Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Penela

IPA.00007159
Portugal, Coimbra, Penela, União das freguesias de São Miguel, Santa Eufémia e Rabaçal
 
Arquitectura religiosa, maneirista. Igreja de Misericórdia de planta longitudinal de nave única e presbitério, interiormente coberta com tecto de madeira em masseira e iluminada pela janela axial e lateral, com sala do Despacho adossada à fachada lateral, aberta para a nave através de tribuna, seguindo assim a tendência estética e artística da região de Coimbra, bem como as características gerais das igrejas de Misericórdia do distrito. Fachada principal terminada em empena, rasgada por vãos organizados num eixo central, composto por portal de verga recta moldurado, enquadrado por colunas dóricas sustentando arquitrave, sobreposto por janela. Fachada lateral com porta travessa e janela moldurada. Interior com coro-alto e púlpito no lado do Evangelho, com bacia e guarda plena em cantaria. Presbitério acedido por escadas frontais e parede testeira formando a capela-mor e duas colaterais, em pedra de Ançã, maneiristas, com retábulos de talha policroma de planta recta e um eixo, tardo-barroco e neoclássicos. Actual edifício da mesa de arquitectura vernácula e torre sineira novecentista.
Número IPA Antigo: PT020614050008
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício, igreja e hospital  Misericórdia

