Ermida de Nossa Senhora do Desterro / Santuário de Nossa Senhora do Desterro
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Portugal, Guarda, Seia, União das freguesias de Seia, São Romão e Lapa dos Dinheiros |
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Santuário mariano composto por dez capelas, distribuídas pela vertente O. da Serra da Estrela, num perímetro vasto, que se inicia no momento da "Anunciação" e termina com o "Calvário", tendo em zona intermédia da encosta, um recinto com o templo principal. Tem uma implantação invulgar, com o percurso atravessado por um rio, onde se projeta uma praia fluvial, espalhado por encosta natural, mas sem grande unidade construtiva, documentando as várias épocas de edificação, com vários dadores que definiram os oragos de cada uma das capelas, surgindo uma descontextualizada, a de Nossa Senhora da Boa Viagem, como um ex-voto gratulatório por salvamento de um naufrágio. Num espaço amplo, centram-se várias capelas, altares exteriores, a Casa dos Romeiros e um forno comunitário, estes claramente vernáculos, e um coreto. As capelas são simples, de espaços únicos, com fachadas em empena, rasgadas por portais de verga reta ou em arco abatido, flanqueados por postigos gradeados, que permitem a observação da cena que se passa no interior, onde surgem figuras de grandes dimensões a representá-la. Os interiores têm coberturas em falsas abóbadas de berço ou abatidas, com pavimentos em lajeado de granito, três delas com estruturas retabulares tardo-barrocas, de plantas côncavas ou convexas, de um a três eixos, rematadas por fragmentos de frontão e espaldares, encimados por elementos vegetalistas vazados, apontando para uma execução no início do século 19. Destaca-se a capela principal, dedicada a Nossa Senhora do Desterro, pela sua dimensão, a única com nave e capela-mor, bem como a presença de mobiliário litúrgico, que permite centrar nela as principais festividades, com o recurso à teia comungatória, ao púlpito e ao coro-alto. Esta possui uma unidade decorativa e construtiva impressionante, revelando ter sido toda refeita no final do séc. 18, início do 19, com fachada principal particularmente rica, rematada em empena contracurva, e marcada pelo portal e janela de sacada de perfil curvo, ambas com molduras recortadas. Os três retábulos do templo, apresentam remates algo incomuns, com um espaldar alteado e cornija curva, sobre o qual surge um segundo espaldar, em forma de leque e rodeado por decoração vazada. A capela principal tem uma pequena sineira no lado direito, o que restará da capela do séc. 17. Algumas capelas mantém os pavimentos em lajeado de granito, formando motivos geométricos e, uma delas, seixo rolado, que urge manter. Algumas possuem coberturas de madeira pintada, com alusões ao orago, ao anúncio da divindade de Cristo, e uma glória de anjos e querubins, que recebe o Cristo morto. A Casa dos Romeiros, de dois pisos, é simples, rasgada regularmente por vãos retilíneos. Junto a esta, surge um forno comunitário com duas naves definidas por pilar central. |
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Número IPA Antigo: PT020912180020 |
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Registo visualizado 570 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Capela / Ermida
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Descrição
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Santuário composto por várias capelas, distribuídas pela vertente O. da Serra da Estrela, em ambas as margens do Rio Alva, em percurso ascendente, partindo da povoação de São Romão, sem qualquer sequência cronológica, resultando de uma construção em épocas distintas, existindo, junto ao recinto principal, várias capelas, a Casa dos Romeiros e um forno comunitário. A NO., surge o recinto de festas e um coreto. Situada junto ao Rio Alva, em local amplo e aprazível, a CAPELA DA SENHORA DO DESTERRO, de planta poligonal composta por nave, capela-mor mais estreita e sacristia e anexo adossados ao lado esquerdo, com coberturas diferenciadas em telhados de uma (anexo) e duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixa pintada de cinza, exceto na fachada principal, com soco de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, encimados por fogaréus, e rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a E., rematada em empena recortada e volutada, sobrepujada por cornija angular com cruz latina no vértice; é rasgada por portal em arco abatido, com pedra de fecho saliente e moldura de