Casa da Gandarela e Capela de Santo António

IPA.00000075
Portugal, Braga, Celorico de Basto, Basto (São Clemente)
 
Casa nobre do tipo Casa-torre barroca, de planta em U, articulando três corpos e torre ecléctica, do séc. 18, ameada, com janelas geminadas, conjugando elementos medievais, renascentistas e barrocos. Junto à fachada principal da casa encontra-se adossado portal nobre. Capela maneirista e barroca, composta por nave única e torre sineira adossada, do séc. 19, rematada por cúpula. Fachada principal em empena e portal de verga recta encimado por fresta de arejamento e frontão triangular. Decoração interior com retábulo de talha barroco nacional. Jardim topiado de camélias, ciprestes, azáleas e buxos, típico dos Jardins de Basto, com lago circular central, rodeado por topiárias de animais fantásticos, formando bestiário. Jardim construído no início do séc. 20, segundo tipologia dos jardins topiados de basto, típicos do séc. 19. O desenho dos jardins foi concebido por um jardineiro da escola de Fermil, fundada pelas irmãs Pinto Basto *5. Actualmente, os jardins ainda são tratados por um jardineiro, da geração dos jardineiros de Fermil. A capela possui torre sineira rematada por cúpula, de forma pouco comum na região.
Número IPA Antigo: PT010305200024
 
Registo visualizado 376 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta em U

Descrição

Planta em U, composta por corpo principal, rectangular, corpo de ligação, definindo pátio rectangular fechado e corpo envolvendo torre quadrangular. Volumes articulados e escalonados, de dominante horizontal, quebrados pelo verticalismo da torre. Coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas, no corpo principal e torre, três águas no corpo que envolve a torre e duas águas, no corpo de ligação. Edifício de dois pisos, com fachadas em cantaria de granito, sendo a principal rebocada e pintada de cor-de-rosa, rematadas por cornija sob beiral saliente, e por beiral na fachada lateral S. Fachada principal voltada ao jardim, a E., percorrida por estreito embasamento, com pilastras colossais toscanas nos cunhais, tendo a da direita, a pedra de armas dos MAGALHÃES SOTTO MAYOR, e a da esquerda, adossado, portal nobre, desenvolvido em altura, com vão rectangular sobrepujado por frontão de aletas, interrompido por fogaréu. No primeiro piso rasgam-se a porta principal de verga recta, ladeada por duas janelas gradeadas e no extremo N., dupla janela. No piso superior, janelas de sacada encimadas por cornijas rectas, com varanda de pedra sobre cachorros, com motivos vegetalistas e volutas. Fachada lateral N., com escalonamento dos diversos corpos, coberta por trepadeiras, no primeiro piso, com duas portas e quatro janelas rectangulares, e no segundo, sete janelas rectangulares de guilhotina. A torre, de três pisos, com acesso pelo interior, enquadrada por cunhais apilastrados de ordem toscana, rematada por cornija e gárgulas de canhão, nos vértices, encimadas por pináculos, entre merlões. Possui no último piso janela mainelada, nas fachadas N. e O.. Fachada lateral S. revestida parcialmente por buganvílias, com pátio fechado por murete, com acesso ao centro, com a parede lateral O. rasgada por pequena porta de verga recta, no primeiro piso, e no segundo, janela rectangular de guilhotina, e porta de verga recta, à qual