Descrição

Planta longitudinal de nave única com presbitério, tendo adossado à fachada lateral esquerda sacristia rectangular e torre sineira quadrada, à direita, disposto perpendicularmente, corpo rectangular da antiga casa do Despacho, com acesso pela fachada posterior e edifício do antigo hospital da Misericórdia, em L. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a lateral direita e posterior com embasamento a cinzento. Fachada principal virada a O., terminada em empena, coroada por cruz latina flor-de-lisada em cantaria, sobre plinto, rasgada por portal de verga recta, ladeada por duas colunas de inspiração dórica, de terço inferior marcado por canelado distinto, sobre plintos paralelepipédicos, de faces com almofadas côncavas, as frontais decoradas com florão e as laterais por losango com botão central, que suportam entablamento, de friso ornado com três querubins intercalando a inscrição de 1616; sobre este, e rompendo antigo vão em arco de volta perfeita posto à vista pela remoção do reboco, surge janela de varandim com verga abatida, moldurada e pequena cornija superior, encimado por óculo circular, sem moldura. Fachada lateral direita da nave rasgada por portal de verga abatida, com moldura terminada em cornija, com chave saliente e formando pequenos brincos laterais, e janela quadrada, moldurada e gradeada; sobre o portal surge alto-relevo composto por nicho em arco de volta perfeita e abóbada concheada, albergando imagem de São Lourenço, de mãos mutiladas, enquadrado por pilastras que suportam frontão de volutas com concha no tímpano encimado por elemento vegetalista; o nicho assenta em cornija sobre avental decorado com elementos fitomórficos, também ele assente em cornija. O corpo da Casa do Despacho, de dois pisos, é rasgado no primeiro por porta de verga recta ladeada por duas janelas de peitoril e no segundo por duas outras janelas iguais; na fachada lateral esquerda, existe acesso directo ao segundo piso, por porta de verga recta, precedida por escadaria de alvenaria reboca, formando L, com guarda plena capeada a cantaria, e no vão da qual se rasga porta de verga recta. Fachada posterior da nave terminada em empena, com corpo central rectangular saliente, assente em mísulas e friso de cantaria, terminado em empena, ladeado por duas frestas rasgadas em níveis diferentes; a sacristia termina em meia empena e é rasgada por portal de verga recta simples. A ela adossa-se a torre sineira, rasgada no topo de cada uma das faces por sineira em arco de volta perfeita, terminada em cornija de cantaria, com pináculos piramidais nos cunhais e coberta em coruchéu piramidal. INTERIOR de paredes rebocadas e pintadas de branco, com silhar de cantaria. Coro-alto de madeira, pintado a marmoreados fingidos a bege, assente em colunas de fuste liso sobre plintos paralelepipédicos, e de capitel dórico, com guarda em balaustrada de madeira com acrotério no enfiamento das colunas, sendo acedido por porta de verga recta do lado da Epístola, mas conservando no lado oposto vão de acesso à antiga tribuna dos Mesários, também de verga recta, encimado por cornija, entrecortado pelo pavimento do coro, e actualmente entaipado. No sub-coro, ladeia o portal, lado da Epístola, pia de água benta semicircular de exterior gomeado. No lado do Evangelho, a meio da nave, dispõe-se púlpito de cantaria, de bacia rectangular assente em duas mísulas volutadas, com guarda plena de cantaria decorada por almofadas rectangulares côncavas, acedido por porta de verga recta, a partir da sacristia, encimada por dossel de tecido rectangular, com lambrequim com borlas. Pavimento de ladrilho cerâmico e tecto de madeira, em masseira, pintado de bege, com 21 caixotões, e com traves de madeira. Presbitério sobrelevado com degraus centrais de acesso. A parede testeira é rasgada por três capelas de arcos em volta perfeita, com chave relevada, sobre pilastras toscanas, de fuste com almofada côncava, e vestígios de pintura mural, correspondendo à capela-mor e capelas colaterais; a capela-mor tem o arco decorado no intradorso por três florões, o central inserido em circula, e exteriormente por querubins, que também surgem nos seguintes, sendo encimado por friso e cornija recta, assente em pilastras pouco relevadas que nascem ao nível do arranque do arco, sobrepujada por frontão circular, de extradorso ornado de elementos fitomórficos irregulares, de maior profusão no remate, onde é coroado por bola, tendo no tímpano a representação relevada do Deus Pai, segurando na mão esquerda o globo terrestre. As capelas colaterais, com florão no intradorso do arco, são encimadas por friso e cornija recta, também ela assente em pilastras nascidas a partir do arranque dos arcos, sobre a qual surge falso frontão de volutas, com querubim no tímpano, e terminado em concha sobre friso; sobre as pilastras dos extremos, ainda surgem plintos e a restante parede testeira é pintada com firmamento e estrelas, tendo friso superior de acantos enrolados adaptado ao perfil da cobertura. Interiormente, as capelas são em alvenaria reboca e pintada de branco, integrando altares paralelepipédicos em cantaria, albergando imaginária. Na parede do lado do Evangelho, abre-se porta de verga recta de acesso à sacristia; esta tem pavimento em ladrilho cerâmico, tecto plano de madeira, fresta rectangular entaipada e acesso ao púlpito; possui ainda lavabo de cantaria, de espaldar estreito recortado, terminado em cornija encimada por semicírculo com cruz e lavabo ovalado, e, no pavimento, brasão com as armas nacionais, do séc. 18, já sem coroa. O corpo adossado é de grande simplicidade, com paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento em tacos de madeira e tecto de estuque. O edifício do ANTIGO HOSPITAL, apresenta planta em L, com fachadas de dois pisos, terminadas em beiral e rasgadas por vãos rectilíneos; na fachada principal, no alinhamento do muro de suporte do adro da igreja, abrem-se, no primeiro piso, duas portas e uma janela de peitoril central, e, no segundo piso, três janelas de varandim, todas integrando bandeira; na fachada lateral abrem-se inferiormente duas portas e uma monta quadrangular e superiormente duas janelas de peitoril; já no pano do muro do adro, surge registo de azulejos reproduzindo uma fotografia antiga do pátio posterior.

