Central Diesel / Museu Industrial e Centro de Documentação

IPA.00007030
Portugal, Setúbal, Barreiro, União das freguesias de Barreiro e Lavradio
 
Arquitectura civil industrial, modernista, funcionalista e "Art Déco". Antiga fábrica dos anos 30, que utiliza o ferro como material arquitectónico emancipado, com a estrutura deixada a nu no seu esqueleto metálico, com dignidade e decoro, numa recuperação da superfície da linha e do espaço como elementos expressivos em detrimento da noção de massa e de modelado. Programa modesto com base num funcionalismo racional, desenvolvido numa linguagem classicizante, na distribuição da massa segundo um eixo de simetria. Art Déco nas linhas puras da estética cubista, expressa nas superfícies planas e linhas rectas de traçados suavemente geométricos, com faixas verticais e horizontais que esquadriam as fachadas e que as valorizam superiormente, e emprestam movimento rítmico aos seus panos, com vãos abertos numa escala inusitada, em volumes cúbicos. Edificação expressiva de uma arquitectura funcionalista de gosto geométrico déco, paradigmas da arquitectura moderna portuguesa.
Número IPA Antigo: PT031504010022
 
Registo visualizado 174 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Extração, produção e transformação  Central  Central elétrica  

Descrição

Planta longitudinal, regular, composta por dois volumes em justaposição, com horizontalidade: edifício principal com os espaços dos diversos núcleos fabris divididos e corpo menor, adossado ao alçado posterior; há coincidência exterior - interior em ambos os corpos. Coberturas exteriores em terraço. EDIFÍCIO PRINCIPAL: Alçados de planos laminares que, com excepção do alçado N. se desenvolvem em simetria e rematam em cornija de coroamento, rectilíneo; com excepção do alçado E., vêm-se tubos de algerozes nas paredes para o escoamento da água pluvial dos terraços. Fachada principal orientada a O. de 3 panos escalonados; no central, mais elevado, ressaltam faixas paralelas, verticais, no intervalo das quais se rasgam no registo inferior o portal principal e, no superior, amplos vãos de janelas verticalizantes; em cada um dos panos laterais abre-se o vão de grande janela; a fachada remata em frontão recuado, rectilíneo. A fachada posterior desenvolve-se de modo semelhante àquela, apenas com maior porção de vãos de janelas e tem um corpo mais baixo, adossado à metade do alçado. Fachada a S. desenvolve-se por de 3 panos, sendo o do meio mais elevado, onde se destacam grupos de faixas verticais em ressalto que separam os 4 vãos de janelas que se abrem à semelhança dos outros panos descritos; em cada um dos panos laterais abre-se uma janela. Fachada a N. desenvolve-se entre cunhais apilastrados que ultrapassam um pouco em altura o alçado; neste abrem-se 6 portas a que se sobrepõem outras tantas janelas; o alçado remata em empena rectilínea. INTERIOR: espaço diferenciado de acordo com as zonas dos respectivos sectores museológicos: um grande salão ocupa a parte central do edifício, entre os alçados O. - E., entre as salas que se abrem nas alas laterais: da banda N. há uma sala que se desenvolve ao longo da sala principal, com uma pequena sala anexa ao fundo; da banda S. a outra ala, dividida em dois espaços. Os alçados interiores que dividem os espaços descritos são constituídos por paredes em alvenaria ou por amplas superfícies envidraçadas, sustentadas por estruturas e pilares em ferro. A iluminação do espaço é feito através dos amplos vãos de janelas e das portas já descritos. O pé direito corresponde a um único registo em cada um dos espaços, com os quatro alçados das fachadas com os interiores lisos e interrompidos pelo rasgo dos vãos de portas e janelas. A cobertura interior assenta num conjunto de vigamentos e armação de ferro num conjunto de arcos de asa de cesto suportados por colunas e unidos por tirantes e travejamento de asnas, tudo em ferro. Há um anexo ao edifício principal: de planta rectangular, com coincidência exterior - interior, que vai fazer parte também do museu, de pequenas dimensões, com a mesma tipologia exterior e interior dividido em vestíbulo e outras divisões administrativas e cívicas. .

Acessos

Lg. da Central Diesel, R. 44, Quimiparque

Protecção

Em vias de classificação (com Despacho de Abertura) *1

Enquadramento

Urbano, tendo o rio Tejo por perto, faz parte integrante do parque industrial da Quimiparque, isolado, junto a outras unidades industriais, não muito distante do Mausoléu de Alfredo da Silva / Monumento a Alfredo da Silva (v. IPA.00011813).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Extração, produção e transformação: central eléctrica