se acede por escada de pedra. Centrada, em relação ao pátio, varanda envidraçada assente em pilares de granito, de secção quadrangular, cobertos por trepadeiras. Fachada posterior, a O., rasgada no segundo piso por três janelas rectangulares de guilhotina, entre roseiras trepadeiras e hortências. INTERIOR não observado *1. CAPELA de planta longitudinal, composta por nave única e torre sineira quadrangular, adossada a O.. Volumetria de dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo da torre, com coberturas em telhado de duas águas, na nave e cúpula coroada por esfera na torre. Fachadas em aparelho "mixtum vittatum", rematadas por cornija, sob beiral nas fachadas laterais. Pináculos nos remates dos cunhais. Fachada principal voltada a N., em empena, coroada por cruz sobre esfera, rasgada por portal de verga encimado por fresta de arejamento e frontão triangular com pináculos piramidais com bola, a ladear a base. Torre sineira quadrangular, de dois pisos, delimitados por friso, com quatro sineiras em arco de volta perfeita, rematada por cornija simples, encimada por volutas nos ângulos. Fachada lateral E. rasgada por porta de verga recta e janela rectangular. Fachada lateral O. com escada de pedra de acesso à torre. Fachada posterior a S., em empena, com cruz latina no vértice, cega, revestida por roseiras e outras trepadeiras. INTERIOR com cobertura em falsa abóbada de madeira e pavimento em lajes de pedra. Paredes revestidas por silhar de azulejos estampilhados a azul e branco. Coro-alto em madeira, assente em trave, protegido por balaustrada. Parede testeira totalmente preenchida por retábulo em talha em branco, sobrelevado, com acesso por três degraus de pedra, de planta recta, de três eixos, com ático rematado por arco abatido, com cartela, ao centro, com anjo, e prolongamento dos motivos decorativos do eixo central, ladeados por composições de volutas. Tribuna em arco abatido, com renda e trono bojudo coroada pela imagem de Santo António, ladeada por par de colunas coríntias, estriadas, com espiral fitomórfica e laçarias, demarcadas no terço inferior, com volutas, acantos e anjos. Lateralmente, peanhas bojudas com imaginária, enquadradas por arcos de volta perfeita assente em pilastras decoradas por motivos vegetalistas. No extremos do retábulo, colunas torsas, ornamentadas com pâmpanos. Banco com composições de volutas, acantos e anjos. Sobre a banqueta, sacrário encimado pelo Crucificado. No muro a O. da capela, portal de verga recta, rematado por cornija sob frontão triangular com a pedra de armas dos MAGALHÃES, ladeado por pináculos piramidais. Adossados ao muro N. da propriedade, anexos agrícolas de planta rectangular, cobertos por telhado de duas águas, e a S., tanque rectangular com bica em cantaria, embebida no muro, em forma de carranca, com três canos, um na boca e dois nos ouvidos, ladeada por volutas e acantos e inferiormente motivo concheado. JARDIM junto à fachada principal da casa, definido por quadrilátero, com canteiros organizados por camélias, magnólias, ciprestes, buxos, murtas e azáleas topiadas, definindo formas geométricas diversas, arcos e guardas-sol, alguns em forma de pássaros, serpentes e animais fantásticos, formando bestiário, com lago central circular, com estátua de menino, e quatro estátuas representando as estações do ano.