Acessos

Rua da Misericórdia, Largo Dr. Albino Cordeiro

Protecção

Incluído na Zona de Protecção da Igreja de Santa Eufémia (v. PT02061405005)

Enquadramento

Urbano, no centro histórico da povoação, adaptado ao declive acentuado do terreno, tendo adossado a S. habitações particulares e a N. o edifício do antigo hospital, formando gaveto, e onde ainda está instalada a Farmácia. A fachada principal da igreja surge sobrelevada relativamente à rua, com várias casas de interesse arquitectónico, nomeadamente a que se lhe adossa e que forma passal sobre a rua. O portal axial é precedido por escada de dois lanços, criando pequeno adro frontal sobrelevado, protegido por gradeamento de ferro, intercalado por pilaretes de cantaria. À fachada posterior do edifício da Farmácia e da igreja adossa-se muro, vencendo o declive acentuado, criando adro rectangular fronteiro à fachada lateral direita da igreja, encimado por gradeamento de ferro, acedido a E. por portão de ferro; tem pavimento em calçada à portuguesa, com desenho esquemático ao centro, lajes de cantaria formando quadrícula e delimitando quatro canteiros; possui ainda bancos de pedra. Junto ao ângulo SE. do muro, ergue-se estrutura de cantaria, com a inscrição SANTA CASA DA MISERICÓRIDA e albergando para o lado interior sino. Na proximidade da fachada posterior, ergue-se a Igreja Matriz (v. PT020614050005) e a Escola Primária integrada no Plano dos Centenários.

Descrição Complementar

O retábulo-mor, actualmente deslocado, em talha pintada a marmoreados fingidos e dourado, possui planta côncava e um eixo, definido por duas colunas de fuste liso e terso inferior marcado por elemento fitomórfico, assente em duas ordens de plintos, e de capitéis coríntios, que sustentam fragmentos de frontão, coroados por urnas, e que por intermédio de palmetas se ligam ao ático, com cartela circular terminada em cornija angular; ao centro, possui painel pintado com representação da Visitação, enquadrado por moldura em arco de volta perfeita, ornado com friso canelado interrompido regularmente por florões e com elementos fitomórficos interiores recortados, tendo chave fitomórfica relevada; na cartela circular do tímpano surge resplendor com o monograma AM; banco com apainelado de acantos ondulados e friso superior com grifos e florões. Os retábulos das capelas colaterais, também deslocados, têm estrutura semelhante, de planta recta e um eixo, definido por friso fitomórfico, o que estava no lado da Epístola integrado em pilastras, de remate em frontão curvo, definido pelo mesmo friso, o que estava no lado do Evangelho tendo no centro querubim; no tímpano dos dois surgem coroa de espinhos e os cravos, envolvido por palmas; o do lado do Evangelho enquadrava tela pintada com o Calvário, sendo a figura de Cristo ladeado pela Virgem e São João; actualmente, possui frontalmente mesa de altar paralelepipédica, com duas pilastras laterais decoradas por pequeno avental no topo.

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: edifício de confraria / irmandade / Cultural e recreativa: museu / Educativa

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIRO: José Augusto Júlio (1903). Dourador: José Mexemino Gonçalves (1909). EMPREITEIRO: José das Neves Freire (1859); José Faria (1964). PEDREIRO: Francisco Duarte Rafael (1906). PINTOR: Ernesto Condeixa (1903); José Maria Resende (1869). RESTAURADOR: Augusto Alexandre (1902).