cantaria de granito, recortada e volutada, flanqueada por janelas em arco abatido, rematadas por pequeno toro e com as molduras prolongando-se inferiormente, formando falsos brincos. O portal é encimado por janelas de sacada, com bacia em cantaria de granito, de perfil convexo, tendo guarda metálica vazada, com vão em arco abatido, moldura simples, alteada superiormente, criando um falso frontão, com cornija contracurva, de inspiração borromínica. No lado esquerdo, ligeiramente recuada, a sacristia, rematada a meia-empena, alteada relativamente à cornija, rasgada por porta em arco abatido, com moldura de cantaria e remate em cornija, tendo acesso por dois degraus. Fachada lateral esquerda com duas janelas retilíneas a iluminar o corpo da sacristia. Fachada lateral direita com porta travessa em arco abatido na nave, com moldura recortada por volutas, e janela com o mesmo perfil, rematadas em cornija e cruz. Fachada posterior rematada em empena cega, com cruz latina no vértice, sendo visível a empena do arco triunfal, também com cruz. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por lambril de azulejo de padrão azul e branco, com coberturas diferenciadas, em falsas abóbadas de berço de madeira pintadas de azul, assentes em cornijas do mesmo material, pintadas de castanho. Coro-alto de perfil recortado, assente em mísulas laterais, formando um arco em asa de cesto, com guarda de madeira balaustrada e acesso por porta no lado do Evangelho. Possui pias de água benta em forma de trevo. No lado do Evangelho, púlpito quadrangular, assente em bacia e consola de granito, com guardas plenas em madeira pintada de bege, tendo acesso por porta de verga reta, protegida por guarda-voz de madeira com decoração vegetalista vazada. A nave tem presbitério elevado, protegido por teia comungatória. Arco triunfal de volta perfeita, de arestas biseladas, flanqueado por retábulos de talha, dedicados ao Menino (Evangelho) e a São João Baptista (Epístola). A capela-mor possui retábulo de talha pintada de bege e dourado, de planta convexa e três eixos, definidos por duas pilastras exteriores e duas colunas, com fustes lisos, tendo o terço marcado por elementos fitomórficos, capitéis coríntios, e assentes em consolas. Ao centro, tribuna de perfil curvo, com moldura dourada, superiormente rendilhada, contendo trono de três degraus retilíneos e uma maquineta de talha, flanqueada por estípites. Os eixos laterais possuem mísulas bolbosas, encimadas por cornijas, criando falsos baldaquinos; sob estes, duas portas em arco abatido, de acesso à tribuna. A estrutura remata em fragmentos de frontão encimados por anjos de vulto dourados, que sustentam festões, flanqueando um pequeno espaldar curvo, encimado por um segundo, em forma de leque, onde surge Deus Pai e a pomba do Espírito Santo, tudo rodeado por elementos vegetalistas dourados. Altar em forma de urna, com cartela central, de onde evoluem concheados e acantos, encimado por sacrário embutido, com a porta ornada por custódia. A sacristia e anexo são rebocados e pintados de branco, com tetos planos, também rebocados e pintados de branco, possuindo um pequeno arcaz, encimado por oratório de talha pintada de branco e dourado. No lado direito da capela principal, surge a CAPELA DA SENHORA DA BOA VIAGEM (WGS84 graus decimais lat.: 40,394474; long.: -7,694842), de planta retangular simples, com cobertura homogénea em telhado de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais de cantaria e rematadas em frisos do mesmo material. Fachada principal virada a N., rematada em empena com cruz metálica no vértice, rasgada por portal em arco abatido com moldura recortada, encimado por óculo oval. Fachada lateral esquerda rasgada por janela retilínea, sendo a oposta cega, e a posterior rematada em empena cega. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejo industrial de padrão azul e branco, com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira, pintada de azul, com friso fitomórfico e, ao centro, a representação de uma embarcação. Sobre supedâneo de dois degraus de madeira, possui retábulo de talha pintada. No lado oposto do rio, surgem duas capelas, a CAPELA DA APRESENTAÇÃO (WGS84 graus decimais lat.: 40,395118; long.: -7,694070) de planta retangular simples e cobertura homogénea em telhado de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados encimados por pináculos. Fachada principal virada a SO., rematada em empena contracurva com friso, cornija e cruz no remate, sobre plinto galbado; é rasgada por portal em arco abatido e moldura recortada e cornija, criando falso frontão almofadado, flanqueado por janelas retilíneas com moldura e avental, e encimado por óculo circular. Fachada lateral esquerda com janela emoldurada, sendo as demais cegas. