 1955; ESTEVAM, José, O Povo de Alcochete. Apontamentos históricos sobre a terra e o pessoal, Lisboa, 1950; IDEM, Anais de Alcochete. dados históricos desde o séc. XIII, Lisboa 1956; NUNES, Luís Santos, Vila de Alcochete e seu concelho, 1972; GRAÇA, Luís Maria Pedrosa dos Santos, Edifícios e Monumentos notáveis de Concelho de Alcochete, Lisboa, 1997.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMA; Museu Municipal

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMA; Museu Municipal de Alcochete

Intervenção Realizada

CMA / Direcção-Geral do Ordenamento do Território: 1988 / 1994 - obras de reconstrução.

Observações

A Sociedade tomou o nome de "Imparcial" para que a ela pudessem pertencer todos os alcocheteanos, fossem progressistas ou regeneradores. (1) Em que A = a porta e B = a janela. (2) Segundo Frazão de Vasconcelos que considera a sua entrada como o tipo perfeito de entrada dos solares portugueses do Séc. 15.

Autor e Data

Albertina Belo 1999

Actualização

 
 
 
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