Cronologia

1559, 25 Agosto - alvará de D. Sebastião instituindo a Confraria da Misericórdia de Penela, na sequência de um pedido feito pelos juízes, vereadores, procurador e homens bons do concelho, dado que existiam na vila e seu termo muitas pessoas pobres e presos que precisavam de assistência; à confraria da Misericórdia foi anexada à albergaria de São Lourenço, fundada por D. Joana, que tinha de renda 12$000rs em foros de propriedades, administradas pelos oficiais da Câmara; a albergaria situava-se no local onde hoje se ergue a Misericórdia, fora das muralhas do castelo, à entrada da vila, junto à qual existia um hospital, fundado em 1431; a confraria da Misericórdia tinha como principal objectivo o cumprimento das Obras da Misericórdia e prover melhor a dita albergaria; São Lourenço passou a ser o patrono da Misericórdia e da albergaria; 1575, 25 Junho - contrato entre o Provedor e Irmãos da Confraria com o imaginário António Gomes, morador nos Paços de Santa Clara, em Coimbra, para fazer a "obra dessa igreja", incluindo as imagens do portal, sua pedraria lavrada e demais embelezamentos a obra digna"; foram testemunhas da escritura o criado do Bispo-Conde D. Manuel de Menezes, Francisco Ferreira, e António Tavares, escrivão das sisas da cidade; 1616 - reforma da igreja, conforme denota a data inscrita no portal axial; provável feitura da tribuna dos Mesários no lado do Evangelho; construção da capela-mor e das capelas colaterais; 1669, 9 Outubro / 1723, 22 Junho - cartas de sentença dando razão à Misericórdia em auto de partilhas e do património deixado por morte à Irmandade, o que provocou querelas dos familiares, naturais de Viavai e Ferrarias; 1721- Informações Paroquiais da Diocese de Coimbra referem que na vila havia um hospital de São Lourenço, instituído por Pedro Florim e João de Berguim há 290 anos, tendo junto uma albergaria e uma igreja de Misericórdia; 1772 - data dos documentos de arquivo mais antigos; 1772 / 1802, entre - as missas eram rezadas pelos frades do Convento de Santo António; séc. 18 - reforma na igreja, ou pelo menos a abertura da janela sobre o portal axial; provável construção ou ampliação da casa adossada a S., amputando parte da escadaria frontal; construção da torre sineira; 1783 - data na verga da porta da roda dos expostos existente junto ao primitivo hospital real, assinalando a sua criação; 1800 - carta de D. João, em que o seu antecessor D. José fazia mercê à Misericórdia de Penela da administração de todos os bens que ficavam declarados e que então tinha na sua posse, contra a proibição das leis de amortização e que então se achavam incorporadas na coroa; 1806, 18 Outubro - alvará determinando a Misericórdia reger-se pelo Compromisso da Misericórdia de Lisboa; 1816, 20 Outubro - Inventário dos Bens e rendimentos da Misericórdia, existentes no concelho e do livro dos que pagam foros e juros; 1818 - data do Compromisso; 1853 - o cirurgião e sangrador do hospital recebeu o seu ordenado em trigo em vez de 5$720 rs; 1857 - dada a situação económica difícil não houve comemorações da Semana Santa; 24 Março - ofício do Administrador do Concelho sobre a exigência do Governo Civil de Coimbra para criação de uma cadeia de ensino primário na vila, interpelando a Misericórdia para auxiliar nisso, destinando um subsídio anual para a sua efectivação ou oferta da casa e material para o seu funcionamento; 1858 - a Misericórdia tinha 280$395 rs de receita, 268$145 de despesa, tendo o capelão o vencimento de 40$000 que não se pagara; era a hospitaleira D. Margarida Maximina; o andante ou enfermeiro, com casa própria, recebia de ordenado 21$000, mas devido à crise da Misericórdia foi reduzido para 18$000; compra de 4 esteiras para o hospital por $360 e de uma maca, para transportar os doentes das suas casas para o hospital 1859 - voltou a não haver comemorações da Quinta-feira Santa ou Endoenças por não haver dinheiro nem para pagar algumas das despesas do ano antecedente; os foreiros não pagavam os foros e, apesar das diligências do advogado Dr. Joaquim Augusto de Sousa Peres, as cobranças ficavam por fazer; decidiu-se fazer a festa de São Lourenço para angariação de fundos; a Misericórdia