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com falsa abóbada de berço abatido, rebocada e pintada, assente em cornija de madeira, e pavimento em lajeado de granito. Na parede testeira, possui um altar em forma de urna, com cartela recortada, de onde evoluem folhas sinuosas, tendo na ara a data "30/5/81"; sobre este, surge o episódio da Apresentação do Menino no Templo. A cena encontra-se enquadrada por elemento retilíneo de madeira, com moldura recortada e ornado por acantos e concheados. A NE. desta, a CAPELA DA SENHORA DA PIEDADE de planta retangular simples com cobertura homogénea em telhado de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixas pintadas de cinza. A fachada principal virada a NO., é rasgada por portal de verga reta e moldura curva, ladeado por janelas retilíneas com molduras semelhante à do portal, encimado por óculo. Fachada lateral direita rasgada por óculo, sendo as demais cegas. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço abatido, de madeira, assente em cornija e com pintura, formando moldura de acantos e festões, quatro meias-lunetas com vasos floridos e, ao centro, uma glória de anjos e querubins; pavimento em lajeado e seixo rolado, formando desenho geométrico. Possui altar semelhante aos das restantes capelas, onde surge a cruz, flanqueada por duas escadas e a imagem do orago *1. Junto a estas, a CASA DOS ROMEIROS (WGS84 graus decimais, lat.: 40,394896; long.: -7,694233), onde habita a Ermitoa, de planta em U na fachada posterior, sendo o conjunto de várias edificações que serviam de hospedaria aos romeiros e, mais tarde, de estalagem, entretanto desativada, de volume único e cobertura homogénea de múltiplas águas. As fachadas evoluem em um e dois pisos, adaptando-se ao declive do terreno, com as fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixas pintadas, sendo rasgada, no piso inferior, por cinco portas retilíneas e, no superior, por nove janelas de peitoril, surgindo, descentrado, um óculo circular. Fachada lateral direita com escadas adossadas, de ligação à fachada posterior, com duas janelas de peitoril no topo. A S. desta, o FORNO COMUNITÁRIO (WGS84 graus decimais lat.: 40,394896; long.: -7,694233), de planta retangular simples e cobertura homogénea em telhado de uma água. Fachadas em alvenaria de granito e claramente ampliada com alvenaria e argamassa de cimento, adaptando-se ao declive do terreno, com a fachada principal virada a N., rematada a meia-empena e com amplo portão retilíneo. Fachada lateral esquerda adossada à casa da mordoma. Fachada lateral direita rasgada por três pequenas janelas retilíneas gradeadas. Fachada posterior cega. O INTERIOR tem duas naves com pilar central, o qual se encosta a afloramento granítico, tendo cobertura em vigamento de madeira. A SE. da Casa dos romeiros, a CAPELA DO SENHOR NO HORTO / CAPELA DA AGONIA (WGS84 graus decimais lat.: 40,394702; long.: -7,693979), de planta retangular simples com cobertura homogénea em telhado de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a fachada principal virada a NO., rematada em empena com cruz no vértice e rasgada por porta de verga reta, flanqueada por janelas retilíneas, protegidas por grades metálicas, e encimado por óculo circular. Fachadas laterais e posterior cegas. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira pintada de azul, assente em cornija pintada de castanho, onde surge a figura de Cristo em oração, sobre um pavimento de musgo; dependurado da cobertura, um anjo segura a cruz. Ainda no recinto, um CORETO octogonal, com base em cantaria rebocada e pintada de branco, com guarda e proteção em ferro pintado de verde. A O. do recinto e no acesso ao mesmo, a primeira capela que surge é a denominada CAPELA DOS DOUTORES (WGS84 graus decimais lat.: 40,394853; long.: -7,696551), de planta retangular simples e cobertura homogénea em telhado de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, flanqueadas por cunhais apilastrados firmados por pináculos, rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a NO., rematada em empena em cortina, claramente alteada, com cruz no vértice, e rasgada por portal em arco abatido, com ampla moldura recortada, ladeada por janelas retilíneas. As fachadas laterais são semelhantes, percorridas por socos de cantaria, e rasgadas por janelas em capialço. Fachada posterior em empena cega. Todos os vãos estão protegidos por grades e portas pintadas de preto. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por lambril pintado, formando apainelados com marmoreados fingidos, tendo cobertura em falsa abóbada de berço abatido, de madeira pintada, assente em cornija do mesmo material, e pavimento de ladrilho cerâmico. Sobre um supedâneo de granito, surge um retábulo de talha pintada. Nas imediações desta, ainda na mesma encosta, surge a CAPELA DO ENCONTRO (WGS84 graus decimais lat.: 40,395149; long.: -7,696006), de estrutura semelhante à anterior, com fachada principal rematada em empena em cortina, alteada relativamente à cornija, rasgada por portal em arco abatido e moldura contracurva no remate, encimada por cornija e janelas em arco abatido. Interior com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por lambril cinza, com cobertura de madeira em masseira e pavimento em ladrilho. Na ladeira de acesso ao Calvário, ergue-se a CAPELA DE NOSSA SENHORA DORES (WGS84 graus decimais lat.: 40,396953; long.: -7,697933), de planta retangular simples e cobertura homogénea em telhado de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco *2, percorridas por embasamento de cantaria. Fachada principal virada a NE., rematada em empena, flanqueada por cunhais de cantaria e rasgada por portal de verga reta. Fachada lateral direita com fresta. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco. No topo da elevação, junto à Cabeça da Velha, uma pedra granítica do Quaternário, surge a CAPELA DO CALVÁRIO (WGS84 graus decimais lat.: 40,398278; long.: -7,699528), de planta retangular simples, com fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixa pintada de cinza. Fachada principal rematada em empena com cruz latina no vértice, flanqueada por cunhais em cantaria, sobrepujados por fogaréus, rasgada por portal de verga reta, ladeado por janelas retilíneas gradeadas e encimado por óculo. Fachada lateral esquerda rasgada por janela em capialço. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, com pavimento em lajeado de granito e cobertura em falsa abóbada de berço abatido pintado de azul. Sobre supedâneo de dois degraus de cantaria, a representação do Calvário, com três cruzes, a central com a imagem de Cristo morto, ladeado por Maria. Num bairro limítrofe, a CAPELA DA ANUNCIAÇÃO (WGS84 graus decimais lat.: 40,392452; long.: -7,708287), de planta retangular simples, com cobertura em telhado de duas águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por faixa pintada de cinza, rematadas em beirada simples. Fachada principal virada a NE., rematada em empena com cruz latina no vértice, flanqueada por cunhais de cantaria, rasgada por porta de verga reta, flanqueada por janelas retilíneas, protegidas por grades, encimada por óculo circular. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, com cobertura em falsa abóbada de berço de madeira e pavimento em lajeado de granito. Possui altar em forma de urna, encimado por apainelado contracurvo, onde estão pintadas cortinas a abrir em boca de cena e a pomba do Espírito Santo, estando, sobre o altar, a imagem da Virgem e, no lado direito, o arcanjo Gabriel. |
Acessos
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EM531 |
Protecção
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Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público, Portaria n.º 298/2014, DR, 2.ª série, n.º 87 de 07 maio 2014 |
Enquadramento
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Florestal, isolado, a cerca de 3 Km. de São Romão, desenvolvendo-se em ambas as margens do Rio Alva e junto à EM531, bastante estreita e sinuosa em plena vertente da Serra da Estrela. Encontra-se a SO. do paredão da Barragem de Nossa Senhora do Desterro, junto à qual surge a Central da Senhora do Desterro, desativada e onde funciona o Museu da Eletricidade (v. IPA.00012128). A capela principal está junto a uma praia fluvial, dispondo-se de ambos os lados do rio com acesso por pequena ponte, a Ponte da Pêra Mole (v. IPA.00012129), junto à qual surgem mesas de piquenique. |
Descrição Complementar