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Privada: grupo empresarial / Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1907 - Início da instalação do novo complexo industrial que faria parte da Companhia União Fabril (C.U.F.) que Alfredo da Silva resolve levantar no Barreiro; 1928, 1 de Dezembro - Alfredo da Silva anuncia à Imprensa a entrada em funcionamento para breve, de uma fábrica de fiação de juta, um dos motivos que levaria à edificação do novo espaço para a Central Motora; 1931, 7 de Dezembro - documentada a ampliação da força motriz da caldeira para 2000 KW, da primitiva Central; 1932 - Início dos estudos para a Nova Central da (C.U.F.) para dar resposta a produção nova: fundição, juta, ácido sulfúrico, sulfato de cobre, velas, que exigiam maior potência; 19 de Novembro - localização do sítio mais conveniente para a edificação da Nova Central no local da antiga fábrica de tecidos, onde havia espaço bastante para se fazer uma boa carvoeira; deixou-se o estudo da alimentação em água salgada para mais tarde; condecoração nas instalações da empresa, de Alfredo da Silva, com a Grã Cruz da Ordem do Mérito Industrial, dada pelo Chefe de Estado; 1934 - encomenda dos dois primeiros motores de geradores: 2 Motores Diesel Man 1200 cav. ef. cada um, tipo G8Vu60, dois geradores de 820 KW. cada que chegaram com os números de construção, Motor n.º 1 - 596.160 e Motor n.º 2 - 380.210; com a carga normal destes dois motores Diesel a realização da produção total seria de cerca de 920 k de vapor de 6 atm.-hora; Outubro - subida do nível do pavimento do espaço da Central Nova de 1,5 metros para percurso subterrâneo, de cabo; construção das caldeiras de acordo com as mais recentes prescrições de lei alemã sobre caldeiras; 1935, Abril - encomenda do 3º motor para satisfação da primeira encomenda; 6 de Setembro - chegada do 4º motor; 1936 - início das experiências dos dois primeiros motores, com laboração normal a partir de Abril; 1936 - encomenda, envio de peças e montagem do 4º motor, instalação de caldeiras de recuperação de calor dos motores, com produção de vapor saturado a 8 kg-cm2, instalação de torre de refrigeração para economia de água; inscrição da CUF na Diesel Engine Users Association, com envio de artigo e fotografias para publicação na Gas and Oil Power, publicada por Whithall Technical Press, Ltd.; 1987 - utilizada ainda como Central de Emergência; 1998 - 1999 - obras de adaptação a Museu Industrial; 2017, 06 fevereiro - um grupo de cidadãos chamou a atenção para a possível demolição do antigo Posto Médico da CUF; 12 fevereiro - um grupo de cidadão elabora um requerimento solicitando a classificaçã; 05 maio - proposta do Departamento dos Bens Culturais da DGPC no sentido da abertura do procedimento de classificação do conjunto de imóveis ligados à atividade industrial e à obra social da Companhia União Fabril (CUF); 05 maio - é publicado o Anúncio n.º 79/2017, DR, 2.ª série, n.º 108, com despacho de abertura do processo de classificação..

Dados Técnicos

Paredes autoportantes, estruturas autoportantes, estruturas autónomas

Materiais

Alvenaria, betão armado, ferro, tijolo de vidro, azulejos, madeira.

Bibliografia

PAIS, Armando da Silva, O Barreiro Antigo e Moderno, As Outras Terras do Concelho, Barreiro, 1963.

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID; Quimiparque (Barreiro): Arquivo da Partest

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID; Quimiparque (Barreiro): Arquivo da Partest

Documentação Administrativa

Quimiparque: arquivo da Partest

Intervenção Realizada

Quimiparque: 1998 / 1999 - obras de adaptação a museu *2: revestimento e nivelamento do pavimento; restauro de lambris de azulejo branco; restauro de tijolos de vidro tipo Dâmaso; restauro de envidraçados com pintura a tinta de esmalte branca; restauro do forro em madeira e pintura a tinta de esmalte branca; restauro de estrutura metálica, pilares e asnas e pintura.

Observações

*1 referente à classificação do Conjunto de imóveis ligados à atividade industrial e à obra social da Companhia União Fabril (CUF): Casa-Museu Alfredo da Silva (v. IPA.00011813); antigo Posto da GNR; edifícios da primeira geração Stinville (1907-1917); edifícios da antiga central a vapor; (...) Armazém de Descarga e Moagem de Pirites; Bairro Operário de Santa Bárbara (v. IPA.00011802), Mausoléu de Alfredo da Silva (v. IPA.00006634); Silo de Sulfato de Amónio (1952); Silo de Enxofre (1960); e Museu Industrial e Centro de Documentação (antiga Ventral Diesel, 1928-1937); *2 Museu da Quimiparque com trabalhos em curso prevê: uma entrada principal de acesso ao núcleo central relacionado com o Sector Adubeiro e Químico, que está dividido pelo conjunto de peças, o Grupo Electogénio da antiga Central Diesel; a ala N. apresentará o sector têxtil com o Museu da Juta e o reservatório de combustível da antiga fábrica; a ala S. terá um Auditório, uma sala reservada à História da Empresa, com destaque para as figuras de Alfredo da Silva e da Família Mello, e uma Sala de Reservas ( recepção de peças ); na fachada oposta à principal tem uma entrada com vestíbulo de Recepção, corredor de acesso ao piso superior e os sanitários.

Autor e Data

Albertina Belo 1999

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login