foi responsabilizada pelo pagamento de remédios e internamento de doentes pobres no hospital de Coimbra, agravada pela falta de condutores com carros para conduzir os passageiros e os presos; 1859, 24 Julho - não havendo condutor responsável para a condução dos passageiros e haver prejuízo da Misericórdia, pôs-se editais para proceder a arrematação, ficando encarregue desse transporte o Sr. Alexandre, da vila; 4 Dezembro - manda-se construir a escada da torre sineira, devido a velha estar estragada, aceitando a obra José das Neves Freire, por 4.295$000 rs; 11 Dezembro - determina-se admitir no hospital os pobres verdadeiramente pobres, onde se incluía os Irmãos pobres e familiares; 1869, 17 Outubro - aprovada a execução da bandeira Real pelo pintor José Maria Resende, de Lisboa, por 20$0000 rs, o qual se comprometia a fazê-la com moldura de cerne de pinho, com cordões em ambas as faces, dourados, com filetes dourados na moldura interior, preta; 1870 - compra de uma túnica para o senhor dos Passos para sair na procissão e os vestidos das três Marias para a Semana Santa; 1871, 9 Junho - Inventário dos bens e rendimentos da Misericórdia - tinha mais de 70 propriedades, mas de que não recebia os foros; 1882 - feitura do cepo da cozinha do hospital; 1882 - execução da tribuna dos mesários na igreja; 1883, 9 Dezembro - Mesa delibera colocar editais para assoalhar a sala principal do hospital; 16 Dezembro - eram necessárias obras na casa do andador; 1886 - por morte do enfermeiro, a Mesa deliberou, para diminuir as despesas, que o preenchimento do lugar fosse feito por uma única pessoa e não duas como até ali, dispensando o andador; manda-se fazer obras na casa anexa ao hospital e destinada à habitação do enfermeiro e cozinha do mesmo hospital; contrata-se Teresa das Neves Freire, filha da enfermeira que morrera; 1886 - decide-se realizar as festas da Semana Santa; 1895 - entregues por orçamento os trabalhos a executar na igreja, tribuna e casa do hospital, arrematando-se por 4$000 rs a loja maior por baixo da casa do hospital, para angariar receitas; 1897, 2 Julho - o Provedor alerta os Mesários que, para se fazerem as obras na igreja com as esmolas dos pobres, tinham de reduzir as despesas; a administração do Concelho procedeu a uma sindicância às contas e gestão da Misericórdia; séc. 19, último quartel - desaparecimento da roda dos expostos; 1901 - Mesa decide permitir a entrada no hospital a qualquer pessoa que na área do concelho fosse vítima de desastre ou moléstia que o impossibilitasse de ser conduzido ao hospital de Coimbra e que não tivesse família que o socorresse; 1902 - melhoria da situação financeira da Misericórdia, permitindo multiplicar a beneficiência aos pobres, pagar medicamentos, rendas de casa, enterros, mortalhas para defuntos, a gratificação a médicos e enfermeiros do hospital e a emprestar dinheiro a juros baixos; oferta de manto de veludo encarnado à imagem da Rainha Santa Isabel, existente no Convento de Santo António e que incorporava a procissão da festa de Santa Eufémia; 1903, 19 Fevereiro - sendo Provedor o Dr. Albino Maria Cordeiro, a Mesa manda destruir a tribuna dos mesários; deu-se de arrematação a construção de um coreto que a substituísse, com base de licitação de 85$000 rs, mas não surgiu ninguém a arrematar a obra; 23 Abril - arrematação da obra pelo carpinteiro da vila José Augusto Júlio, por 89$000 rs, obrigando-se também a reedificar a parede que a tribuna ocupada; manda-se fazer uma bandeira real ao pintor Ernesto Ferreira Condeixa, que custou 50$000 rs; colocação de azulejos nas paredes junto ao altar-mor e por detrás do altar; apetrechamento do hospital com roupa nova e 4 coberturas; 1905 - doação testamentária de 300$000 rs pela D. Felismina Albertina da Conceição Cordeiro Dias, sob condição da Misericórdia limpar e conservar o seu jazigo; 23 Março - Mesa decide mandar construir carreta para transportar os mortos ao cemitério, com base de licitação de 55$000; 1906 - doação de 150$000 por António Mendes; dispêndio de 6$000 na armação da igreja durante a Procissão do Enterro; 1908, Abril - estreia da Bandeira feita por Ernesto Condeixa; 1912, 9 Dezembro - alvará do