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Na PORTA TRAVESSA da Capela da Senhora do Desterro, a inscrição: "ANO DE 1804". No GUARDA-VOZ do púlpito da Capela da Senhora do Desterro, a inscrição: "CONNUPISCITE ERGO SERMONES / ____ ET / HABERITIS" (Sap. Caap. IV, v. 12). Os RETÁBULOS COLATERAIS da Capela da Senhora do Desterro são semelhantes, de talha pintada de branco e dourada, de planta côncava e um eixo definido por parastase composta por pilastra e coluna com forte entase, com o terço inferior marcado por elemento fitomórficos e capitéis coríntios, assentes em plintos galbados. Ao centro, nicho curvo, contendo plinto com os respetivos oragos. Remate em amplos fragmentos de frontão, que centram pequeno espaldar curvo, com cornija, encimado por um segundo, em forma de leque, com cornija contracurva, de inspiração borromínica, rodeados por vegetação vazada. Altar em forma de urna, com cartela concheada e acantos, encimados por sacrários embutidos. Sobre o ARCAZ da Sacristia, oratório de talha, formando nicho contracurvo, flanqueado por quarteirões, que rematam em pequenos apainelados, tendo o interior pintado de azul e remate em espaldar projetado para o exterior, ornado por elementos fitomórficos; as ilhargas são lisas, tendo, nos ângulos posteriores pilastras decoradas por flores, sendo rematadas por pináculos em forma de urna. A CAPELA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM tem um altar exterior, fronteiro à fachada principal. No interior, RETÁBULO-MOR de talha pintada de branco e dourado, de planta convexa e três eixos definidos por duas meias-pilastras exteriores, e por quatro colunas coríntias, com o terço inferior marcado e superiormente ornadas por elementos fitomórficos, todas assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, ornados por acantos. Ao centro, nicho de volta perfeita com moldura dourada, rodeado por acantos e rematando em fragmentos de frontão, que centram espaldar com grande resplendor a envolver as iniciais "AM", sobre o qual evoluem pilaretes, que rematam um segundo espaldar com cornija curva e urnas. Nos eixos laterais, mísulas tronco-piramidais invertidas. Altar em forma de urna, ornado por elementos vegetalistas dispostos simetricamente. No lado da Epístola, uma lápide de calcário, com a seguinte inscrição avivada a preto: "AD PERPETUAM REI MEMORIAM A VIRGEM IMMACULADA ESTRELA DO MAR. SOB A INVOCAÇÃO DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM, EM TESTEMUNHO DO RECONHECIMENTO À SUA SOBERANA PROTECÇÃO NO LIVRAMENTO DE NAUFRAGIO EM JANEIRO DE 1879 NO MAR TENEBROSO, JUNTO DA SERRA LEÔA COM AUCTORISAÇÃO DO EXCELENTISSIMO SENHOR BISPO DA GUARDA. D. THOMAZ GOMES D'ALMEIDA CONSTRUIRAM DEDICARAM E CONSAGRARAM ESTA CAPELLA, D. MARIA THEREZA ALVES DE BRITO E SEU MARIDO DOUTOR JOSE DE BRITO FREIRE DE VASCONCELLOS EM 1892". A CAPELA DOS DOUTORES tem o teto pintado, formando quatro painéis, com reserva central, representando "Moisés a mostrar as Tábuas da Lei", tendo a seguinte inscrição em capitais pintadas a preto: "MOISES EXPLICANDO A LEI AO POVO". Sobre um supedâneo de granito, surge o retábulo-mor, de talha pintada de branco com apontamentos dourados, de planta côncava e um eixo definido por duas coluna de fuste liso, com o terço inferior marcado por elementos fitomórficos, assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, ambas almofadadas e ornadas por elementos fitomórficos, que se adossam a pilastra, assente no banco da estrutura. Ao centro, nicho de perfil contracurvo, com o fundo pintado a imitar brocados, onde surge um trono de dois degraus, com a figura de Cristo jovem, A estrutura remata em frontão interrompido e centrando espaldar curvo, rematado por cornija contracurva, de inspiração borromínica, tudo encimado por elementos vegetalistas vazados; altar em forma de urna, com decoração vegetalista disposta simetricamente, a partir do centro. A estrutura é flanqueada por dois apainelados de talha, flanqueados por meia-pilastra. A CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS DORES tem no interior estrutura retabular em cantaria de granito, formando um painel curvo, com pedra de fecho saliente, flanqueado por pilastras e rematado por cornija, assente em cornija e mísulas volutadas, tendo, ao centro, nicho de volta perfeita, uma antiga caixa de esmolas; no centro, painel de azulejo, com a inscrição: "OFERTA DE MANUEL MENDES SARAIVA São Romão 1998" e, o painel assinado "Maria do Amparo Mangualde 94". |
Utilização Inicial
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Religiosa: ermida |
Utilização Actual
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Religiosa: santuário |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda) |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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PINTOR DE AZULEJO: Maria do Amparo (1994). |
Cronologia