Acessos

EN. 206; Vila da Gandarela de Basto

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolada, em terreno de acentuado declive, à saída da povoação, junto à estrada que liga ao Arco de Baúlhe. Rodeada por campos de cultivo e algumas casas de habitação. A fachada posterior da casa é contornada pela auto-estrada A7, que se encontra em quota mais baixa, passando por esta através de um túnel. Inserida em quinta de produção vitivinícula (v. PT010305200154) fechada por muro de alvenaria de pedra, composta por parque arborizado, jardim, casa e capela separada e anexos agrícolas, dispostos em eixo e campos de cultivo de vinha, constituídos por ramadas de videiras a S.. O acesso principal é feito por portal que comunica com o parque arborizado, com plátanos, áceres e tílias, que liga a extensa alameda que separa por muro topiado de camélias, com janelas recortadas, o jardim.

Descrição Complementar

HERÁLDICA: Pedra de armas em granito, dos Magalhães, de ..., com três faixas xadrezadas de ... e de ..., de três tiras, encimada por elmo *2.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Residencial: casa

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 (conjectural) / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

Séc. 17 - Edificação da casa e da capela; séc. 18 - reedificação da fachada nobre e construção da torre; é senhor da Casa da Gandarela, Francisco Alves de Araújo, capitão-mor de Celorico de Basto, sucedendo-lhe o seu filho, Manuel Alves de Magalhães Araújo Pimentel, ambos mestres-de-campo dos Auxiliares de Basto e fidalgos-cavaleiros da Casa Real; séc. 19 - é senhor da Casa da Gandarela, Francisco de Magalhães Araújo Pimentel, fidalgo-cavaleiro da Casa Real; seu filho Manuel Magalhães de Araújo Pimentel sucede-lhe e casa com a sua prima direita D. Maria Cristina Pereira Gayo de Noronha *3; após o fim do seu casamento, enche-se de dívidas, obrigando os seus herdeiros a vender todos os seus bens e a propriedade a Jerónimo Pacheco de Campos Pereira Leite, deputado e chefe do partido Regenerador do distrito; remodelação da torre da casa e construção da torre sineira da capela; 1886 - a via romana que ladeava a casa é substituída, a N., pela actual estrada, desmontando-se a capela e montando-a de novo no local onde actualmente se encontra; séc. 20, início - construção do jardim, por iniciativa de Paulo da Cunha Mourão Carvalho Sotto Mayor; 2000, 4 Setembro - Despacho de classificação, desencadeado pela possível destruição do jardim devido à construção do prolongamento da auto-estrada A7; 2004 - deslocação do portal existente na fachada posterior devido à construção da auto-estrada *5; 2009, 23 outubro - caduca o processo de classificação conforme o Artigo n.º 78 do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, n.º 206, alterado pelo Decreto-Lei n.º 265/2012, DR, 1.ª série, n.º 251 de 28 dezembro 2012, que faz caducar os procedimentos que não se encontrem em fase de consulta pública.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura da casa e da capela, molduras, cunhais, cruzes e pináculos, portais, lago, estátuas, tanque e pavimento da capela, em granito; silhar de azulejos industriais recentes na capela; portas, janelas, coro-alto, balaustrada, tecto e retábulo, em madeira; guardas das varandas e gradeamento de janelas, em ferro; cobertura exterior em telha de canudo.

Bibliografia

GUSMÃO, Adriano, Solares Barrocos da Região de Basto, in XVI Congrès International d´Histoire de l'art - Rapport et Communications, vol. 2, Lisboa-Porto, 1949; BPA, Casas Antigas do Concelho de Celorico de Basto, Celorico de Basto, 1981, p. 35; CMCB, Celorico de Basto, entre o passado e o futuro, Celorico de Basto, 1988, p. 71; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses. Introdução ao Estudo da Casa Nobre, Lisboa, 1988, p. 143; Vv. Aa., Guia de Portugal, vol. 4, Lisboa, 1996, pp. 1301,1302.; STOOP, Anne de, Palácios e Casas Senhoriais do Minho, Porto, 2000; CASTEL-BRANCO, Cristina, Jardins com História - Poesia atrás de muros, Lisboa, 2002.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

2004 - desmantelamento e deslocação do muro e portal junto à fachada posterior da casa devido à construção do túnel da auto-estrada.

Observações

*1 - não foi autorizado o acesso ao interior da casa; *2 - a pedra de armas dos MAGALHÃES, apresenta as seguintes cores, de prata, com três faixas xadrezadas de vermelho e de prata, de três tiras; *3 - segundo Anne de Stoop, a sua vida inspirou Camilo Castelo Branco numa das suas "Novelas do Minho", pois Manuel de Araújo Pimentel é deixado pela sua mulher, que o troca por um primo seu da Casa da Prelada (v. PT011312110042), de seu nome D. Francisco de Noronha e Menezes de Mesquita e Melo Portugal; *4 - o traçado inicial da auto-estrada previa a sua passagem junto ao jardim, cortando-o ao meio, pelo que devido ao processo de classificação, o traçado foi desviado para os terrenos existentes junto à fachada posterior da casa, o que obrigou à deslocação e recuo do muro e do portal existente junto a essa fachada. Toda a envolvente foi significativamente alterada, nomeadamente com a construção de um viaduto rodoviário da auto-estrada, que passa por cima de parte dos terrenos da quinta; *5 - os Jardins de Basto foram iniciados pelas irmãs Pinto Basto, D. Justina Praxedes, da Casa de Pielas (v. PT010304110056), em Cabeceiras de Basto e D. Emília Ermelinda, da Casa da Igreja (v. PT010305090008), em Celorico de Basto, influênciadas por modelos ingleses.

Autor e Data

António Dinis 1999

Actualização

Joaquim Gonçalves 2004
 
 
 
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