Governador Civil do Distrito aprovando o novo Compromisso, deixando a Misericórdia de se regular pelo de Lisboa; passa a ter a invocação de Santa Isabel; feitura da tela com a representação da Visitação para o retábulo-mor; 1916 - a partir desta data, o prazo do mandato dos Provedores passa a ser de 3 anos; 1922 - o ordenado do farmacêutico aumenta para 60$000; 1924 - entrada de ajudante de farmácia António dos Reis, demitindo-se o farmacêutico, então substituído por Antero Mendes Amora, que passou a receber mais 1.500$00 por semestre; 1925 - João Duarte Ferreira, natural de Freixiosa e residente no Rio de Janeiro, deixa um legado de 100 contos à Misericórdia; 24 Junho - entrega à Misericórdia dos bens que o Dr. Albino Cordeiro doara em testamento; Rosário de Jesus, da vila, responsabiliza-se pela venda da água ao albergue, hospital e farmácia por 180$00 por semestre; no hospital funcionava o dispensário anti-tuberculoso; 1930, década - instalação de electricidade nos edifícios da Misericórdia: casa de sessões, casa da farmácia e residência do farmacêutico; 1932 - cedência temporária de uma imagem do séc. 16 ao Museu Machado de Castro; 1939, Agosto - início do projecto de colónia de férias para crianças pobres na Figueira da Foz; 1941 - encerramento do hospital; 1945, 4 Fevereiro - autorização para se usar temporariamente e gratuitamente uma sala do hospital como consultório do médico municipal, Dr. Fausto Serrano; 1948, 14 Agosto - instalação de posto médico no hospital; oferta de um aparelho de raio X; o albergue deixou temporariamente de funcionar, sendo parcialmente adaptado a sanitários e a retrete do posto médico; 1951 - tomada de posse do Provedor Dr. David Augusto Júlio, cujo sonho era fundar um hospital sub-regional; 1956 - cedência da casa do albergue para criação de cantina escolar, fazendo-se obras de adaptação; 1957 - instalação do Dispensário anti-tuberculose no 1º andar do antigo hospital; 1962 - aquisição da casa de D. Maria da Conceição, contígua ao edifício da Misericórdia; 1964, Janeiro - demolição da casa no pátio posterior e torre anexa, pelo empreiteiro de estradas José Faria, por 7000$00; 1965 - instalação de telefone na sala de sessões; 1977 - abertura do Museu com o espólio da Misericórdia, parte dele cedido por D. Francelina de Jesus para abrir um museu; 1979, 4 Outubro - Mesa propõe a criação de um centro de dia para idosos; 1982, 14 Janeiro - escritura de instituição da "Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural do Concelho de Penela", apoiado pela Misericórdia e instalada na sede da mesma; decide-se instalar um Museu na igreja; 1983 - início do funcionamento da Biblioteca, tendo a Misericórdia adquirido elevado número de livros; 1984 - reinstalação da farmácia no 1º piso do edifício; 1985 - Mesa procede à organização do espaço e espólio para o divulgar; 1986, 23 Novembro - inauguração da Biblioteca e abertura provisória do Museu de Arte Sacra; 1987 - tendo-se decidido reconstruir a torre, solicita-se apoio ao Gat da Lousã, por intermédio da Câmara; construção da torre junto à igreja, mas do lado oposto; 1988, 18 Dezembro - protocolo entre a Câmara e a Misericórdia para a biblioteca ser de utilidade pública, passando a designar-se Biblioteca Pública do Município e Misericórdia; 1991 - venda do alvará da Farmácia por 25 mil contos e com o mobiliário por 400, permanecendo o farmacêutico na sua casa; 2000, 9 Abril - inauguração do Museu de Arte Sacra.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura de alvenaria de calcário rebocada e pintada de branco; elementos estruturais, molduras dos vãos, nicho, cruz, púlpito, silhar e outros elementos em cantaria de calcário; portas e caixilharia de madeira pintada na igreja e em alumínio no edifício do antigo hospital; vidros simples; capelas em calcário pintado; retábulos expostos em talha em branco, dourada e policroma, alguns com telas pintadas; grades de ferro; pavimentos em madeira, em ladrilho cerâmico na nave e sacristia, em tabuado no coro-alto, em lajes de calcário no presbitério e em tacos de madeira no corpo anexo; tecto de madeira e em estuque na sacristia e corpo anexo; algerozes metálicos; cobertura de telha.