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Séc. 17 - fundação no local de três capelas, onde terão aparecido imagens: a da Virgem no local do Senhor do Calvário, a de São José, no local da Senhora do Desterro e a do Menino junto à atual Capela de Nossa Senhora das Dores; 1650 - construção da ermida de Nossa Senhora do Desterro; 1758, 15 maio - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco, António Marques da Paixão, é referida a Capela da Senhora do Desterro, junto à Ponte, já na zona da serra; tem romaria no dia 19 de março; é administrada por leigos, presidindo o pároco à eleição dos mordomos e à revisão das contas, que também são supervisionadas pelo provedor da Comarca; 1805 - ampliação da capela principal, adossando-se-lhe a nave; 1822 - 1823 - datas nos ex-votos; 1843 - data no ex-voto; 1822, 22 Março - foi dada a instituição canónica da Confraria pelo bispo-conde de Coimbra; 1823 - ex-voto de José António do Carregal; 1826 - ex-voto de António Agostinho, da vila de Midões; 1875 - ex-voto do padre José de Pina, de Folhadosa; 1879 - construção da capela da Senhora da Boa viagem, por José de Brito Freire de Vasconcelos e a esposa, em agradecimento de a Virgem os ter salvo de uma tempestade marítima, nas imediações de Serra Leoa; 1881 - a Confraria tem 11 terras foreiras e é era regulada por uma comissão administrativa com presidente, secretário e tesoureiro; 01 agosto - criação de novos estatutos; 13 setembro - aprovação dos estatutos; 1891 - reforma dos estatutos da Confraria de Nossa Senhora; 1933 - um incêndio destrói a casa do ermitão e toda a documentação da Irmandade; 1939 - feitura do banco corrido junto à ponte e da cobertura do coreto; 1936 - data no soco do coreto; 1941 - extinção da confraria; entrega do santuário a uma comissão; 08 setembro - criação de nova confraria com 40 irmãos e elaboração dos novos estatutos; 1942, julho - obras profundas na Capela de Nossa Senhora das Dores; agosto - reabertura da capela ao público; 1994 - pintura de um painel de azulejo de Nossa Senhora das Dores por Maria do Amparo, de Mangualde; 1998 - oferta do painel de azulejos da Senhora das Dores para colocar na respetiva capela, por Manuel Mendes Saraiva. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estruturas em alvenaria de granito, rebocada e pintada; modinaturas, pilastras, pavimentos, cruzes, cunhais, embasamento, pináculos, retábulo da Senhora das Dores em cantaria de granito; coberturas, teia-comungatória, pavimentos, portas, caixilharias de madeira; silhares e painel de azulejo industrial; retábulos e altares de talha pintada; janelas com vidro simples; grades em ferro; coberturas exteriores em telha cerâmica. |
Bibliografia
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BIGOTTE, Padre Dr. J. Quelhas - Monografia da Cidade e Concelho de Seia - História e Etnografia, 3.ª ed. Seia: s.n., 1992; CORREIA, Patrícia - «Santuário à espera de esmolas» in O Interior. 15 dezembro 2005; Dicionário enciclopédico das freguesias. Matosinhos: Minhaterra, 1998, vol. 2; FONTES, A. Rocha - Testemunhos para a história de São Romão. Coimbra: Coimbra Editora, 1988; LOPES, Padre João Marques - O culto de Nossa Senhora na freguesia de São Romão. Braga: Tipografia Missões Franciscanas, 1942. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; Diocese da Guarda: Departamento de Património Cultural; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas |
Documentação Administrativa
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DGLAB/TT: Memórias Paroquiais, vol. 32, n.º 146, fls. 881-887 |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1988 - obras na Capela de Nossa Senhora da Anunciação; 2003 - obras de limpeza e tratamento de rebocos da Capela do Encontro; PROPRIETÁRIO / PARÓQUIA / CMSEIA: 2005 - substituição dos telhados das capelas; reboco e pintura das paredes exteriores; pavimentação das zonas circundantes das Capelas de Nossa Senhora da Piedade e Nossa Senhora da Apresentação; construção de uma rampa de acesso à Capela da Agonia; restauro de imaginária (Sagrada Família, São Pedro e Senhora da Boa Viagem). |
Observações
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*1 - Na capela de Nossa Senhora da Piedade, era armado o presépio no Natal. *2 - a Capela de Nossa Senhora das Dores tinha inscrições, inclusive de Ferreira de Castro, que desapareceram com a colocação do novo reboco. |
Autor e Data
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Paula Figueiredo 2007 |
Actualização
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