Bibliografia

COSTA, P. António Carvalho da, Corografia Portugueza..., tomo II, Braga, 1868 [1.ª ed. de 1712]; CORREIA, Virgílio, GONÇALVES, A. Nogueira, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Coimbra, Lisboa, 1952; ARNAUT, Salvador Dias, DIAS, Pedro, Penela. História e arte, Penela, 1983; BANDEIRA, Ana Maria, Recenseamento dos Arquivos Locais. Câmaras Municipais e Misericórdias, vol. 7, s.l., 1997; NUNES, Mário, Misericórdia de Penela, 1559 - 1999. Servir e Amar, Penela, 1999; Santa Casa da Misericórdia de Penela - Boletim Informativo, n.º 31, Novembro de 1999, n.º 32, Dezembro de 1999 e n.º 33, Fevereiro 2000; AAVV, Portugaliae Monumenta Misericordiarum, vol. 1, Lisboa, 2002; PAIVA, José Pedro (Coordenção Científica), Portugaliae Monumenta Misericordiarum, vol. 4, Lisboa, 2005.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

Santa Casa da Misericórdia de Penela (datas extremas: 1850 - 1950)

Intervenção Realizada

SCMP: 1877 - obras nos telhados da igreja e hospital da Misericórdia; 1902 - restauro do retábulo-mor e respectivo douramento por Augusto Alexandre; 1902 / 1903 - beneficiação da casa do andador, dos pavimentos e dos telhados da igreja, substituindo-se a antiga por telha marselha; feitura das escadas da torre; arranjo exterior da fachada posterior: portal, escadas e adro; 1906 - colocação de ladrilho no presbitério da igreja por Francisco Duarte Rafael, pedreiro da vila, por 37$9000 rs; 1909, 25 Junho - reparação e douramento da moldura do quadro com Coroação da Virgem por 15$000 rs, e do quadro da Virgem, este último por José Mexemino Gonçalves, da vila, que também pintou e prateou as banquetas dos altares laterais; colocação de mosaico no pavimento da nave, conserto e pintura do forro da igreja, pintura do guarda-vento e caiação da igreja, tudo por António dos Reis e Sousa, de Lisboa, por 17$455 rs; 1925 - obras na sacristia, melhoramentos no albergue, colocação de novo soalho no hospital e de uma grade e portão no átrio; colocação de grade na escada de acesso à igreja; 1982 - obras no edifício da Misericórdia, sendo a farmácia instalada provisoriamente na Pç. da República; 1990 - restauro da igreja; 1996 - obras de restauro; 1998 / 1999 - restauro das imagens, nomeadamente da Pietá e de São João Baptista; 1999 - obras gerais de conservação e restauro na igreja e edifício; arranjo do adro junto à fachada posterior.

Observações

Uma fotografia do pátio da fachada posterior de meados do séc. 20, mostra o anexo adossado a S. da igreja com o portal do primeiro piso encimado por lápide sepulcral, com inscrição, então já muito delida, a torre sineira, acedida por porta rasgada ao nível do primeiro patamar da escada, e à qual se adossava casa de um piso, fechando o pátio, e demolida em 1964.

Autor e Data

Francisco Jesus 2000 / Paula Noé 2006

Actualização

 
 
 
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